quarta-feira, 12 de julho de 2017
Filmando um encontro (Claude Lelouch)
Em agosto de 1978, o cineasta francês Claude Lelouch adaptou uma câmera giroscopicamente estabilizada na frente de
um Ferrari 275 GTB e convidou um amigo, piloto profissional de Fórmula 1, para fazer um trajeto no coração de Paris, na maior velocidade que ele pudesse. A hora seria logo que o dia clareasse. O filme só dava para 10 minutos e o trajeto seria de Porte Dauphine, através do Louvre até a basílica de SacreCoeur. Lelouch não conseguiu permissão para interditar nenhuma rua no perigoso trajeto a ser percorrido. O piloto completou o circuito em 9 minutos, chegando a 260 km por hora em certos momentos. O filme o mostra furando sinais vermelhos, quase atropelando pedestres, espantando pombos e entrando em ruas de sentido único. O sol nem havia raiado ainda. O piloto teria sido René Arnoux ou Jean-Pierre Jarier? Quando mostrou o filme em público pela primeira vez, Claude Lelouch foi preso. Mas ele nunca revelou o nome do piloto de Fórmula 1 que pilotou a máquina e o filme foi proibido, passando a circular só no underground. Se você não viu ainda o clássico, prenda a respiração. Vale a pena curtir a emoção de passear em Paris como se estivesse a bordo de um Ferrari 275 GTB.
@esporte @cinema
terça-feira, 11 de julho de 2017
domingo, 9 de julho de 2017
O dinheiro dos fundos de pensão acabará em 2034 (Cláudio Gradilone)
REVISTA ISTO É DINHEIRO | ENTREVISTAS |
Autor: Cláudio Gradilone
O advogado Luís Ricardo Marcondes Martins, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp) tem uma tarefa difícil pela frente. Ele precisa convencer alguns milhões de brasileiros e brasileiras que faz sentido poupar, hoje, para garantir uma aposentadoria mais folgada em 20 ou 30 anos. Há dois grandes obstáculos para isso. O primeiro é a renda do brasileiro, cronicamente baixa. Se já fica complicado esticar o salário até o fim do mês, reservar uma fatia para guardar para o futuro é mais difícil ainda. O segundo é fazer o brasileiro confiar seu dinheiro, por muitos e muitos anos, aos gestores de fundos de pensão. Periodicamente, algumas dessas entidades, que administram R$ 814 bilhões em conjunto, e que são os maiores investidores institucionais do País, migram das páginas econômicas dos jornais e revistas para as policiais. A saída, diz Ferraz, é melhorar a governança dos fundos. Ele falou com a DINHEIRO:
DINHEIRO ?' Os fundos de pensão têm frequentado as páginas policiais. Como fazer as pessoas confiar no sistema?
LUÍS RICARDO MARCONDES MARTINS ?' Os fundos de pensão, não, por favor. Os problemas têm ocorrido em alguns deles, muito poucos, e sempre nos mesmos dois ou três. Não dá para generalizar, pois o sistema de fundos de pensão fechados conta com mais de 300 entidades. Os problemas de governança são uma exceção. E, sim, eles provocam arranhões na imagem do sistema, mas são pontuais, são casos de polícia.
DINHEIRO ?' Os problemas de governança dos mesmos dois ou três fundos de pensão, a saber, Petros, da Petrobras; Funcef, da Caixa Econômica Federal; e Postalis, dos Correios, são recorrentes. O que fazer?
MARTINS ?' O gênio do crime, o fraudador, ele vai existir em qualquer segmento. Isso acontece. As saídas são transparência e educação. No caso da transparência, dos procedimentos, nossa principal proposta é que todos os fundos de pensão tenham um conselho de investimentos, algo que não existe atualmente.
DINHEIRO ?' Como isso funcionaria?
MARTINS ?' Por lei, os fundos de pensão têm dois órgãos decisórios: o conselho diretor e o conselho fiscal. Seus membros são indicados pelos participantes do fundo, que são os trabalhadores, e pela empresa patrocinadora. Ambos os conselhos têm quatro membros, dois indicados pelos participantes e dois pela patrocinadora. O conselho de investimentos, a ser criado, teria, também, conselheiros independentes. Ele analisaria todas as decisões de investimento do fundo. Não teria poder de propor nada, só poderia vetar.
DINHEIRO ?' Os investimentos dos fundos de pensão na Sete Brasil, que deveria produzir os navios-sonda para explorar o pré-sal, custaram bilhões aos participantes dos fundos. Como fazer para evitar problemas desse tipo?
MARTINS ?' Sempre há o risco de uma determinada atividade não dar certo. Mas temos de diferenciar se o prejuízo ocorreu devido aos riscos normais de qualquer negócio porque a atividade não deu certo, ou se o prejuízo foi provocado por fraude e por má-fé na hora de investir. Aí, é caso de polícia, e há vários casos de polícia.
DINHEIRO ?' Quais? A Sete Brasil, por exemplo? Ou os investimentos da Postalis em títulos do governo venezuelano, que geraram um prejuízo de R$ 1,2 bilhão ao fundo?
MARTINS ?' Não quero citar nomes, mas, na época, vários estudos prévios mostravam que a Sete Brasil poderia ser um bom investimento. Ao que tudo indica, alguns fundos, mais vulneráveis em termos da governança, permitiram que houvesse uma interferência político-partidária na tomada da decisão. Isso levou esses investimentos a não terem o sucesso que se imaginava no início.
DINHEIRO ?' Como blindar os fundos dessa ingerência político-partidária?
MARTINS ?' A saída é a governança. Para ficarmos no mesmo exemplo, a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, também foi assediada para participar da Sete Brasil. Se ela entrou no negócio, entrou com pouquíssimo dinheiro. Por quê? Porque houve boa governança na hora de investir. Os conselheiros barraram o investimento. Quando o fundo é vulnerável? Quando o dirigente recebe ordem de alguém para fazer alguma coisa, e faz.
DINHEIRO ?' É possível evitar isso? Como?
MARTINS ?' Além da governança, é essencial melhorar a fiscalização. Uma de nossas bandeiras é fortalecer a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc, que é a responsável por fiscalizar o sistema. Hoje, ela é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Fazenda. Nossa proposta é que ela passe a ter um perfil de agência, como a Aneel ou a Anatel. Nós apoiamos projetos de lei que estão tramitando na Câmara nesse sentido. A Previc tem de ter independência financeira. Seu corpo diretivo tem de ter mandato e autonomia. Hoje, o ministro nomeia e demite o superintendente da Previc. Isso permite ingerência política.
DINHEIRO ?' O que mudaria na fiscalização?
MARTINS ?' A Previc estruturou uma central de inteligência para colher informações do mercado, dentro do processo de investimento. Para evitar problemas, é preciso que ela entre em ação antes de o investimento ocorrer. E ela tem feito, corretamente, uma supervisão focada onde o risco está concentrado: nos 17 maiores fundos de pensão, as chamadas Entidades Sistemi-camente Importantes. Neles, a fiscalização tem de ser feita com lupa. Não adianta olhar um fundo de alguns milhões de reais. Os problemas ocorrem nos fundos que têm bilhões para administrar.
DINHEIRO ?' E nos fundos, o que tem de melhorar?
MARTINS ?' Capacitação e certificação. Criamos a Universidade Abrapp e já capacitamos 5.400 funcionários e dirigentes do sistema. Temos de identificar, entre os participantes, quem está capacitado para tomar decisões. Alguém propõe investir bilhões em algo que pode gerar problemas. O conselho fiscal deveria ser capaz de barrar. A Abrapp também defende que copiemos algo que se faz na Inglaterra, a chamada lei do apito. Se qualquer prestador de serviços para um fundo, um advogado ou atuário, perceber que algo não vai bem, ele é obrigado a denunciar. Se não fizer isso, será considerado conivente, e será processado. Assim, se alguém, que se intitula consultor de investimentos, aparecer no fundo vendendo uma proposta mirabolante, ele também será implicado se houver problema.
DINHEIRO ?' A Previdência Social é cronicamente deficitária. Os fundos de pensão são financeiramente sólidos?
MARTINS ?' Sim. O sistema, hoje, cumpre suas finalidades. Ele tem R$ 814 bilhões em patrimônio, conta com mais de 2,5 milhões de participantes ativos, que ainda estão contribuindo, e paga R$ 42 bilhões por ano a 750 mil aposentados. Contando os participantes diretos e indiretos, que incluem dependentes e familiares, nós alcançamos mais de sete milhões de pessoas. Em média, pagamos R$ 6 mil por mês para cada assistido. É uma boa aposentadoria.
DINHEIRO ?' E quanto está entrando em dinheiro novo por ano?
MARTINS ?' Não há dinheiro novo, só dinheiro velho. O sistema está desinvestindo R$ 18 bilhões por ano. Esse patrimônio tende a se esgotar em 17 anos, o que, em previdência, é pouco tempo. Sem ajustes, o dinheiro dos fundos de pensão acabará em 2034.
DINHEIRO ?' O que causou esse desequilíbrio no sistema?
MARTINS ?' A previdência complementar fechada nasceu como um incentivo para atrair talentos para as estatais. O sistema foi desenhado para um perfil de trabalhador que passava 30 anos na mesma empresa, buscava fazer carreira, valorizava a estabilidade no emprego e queria benefícios, entre eles o fundo de pensão. A nova geração quer coisas diferentes. As pessoas são imediatistas, não vão ficar 30 anos no mesmo emprego. E elas querem que tudo seja simples e flexível. Então, enfrentamos um paradoxo. Temos de manter o que construímos e atender os antigos trabalhadores, e temos também de reinventar o sistema, para atender o perfil desse novo participante, que não tem investido nos fundos tradicionais.
DINHEIRO ?' Quais são essas propostas?
MARTINS ?' O empresário brasileiro está cada vez menos propenso a contribuir para um fundo de pensão do funcionário. A saída são fundos instituídos, que contam apenas com a contribuição do trabalhador, e são criados por associações, por entidades de classe e por sindicatos.
DINHEIRO ?' Qual a diferença desses fundos para uma previdência aberta, que já é vendida pelos bancos?
MARTINS ?' Há uma grande diferença. Por lei, os fundos instituídos não têm fins lucrativos e têm de garantir a participação dos participantes dos colegiados. Eles têm mais transparência. Evidentemente, como não buscam lucro, o participante tem um retorno muito maior no longo prazo. A deficiência é que eles não oferecem o mesmo benefício fiscal do que um plano do tipo VGBL, por exemplo. No VGBL, o aposentado só vai pagar imposto sobre os rendimentos. Aplicou 100, rendeu 50, ele paga imposto só sobre os 50. No nosso caso, aplicou 100, rendeu 50, paga imposto sobre tudo. Nós lutamos pela mesma isenção fiscal.
DINHEIRO ?' Quanto essa renúncia fiscal custaria aos cofres públicos?
MARTINS ?' Em termos absolutos essa renúncia é muito dinheiro, são R$ 4 bilhões por ano. Em termos relativos, é pouco, são 0,09% do Produto Interno Bruto. E vale a pena incentivar a formação de Poupança de longo prazo. Eu estou propondo que o participante renuncie ao consumo, não por alguns meses, mas por 20 anos. E eu não vou oferecer nada em contrapartida? O participante vai para outro investimento, de curto prazo.
DINHEIRO ?' Qual seria a contrapartida para a sociedade?
MARTINS ?' Estamos discutindo uma reforma na Previdência Social. Qualquer que seja o texto aprovado, o brasileiro vai trabalhar mais tempo, contribuir com mais dinheiro e receber menos benefício. Ele vai precisar de mais proteção. Quem vai poder dar essa proteção? É a previdência privada. Hoje, o sistema de fundos fechados está em risco de ficar sem dinheiro até 2034. Com os fundos instituídos, a isonomia tributária, e medidas para atrair novos participantes, tudo muda. Nosso cálculo é que, em 2036, o sistema teria elevado seu patrimônio para R$ 2,5 trilhões. Assim, poderíamos atender 15 milhões de pessoas, o dobro do número atual. Além disso, vamos ajudar a resolver um problema econômico. Nós sabemos que o BNDES não vai mais financiar os investimentos como vinha financiando. Com esse dinheiro, os fundos podem se tornar os financiadores de longo prazo do desenvolvimento econômico. Resolvemos dois problemas, o do INSS e do BNDES. E essas contrapartidas são muito boas para a sociedade.
sábado, 8 de julho de 2017
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Foto: Turma CEP85 em Macaé, 1986
CURSO DE COMBATE A INCÊNDIOS
Maio de 1986, Cabiúnas
Trinta e um anos atrás, todo mundo em forma!!
E eu na pausa para o café, na hora da foto....
Agachados: Renato Pinheiro, Nair, Pelosi, Nilce, Nelsinho e Marcelo Zeuli
Em pé, lado esquerdo : Rubens, Carneiro, Pedro Paulo, Marcos Nogueira, Solange.
Em pé, centro: Sérgio Fonseca, ....., ..., Robério
Em pé, lado direito: Murilo, Acioly, Sandro, Quiroga, Marco Valle.
@CEP85
quinta-feira, 6 de julho de 2017
quarta-feira, 5 de julho de 2017
Qual é o papel do BNDES? (Roberto Castello Branco)
Valor Econômico
Opinião, quarta-feira, 5 de julho de 2017
(DÉFICIT, DÍVIDA BRUTA, IPCA )
Roberto Castello Branco: Qual é o papel do
BNDES?
O BNDES ampliou formidavelmente o escopo e
o tamanho de suas operações. Transformou-se num dos três maiores bancos
nacionais de desenvolvimento do mundo, juntamente com o CDB e KfW, da China e
Alemanha, respectivamente, países com economia e taxas de Poupança doméstica bem maiores do que
as do Brasil.
Pesquisas acadêmicas sérias revelaram os
danos causados pela expansão do BNDES entre 2007 e 2015: contribuição
significativa para o endividamento público e praticamente nenhuma para o
aumento do investimento, preferência para emprestar para empresas maiores, mais
antigas e de menor risco, aquelas com maior acesso ao mercado, redistribuição
de renda da sociedade para acionistas dessas empresas, aumento de poder de
mercado de grandes frigoríficos e bloqueio parcial de importante canal de
transmissão da política monetária para a atividade econômica, a taxa de Juros.
O anúncio de novas normas operacionais do
BNDES e da substituição da discricionária e opaca TJLP pela TLP, que refletirá
os custos de captação do Tesouro Nacional, despertaram fortes críticas e
pressões de economistas "desenvolvimentistas" e dos capitalistas
inimigos do capitalismo, liderados pela Fiesp. Ao preservar o velho costume de
demandar favores do Estado à custa da sociedade, esses empresários minam as
bases da economia de mercado, transformando-se num de seus maiores inimigos.
A redução artificial do custo do capital
pelo crédito subsidiado incentiva seus beneficiários a executarem projetos com
menores retornos, o que piora a produtividade agregada, que já é baixa no
Brasil, afetando negativamente o crescimento econômico.
Ao priorizar o financiamento subsidiado a
empresas de maior porte, o BNDES concorreu para aumentar a concentração de
mercado e provavelmente para a ampliação da desigualdade de renda.
Na literatura econômica, a evidência
empírica suporta a hipótese de que mercados financeiros mais desenvolvidos
contribuem positivamente para o crescimento econômico no longo prazo.
A maciça oferta de crédito subsidiado tende
a atrofiar e não a fortalecer o mercado de capitais.
Confrontada com a alternativa de pagar
preços de mercado com obrigação de prestar contas continuamente a milhares de
investidores, é imbatível para uma empresa a opção pelo crédito subsidiado
estatal.
Na defesa do status quo anterior há a
crença de que existe almoço de graça.
Inexiste a percepção de que o BNDES
trabalha com recursos públicos que foram drenados da iniciativa privada, via
impostos, dívida pública e inflação, o que entre outras consequências restringe
a oferta de fundos para o mercado de capitais. Tais recursos, uma vez sugados
do mercado, possuem usos alternativos, como educação, saúde e segurança
pública, que possuem elevados retornos sociais.
BNDES pode ser menor do que é e retornar
recursos para o Tesouro Nacional, ajudando a reduzir a dívida pública.
Ausente também está a compreensão de que
quem paga o subsídio de crédito é a sociedade, por acaso em um país cuja
economia se defronta com grave desequilíbrio fiscal. Muitos são obrigados a
bancar o privilégio de poucos.
Quem escolhe "campeões nacionais"
é o mercado e não burocratas estatais. É um erro sério usar dinheiro público no
financiamento de internacionalização de empresas, pois o retorno social não
supera o retorno privado.
Os críticos da TLP reclamam que as empresas
de bom risco de crédito acabarão pagando taxas de Juros superiores às suas operações de mercado. São muito raras as
firmas que têm custo de captação inferior ao Tesouro Nacional, e para essas o
BNDES não deveria mesmo
emprestar nenhum real.
Outro argumento é que, com a TLP, o BNDES
não poderá proteger a indústria das flutuações do mercado financeiro. Proteção
contra volatilidade de Juros deve
ser comprada no mercado e não dada graciosamente por um banco público.
A visão equivocada de que o BNDES teria um
papel anticíclico fica clara na frase do presidente da Fiesp: "O BNDES
precisa fazer em 6 meses o que faria em 6 anos". A retomada do crescimento
no curto prazo depende da estabilidade macroeconômica, para a qual contribui desfavoravelmente
o ambiente de incertezas provocado pelas graves acusações de corrupção contra a
Presidência da República. Mais crédito subsidiado só agrava a questão da sustentabilidade
da dívida pública.
O papel de um banco de desenvolvimento,
como o nome sugere, é ajudar a promover o desenvolvimento econômico, processo
de longo prazo, e não a estabilidade macroeconômica no curto prazo.
É estranho também à função de um banco de
desenvolvimento o apoio a empresas que quebraram por especulação com
derivativos financeiros, como ocorreu em 2008, problema que o mercado de
controle corporativo pode resolver sem intervenção estatal.
O problema com a carteira de ações da
BndesPar não se resume à falta de giro, o pior está em sua composição. Ela é
concentrada em nove grandes empresas - Vale, Petrobras, Eletrobras, Fibria,
Suzano, JBS, Copel, CPFL Energia, AES Tietê - que representam 83% do valor
total.
São companhias com ações listadas em bolsas
de valores no Brasil e EUA e que definitivamente prescindem de recursos da
sociedade para se financiarem. Trata-se novamente de sério problema de má
alocação.
Os mercados financeiros se globalizaram e
se sofisticaram, com o desenvolvimento de novos instrumentos e instituições,
como os investidores especialistas em lidar com riscos de empresas de menor
porte, os fundos seed, venture capital e private equity. O Brasil não ficou à
margem, e no século XXI o BNDES se torna muito menos necessário do que era há
30 anos.
Seu desempenho não deve ser medido pelo
tamanho dos ativos, mas pela qualidade de suas operações, focadas em casos em
que os retornos para a sociedade excedem os retornos privados.
Para o benefício do desenvolvimento
econômico, o BNDES pode ser bem menor do que é atualmente e retornar recursos
para o Tesouro Nacional, ajudando a reduzir a dívida pública. Da mesma forma, a
reestruturação do setor público requer a fusão de instituições como BNB, Basa e
Finep no BNDES, acompanhadas pela obrigatória economia de custos.
Roberto Castello
Branco é pesquisador do Centro de Estudos FGV Crescimento e Desenvolvimento.
@economia @Brasil @BNDES
terça-feira, 4 de julho de 2017
On London’s Streets, Black Cabs and Uber Fight for a Future (NY Times)
London’s cabby wars are less about the disruptive
power of an app, or a new business model, than about the disruption of Britain.
By KATRIN BENNHOLD JULY 4, 2017
LONDON — Shortly before 6 a.m., Zahra Bakkali tiptoed
out of her bedroom for morning prayers. She prepared breakfast (black tea and
toast with olive oil), saw her children off to school, then rode the elevator to
the garage below her southeast London housing project. She unlocked her white Toyota
Prius, switched on the
Uber app and awaited the day’s first job.
In a modest bungalow on the opposite side of the city,
Paul Walsh had coffee and toast with butter. He studied the sports pages
(his soccer team, Queens Park Rangers, had been struggling) and waved goodbye to his
wife and son. Then he fired up his black cab, which is actually half-pink
with an Elvis ad from the Memphis tourism board, and set off for Heathrow
Airport.
They travel the same streets every day, strangers but
also adversaries in what has become a familiar 21st-century conflict: the
sharp-elbowed ride-hailing company Uber, versus entrenched taxi companies.
And yet the clash in London is different, less about
the disruptive power of an app, or a new business model, than about the
disruption of Britain. London’s cabby wars echo the culture wars that fueled Britain’s
vote last summer to leave the European Union — and that have brutally flared up
again in recent weeks:
immigrant versus native, old versus new, global versus
national.
London’s black cabs trace their lineage to 1634. To
earn a badge, cabbies spend years memorizing some 25,000 streets and 100,000
landmarks for “the Knowledge,” the world’s toughest taxi exam. Most
cabbies are white and British.
Uber arrived in 2012, just before the London Olympics,
but its 40,000 drivers already far outnumber the city’s 21,000 traditional
cabbies. They use satellite navigation to find their way around. Most of them are
nonwhite, and many, like Mrs. Bakkali, are immigrants.
Uber fares are about 30 percent lower than those of
black cabs — a
discrepancy that cabbies say signals a deliberate
attempt to kill off their trade.
“London without black cabs,” Mr. Walsh said, “would be
like London without Big Ben.”
The vote to leave the European Union, known here as
Brexit, exposed a deep rift between those who have profited from globalization,
sometimes spectacularly, and those who feel threatened by immigration and
automation. Six out of 10 Londoners, including Mrs. Bakkali, voted against
Brexit. But Mr. Walsh and most black-cab drivers interviewed for this article voted
in favor.
One year after that vote, Britain is on edge. More
divided than ever after an inconclusive election, the country has lived through
four terrorist attacks in recent months — three by British Muslims and one against
them. A charred housing project where a fire killed at least 80 mostly
disadvantaged tenants in one of London’s richest boroughs has turned into a somber
monument to inequality.
Uber, meanwhile, has become its own symbol of excess.
Revelations of an aggressive corporate culture that saw employees
harassed, drivers mistreated and regulators dodged forced the company’s founder, Travis
Kalanick, to resign as chief executive last month.
Mrs. Bakkali, the daughter of Moroccan farmers, and
Mr. Walsh, the son of a north London construction worker, are small players in
these much bigger dramas. They want the same thing: to claw their way
into the middle class and give their children a shot at a better life. Yet they
are on opposite sides of a kind of low-level guerrilla warfare on London’s streets.
“They drive up to you so close, you find yourself
going through a red light,” Mrs. Bakkali said of black cabs she had encountered.
The drivers give the middle finger, she said, and shout abuse. And they certainly “never
give way.” Some black cabs have offensive cartoons on display. One even had
a custom license plate:
“H8 UBER.”
For Mrs. Bakkali, black cabs have become a byword for
populism and racism. For Mr. Walsh, Uber is shorthand for everything he
believes is wrong with globalization — and proof that successive governments
have failed hard-working citizens like him.
Grant Davis, chairman of the London Cab Drivers Club,
recounted a meeting with a minister in the Conservative government about a
year ago. “I said to him, ‘I’m from a working-class family, I grew up in social
housing,’” said Mr. Davis, who has driven a black cab in London for 29 years. “I
said, ‘I believed in the conservative ethos: Work hard, better myself. I don’t
want no benefits. But what
you have done is you’re killing us for an American
company that is paying taxes in the Netherlands.’”
“Look at all those cabdrivers, we are all from poor
families,” he recalled telling the minister, Sajid Javid, then the business
secretary. “I wanted to be my own boss. I’ve done everything you said I should do.
And you’ve pulled the rug from under my feet.”
The Knowledge “In London, driving a cab is a vocation,” Mr. Walsh
said one morning in April. “It’s a way of life.”
He drove past the Union Jack pub, then right, then
left and into a hidden courtyard with everything a cabby could want: gas,
parking, spare parts and a canteen that serves an all-day fried English
breakfast.
In other cities, the latest immigrant group to arrive
takes up the taxi trade, Mr. Walsh said. Not here. “First you invest several
years studying,” he explained. “Then you invest 45,000 pounds in your cab,” or about
$58,000.
Uber, he said, is not just killing a business model: “It’s
killing a culture.” Mr. Walsh proudly conforms to most stereotypes about
London cabbies. Opinionated, witty and full of trivia about his city,
he claims to be able to “speak for two minutes on any subject.”
Inside the canteen, Chelsea was playing Sunderland on
two flat-screen televisions. There was vinegar on the table and
spotted dick on the menu. The place could not be more British. Except that the
entire staff seemed to be Eastern European.
A lot of Poles now live where Mr. Walsh grew up, in
Harlesden, northwest London. When he was a boy in the 1960s and ’70s, most
children in the neighborhood were either black or had Irish roots, as
he did: “Plastic Dreads or plastic Paddies,” said Mr. Walsh, now 53.
His father worked in construction and his mother in a
cookie factory, but they saved up and moved the family to Wembley, a more
middle-class area. “My parents were aspirational and brought me up that way,”
he said.
Earning a taxi badge was a ticket to upward mobility,
but it required mastering the Knowledge. The dropout rate is 70 percent. Six
days a week, Mr. Walsh would crisscross London on a scooter memorizing roughly
2,000 miles of road. He had regular 20-minute “appearances” — oral tests with
examiners “who put the fear of
the devil” into him, he said. One of them had a wooden
parrot on the windowsill and a stuffed Persian cat on his desk, “like a James
Bond villain,” he recalled.
“He would sit against the window — you’d only see his
silhouette, and it looked like the parrot was on his shoulder,” Mr. Walsh
said. “Then he would grill you on the most obscure routes.”
At night, Mr. Walsh dreamed of London and woke up
sweating. Texas Legation to Union Chapel. Cumberland Market to Redhill
Street. Policeman’s Hook to Trinity Church. “You live and breathe the
Knowledge,” he said. “It takes over your brain.”
He got his badge on Nov. 10, 1994, a Thursday. It had
taken him nearly three years, one year less than the average, and he was as
proud as he had ever been.
“Three years,” he said. “And then Uber turned the
Knowledge into an app.” ‘Onboarding’ On a sunny Thursday morning last June, one week before
Britain voted to leave the European Union, Mrs. Bakkali dropped off her
youngest child at school and
then sat in her car, staring at the Uber app. She
hesitated and finally turned it on. It was her first day on the job.
She had come to London in 1997, at age 18, unable to
read or write or drive, with a new husband she barely knew. Her husband, the
son of Moroccan immigrants who had arrived in London in the 1960s, had
escorted her from a village without electricity in the mountains behind
Marrakesh to a new, unimaginable life. To mark the occasion, her
mother-in-law had paid for a black
cab from Heathrow Airport back to East Street Market
in southeast London, her new home.
Mrs. Bakkali had never left her country before, never
taken an airplane, never even owned a passport. Asked for her signature, she
could make only a clumsy doodle.
Now 38, Mrs. Bakkali is hungry for education. She
takes a weekly
mathematics class at a community college in
Westminster, her “Wednesday treat.” She began taking English classes after giving birth to
her first daughter, who is now 18 and plans to study math at university next
year. “Girls in my village were not allowed,” she said of
schooling. In 2010, Mrs. Bakkali was eight months pregnant with
her fifth child, with her twins in a stroller and a child on each arm, when
the bus driver, a black man, hissed at her, “You bloody foreigners, you come to
this country and just keep having babies.”
It was not the first time. “I just started crying,”
Mrs. Bakkali recalled. That night, she told her husband they needed to buy a
car, and he needed to learn to drive, because she never wanted to take
public transportation again.
Afraid of driving, he refused. So she got her own
license.
Mrs. Bakkali loved driving. About a year ago, over
breakfast, she confessed her dream: to become a bus driver.
“What about Uber?” her husband asked. They went online and booked an appointment for the
next morning, a Sunday. By lunchtime she had registered with Uber,
heard a presentation, taken
an online topography test, received a certificate from
the company and applied for the obligatory government background check. It took a
few weeks to get a “private hire license” from Transport for London, the city’s
transportation regulator.
Then she was, in Uber speak, “onboarded.”
Guerrilla Warfare
Big Ben had just chimed 11 a.m. in its familiar jingle
when Mr. Walsh was navigating his cab around Parliament Square, past
Westminster Abbey and into an alleyway leading to the headquarters of the
governing Conservative Party.
A small but noisy crowd of cabbies were already
demonstrating outside the building’s main entrance. Their signs and slogans
blamed Uber for an array of wrongs, including pollution and rape — and the
government for siding with Uber.
Rachel Whetstone, who was a senior executive at Uber
until April, is married to Steve Hilton, a close friend of, and once an
adviser to, former Prime Minister David Cameron. When Boris Johnson, as mayor of London,
considered clamping
down on Uber in 2015, for example by imposing a
minimum waiting time of five minutes on riders, some 200,000 Londoners signed a
petition in protest and he was reportedly told to back off.
“It stinks,” Mr. Walsh said. (Uber denied that Ms.
Whetstone’s close ties to Mr. Cameron had any impact on the mayor’s decision.)
Mr. Cameron campaigned to stay in the European Union,
which is one reason that many cabbies voted to leave. “Uber loves Europe,”
Mr. Walsh said. “You basically have governments and big business in
bed together,” he said.
“The only loser is the working class.”
The protesters slowly marched toward Victoria Street
and the headquarters of Transport for London, or T.F.L. Cabbies say that
T.F.L. stands for Totally Failing London.
“Look,” said Mr. Walsh, who was back in his cab and
now following the march by road. “London has a great history of taking
in refugees: the Huguenots, the Russians, the Jews after World War II,” he said. “But
there is a difference between refugees and economic migrants.”
“They come here
and push down our living standards,” he said. “There comes a day where you have to say, ‘Stop.’”
“Brexit” was just that, he said. “We said, ‘Stop.’”
“It’s not a racist thing,” Mr. Walsh added. “Lots of
cabbies are Jewish and Irish.”
“It’s about fairness,” he said. “No one’s wages have
gone up in the 10 years since the crash, and everyone who’s coming here is
getting it on a plate.” He pulled out his phone to check his Facebook feed. A
popular bagel shop on Brick Lane in East London had signed up with Uber
Eats, the company’s delivery service. Some drivers were calling for a boycott on
the Facebook group Save Our Black Taxis.
“That’s your black cab trade gone,” one comment read,
followed by more of the same:
“I don’t need Uber poison.”
“Freaking disgraceful.”
Uber says it receives hundreds of complaints a month
from its drivers about abuse from cabbies. Some comments are rude (“Uber
slave!”); many are racist (“Go back to your country!”).
Sometimes when a customer cancels, Mrs. Bakkali
worries that it is because she is Muslim. In her photograph on the Uber app, she
wears a head scarf discreetly tied at the back of her neck.
There are several Muslim women on Mrs. Bakkali’s
WhatsApp group Uber Super Ladies (women make up a small minority of Uber
drivers and cabdrivers).
Some of them met at a party Uber held for them on
International Women’s Day.
They shared pastries and stories about the relentless
hostility coming from cabbies.
“They have all these advantages,” Mrs. Bakkali said:
Black cabs can use bus lanes and taxi stands, and be hailed on the street, “but
they are angry with us.”
One friend, also a Muslim woman, was so shaken by a
recent encounter that she almost quit. A cabdriver had gotten out of his
taxi and come toward her car, waving a fist and shouting: “You Muslim, you can’t
even drive! Take off that scarf!”
Race to the Bottom?
Race to the Bottom?
Mrs. Bakkali recently had a polite exchange with a
cabby, a man from Somalia, who rolled down his window at a red light.
“Salaam aleikum, sister,” he told her, smiling.
“You’re
taking our business.”“It’s my business, too,” she replied.
“How is it, sister? Small money?”
“Sometimes big, sometimes small.”
Mrs. Bakkali once earned £340 in a single shift,
working 20 hours straight.
She dropped off her last customer in Weybridge, west
of London, at 6:30 a.m., then found a parking lot, locked her car doors and
napped before turning the app back on and making her way home.
On average, though, she takes home closer to £300 a
week after paying for insurance, gas and twice-weekly carwashes. Earning and
controlling her own money for the first time is liberating, she says, but
even with her husband’s income from a part-time supermarket job, the family
relies on benefits like subsidized housing.
“It’s hard,” she admitted.
Last year, Uber raised its commission on every ride to
25 percent, from 20, for new drivers. Mrs. Bakkali recently went to a
drivers’ meeting at Uber’s biggest “Greenlight Hub,” or drivers’ center, in London. The
room was packed. Everybody had the same urgent plea: Could Uber cut its
commission back to 20 percent?
The answer was no.
“They love riders more than drivers,” Mrs. Bakkali
said. When she took two weeks off around Easter, she found that in the days
after, few jobs were sent her way. Her earnings were halved. “The app punishes you
for taking breaks,” she said. (Uber denies that its algorithm deliberately
penalizes breaks, but all Uber
drivers interviewed for this article believe that it
does.)
Mr. Walsh says that the cabbies’ fight is with Uber —
not with its drivers.
“We see them sleep in their cars,” he said. “Uber is
turning the time back to the Victorian era.”
He was having a cup of tea with fellow cabdrivers
outside a small green wooden hut near Buckingham Palace.
one of 13 remaining “cabmen’s shelters” dating from the days when cabs were still horse-drawn coaches.
one of 13 remaining “cabmen’s shelters” dating from the days when cabs were still horse-drawn coaches.
One cabby recently sold his taxi because there was not
enough work. He is leasing one now but may quit altogether, he said. “Most weeks
you’re just trying to cover your costs.”
Before Uber, Mr. Walsh would have 20 fares a day. Now
the number is closer to five. “They want to price us out of the market,” he
said, “and then they’ll raise prices — you watch.”
And when cars go driverless, he added bitterly, “cabbies
and Uber drivers will both be history.”
Mrs. Bakkali shrugs at the idea. She grew up without
running water or a phone. To visit her grandparents, she had to walk —
for a day.
“So much has changed in my life,” she said. If someday
driving is no longer an option, she may start her own business, she said.
Embroidery, perhaps, or sewing.
Mr. Walsh accepts that black cabs have been slow to
adapt to change.
Credit-card machines were made mandatory only last
fall. Ride-hailing apps for black cabs remain fragmented. But he believes that his
brain can beat a navigation system any day. Years ago, he took part in a research
project at University College
London that found that memorizing a map of the city
resulted in an enlarged hippocampus.
“Cabdrivers’ brains are bigger,” Mr. Walsh said
proudly.
Navigation systems do not know nicknames like the
Policeman’s Hook. They cannot deal with incomplete addresses and do not know
the best shortcuts when traffic is bad. And they cannot tell you where to buy
the best salt beef bagels.
“We’re still
better than the machines,” he said. “But who will come and protect us?”
Follow Katrin Bennhold on Twitter @kbennhold.
A version of this article appears in print on July 4, 2017, on Page A1
of the New York edition with the headline: In Cabby War, Echoes of the Rift
Fueling Brexit.
© 2017 The New York Times Company
On London’s Streets, Black Cabs and Uber
Fight for a Future - The N... https://www.nytimes.com/2017/07/04/world/europe/london-uk-brexit-...
10 de 10 04/07/2017
08:03
https://www.nytimes.com/2017/07/04/world/europe/london-uk-brexit-uber-taxi.html?hp&action=click&pgtype=Homepage&clickSource=story
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