sexta-feira, 31 de maio de 2019

Muita lenha para queimar (César Felício, Valor Econômico)


Sexta-feira, 31 de Maio de 2019 - 05:34 
Valor Econômico | Política 

As manifestações de ontem, a julgar pelas informações preliminares, devem mostrar à oposição ao governo Bolsonaro seus limites. Tanto o lado azul quanto o vermelho mostraram capacidade de ocupar ruas, mas claro está que não se vive um clima de Primavera Árabe, ou de Junho de 2013. Os atos estão na equação política, mas não ganharam e nem devem ganhar no futuro próximo centralidade.

No de ontem, até o início da noite, houve manifestações em 131 cidades em 26 Estados e no Distrito Federal. Boa parte no Nordeste, como as registradas na Bahia (12 cidades), Paraíba (9), Pernambuco (6) e Ceará (6), mas em São Paulo os atos foram de Birigui a Ubatuba, em 17 municípios. Foram atos relevantes, que incomodam o governo, mas não criam uma dinâmica desestabilizadora. Até certo ponto favorecem a estratégia de Bolsonaro, a quem interessa manter um clima de radicalização pré-eleitoral.

Para um governo sem base no Congresso e ideias concretas para reativar uma economia em ponto morto, contar com uma oposição no estado em que está a brasileira não deixa de ser um conforto. Alguém duvida que os maiores desafios a serem ultrapassados por Bolsonaro estão entre os seus companheiros de trincheira, e não do outro lado?

Oposição não sabe o tamanho da cela, mas está encarcerada

Não se sabe ainda o tamanho da cela, mas a oposição está encarcerada. Sua maior esperança é por uma espécie de autofalência bolsonarista, seja por total inépcia administrativa do presidente, ou em caso de uma tentativa desastrada de golpe, como a feita por Jânio Quadros, em 1961.

A oposição alimenta-se da narrativa do golpe e da conspiração internacional e é só torcida: aguarda-se que o preço a ser cobrado pelo Centrão para aprovar as reformas seja insuportável; que Bolsonaro continue empurrando os estudantes para as ruas com o arrocho na educação; que o Ministério Público do Rio de Janeiro comprometa ainda mais a família presidencial com antigos e atuais milicianos, e por aí vai.

Como Blanche Du Bois, a personagem da peça "Um bonde chamado desejo", depende da bondade de estranhos. Para explicar a analogia, Blanche é uma senhora que vive fechada em suas ilusões de grandeza passada e refinamento, e é destruída mental e fisicamente ao entrar em atrito com o cunhado sociopata.

É evidente o cansaço da população do PT, como fica patente em pesquisas de opinião que apontam Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad como campeões de rejeição, mas bem ou mal são os petistas que estão na rua, são eles que tem um candidato pronto, em viagem pelo país e com recall para apresentar em 2022, que contam com capilaridade nacional e com governos estaduais de razoável porte nas mãos. É muito cedo para se projetar o quadro eleitoral de 2022, mas é certo que lá estará, entre os postulantes, o do PT.

O PDT, o PSB, o PCdoB, o Psol, podem divagar sobre projetos de união, mas não conseguem contornar o fato de que o PT é que tem a hegemonia deste campo e ao PT não interessa nada que signifique abrir mão desta hegemonia, mesmo que o preço para isso seja uma permanência de longo curso do bolsonarismo no poder.

Esta semana, um governador oposicionista sorriu amarelo ao ser perguntado sobre a estratégia de 2022 e, em um gracejo, concordou que era melhor começar a falar na eleição de 2026. A próxima é melhor pular. A rejeição ao PT não se dissolverá, Ciro Gomes não consegue agregar o campo oposicionista, Marina Silva é passado e esperar por Joaquim Barbosa é contar com Dom Sebastião, reaparecendo em algum dia de muita névoa.

Este governador oposicionista vê com apreensão a eleição do próximo ano. Se fosse agora, mostraria um fortalecimento do bolsonarismo nas capitais, em que pese o desgaste do governo e a força das ruas. Ele não se ilude com a queda da popularidade do presidente. "Nas pesquisas qualitativas que realizamos, as pessoas atribuem os problemas pelos quais passam hoje, como a insegurança ou o desemprego, ao PT. Não atribuem ao Bolsonaro", sentenciou. O presidente ainda tem muita lenha para queimar.

Histrionismo

O Brasil já teve ministro acusado de homicídio. Titulares do primeiro escalão que sustentaram que cadelas são seres humanos. Houve uma miríade de ministros fulminados por escândalos de toda natureza. Mas nunca houve nada parecido com Abraham Weintraub. Cumprem a ministros, em geral, um papel discreto, que não ofusque o presidente. Não é o caso, entretanto, do titular do MEC. Weintraub é um showman.

O ministro da Educação já provocara espanto ao aparecer nas redes sociais mostrando o torso nu, para evocar cicatrizes da adolescência que interferiram em seu desempenho universitário. Procurou explicar contingenciamento de verbas com chocolatinhos. E ontem, em um dia de protesto em sua área, eis que surge ao som de "singing in the rain", rodopiando um guarda-chuva, apenas para desmentir que tenha cortado recursos para a reconstrução do Museu Nacional.

O assombroso vídeo foi curtido pelo presidente Bolsonaro no Twitter, o que mostra que a excentricidade está dentro de um método. O ministro da Educação teve o endosso do governo para gastar o tempo necessário na concepção e produção do vídeo em que mescla arrogância e deboche contra "os veículos de comunicação, das pessoas que estão de mal com a vida".

Desde que assumiu o cargo, Weintraub se esforça em tratar os temas de sua pasta como caso de polícia e as críticas que recebe como perseguições odiosas. Cortes orçamentários de rotina foram caracterizados como reação a atividades impróprias cometidas em ambiente escolar, as já famosas "balbúrdias". Seu histrionismo contrasta com o baixo perfil que cultivou durante a campanha eleitoral e sugere que o ministro cumpre um papel político ao fazer o que faz. Trata-se de uma pessoa sem nenhum receio do ridículo, o que é raro. O país ainda aguarda a apresentação de uma estratégia para a educação.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

O documento que mudou o mundo


sábado, 25 de maio de 2019 04:02
O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA


Autor: ANTONIO CABRERA

Contrato assinado por agricultores chineses em meio ao governo de Mao Tsé-tung mudou a cara do país

"Trabalhe duro , não trabalhe duro todos recebem o mesmo. Então as pessoas não querem trabalhar ."

Yan Hongchang Em 1978, um pequeno pedaço de papel assinado em Xiaogang, um vilarejo na longínqua China rural, teve o poder de formatar o mundo como vivemos hoje.

Depois de tomar o poder em 1949, Mao Tsé-tung aboliu brutalmente a propriedade das terras privadas, agrupando fazendas em "comunas populares" subservientes ao Estado. Essa brutal intervenção do Estado ficou conhecida como o Grande Salto para Frente, gerando a escassez mais mortal de toda a história. Era a utopia de que o planejador central sabia melhor como cultivar os campos.

Em 1960, a China era um caos completo. A taxa de mortalidade pulou de 15% para 68%, e a taxa de natalidade despencou. Os agricultores, totalmente desnutridos, eram inca- pazes de lavrarem o solo e morriam vendo o arroz apodrecer.

Quem quer que fosse pego estocando grãos era fuzilado. Os mortos por inanição chegaram a 50% em alguns vilarejos. Os sobreviventes vagueavam pelas estradas à procura de comida.

Mas isso ainda era pouco. Em 1968, um membro da Guarda Vermelha, de 18 anos, chamado Wei Jingsheng, se refugiou próximo a Xiaogang e descreveu cenas dantescas: famílias trocavam suas crianças para poder comê-las. A China foi, de longe, o maior campo de morte da história do mundo.

Como não poderia ser diferente, os agricultores de uma pequena aldeia chamada Xiaogang estavam desesperados pela completa falta de comida. Mesmo desenterrando raízes ou cozendo folhas com sal, eles não estavam conseguindo alimentos suficientes para a sua sobrevivência. Foi então que em uma noite no fim de novembro de 1978 um grupo de 18 agricultores de Xiaogang se reuniu secretamente e tomou uma decisão radical.

Comandados por Yan Hongchang, eles assinaram um contrato que devolvia as terras para cada agricultor de forma individual. Eles sabiam que o planejamento estatal não estava funcionando. Mas o fato de dividir a terra entre si poderia levá-los à prisão e, para tanto, concordaram que ninguém jamais saberia daquela história.

Caso alguém fosse preso, ficou combinado que os outros criariam os filhos dos prisioneiros.

Era um documento contra a base do socialismo e quase um retorno à propriedade privada. Uma verdadeira contrarrevolução em plena ebulição revolucionária de Mao Tsé-tung.

Então aconteceu um verdadeiro milagre. Em um ano, a extensão de terra plantada praticamente dobrou e a aldeia passou a gerar excedente de arroz.

As notícias do sucesso da "agricultura individual" rapidamente se espalharam por toda a China.

A produção de grãos aumentou para 90 mil quilos em 1979, mais de seis vezes a registrada no ano anterior. A renda per capita de Xiaogang acompanhou o passo e subiu dos 22 yuans para 400 yuans. Para se ter uma ideia, isso foi o equivalente à soma total de todas as colheitas entre 1955 e 1970, de acordo com dados oficiais. Praticamente da noite para o dia, a vila saiu da pobreza.

Aparecem as primeiras críticas ferozes e, em 1979, o Partido Comunista Chinês (PCC) emite uma nota reafirmando que o "trabalho individual nos campos" não estava permitido.

No entanto, como a forma de produção de alimentos aumentava de maneira vertiginosa, em 1984, o governo recua e na 35.a Parada Nacional, cinco tratores desfilam na Praça Tiananmen com um gigantesco letreiro dizendo que o contrato de Xiaogang era bom.

O próprio governo reconheceu que Xiaogang "quebrou o alto sistema de produção centralizado oferecendo ao agricultor o direito à autonomia da sua produção...". "Isso liberou e desenvolveu a produtividade das áreas rurais."

Posso dizer que há momentos na vida que tiram o fôlego. Foi o que experimentei quando visitei Xiaogang e entendi o corajoso passo dado por Yan Hongchang.

Quem explica melhor o que se passou em Xiaogang é o próprio reformador Deng Xiaoping. Em uma audiência com líderes estrangeiros, ele reconheceu que "Xiaogang era o lugar mais pobre da nossa história, mas houve uma grande mudança nos últimos dois anos. O lugar era o mesmo, mas a nova política agrícola alterou completamente o lugar".

E destaca, de maneira explícita: "O sucesso do trabalho rural de Xiaogang aumentou nossa confiança; nós aplicaremos a experiência da reforma rural nas cidades e faremos uma larga reforma no sistema econômico com foco nas cidades".

A contribuição do contrato de Xiaogang se refletiu não apenas no nível material. A onda histórica da reforma saiu do campo da economia e foi para as áreas da política, sociedade, cultura, etc. com um poder irresistível.

Em 1986, oito anos depois de Xiaogang ter retomado o controle de sua agricultura, o governo central da China emitiu as Diretrizes para o Trabalho Rural. O documento foi uma decisão marcante no desenvolvimento moderno do país. Com base na abolição das comunas populares três anos antes, endossou formalmente uma política que veio a ser conhecida como baochan daohu - um modelo de organização rural ao estilo Xiaogang conhecido como "sistema de responsabilidade doméstica".

Com aquele acordo assinado à luz de velas no interior faminto da China, um grupo de homens sem muita instrução transformou a China, que passou de grande importadora para até exportadora de alimentos em alguns casos.

Xiaogang é uma impressionante testemunha de que civilização e propriedade privada são inseparáveis. O direito de propriedade, onde um agricultor pode controlar sua vida e o seu campo sem a interferência do Estado, é a instituição mais fundamental em qualquer economia e sociedade. É, sem dúvida, um dos maiores saltos de renda da história da humanidade.

Na entrada da cidade você encontra um slogan: "A origem da ascensão econômica de nossa nação". Mas a verdade é que é muito mais do que isso. Esse acordo de Xiogang é um dos mais importante programas de combate à pobreza do mundo.

É um daqueles raríssimos documentos que mudaram o mundo.

EX-MINISTRO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA O direito de propriedade é a instituição mais fundamental na economia e na sociedade

@economia @China

sábado, 25 de maio de 2019

Vídeo: Seriados antigos de TV - National Kid

National Kid








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Vídeo: Seriados antigos de TV Os Heculóides


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Vídeo: Seriados antigos de TV Daniel Boone e Bat Masterson



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Vídeo: Seriados antigos de TV Túnel do Tempo


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Vídeo: Seriados antigos de TV Perdidos no Espaço


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Vídeo: Seriados antigos de TV Space Ghost


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Vídeo: Seriados antigos de TV: Jeannie é um gênio


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Vídeo: Seriados antigos de TV A feiticeira


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Vídeo: seriados antigos de TV Ultra Seven


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Vídeo: Seriados antigos de TV Frankstein Jr e os Impossíveis




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Vídeo: Seriados Antigos de TV: Shazzan


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Vídeo: seriados Antigos de TV : (Lippy the Lion)


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sexta-feira, 24 de maio de 2019

O papel do 5G no avanço da economia

quinta-feira, 23 de maio de 2019 02:02
CORREIO BRAZILIENSE | OPINIAO


Autor: » TIAGO MACHADO

Diretor de relações institucionais da Ericsson no Brasil

As tecnologias da informação e telecomunicações são hoje as principais ferramentas para ganho de produtividade em qualquer setor. Assim como aconteceu com a máquina a vapor no século 19 e com a eletricidade no início do século 20, a tecnologia digital é atualmente o elemento mais importante para aumento de eficiência e ganho de competitividade.

Há 200 anos, a locomotiva a vapor transformou completamente a produtividade do mundo, a capacidade de mover cargas, alimentos, minérios. Há 100 anos, o mundo começou a se iluminar e novamente todas as indústrias se transformaram, das fábricas às cidades a partir da eletricidade. Há pouco mais de três décadas, entramos na primeira fase da era da informação. E, na próxima década, o 5G vai dar início à nova fase: a da digitalização.

Digitalização significa criar competitividade para o país em todos os setores e isso é ainda mais necessário em um mercado que não é mais nacional, mas global. No planeta, a média de exportações é 24% do PIB mundial (US$ 20 trilhões) de acordo a ONU. No Brasil, segundo o Ministério da Economia, esse número é de 12% do PIB (US$ 240 bilhões), metade do qual vinda de produtos primários. O baixo nível de exportações é consequência direta de não sermos competitivos em muitos setores.

O 5G será o grande indutor de investimentos no mundo na próxima década. E um país sem 5G, em alguns anos, certamente não atrairá novas indústrias. Seria como pensar em instalar uma fábrica hoje em um país sem energia elétrica, estradas ou aeroportos. Definir o 5G como item prioritário da agenda de competitividade do país é o primeiro passo para elevar a atratividade para novos investimentos no futuro. Esses investimentos têm a capacidade de elevar o nível de atividade econômica, criar empregos e arrecadação, induzindo novos investimentos em ecossistemas de inovação digital, num círculo virtuoso que precisamos iniciar.

Estudo recente aponta que mais de US$ 10 trilhões serão investidos na Indústria 4.0 na próxima década. A pergunta que fica é: onde ocorrerão os investimentos? Países que tiverem infraestrutura 5G madura certamente vão atrair a maior parte do capital. Essa é a oportunidade que tem o Brasil a partir de 2020. Um plano concreto para que o país possa se beneficiar do 5G deve estar baseado em três pilares.

O primeiro é a simplificação. A regulamentação hoje tem uma estrutura punitiva, não propositiva. Os mecanismos de autorregulação podem ser enorme avanço para o setor de telecomunicações. Não é razoável pensar em bilhões de reais de multas por causa de indicadores de qualidade. Outro exemplo é a questão da burocracia para instalação de novas antenas. Numa cidade que conte com a legislação municipal atualizada, do momento em que se decide instalar uma antena até a ativação, há prazo de cerca de um mês. Em cidades como São Paulo, isso pode levar de um a dois anos. Esse ritmo dificulta o avanço do 5G, que exigirá provavelmente 10 vezes a quantidade atual de antenas.

O segundo pilar é o espectro, ou seja, o intervalo de distribuição das ondas eletromagnéticas por meio do qual são transmitidos os dados. Historicamente, o espectro no Brasil tem sido o mais caro do mundo se comparado com a renda média do brasileiro. Em menos de um ano, teremos um leilão de espectro que vai definir os próximos cinco anos para o 5G.Qual caminho vamos tomar? Arrecadação ou investimentos? Uma coisa é certa: precisamos eliminar o viés arrecadatório dos leilões de espectro, pois esse modelo consome todo o caixa das operadoras e atrasa em anos os investimentos que seriam realizados. Se a implantação do 5G no Brasil atrasar em um ano, até 2025 o Estado terá perdido R$ 25 bilhões em arrecadação, considerando apenas os serviços e produtos que deixarão de ser vendidos.

O terceiro pilar é o ambiente digital, que precisa ser seguro e confiável. Em um mundo digital, onde todas as coisas estarão conectadas, segurança da informação passa a ser ponto extremamente crítico para os mais diversos setores da economia e também para a infraestrutura básica. No futuro, um ataque ou uma falha de segurança poderiam paralisar todo o sistema elétrico, de transportes, de saúde. A digitalização só vai prosperar se tivermos uma estratégia clara para abordar o tema de segurança cibernética, criando um ambiente digital seguro, confiável, que permita a digitalização de todas as verticais da economia e da sociedade.

Apenas com esses três pilares concretizados será possível avançar no desenvolvimento e implementação do 5G -- e, mais uma vez: não estou falando somente de nova geração das redes móveis, mas de uma plataforma para a digitalização de toda a economia e da sociedade. A revolução tecnológica será, sem dúvida, o mais importante fator de competitividade do país na próxima década, com enorme capacidade de induzir inovação e atrair investimentos, trazendo impactos diretos na qualidade de vida das pessoas.

 @tecnologia

Vídeo: Arte e sinceridade (Humor)

@fun

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Os benefícios da computação em nuvem (Ethevaldo Sequeira)

Domingo, 28 de Abril de 2019 - 02:02
O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA
Motivação: Espontanea
CENÁRIO POLÍTICO-ECONÔMICO: COLUNISTAS




Armazenamento, acesso e segurança estão entre as vantagens dessa tendência tecnológica 

Há alguns anos, não mais me preocupo em guardar no meu computador a massa de dados, textos, fotos, softwares e documentos relevantes. Armazeno tudo na nuvem - quer dizer, em algum data center do planeta. A vantagem é poder acessar essa nuvem via internet, a qualquer hora e de qualquer lugar. Tudo graças ao apoio de um dos muitos fornecedores desse serviço a que chamamos mundialmente de computação em nuvem - ou pelo nome internacional cloud computing. 

Minha nuvem individual Como usuário, eu comecei com uma pequena "nuvem" pessoal, um belo HD externo sem fio - semelhante ao iCloud da Apple, o excelente dispositivo que replica automaticamente tudo que produzo no computador. Mas meu medo era não conseguir acessar aquele HD quando eu estava em viagem, já que ele ficava em casa; havia até o risco não poder usá-lo por falta de energia. 

Há alguns anos descobri a computação em nuvem - numa época em que essa tecnologia já se espalhava entre a maioria das empresas. O melhor da cloud computing é que nos proporciona muito mais do que redundância, cópias seguras e invulneráveis: ela nos permite acessar novos recursos, como programas, aplicativos e antivírus. E com a combinação de acesso a qualquer hora, em qualquer lugar. 

O conceito de computação em nuvem envolve todo tipo de utilização da memória e da capacidade de armazenamento e cálculo de computadores e servidores hospedados em data center e interligados por meio da internet. Logo, são essenciais dois recursos tecnológicos para a computação em nuvem: sistemas de armazenamento remoto (como data center) e internet. 

Benefício para as corporações Muito mais do que os usuários individuais, a computação em nuvem ganha espaço e importância no mundo empresarial ou corporativo. Mais do que isso: ela se torna essencial como alavanca da produtividade e de redução de custos, graças, principalmente, à utilização da maior parte da infraestrutura de terceiros como os provedores de acesso à nuvem. 

Aliás, foi pensando em primeiro lugar nas corporações que gigantes da tecnologia como a Amazon, a Microsoft, a IBM e a Oracle lançaram seus produtos, criando o que se convencionou chamar nuvem da informação (information cloud). 

Esse novo salto da computação em nuvem representa, portanto, o que os especialistas chamam de "uma nova fronteira da era digital". No começo, o uso da nuvem se limitava a laboratórios e universidades. Mas, nos últimos anos, ela invadiu praticamente todas as empresas modernas e chega aos computadores domésticos e às pessoas físicas. 

Classificações da nuvem Os sistemas de computação em nuvem podem se limitar a uma única organização ou empresa. Nesse caso, são chamadas de nuvens corporativas. Ou podem estar disponíveis a um grande número de organizações; chamam-se, então, nuvens públicas. Ou podem ser híbridas, isto é, uma combinação de ambos os modelos, pública e privada. A Amazon AWS é considerada a maior nuvem pública do mundo. 

No Brasil, há uma colaboração muito positiva entre os grandes provedores de cloud computing e operadoras como a Embratel - que dispõe dos mais modernos data centers do País e oferece a seus clientes todas as aplicações da nuvem.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Vídeo: Netta, Nana Banana


@pop

Vídeo: Cacá Magalhães

Essa  menina cantora, de 12 anos de idade, é baiana e chama-se Cacá Magalhães.  

Ela recusou o  convite do programa The Voice Kids e canta numa banda, a "Terráquea"

Canta Jazz e blues como poucas.

@MPB

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Fintechs ajudam pequenos a terem acesso a crédito(Estado de São Paulo)


COM PROCESSO MAIS ÁGIL E MENOS BUROCRÁTICO, STARTUPS FINANCIAM EMPREENDEDORES COM TAXAS BAIXAS

Mateus Ajntd *

Se o acesso de pequenos empreendedores ao crédito cm instituições financeiras tradicionais pode se tomar um processo burocrático c com juros altos, fintechs (startupsfinanceiras) passaram a apostar cm empréstimos on-line por incio dc P2P (peer-to-peer-lending) para atender o nicho.

O P2P ou empréstimo coletivo c a prática dc emprestar dinheiro usando plataformas que conectam quem quer emprestar dinheiro a quem precisa dele, sendo que o valor total pode chegar por diferentes investidores. Em geral, são oferecidas taxas mais baixas ao tomador dc credito c, na outra ponta, disponibilizado um retorno superior ao investidor.

Firgun c Ncxoos sãoexem-plos dc startups que viram nesse cenário o potencial dc usar inovação para oferecer processos simples para empreendedores conseguirem crédito onde qualquer pessoa física ou jurídica possa investir. Nas plataformas, são feitas as análises dc crédito, além da definição do valor, do tempo do financiamento c das taxas dc juros.

“Duas situações que combinam para o crescimento dessas fintechs são as condições do crédito c a agilidade do processo. O pequeno empreendedor vai procurar as fintechs quando já tomou um ‘não’ dc um banco ou lhe foi oferecido um crédito fora da realidade”, diz o pesquisador do Centro dc Microfinançase Inclusão Financeira da FGV Eduardo Diniz.

Diniz afirma que, se os juros, o tempo dc financiamento c o valor total estiverem dc acordo com a realidade do empreendedor, é seguro receber o crédito defintechs. “São empresas regulamentadas pelo Banco Central c são confiáveis como qualquer outra instituição financeira.”

As fintechs de credito, financiamentos c negociação dc dividas representam hoje 21% das fintechs do mercado, segundo a pesquisa FinTech Deep Divc 2018 da Associação Brasileira dc Fintechs (ABFintcchs) cm parceria coma PvvC Brasil (Pri-ccwaterhouscCoopcrs).

“O segmento vem crescendo c se fortalecendo com maior credibilidade. A perspectiva para os próximos anos é de crescimento c ganho dc mercado”, diz o líder da vertical de crédito da ABFintcchs, Fábio Neufcld.

Desde 2015 atuando no mercado, a Nexoos, fundada por Daniel Gomes e Nicolas Arrcllaga, já financiou R$ 134.937.388. “Tc-mos uma base dc mais dc 40 mil investidores. Eles veem as propostas que os empreendedores querem c fazem o investimento de quanto eles quiserem na empresa”, diz Arrcllaga.

Na Firgun, fintech dc impacto social criada em 2017 por Fábio Takara c Lemucl Simis, a taxa dc juros pode chegar a zero cm empréstimos de até RS

3.ooo. “A empresa nasceu da vontade de promover transformação de uma maneira sustentável financeiramente. Muitos empreendedores tem para crescerem, mas desistem por juros altos ou burocracias”, afirma Lemuel Simis.

Moradora da periferia de São Paulo c empreendedora desde 2012, Débora Fidelisatua no serviço de bufe com especialidade cm catcring, por meio da empresa Chef Debinha. Por conta de já ter tido nome sujo e scorc baixo, ela se viu impossibilitada de receber credito para alavancar seu negócio por vias tradicionais c se viu obrigada a tomar empréstimos com um agiota.

“Meu negócio não dava aquela alavancada e sempre ficava no ‘quase’”, conta Debinha, que conheceu a Firgun cm 2018. Foi por meio de um empréstimo de R$ 15 mil na plataforma que ela conseguiu comprar uma máquina de embalagem a vácuo, para entregar suas tortas com mais higiene c durabilidade. “Como parei de pegar dinheiro de meios alternativos, onde os juros eram muito altos, acabou me sobrando mais dinheiro e eu consegui ampliar a empresa.”

Além da máquina a vácuo, Debinha comprou um fatiador de frios, uma geladeira de porta dupla c um frcczcr vertical, com sobra para capital de giro. “Hoje, minha empresa consegue empregar oito pessoas, todas elas da periferia. Faturei R$ 800 mil cm 2018”, diz ela, que tem clientes como a rede íbis.


• ESTAGIÁRIO SOBA SUPERVISÃO DO EDITOR DE SUPLEMENTOS. DANIEL FERNANDES
@tecnologia @economia

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Grandes Mudanças nas relações de trabalho (Celso Ming)

O desemprego é uma experiência tão traumática que tende a deformar a percepção das pessoas sobre tudo quanto diz respeito ao tema. Especialmente num momento histórico, como o de agora, em que a própria relação de trabalho, tal como se conhece, está em forte mutação. 

Uma dessas deformações, observa o especialista em Economia do Trabalho Hélio Zylberstajn, em artigo recente no jornal Valor Econômico, é a de que a sociedade tende a tratar o emprego com uma visão maniqueísta. É a que vê tudo apenas em branco e preto, incapaz de considerar os inevitáveis tons de cinza. Emprego bom só é aquele que proporciona carteira de trabalho assinada, com todos os direitos trabalhistas a ela associados como férias, 13.° salário, plano de saúde, etc. Outras formas de ocupação, como o trabalho terceirizado, ocupações por conta própria e prestações de serviços temporários são todas, empurradas para dentro do mesmo balaio, o do trabalho precário. 

E, no entanto, 11,1 milhões de trabalhadores brasileiros não têm emprego com carteira assinada (estão no trabalho informal) e operam como autônomos, prestadores de serviços intermitentes ou sazonais. As novas tecnologias e o uso crescente de aplicativos vêm criando novas ocupações, que dispensam contrato com um empregador. É o caso dos motoristas do Uber, do 99 e do Cabify; das locações proporcionadas pelo Airbnb; dos motoqueiros do iFood e de grande variedade de prestações de serviços, como os de cuidadores de idosos, enfermeiros particulares, personal trainers, passeadores de cães e maridos de aluguel. 

Em algumas localidades, as autoridades vêm tentando enquadrar as novas ocupações a um vínculo qualquer de emprego, mais como forma de salvar do desaparecimento algumas atividades tradicionais, como a dos taxistas ou a da rede hoteleira de baixo custo, do que de proporcionar proteção trabalhista adequada a esses novos profissionais. Mas a grande proliferação dessas novas atividades tende a atropelar iniciativas desse tipo. Como observa outro especialista da área, o professor da Universidade de São Paulo José Pastore, "se hoje são 25% os que vivem do trabalho flexível, dentro de dez anos, ou menos, serão 50%". 

Muitas vezes, os trabalhadores tiram seu sustento de ocupações fragmentadas, de grande mobilidade de locais e tipos de serviços, de maneira que é praticamente impossível determinar. Como atesta Pastore com base em pesquisa recente, essas não são apenas novidades impostas pela vida moderna, digamos assim, mas aspiradas por pelo menos 55% dos jovens brasileiros. Estes preferem trabalhar por conta própria e, assim, abrir mão dos direitos trabalhistas do que se sujeitar a horários fixos e às regras impostas por um contrato de trabalho padrão. 

É uma realidade que se sobrepõe a outra aspiração crescente entre a população de baixa e média rendas, que é a de deixar de procurar um emprego convencional e tomar a iniciativa de exercer certo tipo de empreendedorismo. 

Essa não é uma tendência apenas brasileira. No mundo inteiro, a tecnologia da informação, a automação e as novas arrumações do sistema de produção estão produzindo transformações importantes nas relações de trabalho. 

As consequências são de enorme importância econômica, política e social. Os sindicatos e os acordos coletivos, por exemplo, saem enfraquecidos, até mesmo porque já não dispõem nem dos portões nem dos chãos de fábrica para mobilizar a companheirada. O financiamento dos sistemas de previdência baseados na contribuição do empregado e do empregador tende a definhar, as leis e as regras de proteção ao trabalhador estão sendo fortemente questionadas. 

Diante disso, a atitude prevalecente até aqui de denunciar a "precarização" do trabalho sob o olhar conivente ou omisso das autoridades não leva a lugar nenhum, porque ignora o fenômeno mais poderoso, que é a irreversível transformação das relações de trabalho no mundo inteiro. 

O que precisa ser feito é, em primeiro lugar, aceitar as mudanças e, em segundo, ajustar as leis trabalhistas e as demais instituições de proteção do emprego a essa nova realidade, de maneira a assegurar não propriamente o emprego tal como conhecido, mas ocupação à população. 

Também não dá para ignorar todo o sistema de ensino de treinamento. A escola não pode mais se limitar a formar mão de obra para o exercício de ocupações convencionais do mercado de trabalho. Têm de dar acesso à tecnologia de ponta e, mais do que tudo, têm de ensinar a aprender.


@economia

domingo, 5 de maio de 2019

Globalismo, leite e outros equívocos(Pedro Cavalcanti e Renato Fragelli)


21/02/2019 - 05:00
Globalismo, leite e outros equívocos
Por Pedro Cavalcanti e Renato Fragelli
Causou surpresa na academia, pelo menos entre os economistas, o protagonismo dado ao tema Globalismo nos primeiros dias do
governo Bolsonaro. A questão é considerada irrelevante nos meios acadêmicos, sobretudo diante da falta de evidências empíricas que
suportem a tese. Mais que uma doutrina, o "anti-globalismo" é uma ideologia conspiratória da direita populista que possui pouca,
senão nenhuma, contrapartida nos dados e fatos. E ainda assim, tem enorme influência em setores importantes do atual governo.
Dada a confusão de conceitos, uma apresentação clara do Globalismo não é tarefa fácil. Segundo seus opositores, o Globalismo não
seria apenas uma ideologia, mas um esquema de dominação global. O objetivo último seria impor valores esquerdistas, uma moral
secular e ateia aos diferentes países, substituindo assim seus valores tradicionais. Por "tradicionais" entende-se principalmente cristãos
e (extremamente) conservadores.
Ideologicamente o Globalismo estaria associado ao "marxismo cultural". Isto parece implicar que os canais políticos, de propaganda e de ação da esquerda não estariam mais
ligados à luta de classes, mas agora à luta cultural. Daí o fato de o grande inimigo ideológico ser a escola de Frankfurt. Esse grupo de estudiosos é menos positivista e determinista
que os marxistas tradicionais e se dedicou, entre outros temas, a estudos da cultura e de sua ligação a temas econômicos e sociais. E por isso a oposição bastante forte dos antiglobalistas
às pautas identitárias, assim como à chamada ideologia de gênero, que seriam alguns dos canais de ação política e de tentativa de dominação dos marxistas culturais.
O populismo de direita pode levar a impasses na economia, dificultando a aprovação das reformas de que o país precisa
O toque final desta teoria da conspiração é a crença em que todas as instituições multilaterais mais importantes, como a ONU, FMI, OMC e a União Europeia, estariam
mancomunadas com importantes agentes do globalismo, como George Soros e Barak Obama - considerado um comunista radical - e outros marxistas-culturais, em um projeto de
subversão dos valores tradicionais das sociedades ocidentais.
O grande herói dos anti-globalistas é Donald Trump, visto como "o salvador da civilização ocidental" por um importante membro do governo Bolsonaro. A política comercial de
Trump, de enfrentamento aberto com a China, por exemplo, tem o apoio entusiasmado dos conservadores tupiniquins. Ocorre que essa política, até agora, só prejudicou os Estados
Unidos. Diante da retaliação chinesa, reduziu-se um importante mercado para produtos dos EUA, e encareceu-se a produção doméstica, já que os insumos importados da China


21/02/2019 Globalismo, leite e outros equívocos

ficaram significativamente mais caros. O efeito final provável será a diminuição, e não o aumento, do emprego industrial nos EUA, em contraste com o que promete Trump. Os
fatos, entretanto, são irrelevantes para uma ideologia que desconsidera os dados. O importante parece ser o enfrentamento da China, do globalismo e dos valores nocivos que
corromperiam a sociedade.
Para os anti-globalistas o comércio não seria uma simples troca benéfica para ambas as partes, mas um mecanismo de dominação internacional. Daí a hostilidade à China. Setores
do governo Bolsonaro e círculos em seu entorno andaram ensaiando atos de hostilidade ao país asiático, um caso clássico de um "rato que ruge", dada a desproporção entre a força
dos dois países na arena global. Ademais, como o Brasil vende à China - nosso principal parceiro comercial, não custa lembrar - commodities cujos preços são determinados no
mercado internacional, não está claro como esse enfrentamento pode nos beneficiar. O ganho provável é zero, mas o prejuízo plausível é a China comprar esses produtos alhures,
ficando o Brasil a ver navios vazios. A hostilidade do grupo aos fatos se estende, aparentemente, ao cálculo econômico.
A aliança dentro do governo Bolsonaro entre populistas de direita e liberais pode ser mais frágil que aparenta. O DNA do presidente não está na escola de Chicago e seu círculo
íntimo está coalhado de anti-globalistas. O presidente, por exemplo, sempre se opôs à reforma da previdência. Somente mudou de opinião ao perceber que não conseguiria
governar se não implantasse uma reforma fiscal radical. Privatização sempre foi um tema malvisto em seu grupo. O recuo na extinção da EBC e da EPL - a empresa do trem-bala -,
duas promessas de campanha, mostra que o cálculo político de curto prazo e a falta de convicção em muitas instâncias poderá dominar a racionalidade econômica e de gestão.
Essa contradição ficou bastante clara em recente medida de proteção à produção leiteira doméstica. Desde de 2001 a importação de leite em pó estava sujeita a uma tarifa adicional
anti-dumping. Esta - como era prática comum nos governos anteriores - vinha sendo renovada automaticamente, sem qualquer estudo ou evidência de que as supostas práticas de
dumpings persistiram (ou existiram...). Portanto, fazia todo o sentido que fosse eliminada e assim foi feito. Bastou, entretanto, o lobby dos produtores de leite se organizar, e a
ministra da agricultura solicitar, que o presidente aumentou a tarifa de importação do leite. Em suas próprias palavras, isso restabeleceria a competitividade da produção local.
Obviamente, em Chicago ou em qualquer escola de Economia, o canal para a maior competitividade é o aumento da produtividade e não o da proteção, que tende a eternizar a
baixa eficiência.
Esses são pequenos sinais do que pode vir à frente. Em anos recentes, o país sofreu muito com o populismo de esquerda. A irracionalidade de agora vem do populismo de direita.
Além do potencial de causar sérios problemas em nossas relações exteriores e em outras áreas chaves, como educação e cultura, a tendência pode levar a impasses na economia,
dificultando a aprovação das reformas de que tanto o país precisa.
Pedro Cavalcanti Ferreira é professor da EPGE-FGV
Renato Fragelli Cardoso é professor da EPGE-FGV e diretor da FGV Crescimento e desenvolvimento

https://epge.fgv.br/pt/noticia/globalismo-leite-e-outros-equivocos-pedro-ferreira-e-renato-fragelli-valor-economico-21-02

https://www.valor.com.br/imprimir/noticia_impresso/6129079 2/2

@política @Brasil

sábado, 4 de maio de 2019

Video: Show de inovação tecnológica


@tecnologia

Brasil perde empresa de alta tecnologia antes de se tornar um pais inovador(FSP)


domingo, 14 de abril de 2019 07:17
FOLHA DE S. PAULO | MUNDO

Autor: Érica Fraga e Flavia Lima

A indústria de alta tecnologia - que impulsionou a capacidade de inovar e o desenvolvimento de nações ricas como Estados Unidos, Alemanha e Coréia do Sul - está encolhendo no Brasil antes mesmo de deslanchar.

A constatação está em um estudo que mapeia, pela primeira vez, a evolução do peso de diferentes segmentos industriais no PIB ( Produto Interno Bruto ) brasileiro ao longo de décadas e indica que o país vive um rápido e precoce processo de desindustrialização.

Somados, os cinco segmentos da indústria mais sofisticada entraram nos anos 1980 com uma participação de 9,7% no PIB, depois de uma fase de expansão na década anterior.

Em 2016 - ano mais recente para o qual o recorte é possível - , essa fatia havia recuado para apenas 5,8% do PIB.

Os segmentos mais sofisticados reúnem a indústria de eletrônica e informática; máquinas e equipamentos; química; automobilística e farmacêutica.

As conclusões são do economista Paulo César Morceiro, que terminou seu doutorado na USP (Universidade de São Paulo) em 2018.

O trabalho, orientado pelo pesquisador Joaquim Guilhoto, da USP e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), resultou em análises inéditas sobre a trajetória da indústria brasileira.

O setor como um todo atingiu, em 2018, sua menor participação no PIB desde 1947. Ele recuou para apenas 11,3%, menos da metade do pico de 27,3% atingido em 1986.

Comparada ao ocorrido em países que se desenvolveram, a queda rápida indicava um processo de desindustrialização precoce. Mas, para fechar esse diagnóstico, o ideal seria analisar o comportamento individual de cada setor, como Morceiro fez agora.

Os dados revelam que nenhum segmento da indústria brasileira ganhou participação no PIB entre 1980 e 2016. Entre 13 setores mapeados em quase quatro décadas, 11 perderam peso e 2 ficaram estagnados.

Parte da história mostrada pelos números reflete o processo normal de desenvolvimento econômico de um país. A trajetória das nações hoje ricas indica que, à medida que a renda cresce, há uma tendência de queda na participação do PIB dos segmentos menos tecnológicos - como têxtil, calçados e alimentos.

Isso decorre da mudança natural e até esperada no perfil de consumo da população.

Mas esse mesmo processo deveria elevar o peso dos setores de maior intensidade tecnológica na economia e sustentá-lo em um patamar alto por bastante tempo.

A demanda por produtos de maior valor agregado é o que explica essa segunda perna dos processos de industrialização e desenvolvimento econômico, na esteira do aumento da renda para um patamar mais elevado.

Não é, porém, o que tem ocorrido no Brasil.

Desde que a renda do brasileiro entrou na faixa considerada de nível médio (cerca de US$ 10 mil, em paridade do poder de compra), no fim dos anos 1970, tanto a indústria de menor intensidade tecnológica quanto amais avançada têm se tornado, gradualmente, menos relevantes.

Enquanto os segmentos menos sofisticados perderam 4,9 pontos percentuais de participação no PIB entre 1980 e 2016 (recuando de 11,6% para 6,7%), os setores de maior tecnologia encolheram 3,9 pontos percentuais.

"A indústria de mais alta tecnologia no Brasil não conseguiu sustentar seu pico de participação no PIB nem por uma década. É um resultado ruim se comparado ao de países que se desenvolveram", afirma Morceiro.

Como contraponto, o economista menciona dados de outra pesquisa que está fazendo sobre os Estados Unidos. Os setores industriais de maior intensidade tecnológica mantiveram uma participação agregada média de n% no PIB americano por 17 anos, entre 1953 e 1969.

No Brasil, esses segmentos se mantiveram próximos do pico de seu auge - entre 9,5% e 10% do PIB - por apenas sete anos, entre 1973 e 1980.

Outro aspecto ressaltado por Morceiro é que a fatia dos setores de média e alta tecnologia no PIB americano é superior ao dos segmentos menos avançados ainda hoje (6,2%, ante 5,4%, respectivamente, em 2017).

No Brasil, aponta o estudo, isso nunca ocorreu.

Um exemplo preocupante é o do setor de informática e eletrônica, que perdeu 0,2 ponto percentual de participação na economia desde 1980, representando apenas 0,9 % do PIB em 2016.

"Sem desenvolver esse setor, será difícil avançar para o estágio da indústria 4.0, que combina indústria e serviços sofisticados", diz Morceiro.

Segundo Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o Brasil começou a se distanciar dos países que desenvolveram setore sindustriais mais avançados já nos anos 1980, enquanto enfrentava a crise da dívida externa e a hiperinflação.

Foi nesse período, diz ele, que outros países, incluindo os asiáticos, decolaram no desenvolvimento tecnológico.

"Perdemos o bonde desse processo e nem chegamos a desenvolver competências, empresas e atividades mais complexas desses ramos", afirma Cagnin.

Morceiro enfatiza que, desde então, repetidos períodos de câmbio sobrevalorizado contribuíram para tirar a competitividade da indústria brasileira, que sofreu ainda com uma abertura comercial pouco planejada nos anos 1990 e com a falta de políticas de incentivo bem desenhadas, focadas em inovação.

OLHO : "Perdemos o bonde desse processo e nem chegamos a desenvolver competências Rafael Cagnin economista do iedi


@tecnologia @Brasil

quarta-feira, 1 de maio de 2019

É hora de ousar e inovar(Adriano Pires, Estado de São Paulo)


sábado, 20 de abril de 2019 07:23
O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA


Os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha têm um efeito sobre a população difícil de entender e quase impossível de explicar. Nenhum outro bem tem essa mesma influência e apelo. Não temos notícias de uma mobilização nesta intensidade contra aumentos do pão, do feijão, dos remédios ou dos planos de saúde, estes, sim, fundamentais para a população.

E não é só no Brasil. Desde o ano passado temos visto o conflito social deflagrado na França pelos "Coletes Amarelos", que têm caminhoneiros na linha de frente do protesto. O estopim para a manifestação foi o aumento no preço do diesel no país, causado pela equiparação do seu imposto ao da gasolina, em razão de uma política ambiental de redução de emissões.

E o que causa toda esta revolta? No caso brasileiro, uma explicação está na relação entre a nossa sociedade e a Petrobrás. O monopólio legal da empresa, que durou 44 anos e ainda causa reflexos no setor, deixou no imaginário nacional a sensação de que a Petrobrás deveria atender aos desejos e sonhos de todos, ideia simbolizada pelo slogan O Petróleo é Nosso. Desde o início dessa campanha, em 1948, a Petrobrás se confunde com a psique da Pátria, com uma mentalidade de "ame-a ou deixe-a". Quem fala mal da Petrobrás não é brasileiro, e sim um vendilhão da Pátria. Pode-se até torcer contra a seleção brasileira, mas nunca contra a Petrobrás.

Ao longo do tempo, a empresa passou a financiar diversas atividades, visando a conquistar simpatia e apoio dos diversos segmentos da sociedade brasileira. Foram alocados recursos para patrocinar vôlei, futebol, festas juninas, cinema, teatro e até salva-vidas nas praias da zona sul do Rio de Janeiro, transformando a Petrobrás na verdadeira Campeã Nacional.

No início do governo Bolsonaro, que foi eleito como um defensor do livre mercado e da autonomia na gestão da Petrobrás, verifica-se que mais uma vez prevalece a velha prática de intervir nos preços, desta vez explicada por uma possível greve de caminhoneiros. Parece que não conseguiremos nunca nos livrar deste intervencionismo, que tanto estrago já provocou na Petrobrás e no Brasil. Será que estamos eternamente condenados a essa prática, recorrente em diferentes governos e levada ao limite no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff?

É hora de ousar e inovar, criando um fundo de estabilização dos preços para evitar que a volatilidade da cotação do petróleo e do câmbio atinja diretamente os consumidores. A primeira fonte de receita seria o excedente de royalties. Esse montante seria calculado a partir da diferença entre o que foi provisionado no Orçamento da União, que prevê valores para o barril de petróleo e o câmbio, e o realizado na prática. Quando as cotações do petróleo e do câmbio superarem as expectativas, haverá um aumento na arrecadação do fundo, compensando a elevação no preço dos combustíveis.

Outra cifra que poderia ser incluída é a parcela de dividendos da Petrobrás a que a União tem direito como acionista majoritária. Dessa forma, a União e toda a sociedade brasileira passariam a ser sócias do sucesso da empresa. A última parcela seria composta pelo dinheiro recuperado da sonegação dos combustíveis. Com isso, estaríamos criando uma solução estrutural para acabar de vez com o intervencionismo no setor.

A ideia de um fundo para estabilização de preços já foi implementada com sucesso por vizinhos nossos. Entre 1985 e 2006, o Chile, grande exportador de cobre, adotou o Fundo de Estabilização do Cobre, que utilizava recursos acumulados no momento de preços altos para estabilizar o mercado nos períodos de queda.

O uso do fundo para minimizar a volatilidade dos preços garantiria a segurança regulatória e jurídica necessária para privatizar as refinarias, e mesmo a BR Distribuidora, e com isso trazer competição ao setor.

Intervenções políticas visando a atender a interesses específicos provocam impactos no longo prazo, com prejuízos ao setor e à Petrobrás, o que resulta em perdas para a União e, consequentemente, para toda a sociedade. Precisamos nos livrar de slogans ultrapassados e entender que "o petróleo é nosso; a Petrobrás, não".

Precisamos nos livrar de slogans ultrapassados e entender que 'o petróleo é nosso; a Petrobrás, não

@petróleo @petrobrás