sábado, 29 de setembro de 2018

domingo, 23 de setembro de 2018

Você tem Lasefoia?




*LASEFOIA*

Enfermidade ainda não aceita pela classe médica. Entretanto, milhões de pessoas em todo mundo padecem desse mal e esperam a aprovação da Organização Mundial de Saúde para que se estude e se encontre a cura para esta mortal enfermidade que, cada dia, é adquirida por milhares de pessoas.
Se você tiver 3 ou mais sintomas indicados abaixo é sinal de alerta vermelho!

SINTOMAS QUE DEFINEM O APARECIMENTO DESTA PATOLOGIA:

NÃO PULE A PERGUNTA SEM ANTES REFLETIR COM CUIDADO...

1.- Um café te provoca insônia?

2.- Uma cerveja te leva direto ao banheiro?

3.- Tudo te parece muito caro?

4.- Qualquer coisa te altera?

5.- Todo pequeno excesso alimentar te provoca aumento de peso?

6.- Uma feijoada "cai" como chumbo no estômago?

7.- O sal sobe a tua pressão arterial?

8.- Em uma festa pedes a mesa mais distante possível da música e das pessoas?

9.- Amarrar os sapatos te produz dor nos quadris?

10.- A TV te provoca sono?

Todos esses sintomas são provas irrefutáveis que padeces de Lasefoia.

*LA - SE - FOI - A     juventude*!

kkkkk... Nem adianta me xingar... Também recebi!
😂😂😂😂😂
Copie e cole e mande para seus amigos...hehe

@humor

Vídeo: Tsubasa Imamura, Maluco Beleza(Raul Seixas)


@MPB

sábado, 22 de setembro de 2018

Tributo ao Tempo (Mário Quintana?)

Tudo o que vive não vive sozinho, nem pra si mesmo.
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade.
A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde.
Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o AMOR que não vivemos, o perfume que não sentimos...
A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria.
E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas sim em minutos e segundos.
Esta mensagem é um tributo ao tempo.
Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro.
Porque a vida é agora...

Cuidado! A nossa própria alma apanha-nos em flagrante nos espelhos que olhamos sem querer.


Mario Quintana ?


@poesia

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Meus sete meses no obscuro mundo das contas de hospital (CRISTIANE SEGATTO)

Meus sete meses no obscuro mundo das contas de hospital
Como pagar uma dívida de R$ 5 milhões? O drama e a solidão das famílias falidas pela medicina privada

CRISTIANE SEGATTO
09/05/2014 - 20h28 - Atualizado 25/10/2016 19h55

Desafios profissionais intensos invadem a vida pessoal e deixam rastros pela casa: três sacolas de material de pesquisa e bloquinhos de anotações no escritório, livros e revistas na sala, embalagens de remédios e produtos de uso hospitalar sobre o armário da cozinha – o único lugar que restou. Nos últimos sete meses, segui os passos de famílias arrasadas por um duplo infortúnio: uma doença grave e a morte financeira provocada pelas contas de hospital. Todas tinham plano de saúde, mas não puderam contar com eles na hora em que precisaram de um tratamento de alto custo. Caíram, sem paraquedas, no obscuro mundo dos custos exorbitantes da medicina privada.

Caí junto com elas. Cubro saúde há 19 anos. O tempo e a experiência não foram suficientes para me ensinar tudo o que aprendi durante a produção dessa reportagem. Várias informações sobre os bastidores desse mercado doente me surpreenderam. Espero que vocês também se surpreendam.



Foram dezenas de entrevistas com famílias, médicos e especialistas em gestão hospitalar e economia da saúde. O esforço e o investimento de ÉPOCA são uma tentativa de lançar luzes sobre as distorções que prejudicam as famílias e elevam os custos de saúde no país. O resultado completo dessa investigação está reunido em 20 páginas da edição impressa desta semana. 

Os convênios vendem uma segurança que nem sempre entregam. Diante das falhas do sistema público de saúde, ter um plano privado tornou-se uma das maiores aspirações da população. Nos últimos cinco anos, 10 milhões de cidadãos conquistaram a sonhada carteirinha. São hoje 49 milhões de almas (25% da população) a acalentar a ilusão de escapar das filas e da limitação de recursos do SUS, graças ao plano de saúde privado.

Em muitos casos, como os das famílias entrevistadas, essa ilusão não resiste ao teste da primeira doença grave. Quando o convênio se recusa a cobrir algum procedimento e o doente passa a ser considerado pelo hospital como um paciente particular, a família fica à mercê de um sistema de preços confuso, criado num ambiente de transparência zero. 



Durante ou depois da internação, o paciente ou seu responsável legal se veem atolados em cobranças. São contas impagáveis. De onde uma família de classe média pode tirar dinheiro para pagar contas hospitalares de R$ 400 mil, R$ 1 milhão, R$ 5 milhões? Processadas pelos hospitais por inadimplência, elas perdem os bens ou sofrem as consequências de ser devedor no Brasil.

Quando se discute o aumento dos custos de saúde num país, dois responsáveis costumam ser apontados: a tecnologia (recursos sofisticados custam caro) e o envelhecimento (viver mais requer mais cuidados e custa mais).

Tudo isso é verdade, mas há uma terceira causa de aumento de custos sobre o qual pouco se fala: a indefinição do valor dos serviços de saúde. A ele me dediquei nessa reportagem. Qual é o valor adequado de um par de luvas ou de uma seringa descartável? Por que um frasco de soro fisiológico custa num hospital o dobro do preço cobrado na farmácia da esquina?

Há várias razões – quase todas passíveis de indignação. De acordo com as regras atuais do mercado privado de saúde, a função dos hospitais é distorcida. Eles visam à doença – não à saúde. Quanto maior o uso de insumos banais como esparadrapo e seringa, mais o hospital ganha. Ele não é remunerado pelos planos de saúde pela qualidade técnica, pela segurança e por aquele que deveria ser o grande valor de uma instituição de saúde: diagnosticar, tratar e curar. Elas são remuneradas pelos produtos que usam. Os materiais são hoje a principal fonte de receita dos hospitais privados. Respondem por 47,9% do total das receitas. Planos de saúde e hospitais vivem às turras por causa desse sistema de remuneração.

Enquanto essa é uma briga entre iguais (hospitais de um lado, planos de saúde de outro), os consumidores têm pouca consciência sobre os danos que ela acarreta à sociedade. Quando o jogo de forças se torna desigual (hospital de um lado, paciente de outro), as famílias ficam exauridas financeira e emocionalmente. Recebem contas astronômicas e não encontram parâmetros para saber se estão pagando valores justos. Nem por materiais, nem por procedimentos.

Isso precisar acabar. Nos Estados Unidos, o governo criou dois sites para ajudar os cidadãos a comparar a qualidade e os preços cobrados pelas instituições de saúde. Nas páginas www.medicare.com e www.cms.gov, é possível acessar indicadores de qualidade de 3,3 mil hospitais e comparar preços de 130 procedimentos. No Brasil, não há nada parecido. O discurso da transparência é mais eloquente que a prática.

Esse trabalho me deu a clara noção de que qualquer cliente de plano de saúde pode, um dia, se ver na situação dramática dessas famílias. Para reduzir o risco, o advogado Julius Conforti, especializado em direito da saúde, preparou uma relação de cuidados que o consumidor deve ter ao escolher um plano de saúde:

· Busque informações sobre a qualidade dos serviços

Antes de contratar um convênio, pesquise a situação dele no site www.ans.gov.br, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Cada operadora oferece diferentes planos. Verifique se a empresa ou o plano desejado estão na lista dos produtos com maiores índices de reclamações.

· Analise as vantagens e desvantagens existentes entre plano individual/familiar e plano coletivo por adesão

Os planos coletivos por adesão, que são aqueles contratados por intermédio de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, como conselhos, sindicatos e associações profissionais, tendem a ter valores de mensalidades menores no início da contratação. Porém, como a ANS não determina o teto máximo dos reajustes anuais desse tipo de contrato, ao longo dos anos, eles passam a ter valores superiores aos dos contratos individuais/familiares. Além disso, os contratos coletivos podem ser rescindidos unilateralmente. O ideal é contratar um plano individual/familiar porque os reajustes anuais dessa modalidade são regulados pela ANS e somente podem ser cancelados se o cliente se tornar inadimplente. O problema, atualmente, é que poucas empresas de assistência médica privada vendem esse tipo de plano.

· Escolha um tipo de plano adequado às suas necessidades

Os planos de saúde podem ter apenas cobertura ambulatorial, apenas cobertura hospitalar ou abranger esses dois tipos. O ideal é que o plano tenha duas coberturas.  O consumidor deve escolher, também, o tipo de acomodação, que pode ser em quarto particular ou enfermaria. A escolha pelo quarto individual, em geral, garante o acesso a um número maior de hospitais credenciados. As mulheres que tenham a intenção de engravidar devem contratar um plano que possua também cobertura para obstetrícia.

· Área de abrangência do plano

Pensar na área de abrangência do plano de saúde é outro fator importante. Há planos de coberturas municipal, estadual e nacional, entre outras possibilidades. Informe-se com antecedência sobre a rede credenciada de hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais de saúde que atenderão. O plano que garante atendimento nacional, embora custe mais, permite o acesso a um número maior de prestadores de serviços.

· Rede Credenciada

Independentemente da abrangência geográfica do plano escolhido, é importante, antes da contratação, verificar se o produto ao qual se pretende aderir possui os hospitais, laboratórios e profissionais que são do interesse do consumidor. Guardar eventuais panfletos publicitários que mencionem os prestadores de serviços que estarão disponíveis também é bastante útil, caso existam descredenciamentos irregulares na vigência da relação contratual.

· Preenchimento da Declaração de Saúde

No momento da contratação, a operadora solicitará o preenchimento de uma declaração de saúde, formulário no qual o consumidor deve informar as doenças ou lesões de que saiba ser portador naquele momento. Caso uma doença preexistente não seja declarada, o plano de saúde poderá solicitar à ANS um julgamento para verificar se houve fraude (não declaração de doença/lesão conhecida na hora da contratação). Nesses casos, o contrato pode ser cancelado.

· Fique atento aos prazos de carência

Os períodos máximos de carência são: 24 horas para urgência e emergência; 180 dias para internações, cirurgias e procedimentos de alta complexidade e 300 dias para parto. A operadora pode exigir prazos menores, mas isso deve ser garantido por escrito.

· Promessas feitas pelas empresas e corretores

É preciso, ainda, ficar atento a promessas feitas pelas operadoras de saúde e pelos corretores que agem como intermediários na venda do plano. Para não ser enganado, é importante solicitar que todos os benefícios prometidos constem do contrato e sejam previstos, por meio de aditivos contratuais.

Por causa dessa reportagem, fiquei ausente desta coluna durante algumas semanas. Peço desculpas. Espero que tenha sido por uma boa causa. Se você respira, suspeito que esse assunto lhe interessa.

(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)
https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2014/05/meus-sete-meses-no-bobscuro-mundo-das-contas-de-hospitalb.html

@saúde @medicina

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Em 10 anos, marolinha vira tsunami no Brasil (Hamilton Ferrari,Correio Braziliense)

Em 10 anos, marolinha vira tsunami no Brasil 

HAMILTON FERRARI Correio Braziliense | Economia

Políticas de concessão de crédito e subsídios usados a partir da quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, elevou o endividamento de famílias e empresas de 37,59% do PIB para 46,41% e deu início à crise fiscal que dura até hoje no país 

Desde a falência do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos (EUA) - que antecedeu a crise econômica mundial de 2008 -, o endividamento das empresas e das famílias no Brasil teve um crescimento rápido e em larga escala. O aniversário de uma década do anúncio dramático da quebra da instituição será no próximo sábado, e o país ainda sofre com os reflexos de políticas adotadas para superar a turbulência financeira. O saldo das dívidas adquiridas por operações de crédito disparou neste período, saindo de R$ 1,119 bilhão em agosto de 2008 para R$ 3,124 bilhões, pelos últimos dados do Banco Central, de julho. Na prática, a alta foi de 179%.

O endividamento das famílias e das empresas passou de 37,59% do Produto Interno Bruto (PIB) para 46,41%, segundo a autoridade monetária, o que representa uma expansão de mais de oito pontos percentuais. Os economistas afirmam que a maior demanda por empréstimos não é ruim, mas que, o que ocorreu foi um crescimento artificial, resultado de políticas de incentivos desenfreadas de acesso ao crédito. Política que teve consequências maléficas, pois resultou na crise fiscal de 2014, que perdura até hoje.

A quebra do Lehman Brothers ocorreu pela grande facilidade de acesso ao crédito, expondo o sistema financeiro dos Estados Unidos a grandes riscos. O banco era considerado um dos maiores operadores de empréstimos de Wall Street, atuando em financiamentos imobiliários voltados a pessoas com alto risco de inadimplência. Extraoficialmente, os problemas financeiros da instituição eram contabilizados desde 2007, mas a falência só veio no ano seguinte. A baixa contábil do banco foi o gatilho para que a 'bolha imobiliária' de empréstimos, como ficou conhecida, estourasse, afetando quase todas as economias do mundo.

Entusiasmo

Os bancos centrais de diversas nações foram obrigados a reduzir as taxas de juros, e os governos, a adotarem medidas de injeção de recursos na economia. O Brasil foi um desses países. O ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, explica, porém, que o país tinha um cenário econômico favorável. Havia quitado a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e entrado no hall de nações com grau de investimento, ou seja, atrativo para aplicações financeiras. Além disso, o bom momento das commodities e da economia chinesa permitiu desempenho animador das exportações brasileiras.

'O Brasil conseguiu, de fato, não ter um impacto tão forte em 2008 com a crise global. As políticas de incentivo ao crédito, de certa forma, ajudaram o país a criar um escudo quanto à onda de crise que vinha afetando todos os outros país, e a China foi fundamental para isso', explicou Freitas. 'Mas o governo brasileiro se entusiasmou com as ações de incentivo ao crédito e à concessão de subsídios, que, na verdade, deveriam ter sido interrompidos em 2010. O que não ocorreu', completou.

Depois disso, o Banco Central reduziu a taxa Selic, chegando até 7,25% ao ano em 2013. As facilidades de acesso aos financiamentos foram ampliadas e os créditos direcionados se ampliaram. Isso resultou, além no grande endividamento das empresas e das famílias, em alta da inflação, que chegou aos 10,67% em 2015, um ano depois da mais recente crise econômica.

Marolinha

Desde agosto de 2008, o saldo de créditos direcionados - empréstimos com taxas subsidiadas - saltou de R$ 353 milhões para R$ 1,485 bilhão. O maior nível ocorreu em janeiro de 2016, quando alcançou R$ 1,583 bilhão. Levando em consideração a última década, esse tipo de financiamento saiu de 11,87% do PIB para 22,06%.

O economista Silvio Campos Neto, analista da Tendências Consultoria, afirmou que o aumento do acesso ao crédito não é negativo, mas é preciso ser feito de forma não 'artificial'. 'Estímulos excessivos a financiamentos com crédito diferenciados com condições não desejáveis para as contas públicas construiu um lado ruim da história. Em 2014, antes da crise econômica, a população chegou endividada. O governo federal forçou a mão usando essas linhas de subsídios, que também é um dos fatores do atual desequilíbrio das contas públicas', disse.

Em 2008, a crise internacional era apelidada no exterior como tsunami, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que chegaria no Brasil como uma 'marolinha'. Na época, as medidas foram adotadas de forma justificada: para segurar a turbulência que caminhava em direção ao Brasil. Nos anos seguintes, porém, durante o governo Dilma Rousseff, a política de estímulos foi mantida, num contexto diferente, e levou o país à pior recessão da história.

Crescimento menor do PIB

Após o Brasil ter registrado deflação em agosto, os economistas do mercado financeiro passaram a prever alta menor de preços este ano. O Boletim Focus, que traz uma compilação das projeções econômicas do mercado, reduziu a expectativa para inflação deste ano de 4,16% para 4,05%. Para 2019, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seguiu em 4,11%. Já a projeção de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano recuou de 1,44% para 1,40%. Para o ano que vem, permaneceu o crescimento de 2,5%. A combinação entre inflação baixa e crescimento lento fez os economistas manterem a expectativa de que a Selic (taxa básica de juros) fechará 2018 no atual patamar, de 6,5% ao ano. Para 2019, em função do crescimento um pouco maior, a projeção é de que a Selic encerre o ano aos 8%.

@Brasil @ Economia

Nós que nos amamos contra eles que odiamos(Matheus Leitão, O Globo)


A política do ‘nós’ que nos amamos contra ‘eles’ que odiamos(Matheus Leitão, O Globo)

O artigo do cientista político Sérgio Abranches para o blog neste domingo
Por Sérgio Abranches

09/09/2018 16h42  Atualizado há 17 horas

A grande transição global tem como uma de suas características a perda de referências. Em um mundo dominado pela incerteza e pela insegurança, as pessoas apegam-se mais fortemente às suas afinidades afetivas, às identidades que lhes dão mais segurança, autoestima e segurança. Daí o fortalecimento das identidades, não necessariamente as tradicionais, de raça, gênero e religião, mas as socialmente construídas com base na identificação com certas reações àquilo que ameaça a segurança das pessoas. À fluidez e volatilidade das situações e das relações, de trabalho, de vizinhança, de convivência social, respondem com o fortalecimento de laços com pessoas que reagem do mesmo modo a determinadas situações genéricas, a determinados estereótipos e rótulos.

Essa reação adaptativa às ameaças do ambiente em mutação vertiginosa produz uma adesão ortodoxa a sentimentos e mentalidades afins mais que a temas ideológicos e a questões morais. É o domínio do espírito de time, do hooliganismo. As relações sociais e políticas passam a ser motivadas por estímulos de desafeição e afeição, muito mais do que pela defesa racional de interesses.

Esse estado de espírito produz as polarizações políticas extremadas de nossos dias e a divisão do mundo entre “nós” que nos amamos e “eles” que odiamos. Daí para a violência basta uma série de afirmações irresponsáveis das lideranças que se tornam âncoras dessas identidades.

Donald Trump, num comício em Cedar's Rapid, Iowa, convocou seus seguidores a “knock the crap out of them”, referindo-se às pessoas que interrompiam seus discursos com protestos. Em português, a expressão rude equivale a “matar de porrada” os adversários. Ele estava dando uma ordem genérica para o uso da violência. As pessoas não estão equipadas para absorver mensagens desse tipo seletivamente, respeitando contexto e especificidade. A tradução genérica é que pega, tipo “Trump mandou descer o cacete neles” e não Trump mandou agredir que for jogar tomate nele. A campanha americana foi radicalmente polarizada e teve muita violência. Violência física e verbal. Esta última pela via dos haters. Trump liderou a linguagem do ódio, explorando muito bem a dinâmica desafeição/afeição. Foi um exemplo de incivilidade nas referências à sua opositora, Hillary Clinton, a quem chamou em um debate de “nasty person”, pessoa nojenta.

A violência não é incomum nas democracias. A política nos Estados Unidos tem numerosos exemplos históricos e recentes de violência. No Reino Unido, em 2016, a parlamentar Joe Cox, uma estrela em rápida ascensão no Partido Trabalhista foi morta a tiros por um oponente de extrema-direita. Na eleição italiana recente, que deu a vitória à direita ultranacionalista, a campanha foi marcada por choques violentos entre “neofascistas” e “antifascistas”. Mas, o rótulo de neofascista está longe de ter o referencial ideológico e o conteúdo programático do fascismo de Mussolini. É um rótulo genérico.

A violência pode matar e ferir pessoas, mas não atinge, necessariamente, as fundações da democracia. Todavia, na mais moderada das hipóteses compromete seriamente sua qualidade e ameaça a estabilidade que é essencial à formação de governos capazes de enfrentar os múltiplos desafios dessa longa transição. Em outros momentos, a violência nascida dessa polarização afetiva é o prenúncio do colapso democrático. Como ocorreu na Turquia, durante a campanha presidencial de Recep Tayyp Erdogan. Depende da resiliência institucional de cada democracia.

Pesquisas acadêmicas revelam a lógica dessa “polarização afetiva”, especialmente nos Estados Unidos. A politóloga Lilliana Mason da Universidade de Maryland, conclui que as pessoas se identificam com os rótulos partidários mais pela via da afeição/desafeição, do que pela adesão a questões ideológicas. Ela explica que o processo de construção das identidades políticas se baseia atualmente nos sentimentos de inclusão e de exclusão. Em seu livro Uncivil Agreement (Concordância Incivil) ela argumenta que este é um tipo distinto de polarização social, que inclui preconceito político, raiva, entusiasmo e ativismo e superou os conflitos em torno de questões programáticas.

Matthew D. Luttig, politólogo da Universidade Colgate, argumenta que a polarização da elite reforçou a relação entre a motivação básica para pertencer a grupos, a necessidade de certezas, e a conformidade com as lideranças políticas, alimentando a divisão entre “nós” os bons e “eles”, os maus. Nos Estados Unidos, levou à polarização partidária extremada. Segundo ele, a necessidade de certeza é uma forma de “cabeça-durismo” e leva a um partidarismo rígido, acrítico, extremado, enviesado e intolerante.

O politólogo de Princeton Shanto Iyengar diz que essa nova política de identidades produz a má percepção das posições que estão sendo defendidas. Aqueles que discordariam delas em outras circunstâncias minimizam as dissonâncias e maximizam as convergências. As pessoas tomadas por essas identificações apaixonadas entram em estado de negação em relação ao que normalmente veriam como errado nas lideranças. A desafeição dos “outros” é resultado direto dessa identificação absoluta com aqueles que passam a ser um irredutível “nós”.

O professor de filosofia da New York University, Khwame Anthony Appiah, traduziu de forma mais direta essas conclusões. Tudo isso, diz ele, é uma forma polida de dizer que as divisões políticas não se dão mais na base de “eu discordo de suas visões”, e sim a partir de “eu odeio essa sua cara estúpida”. As pessoas não votam mais no que elas desejam. Elas votam por quem eles são. Aqui no Brasil, Lula percebeu essa nova “vibe”. Por isso, nos comícios de ampla mobilização dizia “agora é “nós” aqui e “eles” lá.

As palavras de ordem, nesse ambiente, são tomadas genericamente e com extremismo. Apreciações genéricas sobre pessoas ou ordem viram um comando genérico, encorajam esse espírito de clube, do hooliganismo, das torcidas organizadas violentas que não se satisfazem em vencer o competidor, querem destruir todos os que se identificam com ele. É o caldo de cultura perfeito para a violência política.

Quando Bolsonaro ataca os petistas, chamando-os de “marxistas”, ele evidentemente não se refere ao marxismo, nem ao marxismo-leninismo, como doutrina com conteúdo e visão programática. Ele reaviva o termo como uma forma pejorativa de “petismo”, ou “esquerdismo”, mais afim ao “espírito de 1968”, da radicalização que levou à repressão das esquerdas que se opunham ao regime militar. Quando os petistas chamam Bolsonaro de “fascista”, obviamente não se referem ao fascismo tal como ele existiu, mas a uma concepção genérica e vazia de conteúdo da extrema-direita. Ao convocar seus seguidores, que beiram o fanatismo, a “metralhar a esquerdalha”, a frase “metafórica” é interpretada genérica e literalmente: a disputa política tem que ser na porrada, na violência. Essa visão bélica da política vale para os dois lados. Talvez intuindo isso ele esperasse, como afirmou, que a violência se voltasse também contra ele, como acabou ocorrendo.

Uma característica dessa nova forma de polarização é a ausência absoluta de autocrítica. Ela bloqueia qualquer reconhecimento de erros ou excessos. O PT nega usar a linguagem do ódio, da qual abusa nos discursos e nas redes, para desqualificar opositores. Os seguidores de Bolsonaro negam que ele incite a violência ou a intolerância. O errado é o outro, esta é a regra da política que não se faz pela razão e pela competição de ideias, mas pela lógica da afeição/desafeição, do eu adoro “nós” e detesto “eles”. Esse é o sentimento que faz a direita crescer e a esquerda estiolar.

* Sérgio Abranches é cientista político, escritor e comentarista da CBN. É colaborador do blog com análises do cenário político internacional


https://g1.globo.com/politica/blog/matheus-leitao/post/2018/09/09/a-politica-do-nos-que-nos-amamos-contra-eles-que-odiamos.ghtml

@Brasil @eleições 2018

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A ilha grega que guarda a língua escrita mais antiga da Europa (BBC)

Stav Dimitropoulos BBC Travel 16 março 2018


Image caption 
Santorini é formada por cinco ilhas que rodeiam uma enorme caldeira vulcânica | Foto: Sylvain Sonnet/Getty Images

Giannis Bellonias estava parado à beira de um mirante em Imerovigli, vilarejo localizado no alto de uma montanha na ilha grega de Santorini, à espera do pôr do sol no Mar Egeu.

Foi quando ele se virou para mim e disse:

"Olha, olha ali! Olha o vulcão".

Morador de Santorini, Bellonias apontava para o que são, de fato, duas pequenas ilhas de lava negra formadas pela atividade vulcânica - consideradas os mais recentes fragmentos de terra da bacia oriental do Mediterrâneo: Palea Kameni (Queimada Velha, em tradução livre) e Nea Kameni (Queimada Jovem).

A rotina dos vendedores de mate nas praias do Rio, sob calor de 40º e com 50 kg nas costas
Celular antes de dormir afeta sono, hormônios e desenvolvimento infantil
Com suas tradicionais casas brancas e igrejas de cúpula azul construídas ao longo das encostas, Santorini é um dos destinos turísticos mais famosos da Grécia. É cenário de folhetos de viagem a postagens do Instagram. E não é à toa que se tornou uma das principais referências no imaginário popular de ilha grega.

Mas o que pouca gente sabe é que o cartão-postal guarda um segredo sombrio.

Localizada no sul do Mar Egeu, Santorini é formada por um pequeno grupo circular de cinco ilhas que fazem parte das chamadas Cíclades: Thera, ilha principal, em forma de meia lua; Thirasia e Aspronisi, que fecham a circunferência; e as duas ilhas de lava, apontadas por Bellonias, ao centro.

Todas as cinco ilhas rodeiam uma enorme caldeira - cratera que se forma após uma erupção vulcânica -, sendo a maior parte submersa.

Mas nem sempre foi assim. Durante a Idade do Bronze, há cerca de 5 mil anos, Santorini era uma única massa de terra vulcânica chamada Stronghyle (que significa "redondo", em grego) - e desempenhou um papel crucial na história.


Image caption
Acredita-se que o império minoico tenha se expandido até o Egito e a Síria | Imagem: De Agostini/G. Nimatallah/Getty Images
Naquela época, uma civilização começou a se desenvolver na ilha de Creta, nas proximidades de Santorini. Seus habitantes eram conhecidos como minoicos - por causa de Minos, lendário rei de Creta. Eles eram um povo enigmático e educado, formado não só por guerreiros, mas também comerciantes, artistas e navegantes.

A ascendência dos minoicos é objeto de uma disputa calorosa: enquanto alguns acreditam que eles foram refugiados do Delta do Nilo, no Egito, outros argumentam que eles saíram da antiga Palestina, Síria ou da Alta Mesopotâmia.

Uma pesquisa recente sugere, no entanto, que a civilização minoica se desenvolveu localmente, a partir dos primeiros agricultores que viveram na Grécia e no sudoeste da Anatólia.

Seja qual for a origem, não há dúvida de que, entre 2600 e 1100 a.C., uma civilização altamente sofisticada e avançada prosperou por aqui. Escavações realizadas em Creta, no sítio arqueológico de Knossos (capital da civilização minoica), desenterraram as ruínas de um surpreendente palácio, joias de ouro e afrescos.

Ao longo dos séculos, o império minoico expandiu para a ilha de Rodes (309 km a leste de Stronghyle), assim como para regiões da costa da Turquia - e acredita-se que tenha chegado até o Egito e a Síria.

Stronghyle (atualmente, Santorini) era um posto avançado estratégico para os minoicos devido à sua posição privilegiada na rota de comércio de cobre entre Chipre e Creta.


Image caption
Os sistemas de escrita mais antigos da Europa foram encontrados em construções de Akrotiri | Foto: Gail Mooney/Corbis/VCG/Getty Images
"Escavações em Akrotiri (uma aldeia no sudoeste de Santorini) encontraram casas de três andares, palácios grandes e elaborados, as primeiras estradas pavimentadas da Europa, água corrente e um espetacular sistema de esgoto", conta Paraskevi Nomikou, professora assistente de oceanografia geológica e geografia natural na Universidade de Atenas.

E, mais fascinante ainda, foram descobertos os primeiros sistemas de escrita da Europa, registrados em construções de Akrotiri e em rochas dos palácios de Knossos e Malia. Foi aqui que os minoicos grafaram suas primeiras palavras escritas, inicialmente na forma de hieróglifos cretenses e, mais tarde, usando o sistema Linear A.

Os hieróglifos cretenses fazem parte de uma escrita antiga baseada em cerca de 137 pictogramas - que remetem a plantas, animais, partes do corpo, armas, navios e outros objetos. Acredita-se que esteve em uso até 1700 a.C.

Gradualmente, os minoicos aperfeiçoaram os hieróglifos cretenses, chegando ao sistema Linear A, mais convencional, que foi utilizado até cerca de 1450 a.C.

Ele era composto por vários números, 200 símbolos e mais de 70 sinais de sílaba, sendo mais parecido com a linguagem que conhecemos hoje - embora ambas as escritas permaneçam indecifráveis.


Image caption
A escrita Linear A - com 200 símbolos e 70 sinais de sílaba - se assemelha mais à linguagem que conhecemos hoje | Foto: Print Collector/Getty Images
Com razão, os criadores da língua escrita mais antiga da Europa foram saudados como a primeira civilização alfabetizada do continente. E suas conquistas intelectuais só eram superadas por seu estilo descontraído de viver. Eles celebravam a vida, até mesmo em funerais, faziam amizade com touros, em vez de matá-los, e conviviam em harmonia com a natureza.

E foi justamente a natureza que decidiu exterminá-los.

Entre 1627 a.C. e 1600 a.C., Stronghyle foi palco de uma erupção vulcânica - conhecida como erupção Minoica ou Santorini -, talvez a maior em 10 mil anos.

"Antes da erupção, a caldeira atual não existia. Em vez disso, havia uma caldeira menor, decorrente de uma erupção muito mais antiga, que formava uma lagoa no norte da ilha", explica Nomikou.

"Durante a erupção, materiais vulcânicos de 60m de espessura foram jogados no mar, gerando um tsunami de 9m de altura, que atingiu as margens de Creta. "

Acredita-se que a série de ondas tenha chegado à costa oeste da Turquia e até Israel.


Image caption
Erupção vulcânica no fim da Idade do Bronze deu origem à atual caldeira de Santorini | Foto: Florian Trojer/Getty Images
Uma vez que a devastação terminou, a caldeira atual começou a se formar - e milhares de anos se passaram até surgir a Santorini que conhecemos hoje.

Para os minoicos, era o princípio do fim.

"A destruição vulcânica dizimou seus barcos comerciais, e a enorme quantidade de dióxido de carbono que foi liberada na atmosfera desestabilizou o equilíbrio climático, devastando a agricultura minoica", acrescenta a professora.

"Tudo isso gradualmente permitiu aos micênicos (civilização da Idade do Bronze que habitava a Grécia continental entre 1600 a.C. e 1100 a.C.) aproveitar a chance de acabar com a independência minoica."

Mas o que intriga Nomikou é que, ao contrário da antiga cidade romana de Pompéia, coberta por mais de 6 metros de cinzas e pedras após a erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., nenhum corpo foi encontrado em Santorini.

"Tudo indica que o povo de Santorini foi avisado com antecedência e escapou", diz ela.

Até hoje, ninguém sabe para onde eles foram.


Image caption
A língua grega propagou a democracia, o teatro e a filosofia pelo mundo | Imagem: Universal History Archive/Getty Images
Mas se Santorini destruiu a primeira grande civilização da Europa, não extinguiu sua língua. Uma vez que os micênicos dominaram o antigo império minoico, substituíram o sistema de escrita Linear A por uma versão aprimorada, conhecida como Linear B. Trata-se da forma inicial da língua grega antiga, que propagou a democracia, o raciocínio científico, o teatro e a filosofia por todo o mundo.

Mais de 3,5 mil anos após a destruição, Bellonias se orgulha de ser dono de uma das tradicionais propriedades na encosta de Santorini, esculpidas diretamente na caldeira vulcânica.

"Essas casas tem o ar-condicionado perfeito. No inverno, o vulcão envia calor na sua direção e, no verão, refresca ", conta com um sorriso.

Bellonias é um colecionador de arte, fundador de um instituto cultural que abriga uma biblioteca com 35 mil livros - incluindo centenas de títulos dedicados a Santorini. Em seis décadas, ele já viveu dentro e fora da ilha.

"Pode te surpreender, mas o que povoa minha mente é esse cheiro", diz ele.

"Quando eu era criança, toda vez que saíamos de Atenas (onde ele passou a infância) e chegávamos à ilha, estava amanhecendo - a viagem era árdua naquela época. E eu era tomado pelo cheiro dos cavallines, o excremento dos cavalos que levavam os moradores e turistas até Imerovigli, antes de Santorini ficar famosa."


Image caption
'Não consigo descrever o pôr do sol em palavras', diz Bellonias | Foto: Lee Frost/Getty Images
"Você ainda pode sentir o cheiro dos cavallines se abrir mão do conforto do seu carro", acrescenta Bellonias, olhando para as ilhas vulcânicas à sua frente, atrás das quais o colorido do céu - que vai do vermelho ao ultravioleta - anuncia a chegada do pôr do sol.

"Eu nunca consegui traduzir essas cores em palavras. E não acho que alguém que já tenha morado nesta ilha tenha (conseguido). Pode ser carmim, rosa, laranja, vermelho, violeta... Eu simplesmente não consigo descrever o pôr do sol em palavras. Para mim, é um sentimento visceral. Santorini não é para os fracos".

E ele provavelmente está certo. Não é à toa que destruiu a primeira civilização da Europa.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.

http://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-43309080

@turismo @Grécia

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Vídeo: Bertha Benz, pioneira do automobilismo






Bertha Benz, nascida Bertha Ringer (Pforzheim, 3 de maio de 1849 — Ladenburg, 5 de maio de 1944) foi uma das pioneiras do automóvel. Em 5 de agosto de 1888 ela foi a primeira pessoa na história a dirigir um automóvel a uma longa distância. Ao fazer isso, Bertha trouxe a atenção do mundo todo para o Benz Patent-Motorwagen, primeiro automóvel do mundo, iniciando as vendas da companhia.

Biografia
Primeiros anos
Bertha Ringer nasceu em 1849 em uma rica família de Pforzheim, no Grão-Ducado de Baden, filha de Auguste Friederike e Karl Friedrich Ringer. Era a terceira de nove filhos do casal Ringer.
 Em uma época em que a educação era negada às mulheres, Bertha se interessava por mecânica e pelos intrincados mecanismos que o pai, carpinteiro, fazia.Foi ele quem lhe explicou o funcionamento da locomotiva e que também permitiu que ela fosse a uma escola para meninas aos 9 anos. Sua disciplina preferida era a de ciências naturais. Diz-se que ela ficou muito decepcionada com o pai ao ler uma frase que ele escreveu na Bíblia familiar que, infelizmente, tinha nascido outra menina. Isso teria alimentando seu desejo de mostrar que as mulheres podiam fazer grandes feitos.

Bertha era uma moça bonita, inteligente e de família rica, portanto não lhe faltaram pretendentes. Em 27 de junho de 1869, porém, ela conheceu um engenheiro falido, que se juntou a ela e sua mãe em uma excursão, mencionando uma carruagem sem cavalos que ele vinha desenvolvendo, o que atraiu sua atenção imediatamente. O engenheiro era Karl Benz.

Dois anos antes de conhecer Karl, ela usou parte de seu dote para investir em uma empresa de fundição. Mas ao se casar, pela lei alemã da época, a mulher perdia qualquer poder legal como investidora, assim qualquer decisão de negócios tinha que se conduzida por Karl. Os dois se casaram em 20 de julho de 1872 e Karl usou o dote de Bertha para investir em seus negócios, como a Benz & Cie.

Seu projeto da carruagem sem cavalo foi terminado em dezembro de 1885. Mesmo tendo investido no processo de desenvolvimento e até podendo ter direito à patente, como mulher casada ela não era permitida a entrar com o pedido da patente. A vida do casal, porém, não foi fácil. Muita gente achava a invenção de Karl uma loucura, um artefato inútil e perigoso. Eles passaram fome, humilhações públicas, mas persistiram na invenção e no registro.

O casal Benz teve cinco filhos: Eugen (1873–1958), Richard (1874–1955), Clara (1877–1968), Thilde (1882–1974) e Ellen (1890–1973).[4]

A patente
Em 1886, Karl apresentou o automóvel Patent-Motorwagen ao mundo. Em uma década, cerca de 25 deles seriam construídos. Usando o corte básico de uma bicicleta, o Modelo I foi a patente original do carro motorizado e o primeiro automóvel do mundo. O Modelo II foi convertido para um automóvel de quatro rodas para testes, sendo o único deste modelo. A primeira produção a vender relativamente bem foi do Modelo III, com vários opcionais de fábrica.

A primeira viagem de automóvel

O Modelo III, Benz Patent-Motorwagen Number 3 de 1886, usado por Bertha Benz na primeira viagem de longa distância usando um automóvel, que durou 106km
Em 5 de agosto de 1888, aos 39 anos, Bertha dirigiu de Mannheim até Pforzheim, junto de seus filhos Richard e Eugen, de 13 e 15 anos de idade, em um Modelo III, sem contar ao marido e sem nenhuma permissão das autoridades, tornando-se a primeira pessoa a dirigir um automóvel a uma longa distância, ainda que ilegalmente. Antes desta viagem histórica, os carros motorizados eram conduzidos a curtas distâncias, retornando ao ponto de partida e muitas vezes com a ajuda de um mecânico.

Seguindo as marcas das carroças, esta pioneira viagem cobriu 106km entre uma cidade e outra. Apesar de o motivo da viagem fosse para visitar sua mãe, Bertha tinha outros motivos: provar ao seu marido, que não conseguiu fazer propaganda de sua invenção, de que o invento no qual eles tanto investiram poderia se tornar um sucesso comercial uma vez que se mostrasse útil ao grande público. Além disso, ela esperava que Karl ganhasse a confiança necessária para continuar seu trabalho.

Bertha deixou Mannheim cedo pela manhã, resolvendo vários assuntos pelo caminho, demonstrando sua capacidade técnica com o veículo. Sem tanque adicional e com um suprimento de apenas 4,5 litros de combustível, ela precisou usar ligroína para tentar fazer o automóvel rodar. O produto só era vendido em boticários, então ela parou em uma farmácia, em Wiesloch e comprou mais. Era comum para a época que petróleo e seus componentes fossem encontrados com químicos e boticários e assim uma farmácia se tornou o primeiro posto de combustível no mundo.

Ela limpou o cano de combustível com o alfinete do seu chapéu e usou uma de suas cinta-ligas como material isolante. Para melhorar o sistema de freios, ela parou em um sapateiro, que confeccionou correias novas de couro. Um sistema de refrigeração foi usado para esfriar o motor e assim Bertha tinha que se abastecer com água a cada parada. As engrenagens do carro não foram suficientes para superar as subidas e Eugen e Richard muitas vezes tiveram que empurrar o veículo em estradas íngremes.

Bertha chegou a Pforzheim pouco antes do pôr do sol, mandando um telegrama ao marido, avisando sobre a viagem bem-sucedida. Ela voltou dirigindo para Pforzheim dias depois.

A viagem de Bertha ganhou notoriedade, como ela esperava. Esta viagem foi essencial para o desenvolvimento técnico do automóvel. O casal fez diversas melhorias à invenção após a viagem de Bertha e suas experiências na estrada. Ela lhe contou tudo o que aconteceu no caminho, dando sugestões como a de uma engrenagem extra para locais íngremes e correias mais resistentes para tornar a freada mais rápida. Sua viagem mostrou que os test-drives na indústria automobilística eram essenciais para o negócio e para a segurança dos passageiros.

Últimos anos

Bertha Benz Memorial Route
Em 1944, em seu aniversário de 95 anos, Bertha foi laureada com o prêmio de Senadora Honorável do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, local onde seu marido tinha se formado e de onde Karl recebeu um título honorário de doutor. Dois dias depois, Bertha morreu em sua casa em Ladenburg, em 5 de maio de 1944. O casal tinha se mudado para Ladenburg em 1906, onde Karl abriu sua empresa. Algum tempo depois, Karl escreveu:

Só uma pessoa ficou comigo neste pequeno barco da vida que parecia destinado a afundar. Esta pessoa foi minha esposa. Corajosa e resoluta, ela içou as velas da esperança."

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertha_Benz_Memorial_Route

@automobilismo

domingo, 2 de setembro de 2018

The future of Jobs

I have seen the future of jobs and it is Hollywood model
Jan 25, 2018 4:58 PM
coach
A.R. Rahman and Danny Boyle came together first for the popular movie Slumdog Millionaire. The movie won eight Academy Awards and seven BAFTA awards. Since then they have worked together many times.

As players in Hollywood, Rahman and Danny Boyle don't work for each other. In fact, they don't work for anyone. "They are jobless," says Antonio Paraiso in his Porto Business School lecture discussing the Hollywood model of working. As he explains in his lecture, they have a career, not jobs. They don't work for a company, they work on interesting projects.

In the traditional IT business, companies hire employees for long-term. They may undergo training or work on client projects or stay on "bench" or retrained or asked to leave. It is common to see employees working in the same company for decades. As long as they work in a company, employees work only on projects within the company that employs them.



Hollywood flips this model. No studio employs director or musician or editor on a long-term basis. As Antonio says, those in Hollywood don't have jobs; they work on projects. Studios identify a project and bring together a suitable team for that project. The team works together as long as needed to complete the project—whether it is six months or three years. Members may come and go as needed. Some members may work exclusively on a project; some may work on many projects simultaneously. They work together to create value for themselves and others. Some get paid; some take a share in profit. When that project is completed, they move on. They may or may not work together again.

Don't confuse Hollywood model with Upwork model. Upwork is a marketplace where faceless freelancers and clients congregate to get work done as cheaply as possible. Time and again they prove the saying, if you pay peanuts, you will get a monkey. Upwork works only for tasks that can be described to the minutest detail which a single person can handle. Upwork is not a suitable for composing a team for creative and intelligent work.

Hollywood model is nowadays embraced outside the movie industry.

Governments embrace Hollywood Model for their premier projects
The government of India (GoI) adopted this model for UIDAI project, the largest biometric ID system. Once GoI identified the project, it appointed Nandan Nilekani to head project implementation. Nobody had a doubt if Nandan was a government employee. He wasn't. He completed his assignment and moved on.

GoI also brought-in Amit Ranjan, co-founder of Slideshare on the same model. He is currently with the e-Governance division of GoI architecting National DigiLocker Project.

National Institute for Smart Government, NISG brings experts to work on GoI projects. Through NISG, I became part of e-governance division of Ministry of Corporate Affairs, GoI. I designed and managed the e-Governance implementation for Limited Liability Partnership (LLP) Act, India. I was not a Government employee. I was an independent IT consultant working with independent consultants from other domains.

There are examples from other governments too. Taavi Kotka was the managing director of the largest software development company in the Baltic region. The government of Estonia appointed him as CIO to architect the popular e-residency program of Estonia.

Startup ecosystem embraces Hollywood model
Startup ecosystems are also adopting this model. By design, startups have to achieve more with less. Smart ones are experimenting with project-based on-demand expertise.

Mohit Bansal is a master story-teller. He works with startups to polish their pitch into gorgeous looking presentations.

VC firms have small core team managing strategy. For everything else, they form a project team which disbands after project completion. I have been part of due-diligence teams to validate architecture of startups.

Time for companies to embrace this model is now
Technology is penetrating into every domain. Newer technologies like blockchain and newer regulations like GDPR are emerging at a pace never seen before. Such changes disrupt but open enormous opportunities. It is not possible for any company to develop necessary talents in-house to exploit these opportunities. Only way companies can thrive is to embrace this Hollywood style of project-based value creation.

What it means for companies
From the days of Henry Ford, entrepreneurs are good at spotting opportunities to create value. So far, the only way to create value has been to recruit employees and place them under command-and-control hierarchy. Companies are realizing that the traditional corporate hierarchy limits progress.

Corporate Rebels is a group of four, documenting how progressive organizations organize work in radically different ways. In an article titled, [Destroy The Hierarchal Pyramid And Build a Powerful Network of Teams](https://corporate-rebels.com/rebel-trends-2-network-of-teams/), they write (emphasis mine):

They have evolved themselves from structures that look like static slow-moving pyramids to something that looks more like a flexible and fast-moving swarm of start-ups. We have witnessed them in all kinds of shapes and sizes, all called slightly different. Spotify talks about squads and tribes. Buurtzorg about self-governing teams. Stanley McCrystal about a team of teams. Finext and Incentro about cells. And FAVI calls them mini-factories.

Progressive organizations already embrace the idea of "network of teams".

If the future is project-based value creation, companies will have to compose a network of experts to create value.

Tom Goodwin, senior vice president of strategy and innovation at Havas Media, wrote in TechCrunch

Uber, the world’s largest taxi company, owns no vehicles. Facebook, the world’s most popular media owner, creates no content. Alibaba, the most valuable retailer, has no inventory. And Airbnb, the world’s largest accommodation provider, owns no real estate. Something interesting is happening.

In the lines of Uber, Airbnb, Facebook, and Alibaba, next billion dollar company won't have any employees. There will be owners, skill composers, and experts, who collaborate on-need basis. This is going to lead to another set of service marketplace, a B2P (business to professionals) service.

What it means for employees
Until now, if you graduated from an engineering college you could get into a software company. Once you got into a company, if you worked hard you had a good chance of growing up in that company.

Not any more.

Dorie Clark is an author of two books on this subject — "Reinventing You" and "Stand Out". She identified three foundational techniques to stand out in a noisy world. She writes in her HBR article:

These are social proof, which gives people a reason to listen to you; content creation, which allows them to evaluate the quality of your ideas; and your network, which allows your ideas to spread.

Your network plays an important role if you want to work in Hollywood model. Who-knows-whom is an important aspect in this model. Still you need to create a portfolio and put it out in public. This in-turn will enlarge your network, as new people will come in contact with your work.

Under the guise of scientific management, holistic expertise degraded into narrow specialization. As the world becomes collaborative, we all should develop inter-disciplinary skills. Specifically, we should become "T" shaped experts — with deep expertise in few areas and basic understanding of other associated areas.

As Robert Heinlein said:

"A human being should be able to change a diaper, plan an invasion, butcher a hog, conn a ship, design a building, write a sonnet, balance accounts, build a wall, set a bone, comfort the dying, take orders, give orders, cooperate, act alone, solve equations, analyze a new problem, pitch manure, program a computer, cook a tasty meal, fight efficiently, die gallantly. Specialization is for insects."

Peter Merel reframed it for developers like this:

A programmer should be able to fix a bug, market an application, maintain a legacy, lead a team, design an architecture, hack a kernel, schedule a project, craft a class, route a network, give a reference, take orders, give orders, use configuration management, prototype, apply patterns, innovate, write documentation, support users, create a cool web-site, email efficiently, resign smoothly. Specialization is for recruiters.

What it means for governments
Ann-Marie Slaughter, CEO of New America, argues in a World Economic Forum article that the essential responsibilities of governments are to protect and provide.

In the past, government as a provider meant viewing government as a vending machine—we pay taxes to get our services. In the future, "… government should invest in citizen capabilities to enable them to provide for themselves in rapidly and continually changing circumstances".

Ann-Marie argues that one such investment is a creation of government platforms "where citizens can shop intelligently and efficiently for everything from health insurance to educational opportunities to business licenses and potential business partners".

Tim O'Reilly has been talking about government as a platform for a decade now. He writes in Open Government book, which is available for free:

In the vending machine model, the full menu of available services is determined beforehand. A small number of vendors have the ability to get their products into the machine, and as a result, the choices are limited, and the prices are high. A bazaar, by contrast, is a place where the community itself exchanges goods and services.

By embracing such a platform model, Estonia has become the land of the future. Its government platform is called x-road. The intricacies of the platform are interesting only to software engineers. For everyone else, what Estonia has done with the platform is far more interesting. Since 2000, Estonia has built citizen services one by one on top of this platform—taxes, health records, land registration, company registration, and voting.

These early building blocks set the stage for e-residency. Estonia is the first and the only country to offer e-residency—a digital identity available for anyone across the world to conduct location-independent digital business.

As Estonia's deputy secretary for economic development, Viljar Lubi, says, "Innovation happens anyway. If we close ourselves off, the innovation happens somewhere else."

Governments can simplify governance and invest in government platforms or shoo away the future.

Gospel for some, tragedy for others
Hollywood model won't be a good news for all. History will repeat. Those who can adapt will succeed. Others might pop up in a song.


The winner takes it all The loser has to fall It's simple and it's plain Why should I complain


https://jjude.com/future-of-jobs/

@tecnologia @economia