segunda-feira, 30 de abril de 2018

Coisas que já mudaram e vão mudar mais ainda.



1) O *Spotify* faliu as gravadoras;

2) O *Netflix* faliu as locadoras;

3) O *Booking* complicou as agências de turismo;

4) O *Google* faliu a Listel, Páginas Amarelas e as enciclopédias;

5) O *Airbnb* está complicando os hotéis;

6) O *Whatsapp* está complicando as operadoras de telefonia;

7) As *Mídias sociais* estão complicando os veículos de comunicação;

8) O *Uber* está complicando os taxistas;

9) A *OLX* acabou com os classificados de jornal;

10) O *Smartphone* acabou com as revelações fotográficas e com as câmeras amadoras;

11) O *Zip Car* está complicando as locadoras de veículos;

12) A *Tesla* está complicando a vida das montadoras de automóveis;

13) O *E-mail* e a má gestão complicou os Correios;

14) O *Waze* acabou com o GPS;

15) O *Original* e o *Nubank* ameaçam o sistema bancário tradicional;

16) A *Nuvem* complicou a vida dos *Pen drive*;

17) O *Youtube* complica a vida das tvs. Adolescentes não assistem mais canais abertos;

18) O *Facebook* complicou a vida dos portais de conteúdo;

19) O *Coaching* mudou a forma de aprender, pensar e agir,  levando a um novo modelo mental, gerando resultados extraordinários em um curto espaço de tempo nas organizações;

20) O *Tinder* e similares complicando baladas e "similares";

21) Com o *Banco online* não precisa mais ir até às agências;

E você acha que vai durar quanto tempo seu emprego na forma atual?

...e você quer viver como vivia há 10 anos?..

Temos que nos reinventar diariamente para continuarmos nesse "jogo" chamado *VIDA.*

*VAMOS EM FRENTE*... Não porque atrás vem gente... Mas, porque já tem muita gente na nossa frente!

(Desconheço o autor, mas é bom refletir sobre isso)

domingo, 29 de abril de 2018

O período do dia em que você deve evitar as redes sociais

 Usar o celular nos 30 minutos antes de dormir pode ser prenúncio de uma noite mal dormida, diz pesquisa

Os jovens de hoje passam uma quantidade impressionante de tempo diante de telas - adolescentes entre 11 e 15 anos, por exemplo, entre seis e oito horas por dia, isso sem incluir o tempo gasto em frente ao computador para fazer as tarefas de casa. Aliás, até mesmo o adulto médio no Reino Unido passa mais tempo olhando para uma tela do que dormindo, indicam as pesquisas.

Começa cedo. Um terço das crianças britânicas tem acesso a um tablet antes de chegar aos 4 anos de idade. Não é uma surpresa, então, que as gerações mais jovens de hoje serão expostas (e sem dúvida irão participar) das redes sociais que os mais velhos usam. O Snapchat, por exemplo, é extremamente popular entre adolescentes. Uma pesquisa de dezembro de 2017 apontou que 70% dos jovens americanos com idades entre 13 e 18 anos usam a rede. A maioria dos entrevistados também tem uma conta no Instagram.

Os números do Reino Unido e do Brasil vão na mesma direção.
 

Mais de três bilhões de pessoas estão registradas em uma rede social e muitos usam mais de uma. Os adultos americanos passam, em média, de 2 a 3 horas por dia nelas. Já o brasileiro gasta diariamente 9 horas e 14 minutos navegando na internet - somos a terceira população no mundo que mais passa tempo na rede, segundo pesquisa da empresa Hootsuite.

A tendência tem mostrado desdobramentos preocupantes, e cientistas se dedicam cada vez mais a pesquisar o impacto do uso das redes sociais na saúde, especialmente no sono.

Os resultados até agora não são animadores. Temos que encarar o fato de que as redes sociais têm um efeito claramente negativo sobre nosso sono e, com isso, sobre nossa saúde mental.
 


Direito de imagem Getty Images
Image caption Mais de três bilhões de pessoa estão registradas em pelo menos uma rede social


Desde o crescimento meteórico das redes sociais, Brian Primack, diretor do Centro de Pesquisa em Mídia, Tecnologia e Saúde da Universidade de Pittsburgh, tem estudado seu impacto na sociedade. Junto com Kessica Levenson, ele examina as relações entre tecnologia e saúde mental, observando o lado bom e o ruim.

Ao pesquisarem a possível ligação entre redes sociais e depressão, eles esperavam um efeito duplo - que as redes sociais pudessem às vezes aliviar a depressão e às vezes exacerbá-la, um resultado que pode criar uma curva em formato de "u" em um gráfico. No entanto, uma pesquisa com quase 2 mil pessoas revelou algo muito mais surpreendente.

Não houve curva alguma, a linha era reta e em uma direção indesejável. Em outras palavras, um aumento do uso de redes sociais está associado a um aumento da possibilidade de sofrer de depressão, ansiedade e um sentimento de isolamento social.

"De uma maneira objetiva, você pode dizer: esta pessoa está interagindo com amigos, enviando sorrisos e emojis, você pode dizer que essa pessoa tem muito capital social, que está muito engajada. Mas nós descobrimos que essas pessoas parecem ter mais sentimentos de isolamento social", diz Primack.


 


Direito de imagem Alamy Image caption O brasileiro gasta diariamente 9 horas e 14 minutos navegando na internet

O que ainda não está claro, porém, é a direção causal exata: a depressão aumenta o uso de redes sociais ou o uso das redes sociais aumenta a depressão? Primack sugere que ambas as direções podem estar corretas, o que é ainda mais problemático, "já que há um potencial de ciclo vicioso". Quanto mais depressiva uma pessoa é, mais redes sociais ela pode usar, o que prejudica sua saúde mental mais ainda.

Mas há outro impacto preocupante. Em um estudo de setembro de 2017 com mais de 1,7 mil jovens adultos, Primack e seus colegas descobriram que, em termos de interação nas redes sociais, o horário do dia tem um papel fundamental. O engajamento durante os últimos 30 minutos do dia era o mais forte indicador de uma noite de sono ruim. "Era completamente independente do tempo total de uso durante o dia", diz Primack.

Há vários fatores que poderiam explicar isso. Um cuidado que hoje é muito popular diz respeito à luz azul emitida pelas nossas telas, o que inibe nossos níveis de melatonina - uma substância química que efetivamente nos diz que é hora de dormir.

Também pode ser possível que o uso das redes sociais aumente a ansiedade de uma pessoa conforme passa o dia, o que torna o desligamento no final do dia mais difícil. "Então os pensamentos e sentimentos voltam para nos assombrar quando tentamos dormir", diz Primack. Ou uma razão mais óbvia pode ser que as redes sociais sejam muito tentadoras e simplesmente reduzam nosso tempo de sono.



Direito de imagem Getty Images Image caption O Snapchat é popular entre adolescentes

Sabemos que atividades físicas ajudam as pessoas a dormirem melhor. Mais tempo de tela também pode reduzir o tempo gasto em atividades, uma ligação que foi comprovada por pesquisas.

"Ela induz um comportamento mais sedentário durante o dia. Se você tem um smartphone na mão, você não estará mexendo seus braços e pernas tão rapidamente. Se você considerar essa redução em seis meses, você pode ter uma nova geração que não se mexe muito durante o dia", diz Aric Sigman, um professor de saúde educacional para crianças.

Se o uso de redes sociais está aumentando a ansiedade e a depressão, pode ser que isso impacte o sono. Se você se deita na cama se comparando aos posts de outras pessoas com fotos de férias e hashtags de #gratidão e #minhavidaperfeita, você pode achar que a sua vida está ruim, o que pode fazer você se sentir pior e continuar acordado.

E então parece ser um caso de questões inter-relacionadas que se repetem na prática. As redes sociais estão ligadas com mais depressão, ansiedade e falta de sono. E uma falta de sono pode prejudicar a saúde mental e ser o resultado de problemas de saúde mental.
  
A falta de sono tem outros efeitos secundários: está ligado e um risco maior de doenças cardíacas, diabetes, obesidade, performance acadêmica ruim, reação mais lenta ao dirigir, comportamento arriscado.

O pior é que, em termos de privação do sono, geralmente são os jovens o grupo mais afetado. Isso porque a adolescência é uma época de mudanças biológicas e sociais importantes que são críticas para o desenvolvimento do indivíduo.

Os adolescentes também levam mais tempo para construir o que foi chamado de "motor do sono" - que é o que o leva a dormir quanto mais tempo você passou acordado, explica Jessica Levenson, do Departamento de Medicina da Universidade de Pittsburgh. Isso contribui para a dificuldade ainda maior dos adolescentes de dormir à noite, diz ela.


Direito de imagem Getty Images Image caption Em termos de privação do sono, geralmente são os jovens o grupo mais afetado

Lovenson agora se preocupa com o fato de que o uso de redes sociais e as pesquisas sobre esse hábito estão mudando e crescendo tão rapidamente que é difícil acompanhar.

"É nossa responsabilidade acompanhar os impactos, sejam bons ou ruins", diz ela. "Nós estamos apenas começando a nos dedicarmos ao impacto do uso das redes sociais. Professores, pais e pediatras precisam perguntar aos adolescentes: com que frequência? Quando? Como vocês se sentem ao usá-las?"

Para combater quaisquer prejuízos das redes sociais, está evidente que a moderação é chave. Sigman diz que devemos usar horários específicos ao longo do dia para nos distanciarmos das nossas telas e fazermos o mesmo com as crianças.

Os pais, diz ele, precisam ter lugares da casa onde os aparelhos podem ou não serem usados "para que não seja uma situação fluida, na qual as redes sociais estejam em todas as partes da sua vida, sem zonas de proteção". Isso é especialmente importante considerando que as crianças ainda não desenvolveram níveis adequados de controle de impulso para saber quando é o bastante.

Primack concorda. Ele não está dizendo para as pessoas pararem de usar redes sociais, mas para considerarem quanto - e exatamente em que horas do dia - elas façam isso. "A questão é que, quando há tamanho poder tentando nos manter grudados nesses sites, será difícil competirmos com eles", diz ele. Primack espera que pesquisas fortes na área e conselhos de gerenciamento de uso, especialmente quando se trata de momentos de proibição de uso das redes, possa balancear a batalha.

Quanto aos adultos, se você estava prestes a dormir com seu celular na mão ontem à noite e se sente um pouco cansado hoje, você tem o poder de controlar isso. Você pode dormir melhor se colocar seu celular de lado.




http://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-43205999

@tecnologia @social

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Diretoria da ANP aprova minuta de resolução para incentivar produção em campos maduros

A Diretoria Colegiada da ANP aprovou nesta quarta-feira (25/4) a minuta de resolução que regulamentará o procedimento para concessão de incentivo para redução da alíquota de royalties sobre produção incremental em campos maduros – ou seja, a produção que ultrapassar a prevista na curva de referência do campo.
A minuta entrará em consulta pública por 30 dias, a partir de sua publicação no Diário Oficial, e será seguida de audiência pública, de forma a dar transparência ao processo e ouvir todos os interessados no tema e a sociedade.
A proposta tem como objetivo fomentar atividades em campos maduros, alavancando investimentos no curto prazo. Para efeitos da resolução, são considerados campos maduros aqueles que possuem 25 anos ou mais de produção e/ou que possuem produção igual ou superior a 70% das reservas provadas (chamadas de reservas 1P).
Para receber o incentivo, o operador deverá enviar solicitação à ANP, acompanhada de revisão do Plano de Desenvolvimento contendo: projetos que sustentem a previsão de produção incremental; estimativas de investimentos e volumes recuperáveis; comprovação do benefício econômico para a União, incluindo extensão na vida útil do campo, fator de recuperação incremental e participações governamentais adicionais.

De acordo com a proposta, sobre a produção que estiver dentro da curva de referência do campo, irá incidir a alíquota atual de cada contrato. Na produção incremental, a alíquota poderá ser reduzida para até 5% dependendo do volume adicional que for efetivamente produzido

@petróleo @CEP85

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Dicas simplificadoras da burocracia do dia a dia


1. *Certidões*: quem quiser tirar uma cópia da certidão de nascimento, ou de casamento, não precisa mais ir até um cartório, pegar senha e esperar um tempão na fila. O cartório eletrônico, já está no ar!

Nele você resolve essas (e outras) burocracias, 24 horas por dia, on-line. Copias de certidões de óbitos, imoveis, e protestos também podem ser solicitados pela internet.
Passe para todo mundo, que este e um serviço da maior importância.
www.cartoriopostal.com.br 🎯📩⚡

2. *Auxilio a Lista*: Telefone 102... não!
Agora e: 08002800102
Vejam só como não somos avisados das coisas que realmente são importantes......
NA CONSULTA AO 102, PAGAMOS R$ 1,20 PELO SERVIÇO.
SÓ QUE A TELEFÔNICA NÃO AVISA QUE EXISTE UM SERVIÇO VERDADEIRAMENTE GRATUITO.

Não custa divulgar para mais gente ficar sabendo.

3. *Multa de Transito*: essa você não sabia.
No caso de multa por infração leve ou media, se você não foi multado pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses, não precisa pagar multa. E só ir ao DETRAN e pedir o formulário para converter a infração em advertência com base no Art. 267 do CTB. Levar Xerox da carteira de motorista e a notificação da multa. Em 30 dias você recebe pelo correio a advertência por escrito. Perde os pontos, mas não paga nada.
Código de Transito Brasileiro
Art. 267 - Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito a infração de natureza leve ou media, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providencia como mais educativa.

4. *Importantíssimo*: Documentos roubados - BO (boletim de ocorrência) da gratuidade - Lei 3.051/98 -
VOCÊ SABIA???

Acho que grande parte da população não sabe, e que a Lei 3.051/98 que nos dá o direito de em caso de roubo ou furto (mediante a apresentação do Boletim de Ocorrência), gratuidade na emissão da 2a via de tais documentos como:
Habilitação (R$ 42,97);
Identidade (R$ 32,65);
Licenciamento Anual de Veiculo (R$ 34,11)..

Para conseguir a gratuidade, basta levar uma cópia (não precisa ser autenticada) do Boletim de Ocorrência e o original ao Detran p/ Habilitação e Licenciamento e outra cópia a um posto do IFP.

@útil @sociedade


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Prosa: Minha Alma Está em Prisa

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.

Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de *doces*; O primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.



Já não tenho tempo para reuniões intermináveis ​​em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado.



Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.

Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa ... Sem muitos *doces* no pacote...



Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. *Que sabem rir dos seus erros*.

Não fiquem inchados, com seus triunfos. Isso não é ser considerado eleito antes do tempo.

Não fique longe de suas responsabilidades. Isso defende a dignidade humana. É querer andar do lado da verdade e da honestidade.

O essencial é o que faz a vida valer a pena.

*Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas* ...

*Pessoas a quem os golpes da vida ensinaram a crescer com toques suaves na alma*

Sim ... Estou com pressa ...

Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.

Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos *doces* que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.

*Meu objetivo é chegar ao fin* satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.



Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só tem uma ...





https://acordocoletivo.org/2018/01/29/minha-alma-esta-em-prisa/

@filosofia

domingo, 22 de abril de 2018

Claudette Colvin, a menina de 15 anos que ousou enfrentar a segregação racial nos EUA (BBC)

Claudette Colvin fez exatamente o mesmo ato desafiador que Rosa Parks, com nove meses de antecedência

BBC, 15 abril 2018

A americana Rosa Parks ficou conhecida como a mulher que desafiou as leis segregacionistas dos anos 1950 ao recusar-se a ceder seu assento de ônibus a uma pessoa branca. Mas ela não foi a primeira a se rebelar.

Nove meses antes, em março de 1955, uma menina de 15 anos chamada Claudette Colvin fez exatamente o mesmo, na mesma cidade - Montgomery, Alabama.

Colvin, hoje com 78 anos, não costuma contar sua história, mas decidiu se abrir à BBC.

"Havia segregação em todos os lugares - as igrejas, os ônibus, as escolas estavam divididas (entre negros e brancos). Sequer podíamos ir aos mesmos restaurantes", diz ela.

"Lembro que, em uma Páscoa, tinha que comprar um sapato de couro preto, mas só era possível comprá-lo nas lojas de pessoas brancas, então a minha mãe desenhou a forma do meu pé em um papel marrom para ter o tamanho aproximado, porque não estávamos autorizados a entrar na loja para provar os modelos."

Ir a uma escola segregada tinha uma vantagem, ela descobriu: os professores davam aulas bastante aprofundadas em história negra.

"Aprendíamos sobre rituais negros e recitávamos poemas, mas eram os professores de estudos sociais os que ensinavam em mais detalhes. Havia aulas sobre (as ícones abolicionistas) Harriet Tubman e Sojourner Truth e sobre uma cantora de ópera chamada Marian Anderson, que era impedida de cantar na (sala de concertos de Washington) Constitutional Hall por ser negra, então ela cantava no Memorial Lincoln."


Direito de imagemGETTY IMAGES Image caption: Sistema de segregação impedia que brancos e negros compartilhassem assentos de ônibus em Montgomery

Em 2 de março de 1955, Colvin e suas amigas foram liberadas da escola um pouco mais cedo. Caminharam até avistarem o ônibus na rua e decidirem subir.

"As pessoas brancas sempre se sentavam nos assentos da frente, e os negros, atrás. O motorista do ônibus tinha autoridade para designar quem sentava onde, e quando mais brancos entravam no ônibus, ele pedia os assentos (dos negros)."

O problema é que, em determinado momento daquele dia, todos os assentos ficaram ocupados no ônibus de Colvin. Ela e suas amigas estavam sentadas em uma fileira um pouco atrás da metade do veículo - duas delas à esquerda, duas à direita -, e uma passageira branca estava de pé no corredor, entre as meninas.

O motorista queria que todas as garotas se movessem para a traseira do ônibus, para que a mulher branca pudesse se sentar.

"Ele queria que eu saísse do meu assento por conta de uma mulher branca, e eu teria concordado se fosse uma idosa, mas no caso era uma mulher jovem. Minhas amigas levantaram relutantemente, mas eu fiquei sentada no assento da janela", conta.


Direito de imagemALAMY Image caption
Rosa Parks em foto de 1956; ela se tornou um símbolo do movimento dos direitos civis
Sob a disfuncional lógica da segregação, a mulher branca ainda não poderia se sentar - uma vez que brancos e negros não podiam compartilhar a mesma fileira de assentos.

Mas Colvin disse ao motorista que, tendo pago sua passagem, era seu direito constitucional permanecer onde estava.

"Sempre que me perguntam por que não levantei quando o motorista me pediu, digo que senti como se as mãos Harriet Tubman estivessem me empurrando em um ombro e as mãos de Sojourner Truth, no outro. Me senti inspirada por essas mulheres, porque havia aprendido sobre elas em detalhes", conta.

"Não estava com medo, mas chateada e com raiva porque sabia que eu estava sentada no assento correto."

Prisão
O motorista continuou dirigindo, mas parou ao avistar um carro de polícia. Dois policiais subiram no ônibus e perguntaram a Colvin por que ela não levantara.

"Eu fiquei ainda mais desafiadora, e então eles empurraram os livros que estavam no meu colo e um deles me segurou pelo braço e me colocou na viatura. Lembro que eles pediram que eu esticasse os meus braços para me algemar."


Direito de imagemGETTY IMAGES
Image caption
'Sala de espera exclusiva para pessoas de cor', diz esta placa de Jackson, Mississippi; Colvin vivia a segregação em seu dia a dia

Em vez de ser levada para um centro de detenção juvenil, Colvin foi detida em uma prisão de adultos, colocada em pequena cela com apenas uma pia quebrada e uma cama sem colchão.

"Eu estava muito, muito assustada. Era como aqueles filmes de faroeste em que eles prendem o bandido na cela e você ouve o barulho das chaves. Eu ainda lembro vividamente do clique daquelas chaves."

Três horas depois, a mãe de Colvin e um pastor de sua igreja chegaram à prisão para obter sua soltura.

"Minha mãe sabia que eu estava chateada com o sistema e com a injustiça que havia sofrido e me disse, 'bem, Claudette, você finalmente agiu'."

Depois de Colvin sair da prisão, vieram os temores de que sua casa fosse atacada. Seus vizinhos ajudaram na vigilância, enquanto o pai dela passou noites em claro empunhando sua espingarda, para o caso de haver alguma retaliação de membros do grupo supremacista branco Klu Klux Klan.

Símbolos da resistência
Colvin foi a primeira pessoa a ser presa por desafiar as leis segregacionistas dos ônibus de Montgomery, então o caso foi parar nas páginas dos jornais locais. Até que, nove meses depois, o mesmo ato desafiador foi repetido por Rosa Parks e noticiado em todo o mundo.


Image caption O papel de Martin Luther King no boicote ao sistema de ônibus de Montgomery o alçou à fama nacional

Assim como Colvin, Parks estava no ônibus a caminho de casa e sentada na "seção de pessoas de cor". Quando não sobrou mais lugar, o motorista, J Fred Black, pediu a Parks e a três outros que levantassem. Parks se recusou, foi presa e multada.

Na época, Parks era costureira em uma loja de departamento mas também secretária da filial de Montgomery da entidade de defesa de direitos civis NAACP, a Associação Nacional pelo Avanço das Pessoas de Cor.

Colvin a conhecia bem.

"Eu era muito ativa no grupo jovem dela e nós nos encontrávamos todas as tardes de domingo na igreja luterana", relembra. "A senhora Parks era muito quieta e gentil, de fala suave, mas sempre dizia que devíamos lutar por nossa liberdade."

Colvin diz que Parks tinha a imagem ideal para se tornar a face da resistência à segregação, justamente por sua experiência na NAACP. A organização não queria uma adolescente como Colvin nesse papel, diz ela.

Outra questão é que, pouco tempo depois, Colvin engravidou, o que reforçou a posição da NAACP de afastá-la dos holofotes e dar preferência a Parks.

Na noite da detenção de Parks, o Conselho Político de Mulheres (WPC na sigla em inglês), grupo feminino de defesa dos direitos civis, começou a distribuir panfletos pedindo o boicote do sistema de ônibus - poucos meses depois, haveria um grande boicote, encabeçado por 40 mil afro-americanos, no mesmo dia em que um jovem pastor, Martin Luther King, era eleito presidente da Associação por Melhorias em Montgomery (MIA).


Direito de imagem NICOLE BENGIVENO / NEW YORK TIMES Image caption
'Vivi para ver tudo mudar', diz Claudette Colvin

O boicote chamou a atenção, mas a cidade ainda resistia a ceder às exigências dos manifestantes - de extinguir a norma que impedia a contratação de motoristas de ônibus negros e de implementar a regra de que o assento pertenceria a quem sentasse primeiro.

Um ano depois, em 20 de dezembro de 1956, a Suprema Corte dos EUA decidiu pela extinção da segregação racial em ônibus. O processo legal contou com o depoimento de quatro requerentes, sendo um deles Claudette Colvin.

"A NAACP havia entrado em contato comigo, e minha mãe me disse: 'Claudette, eles devem estar precisando muito de você, já que eles tinham te rejeitado quando você engravidou sem estar casada'", relembra.

"Então eu fui (à Suprema Corte) e dei meu depoimento sobre o sistema, dizendo que ele nos tratava injustamente."

Colvin conta que, após a decisão do tribunal, as coisas começaram a mudar lentamente. No entanto, alguns passageiros brancos ainda se recusavam a se sentar ao lado de negros.

Vida em Nova York
Muitos anos depois, Colvin se mudou para Nova York para trabalhar como enfermeira e passou a evitar mencionar seu papel no movimento de direitos civis.

"Nova York tem uma cultura completamente diferente de Montgomery (localizada no Sul dos EUA). A maioria das pessoas não se importava que nos sentássemos no ônibus; os nova-iorquinos estavam mais preocupados com problemas econômicos. Eu não queria ficar discutindo isso com eles", explica.

Em 2009, o escritor Phillip Hoose publicou um livro contando, pela primeira vez, a história de Colvin em detalhes.

"Ele disse que queria que as pessoas soubessem a respeito daquela menina de 15 anos porque, realmente, se eu não tivesse dado aquele primeiro grito por liberdade, não teria havido uma Rosa Parks e, depois, não teria havido um (Martin Luther) King. E eu vivi para ver isso tudo mudar."

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43648976

@racismo @política

Vídeo: mantenha a sua coluna sadia



@medicina @longevidade

sábado, 21 de abril de 2018

O caminho de volta... (Téta Barbosa)


Já estou voltando. Só tenho 50 anos e já estou fazendo o caminho de volta. 
Até o ano passado eu ainda estava indo... Indo morar no apartamento mais alto, do prédio mais alto, do bairro mais nobre.  Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda.

Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras.  Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!  Mas, com quase cinquenta, eu estava chegando lá. Onde mesmo?  No que ninguém conseguiu responder. Eu imaginei que quando chegasse lá, ia ter uma placa com a palavra "fim".  Antes dela, avistei a placa de "retorno" e, nela mesmo, dei meia volta.  Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo).  É longe que só a gota serena! Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe. Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo.  E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes em quatro anos), agora vêm pra cá todo fim de semana?  E meu filho anda de bicicleta, eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou). Por aqui, quando chove, a Internet não chega.



 Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo), abre um livro e, pasmem, lê.  E no que alguém diz: "a internet voltou!", já é tarde demais, porque o livro já está melhor que o Facebook, o Instagram e o Snapchat juntos. Aqui se chama "aldeia" e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama. Aos domingos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar... Aí eu me lembro da placa "retorno", e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: "retorno – última chance de você salvar sua vida!"  Você, provavelmente, ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: "Compre um e leve dois".  Nós, da banda de cá, esperamos sua visita.  Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta..."

CUIDE DO SEU TEMPO, CUIDE DA SUA FAMÍLIA. 
Que possamos encontrar a “placa de retorno” e valorizar o que realmente é importante!

Téta Barbosa - jornalista, publicitária e mora no Recife


@filosofia

Internet Desligada Por Um Dia (Bali, Indonésia) por Celebração Hindu

ESTADÃO CONTEÚDO - 15 DE MARÇO DE 2018

Todos os anos, a ilha de Bali, na Indonésia, tem um dia do silêncio, chamado de Nyepi, que faz parte de uma celebração hindu. Neste dia – que neste ano será celebrado no sábado (17) – o aeroporto da cidade fica fechado, as pessoas devem ficar fora das praias e ruas e as luzes das casas devem ser mínimas.

Mas neste ano, há uma novidade: o silêncio será extendido para a internet também. O Ministro da Comunicação da Indonésia, Nyoman Sujaya, confirmou que a internet será desligada por 24 horas após um acordo com as companhias de telecomunicações do país, de acordo com a Associated Press.

Apenas hospitais, empresas relacionadas a economia e segurança governamental não serão afetadas pelo desligamento da internet, que será desligada às 6h do sábado e religada no mesmo horário no domingo. Essa é a primeira vez que isso ocorre na ilha.

“Vamos descansar por um dia, nos livrar da internet para sentir a calma em nossas mentes”, disse Gusti Ngurah Sudiana, o chefe da Sociedade Hindu em Denpasar.

https://acrediteounao.com/internet-sera-desligada-por-um-dia-em-bali-indonesia-por-celebracao-hindu/

@filosofia @tecnologia

quinta-feira, 19 de abril de 2018

'Dia do Índio': O que faz o Brasil ter 190 línguas em perigo de extinção

Känä́tsɨ (à esq.) e Híwa falam entre si uma língua que só eles conhecem | Foto: Liames/Unicamp

Moradores da fronteira do Brasil com a Bolívia, o casal Känä́tsɨ, de 78 anos, e Híwa, de 76, são os dois últimos falantes ativos da língua warázu, do povo indígena Warazúkwe.

Os dois se expressam mal em castelhano e português, e conversam entre si somente em warázu – embora seus filhos e netos que moram com eles falem em português e espanhol.

"Aquela casa desperta, para quem entra nela, uma sensação incômoda de estranheza, como se o casal idoso que vive nela viesse de outro planeta, de um mundo que eles nunca poderão ressuscitar", escrevem os pesquisadores Henri Ramirez, Valdir Vegini e Maria Cristina Victorino de França em um estudo publicado na revista Liames, da Unicamp.


Com ajuda do casal idoso, esses linguistas da Universidade Federal de Rondônia descreveram pela primeira (e possivelmente a última) vez o idioma do povo Warazúkwe.

O casal nasceu em Riozinho, em Rondônia, mas a comunidade warazúkwe em que viviam foi abandonada nos anos 1960, forçando os dois a se mudar diversas vezes entre Brasil e Bolívia até se estabelecido em Pimenteiras (RO).


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Känä́tsɨ (à esq.) e Híwa são os últimos falantes ativos da língua warazú | Foto: Liames/Unicamp
Segundo o estudo, além de Känä́tsɨ e Híwa, ainda haveria três pessoas que poderiam conhecer o idioma. Um deles, o irmão mais velho Känä́tsɨ, sumiu há anos. Os outros dois, Mercedes e Carmelo, vivem na Bolívia, mas já não conversam mais em warázu.

"Parece que a 'vergonha étnica' que os warazúkwe experimentaram foi tão intensa que Mercedes não gosta de proferir palavra alguma no seu idioma e Carmelo afirma que esqueceu tudo", diz o estudo.


País multilíngue
Da família linguística tupi-guarani, o warázu é apenas uma de dezenas de línguas brasileiras em perigo de extinção.

Segundo o Atlas das Línguas em Perigo da Unesco, são 190 idiomas em risco no Brasil.

O mapa reúne línguas em perigo no mundo todo – e o Brasil é o segundo país com mais idiomas que podem entrar em extinção, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Adauto Soares, coordenador do setor de Comunicação e Informação da Unesco no Brasil, explica que o mapa foi feito com a colaboração de pesquisadores especialistas em cada região e entidades governamentais e não governamentais.


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Os guajajara consideram a língua um aspecto importantíssimo para preservação de sua cultura | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
No Brasil, as principais entidades que colaboraram foram o Iphan, a Funai, a Unaids e o Museu do Índio.

Soares explica que foram usados diversos critérios para definir se uma língua está em risco: o número absoluto de falantes, a proporpoção dentro do total da população do país, se há e como é feita a transmissão entre gerações, a atitude dos falantes em relação à língua, mudanças no domínio e uso da linguagem, tipo e qualidade da documentação, se ela é usada pela mídia, se há material para educação e alfabetização no idioma.

"Essa quadro (de línguas em perigo) pode ser revertido, e é por isso que a gente atua", diz Soares.

A morte de uma língua não é apenas uma questão de comunicação no dia a dia: a preservação da cultura de um povo depende da preservação do seu idioma. "Se a língua se perde, se perde a medicina, a culinária, as histórias, o conhecimento tradicional. No idioma estão a questão da identidade, o conhecimento do bosque, do mato, dos bichos", explica o linguista Angel Corbera Mori, do Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp.

Mais ainda
O número de idiomas em risco pode ser ainda maior do que o apontado pela Unesco, porque é possível que algumas línguas, que nunca foram estudadas, tenham ficado de fora – o warázu, por exemplo, não está incluso no mapa.

Além disso, é possível que existam dezenas de línguas em perigo em comunidades isoladas, que nunca foram descritas.

Estima-se que, antes da colonização portuguesa, existissem cerca de 1,1 mil línguas no Brasil, que foram desaparecendo ao longo dos séculos, segundo Corbera.

Ele explica que durante o período colonial, os jesuítas começam a usar o tupi como uma espécie de língua geral – o que foi visto pela Coroa portuguesa como uma ameaça. O tupi – e posteriormente outras línguas indígenas – foram proibidos. E quem desobedecesse era castigado.
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Considerado vulnerável pela Unesco, o idioma Mbyá Guarani, do tronco tupi-guarani, é falado por cerca de 6 mil pessoas no Brasil | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A perseguição continuou por séculos. Na era Vargas, por exemplo, o português era obrigatório nas escolas, e quem desrespeitasse também estava sujeito a punição.

"A situação só melhorou a partir da Constituição de 1988", diz Corbera.

Segundo ele, uma das principais ameaças à língua hoje é a invasão dos territórios indígenas. "Políticas de preservação e registro da língua são importantes, mas não adiantam nada se eles não têm território, se são expulsos de suas terras", diz Corbera.

Alguns grupos que foram perseguidos têm o único registro escrito de suas línguas em trabalhos em naturalistas que visitam o país nos séculos passados. É o caso da língua dos povos do grupo Panará - nomeados pelos colonizadores de Caiapós do Sul – do aldeamento de São José de Mossâmedes, em Goiás, no século 18.

A única descrição linguística dos povos que ocupavam esse aldeia é encontrada em listas de palavras dos europeus Emmanuel Pohl (1782-1834) e Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), como descreve o linguista Eduardo Alves Vasconcelos em um artigo publicado no ano passado.

Os últimos
Uma das línguas que sobreviveram, ainda que em estado crítico, é o guató. O idioma tinha, em 2006, apenas cinco falantes, de acordo com a Unesco.

Os Guatô ocupavam praticamente toda a região sudoeste do Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia, até começaram a ser expulsos de suas terras entre 1940 e 1950, segundo o Intituto Sócio Ambiental (ISA), por causa do avanço da agropecuária.

Chegaram a ser considerados extintos pelo governo, por isso foram excluídos de programas de ajuda e políticas públicas, até meados dos anos 1970, quando missionários identificaram índios Guatô e o grupo começou a se reorganizar e lutar por reconhecimento.


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O registro escrito é um dos fatores avaliados para definir se uma língua está em perigo | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Há línguas tidas como vulneráveis - possuem um número maior de falantes, mas ainda são consideradas em perigo. É o caso da língua guajajara, falada por um dos povos mais numerosos.

Há mais de 27 mil guajajaras no Brasil, segundo o sistema de informações do Ministério da Saúde. O guajajara é usado como primeira língua em muitas aldeias, mas nem todos os índios Guajajara falam o idioma. A língua guajajara pertence à família tupi-guarani e é subdividida em quatro dialetos.

Extintas
Das 190 línguas citadas pela Unesco, 12 já são consideradas extintas, ou seja, não têm mais nenhum falante vivo.

Uma das que foram extintas mais recentemente foi língua dos Umutina, povo indígena que vive no Mato Grosso.

Quando o Museu do Índio iniciou um trabalho de documentação de línguas, em 2009, ela ainda tinha falantes. Hoje está extinta, segundo a Unesco.

Os Umutina tiveram seu território invadido violentamente no início do século passado, segundo o ISA. Por isso acabaram perdendo sua terra tradicional e sua língua, que era do tronco lingüístico Macro-Jê, da família Bororo.

Além disso, centenas de umutinas morreram devido a doenças levadas pelos brancos.

Os que sobreviveram às epidemias tiveram contato com o antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio, antecessor da Funai extinto em 1967). Eles foram educados em uma escola para índios que os proibia de falarem sua língua materna e de praticar qualquer tipo de atividade relacionada à sua cultura, segundo o ISA.

Hoje são 515 pessoas, de acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena, que falam predominantemente português e tentam recuperar a língua com ajuda de idosos e universitários indígenas. Segundo Corbera, o muitas vezes não se consegue recuperar a língua toda, às vezes só o léxico.

"Mas é muito importante, até por questões de identidade", conta ele.


http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43010108

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domingo, 15 de abril de 2018

Os efeitos das viagens de avião sobre nosso cérebro (BBC)

Richard Gray - BBC Future 6/3/18
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Viajar de avião se tornou uma atividade cotidiana – mas que ainda continua a afetar profundamente nossos corpos
Diante de uma tela minúscula, som de baixa qualidade e interrupções frequentes, assistir a um filme durante um voo pode ser uma experiência desafiadora.

Apesar disso, quem viaja de avião regularmente já se emocionou ou testemunhou alguém se emocionar durante o trajeto.

Até os mais durões costumam derramar lágrimas - às vezes com comédias infantis.

E um novo levantamento realizado pelo aeroporto de Gatwick, em Londres, revelou que 15% dos homens e 6% das mulheres afirmaram ficar mais emotivos quando assistem a um filme durante um voo do que em casa.

Recentemente, uma grande companhia aérea chegou a emitir o que chamou de "alertas de saúde emocional" para advertir seus clientes sobre as consequências do entretenimento a bordo.


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Efeito do álcool é potencializado em altitudes elevadas

Teorias
Há muitas teorias sobre por que voar pode deixar os passageiros com as emoções mais à flor da pele - a tristeza em deixar para trás entes queridos, a empolgação sobre a viagem que está por vir, a saudade de casa. Mas há também cada vez mais provas de que o próprio ato de voar também seja responsável por isso.

Uma pesquisa indica que voar a 35 mil pés (10 km) acima do solo dentro de uma caixa de metal selada pode provocar reações estranhas em nossas mentes, alterar nosso humor, mexer com nossos sentidos e até nos fazer sentir mais coceira.

"Há poucas pesquisas realizadas sobre o assunto porque para pessoas saudáveis isso não apresenta um grande risco", diz Jochen Hinkelbein, presidente da Sociedade Alemã de Medicina Aeroespacial e diretor-assistente de medicina de emergência na Universidade de Colônia, na Alemanha. "Mas precisamos lembrar que a viagem de avião se tornou mais barata e popular; sendo assim, pessoas mais velhas e menos em forma estão viajando mais. Isso está despertando mais interesse no assunto."

Hinkelbein é um dos pesquisadores que vêm analisando como nosso corpo é afetado durante um voo.

Não há dúvida de que o interior dos aviões é um dos lugares mais peculiares onde nós, seres humanos, podemos estar. Trata-se de um ambiente estranho, onde a pressão do ar é semelhante à do topo de uma montanha de 2,4 mil metros. A umidade é mais baixa do que em alguns dos desertos mais secos do mundo, enquanto que o ar bombeado para dentro da aeronave chega a temperaturas inferiores a 10°C, de forma a contrabalançar o excesso de calor gerado por todos os corpos e eletrônicos a bordo.

A redução da pressão do ar durante um voo também pode reduzir a quantidade de oxigênio no sangue dos passageiros entre 6% e 25%, queda que, em condições normais, levaria muitos médicos a administrar oxigênio suplementar a seus pacientes.

Embora isso não seja um problema para quem é saudável, o mesmo não se pode dizer para idosos e pessoas com dificuldades respiratórias.

Estudos indicam, contudo, que até níveis relativamente baixos de hipoxia (deficiência de oxigênio) podem alterar nossa capacidade de pensar com clareza. Em locais com altitude acima de 3,6 mil metros, onde o nível de oxigênio é baixo, adultos saudáveis podem começar a sentir alterações em sua memória, bem como em sua capacidade de realizar cálculos e tomar decisões.

Essa é a razão pela qual as autoridades de aviação insistem em que os pilotos usem máscaras de oxigênio suplementares se a pressão do ar da cabine chegar à de altitudes superiores a 12,5 mil pés.

A pressão do ar a altitudes acima de 7 mil pés (2,1 mil metros) acaba por atrasar o tempo de reação - má notícia para quem gosta de brincar com jogos eletrônicos durante o voo.

Há também algumas pesquisas que mostram que, quando estamos a altitudes acima de 8 mil pés (2,4 mil metros), similar à de um avião, nosso desempenho cognitivo e nosso raciocínio podem ser parcialmente afetados.

Para a maioria de nós, no entanto, é improvável que isso atrapalhe nosso fluxo de pensamento.

"Uma pessoa saudável não deve ter problemas cognitivos a essa altitude", diz Hinkelbein. "Mas, naqueles que não estão com a saúde em dia, a hipoxia pode diminuir a saturação de oxigênio, tornando os déficits cognitivos mais visíveis", acrescenta.

Mas tal condição não afeta apenas aqueles com doenças pré-existentes. Podemos sofrer as consequências da redução do oxigênio quando voamos gripados, por exemplo, lembra o especialista.

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Até os mais durões costumam derramar lágrimas durante voos - às vezes com comédias infantis

Cansaço
De forma geral, segundo Hinkelbein, a hipoxia gera efeitos mais facilmente reconhecidos em nossos cérebros: ficamos cansados.

Estudos já mostraram que a exposição a altitudes acima de 10 mil pés (3 mil metros) pode aumentar a fadiga.

Mas, em algumas pessoas, os efeitos podem começar em altitudes mais baixas.

"Sempre que estou sentado em um avião após a decolagem, fico cansado e acabo adormecendo com facilidade", explica Hinkelbein. "Não é a falta de oxigênio que me faz perder a consciência, mas a hipoxia é um fator que contribui para isso".

Se você consegue manter seus olhos abertos por tempo suficiente para ver a tripulação reduzir as luzes no interior da aeronave, então você pode experimentar outro efeito da pressão mais baixa. A visão noturna humana pode se deteriorar de 5% a 10% em altitudes de apenas 5 mil pés (1.500 metros). Isso ocorre porque as células fotorreceptoras da retina necessárias para enxergamos no escuro precisam de muito oxigênio e funcionam de forma menos eficaz em altas altitudes.

Voar também provoca danos em nossos outros sentidos. A combinação de baixa pressão do ar e umidade pode reduzir a sensibilidade de nossas papilas gustativas ao sal e ao doce em até 30%. Um estudo realizado pela companhia aérea alemã Lufthansa também mostrou que o sabor salgado do suco de tomate melhora durante um voo.

Flatulências
O ar seco também pode nos roubar a maior parte do nosso olfato, deixando a comida menos interessante. É por isso que muitas companhias aéreas adicionam tempero extra aos alimentos servidos durante um voo. Talvez até tenhamos sorte de que nosso olfato seja reduzido durante um voo, pois a mudança na pressão do ar nos deixa mais propensos a flatulências.

Mas se o odor dos gases emitidos pelo seu vizinho de poltrona não fosse o pior dos males, um estudo realizado em 2007 mostrou que, após cerca de três horas em altitudes acima de 8 mil pés, as pessoas começam a se queixar de desconforto.

Soma-se a isso a baixa umidade, não causa surpresa que tenhamos dificuldade em ficarmos quietos por longos períodos de tempo no ar. Um estudo realizado por cientistas austríacos revelou que um voo de longa distância pode secar nossa pele em até 37% e aumentar a sensação de coceira.

Baixos níveis de pressão e umidade do ar também podem ampliar os efeitos do álcool e da ressaca.

E para aqueles que têm medo de viajar de avião, as notícias ainda podem ficar piores.

"Os níveis de ansiedade podem aumentar com hipoxia", explica Valerie Martindale, presidente da Associação Médica Aeroespacial da Universidade King's College, em Londres.

A ansiedade não é o único aspecto de humor que pode ser afetado pelo voo. Vários estudos mostraram que passar muito tempo em altitudes elevadas pode aumentar a tensão, tornar as pessoas menos amigáveis, diminuir seus níveis de energia e afetar sua capacidade de lidar com o estresse.

"Mostramos que alguns aspectos do humor podem ser alterados pela exposição a pressões equivalentes a altitudes de 6 mil a 8 mil pés", diz Stephen Legg, professor de ergonomia da Universidade Massey, na Nova Zelândia, que estuda o impacto da hipoxia de baixo nível nos seres humanos.

Nem choro nem vela
Isso pode explicar, de certa forma, por que os passageiros geralmente choram em filmes depois de algumas horas de voo, mas a maioria dos efeitos percebidos em estudos científicos parece ocorrer apenas em altitudes acima das quais um avião comercial pode trafegar. Recentemente, Legg também mostrou que a leve desidratação que se pode esperar durante um voo também pode influenciar o humor.

"Sabemos muito pouco sobre o efeito dessa exposição em menor grau na complexidade da cognição e do humor", acrescenta. "Mas sabemos que há uma "fadiga" geral associada à viagem aérea de longa distância, então acho que é provavelmente os efeitos combinados dessas exposições múltiplas simultâneas que dão origem ao que chamamos de "jetlag".

Por outro lado, há pesquisas que mostram que altitudes elevadas também podem tornar as pessoas mais felizes.

Mas Stephen Groening, professor de cinema e mídia da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, diz acreditar que essa felicidade também pode se manifestar na forma de lágrimas. O tédio em um voo e o alívio proporcionado por um filme, combinados com a sensação de privacidade proporcionada pela pequena tela e pelos fones de ouvido, podem produzir lágrimas de alegria e não tristeza, diz ele.

"A configuração do sistema de entretenimento a bordo gera um efeito da intimidade que pode gerar respostas emocionais mais elevadas", assinala Groening.

Mas Hinkelbein descobriu outra mudança estranha no corpo humano quando estamos no ar.

Um novo estudo (ainda não publicado) realizado por ele junto com colegas da Universidade de Colônia mostrou que a exposição por até 30 minutos a condições semelhantes àquelas experimentadas em um voo comercial alterou o equilíbrio de moléculas associadas ao sistema imunológico no sangue de voluntários.

A conclusão sugere que a menor pressão do ar pode alterar a forma como nossos sistemas imunológicos funcionam.

"As pessoas costumam pensar que pegaram uma gripe ou resfriado ao viajarem por causa das mudanças de temperatura", diz Hinkelbein. "Mas pode ser que a resposta esteja dentro do avião. Precisamos pesquisar esse assunto com mais detalhes."

Nesse sentido, se os voos alteram nossos sistemas imunológicos, não só ficamos mais vulneráveis a infecções, mas também mais propensos a oscilações de humor. Há, por exemplo, uma correlação entre aumento na inflamação gerada pela resposta imunológica e depressão.

"Uma reação inflamatória de uma vacina pode produzir uma alteração de humor que dura 48 horas", diz Ed Bullmore, diretor de Psiquiatria da Universidade de Cambridge e que estuda como o sistema imunológico influencia os distúrbios do humor. "Seria interessante (avaliar) se um voo de 12 horas para o outro lado do mundo causasse algo semelhante".

http://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-42629566

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