sábado, 20 de outubro de 2018

Cordel História de Guaricema




Cordel História de Guaricema

(Sergival)


Senhoras e senhores, boa tarde!!!
No ano de sessenta e oito
cinquenta é só pra contar
o Brasil tava agitado, o povo calado,
mas algo iria se transformar
pois na “terra em transe” Guaricema produziu
provando que o mar não é só pra navegar


Guaricema, a primeira em mar,
de 1968 a 2018 construímos uma história:
extrair petróleo do fundo do oceano,
o novo de outrora agora é memória
orgulho do povo alagoano e sergipano
antes águas rasas, agora, profunda trajetória.


A escassez de descobertas,
atraso nas obras das refinarias,
contrastava com o “milagre econômico”
tão em voga naqueles dias.
apesar do poço em Lobato
e do campo de Candeias na Bahia


Redefinimos o nosso rumo
Apontamos para o mar!!!
Adiante uma imensidão de água
nas profundezas uma incerteza a explorar
muitos quilômetros de linhas, de sísmica
só com coragem e força pra enfrentar


Em vinte e cinco de agosto.
sessenta e oito ainda era o ano,
por ter condições geológicas
favoráveis ao petróleo soberano,
o primeiro poço foi perfurado
na costa do território sergipano.


Paulo de Tarso foi quem nos contou
que o sistema tinha possibilidade
e já no terceiro relatório,
a mil metros de profundidade,
indícios de hidrocarbonetos
surgiram pra nossa felicidade


O Brasil ficou em festa
a Gazeta de Sergipe noticiava:
Extra, Extra, pela primeira vez no país
o petróleo no mar jorrava!
e tal feito entrou para a história
fato novo que a Petrobras aguardava


Onze de setembro de sessenta e oito
o presidente Costa e Silva aplaudiu
a boa nova que o governador
Lourival Batista transmitiu
e em nota o diretor da Petrobras
Ivan Barreto oficialmente garantiu.


Guaricema tornava real
a conquista por nós pretendida,
explorar petróleo no mar
o sonho de toda uma vida
pois desde o ano de cinquenta e sete
essa meta era perseguida


Se no passado os riscos foram muitos
com o aprendizado o EPI se tornou presente,
em terra ou no mar, é melhor não vacilar
e a prevenção melhor medida contra o acidente,
preservando a vida no trabalho e no lar
família e colegas, maior bem da gente


Aprendemos ao longo desses 50 anos
que a vida não tem chance sem segurança.
Tecnologia é fruto de trabalho duro
criatividade nossa força e perseverança.
Por isso damos vivas a Guaricema
que encheu nosso futuro de esperança


Guaricema tornava-se a grande escola
aprenderíamos a trabalhar no mar,
construir em terra firme
rebocar, lançar e cravar
tecnologia “offshore”
sem da vida descuidar.


Os riscos eram imensos
transporte aéreo, navegação,
ruído, acidentes diversos
“blowout”, gás sulfídrico, explosão
e se a situação ficasse incontrolável,
(falaê Beroaldo)
fugir de baleeira era a salvação

Vai aqui nossa homenagem
aos heróis desse passado
e aos que continuaram
aprimorando esse legado!
Guaricema, nome de peixe
Guaricema, campo afamado!


Campo de Guaricema, campo por nós amado,
lar de muitos petroleiros
que no embarque se dedicam
noite e dia, o ano inteiro.
Cinquenta anos de sucesso
orgulho do povo brasileiro.


Seu poço pioneiro
trouxe alento ao Brasil,
nova fronteira marítima
que a Petrobras descobriu.
Tornou-se escola “offshore”
que para o país se expandiu.


Seus técnicos superaram
os desafios que surgiram,
convivendo com o mar
muitas ideias dividiram
com a automação e novas tecnologias
muitas conquistas conseguiram!


Muitos laços foram criados
entre o mar e a nossa gente,
o dia-a-dia em Guaricema
invadiu o coração e a mente
memória afetiva de cada personagem
do passado e do presente.


Cinquenta anos não são cinquenta dias
nem tampouco uma eternidade,
mas se fôssemos botar em um filme
sua história de prosperidade
ganharíamos o Oscar na certa,
seus atores virariam celebridade!


Vai aqui nossa homenagem
aos que fazem parte dessa história
do mais simples operário
aos que galgaram altas trajetórias
e que fizeram de Guaricema
um marco em nossa memória


A Petrobras sente muito orgulho
de cada um de vocês
da dedicação, do carinho
que transborda pela tez
da contribuição profissional
que nos tornaram “a bola da vez”!


Sob o céu azul de Sergipe
praia-mar cenário de cinema
brilha o sol da prosperidade
testemunha de um doce poema
quando há cinquenta anos jorrou
o ouro negro de Guaricema!


@CEP85

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Vídeo: Abba, The winner takes it all



I don't want to talk
About the things we've gone through
Though it's hurting me
Now it's history
I've played all my cards
And that's what you've done too
Nothing more to say
No more ace to play
The winner takes it all
The loser standing small
Beside the victory
That's her destiny
I was in your arms
Thinking I belonged there
I figured it made sense
Building me a fence
Building me a home
Thinking I'd be strong there
But I was a fool
Playing by the rules
The gods may throw a dice
Their minds as cold as ice
And someone way down here
Loses someone dear
The winner takes it all
The loser has to fall
It's simple and it's plain
Why should I complain
But tell me does she kiss
Like I used to kiss you?
Does it feel the same
When she calls your name?
Somewhere deep inside
You must know I miss you
But what can I say
Rules must be obeyed
The judges will decide
The likes of me abide
Spectators of the show
Always staying low
The game is on again
A lover or a friend
A big thing or a small
The winner takes it all
I don't want to talk
If it makes you feel sad
And I understand
You've come to shake my hand
I apologize
If it makes you feel bad
Seeing me so tense
No self-confidence
But you see
The winner takes it all
The winner takes it all
So the winner takes it all
And the the loser has to fall
Throw a dice, cold as ice
Way down here, someone dear
Takes it all, has to fall
It seems plain to me

Compositores: Benny Goran Bror Andersson / Bjoern K. Ulvaeus

@pop

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Vídeo: Giovanni Gentile, o filósofo do fascismo


@política @Itália

Vídeo: homenagem a Fred Mercury


Hoje, se estivesse vivo, o maior vocalista da história da música, Freddie Mercury, completaria 72 anos. Antes de ser famoso ele foi carregador de bagagem da British Airways. Para celebrar a data, a empresa convidou os carregadores para essa homenagem


@pop

domingo, 7 de outubro de 2018

A história de amizade de Klimt e Schiele, pintores que escandalizaram a Europa com obras de nudez

Cath Pound BBC Culture 16/03/18


Image caption
Representação gráfica e grotesca de Schiele de seu próprio corpo nu foi sem precedentes na história da arte | Foto: Leopold Museum

À primeira vista, existem poucas semelhanças entre os pintores austríacos Gustav Klimt e Egon Schiele.

Klimt ficou conhecido pelos retratos sensuais da elite de Viena em seu apogeu, enquanto Schiele, quase 30 anos mais novo, ganhou fama pela forma como representava o corpo humano, chocando e escandalizando o público de sua época.

No entanto, os dois homens compartilhavam uma apreciação mútua e mantiveram uma amizade ao longo da vida, ainda que determinados a seguir suas próprias visões artísticas a qualquer custo.


Coincidentemente, ambos tiveram o mesmo fim: suas vidas foram ceifadas pela epidemia de gripe espanhola que devastou a Europa em 1918.
Direito de imagemALAMY Image caption
O famoso quadro 'O beijo', de Klimt, não é o que parece à primeira vista

Rebeldia
Klimt deu as costas às convenções da pintura acadêmica. Desiludido com as restrições sufocantes da Künstlerhaus, a sociedade à qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, ele e vários outros colegas se separaram para formar o movimento de arte conhecido como Secessão de Viena.

Um dos símbolos dessa nova atitude foi o quadro Nuda Veritas, de 1889, que Sandra Tretter, da Fundação Klimt, resume como "o Künstlerhaus versus a Secessão". Uma mulher nua segura o espelho representando a verdade, enquanto a cobra que identifica a mentira morre a seus pés. Acima dela, em letras douradas, uma citação do dramaturgo alemão Schiller: "Se você não puder agradar a todos com suas ações e sua arte, agrade a alguns. Agradar a muitos é ruim".


Certamente, não havia o perigo de agradar a muitos quando Klimt aceitou a encomenda de fornecer pinturas para decorar o teto do Grande Salão da Universidade de Viena, que não conhecia sua nova diretriz.

"A universidade queria um 'banquete' de Iluminismo e Ciência", explica Diethard Leopold, curador do Museu Leopold em Viena, que está realizando uma série de exposições sobre Klimt, Schiele e seus contemporâneos neste ano.


Image caption: Interesse de Schiele em pintar jovens chocou público da época e chamou atenção das autoridades | Foto: Leopold Museum

Segundo Leopold, a direção da Universidade de Viena reagiu horrorizada quando viu as figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para retratar a Filosofia.

Em poucos dias, 87 membros da universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo-assinado ao Ministério da Educação para cancelar a encomenda.

Um novo escândalo aconteceu quando a Medicina foi revelada. A pintura de Klimt de uma grande mulher nua, cuja proeminente vulva ficava mais evidente quando vista debaixo, o levou a ser acusado de pornografia - envolvendo, inclusive, a Justiça.

Um promotor público foi chamado e, embora tenha achado desnecessário remover a obra, a polêmica continuou, chegando a ser discutida no Parlamento - foi a primeira vez que um assunto cultural foi debatido na casa.

Klimt retratou seus críticos de forma extremamente clara em 1902 com Goldfish, em que uma mulher exibe suas nádegas para o público. Boatos dizem que ele preferia ter intitulado o quadro "Para meus críticos".
Image caption: Figuras tortuosas e contorcidas de Schiele receberam pouca atenção em Viena | Foto: Leopold Museum
Embora o Ministério da Educação tenha ficado do lado dele quando Jurisprudência, que apresentava um penitente cercado por uma criatura em forma de lula, causou mais alvoroço, foi tomada uma decisão de exibir suas obras permanentemente em uma galeria - e não no teto.

Klimt ficou furioso, defendeu que as pinturas permanecessem onde estavam. Sua solicitação, contudo, foi rejeitada, mas depois de um dramático impasse no qual o artista teria apontado uma arma para os homens que tentavam removê-las, o ministério finalmente recuou.

Tragicamente, as obras foram destruídas por forças nazistas em 1945 -tudo o que resta delas são velhas fotografias em preto e branco.

Klimt nunca mais se envolveria em encomendas públicas. "Ele começou a se concentrar em paisagens e retratos", explica Tretter, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidariam sua fama.
Direito de imagemALAMY: Image caption
Boato é de que Klimt teria querido chamar esta pintura de 'Para meus críticos'

Em O beijo, o pintor fazia uma crítica às aparências. Ele criticava o mundo de adultério e prostituição no qual os homens se entregavam a seus instintos, ao mesmo tempo em que condenavam publicamente as mulheres que prestavam esse serviço.

"Se você observá-lo de perto, o pescoço do homem é muito feio, e retrata seu pênis ereto. O homem é a personificação da vontade sexual, enquanto, à primeira vista, é uma pintura muito sensível e adorável", explica Leopold.

Longa amizade
A rebeldia de Klimt encantou o jovem Schiele, que decidiu procurar o artista em 1907, quando era aluno da Academia de Belas Artes, cujas aulas achava frustrantes.

Artista precoce, Schiele revelou seu talento ainda adolescente, ao fazer um esboço de sua irmã mais nova nua, para o horror de seus pais.

Segundo Leopold, do Museu Leopold, que também é psicoterapeuta, esse fascínio por meninas adolescentes foi em parte uma reação a seu relacionamento ambíguo com sua mãe, provocando grande escândalo.

O talento indiscutível de Schiele chegou aos ouvidos de Klimt. Ele colocou o jovem debaixo de suas asas, fornecendo modelos e convidando-o a exibir suas obras no Kunstchau de 1909.


Direito de imagemALAMY: Image caption
Nova polêmica foi causada por mulher nua retratando a Medicina (exibida aqui entre a Filosofia e a Jurisprudência)

Apesar disso, suas quatro pinturas, muito parecidas com o estilo de seu mestre, não causaram muito impacto.

Klimt também o apresentou a integrantes do coletivo Wiener Werkstätte. Mas, quando Schiele lhes ofereceu algumas aquarelas como desenhos para cartões postais, elas foram rejeitados por não ter a fluidez necessária para as artes decorativas.

Buscando novos meios de expressão, Schiele voltou-se a seu próprio corpo para se inspirar de uma maneira sem precedentes na História da Arte.

Em seu primeiro autorretrato nu, de 1907, baseado na notória figura feminina da Medicina, ele se representou como indefeso e frágil, isolado do resto da humanidade.

Seus experimentos estilísticos passaram a progredir rapidamente, mas suas figuras tortuosas e contorcidas receberam pouca atenção em Viena.

Frustrado com a reação a seu trabalho, Schiele buscou refúgio na pequena cidade de Krumau, acompanhado por sua companheira Wally, uma ex-modelo de Klimt. O casal imediatamente causou furor - e ele não fez nada para dissipar a atenção.

Jovens passaram a entrar em contato com ele e o pintor aproveitou a oportunidade para desenhar os corpos que tanto o fascinavam.

Boatos se espalharam e, quando ele foi descoberto fazendo um esboço de uma jovem nua em seu jardim, acabou forçado a deixar a cidade.

Um novo escândalo surgiu em Neulengbach, quando uma jovem mulher fugiu de sua casa e buscou refúgio na casa do pintor. Schiele chegou a ser acusado de sequestro pelo pai da moça.

Quando chegaram à casa, policiais confiscaram um nu e outras 125 obras.

Depois de ser interrogado, Schiele foi acusado de sequestro de menores e incitação à devassidão. Durante seu julgamento, a acusação de abdução foi retirada, mas a aquarela o levou a ser condenado a três dias de prisão.
Direito de imagemALAMY: Image caption
Universidade de Viena reagiu horrorizada quando o quadro Filosofia, com suas figuras nuas, foi revelado

A sentença parece ter sido um divisor de águas para Schiele, que nunca mais retrataria jovens nus. Preocupado, Klimt passaria a apresentá-lo a potenciais clientes como um retratista. Os anos de guerra e o casamento com a mais socialmente aceitável Edith Harms aumentaram sua maturidade.

Após a guerra, ele sonhava com uma nova sociedade na qual os artistas poderiam ajudar a reconstruir o mundo fraturado à sua volta. Um trabalho inacabado de 1918 intitulado Amigos celebrou a fraternidade artística que ele esperava criar, com Klimt e Schiele sentados em uma mesa junto com outros seis artistas.

A morte de Klimt em fevereiro interrompeu esses sonhos. Arrasado, Schiele o desenhou em seu leito de morte e, quando foi convidado a organizar a exposição de primavera da Secessão, criou uma nova versão de Amigos para o cartaz da mostra, com o assento de Klimt vazio.

Após a morte de seu mentor e com suas novas obras alcançando um sucesso sem precedentes, Schiele estava preparado para se tornar uma figura artística dominante em Viena.

Mas, oito meses depois, ele também acabaria por sucumbir à gripe.

http://www.bbc.com/portuguese/vert-cul-43345767

@arte @klimt

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Vídeo: super FIAT 147 (HUMOR)


@FUN

O PÓS-JOÃO SANTANA (Natália Portinari, Revista Época)


Sexta-feira, 28 de Setembro de 2018 - 10:44
REVISTA ÉPOCA | NOTÍCIAS

Natália Portinari
Antes endeusados, responsáveis por marketing da campanha presidencial penam para se manter importantes na era das redes sociais

Por volta do meio-dia de uma sexta-feira recente, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles chegou a uma casa espaçosa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para gravar programas de televisão para sua campanha à Presidência pelo MDB. Sorridente, com um elegante terno azul-marinho, cumprimentou todos os presentes com um aperto de mão e se enclausurou com seus dois marqueteiros em uma sala no segundo andar. Criadores do slogan “Chama o Meirelles”, os marqueteiros são Chico Mendez, que se tornou conhecido pelo trabalho bem-sucedido na eleição do petista Fernando Pimentel para o governo de Minas Gerais em 2014, e Paulo Vasconcelos, que trabalhou nas campanhas presidenciais de Lula, em 2002, e de Aécio Neves, em 2014.

Por três horas e meia, Meirelles revisou o texto para a gravação do dia, sempre interrompido por ligações e mensagens. Nesse intervalo, dezenas de funcionários aproveitaram para almoçar panqueca, salada e peixe frito. Era um time de cerca de 70 pessoas, entre assessores, publicitários, fotógrafos, editores de imagem, cinegrafistas, designers e músicos. “Hoje não tem mais agenda, então o Henrique aproveita, fica conversando com o pessoal o dia inteiro”, disse um deles. Alguns tocavam guitarra para passar o tempo. Um militante do MDB lamentou não poder usar como piscina o espelho d’água que ocupa boa parte do quintal da casa alugada.

Meirelles ainda respondia a mensagens quando, já no estúdio, recebeu várias camadas de pó para evitar o brilho na careca e nas bochechas. Com uma camisa recémpassada, corretivo nos olhos e os pequenos tufos de cabelo escovados para não aparecerem no filme, leu a fala no TelePrompTer com uma pronúncia espaçada, diferentemente de quando anunciava o aumento da Selic. “Conhece aquele ditado ‘falar é fácil, difícil é fazer’? A eleição é um momento perfeito para as pessoas se lembrarem dele porque, de uma hora para outra, surge solução para tudo”, disse encarando a câmera.

Foi alertado para não franzir a testa — logo antes de receber mais pó entre as sobrancelhas — e incentivado a gesticular para ganhar ênfase. O mérito da dicção mais escorreita é da fonoaudióloga Leny Kyrillos, que também atende Marina Silva. Ainda há deslizes, porém. Meirelles pronunciou uma pergunta como afirmação e trocou “mundos e fundos” por “muitos e fundos”. Paciente, repetiu as falas a pedido dos diretores e reclamou, brincando, por não poder falar com sotaque goiano.

O candidato ainda teve tempo para chamar Mendez de lado e cochichar os últimos palpites no texto. “Não gosto desta referência aos Estados Unidos. Lá é uma coisa, aqui é outra. Vamos tirar?” Seu tom foi calmo e discreto. Disse que só fala no programa o que “realmente acredita”. “É apaixonante trabalhar com ele”, comentou Paulo Vasconcelos. “Ele nunca te repreende em público. Quando discorda de algo, te chama numa sala para conversar. Nunca trabalhamos com ninguém assim.”

Meirelles já tirou do bolso mais de R$ 40 milhões para propaganda, produção de TV e comunicação. Ainda assim, tem 2% de intenções de voto do eleitorado, apesar de contar com o terceiro maior tempo de televisão entre os candidatos: um minuto e 55 segundos. É o maior investimento entre todos os candidatos à Presidência. Cada um deles poderá gastar no primeiro turno, no máximo, R$ 70 milhões. Quando foi criado o fundo especial para financiamento eleitoral, em 2017, a lei previa também um teto para o autofinanciamento, que foi vetado pelo presidente Michel Temer. A nova regra “permite independência”, na opinião de Meirelles. “Posso fazer uma campanha sem assumir compromisso com ninguém, só com o eleitor. É resultado de minha carreira, de fazer as coisas bem feitas, ter tido sucesso, trabalhado duro a vida inteira. Optei por investir no que eu considero ser um benefício para o povo brasileiro.”

Com doações empresariais proibidas desde 2015, agora os candidatos dependem do Fundo Eleitoral, mais graúdo quanto maior for a bancada da coligação no Congresso Nacional, e de doações de pessoas físicas. O novo cenário levou a uma queda generalizada nas receitas dos marqueteiros. Se, em 2014, o gasto total dos presidenciáveis foi de R$ 652 milhões — sendo que R$ 350 milhões foram gastos por Dilma Rousseff, e R$ 227 milhões por Aécio —, neste ano fo-

Os gastos com marketing somam, até agora, R$ 123 milhões — um quinto das despesas de eleições presidenciais anteriores ram contratados até agora R$ 123 milhões, apenas 20% do valor das eleições anteriores, considerando o reajuste da inflação.

Na campanha petista de 2018, financiada quase integralmente com R$ 20 milhões do Fundo Público Eleitoral, os programas são gravados em uma produtora de São Paulo, a M. Romano Comunicações. Com 200 funcionários para fazer peças para a internet e a televisão, foi contratada por R$ 7,4 milhões, um décimo do que se cobrou nas eleições passadas. À frente dos programas estão os publicitários Raul Rabelo, que já trabalhou com Sidônio Palmeira, marqueteiro baiano, e Otávio Antunes, coordenador de marketing da campanha. São os autores do jingle-forró “Chama, chama que o homem dá jeito”, adaptado depois para “O 13 dá jeito” e, finalmente, “O Haddad dá jeito”. O slogan “É o Brasil feliz de novo” tenta embalar a campanha com a nostalgia pelos tempos de crescimento econômico do governo Lula. A estratégia foi associar Haddad a Lula o máximo possível.

Apesar de a campanha ser tocada quase inteiramente por militantes, no início de setembro um atraso nos pagamentos de cerca de 30 pessoas levou alguns funcionários da produtora a cruzarem os braços por dois dias. A campanha teve de mudar de CNPJ para transferir a prestação de contas de Lula para Haddad, o que causou uma confusão nas transferências. As alterações constantes nos programas devido às restrições impostas pela Justiça eleitoral à figura de Lula imprimiram um ritmo frenético de trabalho nas primeiras semanas. “Mas a gente é muito militante, então faz com muito amor”, disse-me um integrante da equipe.

O baiano Sidônio Palmeira, último nome conhecido do marketing político que sobrou no partido, enaltece o espírito jovem dos profissionais que trabalham com a produção do PT neste ano. “É como em um time de futebol. É importante ter o novo para ter energia. O cara que é novo quer crescer, quer fazer.” Ele não tem envolvimento com a equipe paulista,

já que está trabalhando na campanha de Rui Costa para o governo da Bahia. É das mais baratas que já fez, disse o publicitário. Em entrevista por telefone, Palmeira falou, em tom exaltado, contra superproduções de TV e candidatos que usam TelePrompTer. “Deixa o cara falar emocionalmente, p..., deixa o cara falar naturalmente, de forma coloquial, aí costura em torno disso.”

A nova forma de trabalhar é melhor que “aquela onda de marqueteiro” que havia antes, afirmou Palmeira. Ele ainda não sabe se vai trabalhar na campanha presidencial se Rui Costa vencer no primeiro turno, como indicam as pesquisas. “O povo que diz que é marqueteiro quer aparecer mais que o candidato. Não é só o PT que deveria fazer campanha barata, são todos os partidos. Não dá para passar a ideia com menos dinheiro? Claro que dá. O povo não consegue entender? Precisa ter aquele Império Romano, um nome, um marqueteiro? Não. As pessoas têm de trabalhar em conjunto para valorizar o candidato.”

Hoje, pensar dessa maneira é uma opção conveniente, já que João Santana e Duda Mendonça, nomes associados às produções milionárias do partido, foram condenados criminalmente. No caso de Santana, as irregularidades começaram na mesma mansão brasiliense usada, neste ano, por Henrique Meirelles. Quando gravava lá os programas para a campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, Santana se queixou duas vezes ao presidente de que não estava recebendo os pagamentos — pelo menos foi o que ele disse em acordo de delação premiada, em março de 2017. Naquela época, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci o instruiu a receber caixa dois por meio de uma conta no exterior, contou.

Com as novas regras de financiamento eleitoral, muitos candidatos contrataram equipes de vídeo reduzidas ou apelaram para gravações com celular

Com a delação, João Santana e sua mulher, Mônica, tornaram-se criminosos. Foram condenados a uma multa de R$ 3 milhões cada um e a prisão domiciliar por um ano e meio em um condomínio luxuoso a beira da praia, em Camaçari, na Bahia. O casal foi transferido para lá em outubro do ano passado. Eles devem se recolher a sua residência à noite e aos sábados, domingos e feriados, mas podem viajar a trabalho durante a semana, desde que não deixem o país. Também devem prestar 22 horas mensais de serviços comunitários. Findo esse período, deverão cumprir um ano de regime aberto, com exigências ainda menores — poderão sair de casa de madrugada e realizar viagens internacionais.

Antes de trabalhar com marketing político, Santana foi jornalista, uma diferença em relação a seu mentor, Duda Mendonça, que também fez delação à Operação Lava Jato em 2017. Publicitário, Mendonça enveredou pelo marketing político graças ao sucesso de sua agência, a DM9. Suas peças mais famosas de 2002 apelavam para a emoção, como as “grávidas do Lula”, em que mulheres grávidas pediam voto no PT pelo futuro do Brasil ao som do Bolero de Ravel e com locução de Chico Buarque; e outra em que um adolescente, João, dizia que estava entrando na faculdade e gritava, no fim do vídeo, “viva Luiz Inácio Lula da Silva”. O último filme fez tanto sucesso que foi reciclado pela campanha petista neste ano. Um estudante chamado Matheus discursa sobre sua formação e, no fim, saúda, novamente, o nome completo de Lula.

Para Santana, mais pragmático, a prioridade era a vitória na guerra de informação. O exemplo mais emblemático é a propaganda que mostrava comida desaparecendo de um jantar de família como consequência da independência do Banco Central, defendida por Marina Silva em 2014. Em outro anúncio, uma mãe fazia compras na farmácia segurando um bebê e via, através da vidraça, uma versão pobre de si mesma. O tema eram os “fantasmas do passado”, uma alusão aos governos dos tucanos — na propaganda de Santana, se Aécio vencesse, eles voltariam. Antes do auge da crise econômica, a propaganda ainda podia ser vista sem ser considerada estelionato eleitoral.

“Houve uma mistificação dos marqueteiros”, afirmou José Crispiniano, coordenador de comunicação da campanha petista. “Eles também são publicitários de si mesmos. Agora estamos trabalhando um pouco diferente. Os recursos digitais permitem fazer mais com menos recursos.” A estimativa é que os gastos da campanha petista não cheguem a R$ 50 milhões. Para um grupo do núcleo duro petista, os tempos áureos de João Santana são lembrados com lamento. “Saímos do João para o terceiro do Sidônio. É difícil”, disse um petista paulista a ÉPOCA.

O jornalista Manoel Canabarro, escolhido por Ciro Gomes nesta disputa presidencial, também é pupilo de Mendonça. Mais do que isso, é uma solução caseira, já que aconselha Ciro e seu irmão, Cid Gomes, há uma década. Com pouco tempo de televisão, Ciro Gomes apelou para as mídias sociais, onde tem fãs cativos. Assim como outros candidatos com muitos seguidores, não precisa pagar para ter o impulsionamento nas redes sociais — basta usar sua equipe para produzir vídeos mais curtos e diretos para a web e falar diretamente com seu público.

A reportagem perguntou ao cineasta Fernando Meirelles, voluntário na campanha de Marina Silva, qual é sua opinião sobre os valores inflacionados cobrados pelos marqueteiros das eleições anteriores. São necessários R$ 70 milhões para produzir vídeos para uma campanha presidencial, como João Santana recebeu de Dilma em 2014? “‘Inflacionado’ é de uma delicadeza ímpar”, respondeu Meirelles, por e-mail. “Aquilo lá foi crime mesmo, com condenação e prisão. Com o salário do Santana, dava para produzir todas as campanhas de todos os partidos este ano.”

Segundo Fernando Meirelles, a ideia de que um publicitário possa mudar o resultado de uma eleição é parcialmente falsa. “Alguém que sabe lidar com imagem, reforçar pontos positivos e jogar para baixo do tapete os negativos pode ajudar, mas o carisma do candidato parece ser o que decide.” Não à toa, afirmou, Lula é um “superstar” e Henrique Meirelles e Alckmin não decolam. “Independentemente de (os dois últimos) serem competentes ou não, para o eleitor são sem graça. Não vieram com o software do carisma, e aí não há publicitário que resolva. Fatalidade.”

A campanha de Alckmin tem sofrido, de fato, para dar os golpes de marketing político usuais. O marqueteiro encarregado da campanha é Lula Guimarães, responsável pela campanha de João Doria à prefeitura de São Paulo. Na pré-campanha, Alckmin se uniu com os partidos do centrão — PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade — para ganhar tempo de televisão. Com cinco minutos e 32 segundos, mais que o dobro do que dispõe Fernando Haddad, do PT, o segundo em tempo, e R$ 44 milhões de Fundo Eleitoral, acreditava-se que o tucano cresceria e tomaria o lugar de Bolsonaro nas pesquisas. A previsão, repetida com confiança por diversos marqueteiros ouvidos para esta reportagem, provou-se jurássica. Mesmo sem TV e internado em um leito de hospital, Bolsonaro manteve seu eleitorado cativo com suas redes sociais e cresceu ainda mais.

O resultado foi uma progressão de agressividade. A primeira propaganda de Alckmin, conceitual, dizia que os problemas do país não se resolvem na bala, ao som de música clássica (soube-se depois que a peça era uma cópia despudorada de uma propaganda inglesa). Em seguida, Bolsonaro foi acusado de agredir mulheres, de ter algo “contra pobre” e, por fim, de ser o Hugo Chávez brasileiro. No começo, Alckmin não dava as caras para detonar o concorrente. Isso mudou ao longo do tempo. Em programa que foi ao ar na semana passada, o tucano disse que o capitão é “um despreparado, que representa um verdadeiro salto no escuro”, “já mostrou simpatia por ditadores” e “já defendeu o uso da tortura”, e que o PT, por outro lado, é “radical e extremista” e “foi envolvido no maior esquema de corrupção do mundo”.

O resultado dessa pancadaria diária tem sido inócuo para o tucano, embora ela esteja ajudando a manter Bolsonaro no topo dos candidatos mais rejeitados pelos eleitores. Por causa dessa propaganda negativa, Lula Guimarães foi comparado a João Santana, mas sua estratégia não afetou o adversário de Alckmin como Santana atingiu Marina Silva em 2014. Provou-se que já não faz mais sentido convencer o eleitor só com a TV. A aposta de Alckmin em outras mídias foi tão modesta que sua equipe de redes sociais tem 50 pessoas. Em 2014, numa campanha menos digital, Aécio tinha 250 pessoas.

“A estrutura era muito maior que o necessário”, afirmou Antonio Risério, escritor que trabalhou na campanha de Lula em 2002 e 2006 e, depois, com Eduardo Campos e Marina Silva em 2014. “O marketing político foi o casamento do alto nível tecnológico com o baixo nível ético. Os salários eram astronômicos. O ideal seria que a gente voltasse a ter políticos se dirigindo à população, dizendo suas propostas, mas continuamos com os mesmos cacoetes e vícios daquela época, só que sem dinheiro e sem aparatos tecnológicos. Os mesmos princípios, mas sem talento e sem dinheiro.”

Lula Guimarães, segundo Risério, é “louco” por Duda Mendonça. Os dois se conheceram na campanha de Campos e Marina Silva, em 2014. “Eu o chamo de Lula Mendonça, ele me odeia por causa disso. Uma vez tivemos uma reunião e ele citou umas dez vezes o livro de Duda (Casos e coisas), eu tive de interromper e dizer: ‘Lula, pare de citar isso para mim, quem escreveu esse livro fui eu’. O Duda é um analfabeto, só assinou.” Apesar disso, Duda Mendonça “tem um grande talento”, ressalva Risério, que hoje saiu do ramo do marketing. “Duda é excepcionalmente criativo, muito mais do que o João Santana. Mas o João é um cara muito mais sólido, lê, pesquisa.”

O consultor político Bruno Hoffmann lamenta que os grandes marqueteiros “não estejam por aí dando aulas, escrevendo sobre suas técnicas”. Para se opor ao que ele chama de “demonização” de sua profissão, Hoffmann criou o Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (Camp). “Durante o horário político, é preciso de estrutura para dar respostas muito rápidas. Colocar os marqueteiros como vilões é falacioso. Não são R$ 10 milhões que vão para o bolso de alguém porque teve uma ideia brilhante. Esse dinheiro está pagando um exército de pessoas necessárias para a democracia. Se não fosse pelo nosso trabalho criativo, as pessoas se relacionariam muito menos com política.”

Com a nova regra de financiamento eleitoral, quem trabalha em campanhas para candidatos com menos verbas sofreu para conseguir aprovar orçamentos nestas eleições. Muitos candidatos contrataram soluções baratas de vídeo, com equipes reduzidas, ou até fizeram gravações com o celular, como Paulo Skaf (MDB), candidato a governador de São Paulo. Um marqueteiro ouvido pela reportagem orçou a coordenação digital para uma campanha a governador de estado em R$ 300 mil. Perdeu para um concorrente que ofereceu o mesmo serviço por 10% do valor.

A reforma do financiamento eleitoral que proibiu doações empresariais e estabeleceu limites para gastos partiu do pressuposto de que política é algo ruim, disse Darlan Campos, publicitário do Espírito Santo. “Agora temos de ser mais criativos, com menos dinheiro. Antes, era como matar uma barata com uma bazuca”, comparou. Para Fernando Tembra, que trabalha na tesouraria da campanha de Meirelles, no entanto, as campanhas eleitorais, antes das novas regras, pareciam com o mercado de casamentos. “Vai comprar um bolo? Custa R$ 1.000. É para eleição? Custa R$ 5 mil.”

O publicitário Paulo de Tarso, marqueteiro de Lula em 1989 e 1994, conhecido pelo jingle “Lula lá”, foi uma das vítimas das vacas magras. Ele teve de abandonar a campanha à reeleição de Márcio França (PSB), governador de São Paulo, quando se constatou que seu serviço era mais caro do que o candidato poderia pagar. Antes de o PSB se declarar neutro na eleição presidencial, havia uma perspectiva de aliança com o PSDB que poderia render uma verba extra para a campanha de França. Mas, como a aliança não ocorreu, o marqueteiro teve de sair da campanha. As despesas de França são de, até agora, R$ 2,2 milhões.

O atraso na distribuição do Fundo Eleitoral fez com que muitos candidatos não pudessem imprimir material e começassem a produzir programas de TV só às vésperas do início da campanha. “Muitos começaram a gravar apenas uma semana antes da estreia dos programas”, afirmou Tarso. A essa altura, em eleições anteriores, os candidatos já estavam com as equipes na rua, fazendo pesquisas. “Agora não são mais equipes, é equipe. Pela minha experiência, o que está acontecendo agora é o caos. Boa parte das campanhas não soube quanto podia investir até a última hora, está atrasada com os profissionais que já estão trabalhando.” Após se retirar da campanha de França — que, frisa, foi “legal comigo” —, Tarso passou a trabalhar só na campanha do ex-juiz federal Odilon Oliveira (PDT) a governador em Mato Grosso do Sul e na do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) ao Senado em Goiás.

De todos os presidenciáveis, o que mais se prejudicou com a falta de verba foi Marina Silva. “Fizemos todos os programas em um dia só, um domingo”, disse o coordenador de comunicação da campanha da candidata, Claudio Angelo. “Ficamos das 3 da tarde à meia-noite em um estúdio em São Paulo gravando 14 comerciais. Tivemos de fazer essa maratona porque não temos dinheiro para pagar as diárias do estúdio”, afirmou. Marina Silva recebeu R$ 5,3 milhões de Fundo Público Eleitoral, mas havia gasto menos do que isso até a última semana.

Apesar da aversão a marqueteiros, a campanha da candidata da Rede recorreu a alguns truques de gestão de imagem, que, pelos últimos resultados das pesquisas de intenção de voto, parecem não ter funcionado. A ex-senadora mudou o penteado, usou roupas mais despojadas e tentou assumir uma postura mais agressiva nos debates. Quase sem tempo de televisão, apelou para transmissões nas redes sociais. Ao contrário de candidatos que usam as redes o ano todo, como Ciro Gomes e Bolsonaro, o engajamento conseguido por Marina Silva é pífio. O jogo mudou e, para ganhar seguidores, é preciso aumentar o volume da gritaria não só nos debates, mas também no Facebook, no Twitter e no WhatsApp. Quem precisa de marqueteiro para isso?

Para conquistar hoje o eleitor, é preciso fazer barulho não apenas nos debates, mas também no Facebook, no Twitter e no WhatsApp