domingo, 30 de janeiro de 2022

Minha alma está em brisa( Mário de Andrade FAKE)

 



MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA

https://brasiliarios.com/cronicas-agudas/80-antonio-carlos-queiroz/1812-minha-alma-esta-em-brasa-ou-brisa-bro

 Mário de Andrade FAKE


Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.

Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; O primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis ​​em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado.

Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.

Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa ... Sem muitos *doces no pacote ...


Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros. Que não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não se consideram eleitos antes do tempo. Que não  ficam longe de suas responsabilidades. Que defendem a dignidade humana. E querem andar do lado da verdade e da honestidade.

O essencial é o que faz a vida valer a pena.

Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas ...

Pessoas a quem os golpes da vida, ensinaram a crescer com toques suaves na alma

Sim ... Estou com pressa ... *Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.

Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.

Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.

Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só tem uma...


Envie para todos os seus amigos mais de 40, 50 anos ou mais.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

É hora de pragmatismo e perseverança ao tratar do preço dos combustíveis(Décio Oddone, Janeiro de 2022)

 Décio Oddone: É hora de pragmatismo e perseverança ao tratar do preço dos combustíveis


Escrevo neste espaço há quase dois anos. Já perdi a conta de quantas vezes o assunto foi o preço dos combustíveis e aguardo o dia em que essa questão esteja superada. Como surgem ideias para evitar os repasses ao consumidor cada vez que os preços sobem muito, parece que esse momento ainda está longe. Conceitos já explorados, insistentemente, ao longo de um século, aqui e em outros países, como controle de preços, fundo de estabilização, mecanismos de amortecimento e taxação das exportações voltam à cena como se representassem a solução mágica para o problema da volatilidade.


Há países que adotam políticas para evitar repasses ao consumidor quando o preço do petróleo sobe. Alguns definem preços diretamente. Aplicam subsídios diretos ou indiretos, financiados pelo refinador, normalmente uma empresa estatal, ou pelo Tesouro. Outros, menos de 10%, empregam mecanismos de amortecimento, como sistemas de bandas, prazos mínimos entre reajustes ou estoques reguladores. O financiamento também acaba sendo viabilizado por aportes diretos do Tesouro ou por fundos criados com esse objetivo.


No entanto, a esmagadora maioria dos países, perto de 80% do total, notadamente os mais bem sucedidos econômica e socialmente, adota um mercado aberto, em que os agentes econômicos são livres para definir preços, que entram em equilíbrio por ação da concorrência. A maior parcela dos impostos é calculada de forma ad rem, ou seja, através de um valor fixo por litro. A cadeia de abastecimento e a tributação trabalham para mitigar a volatilidade dos preços, que ocorre a nível da commodity. O livre mercado garante o suprimento e a qualidade dos produtos, incentiva a concorrência e promove a segurança jurídica.


O emprego de políticas de estoques, reajustes periódicos, bandas de preços, fundos e mecanismos de amortecimento é exceção, não a regra. E se revelou ineficaz. Geralmente medidas desse tipo foram implementadas em situações de pressão, gerando expectativas que não se concretizaram no longo prazo. Acabaram sendo abandonadas ou limitadas, após produzir custos elevados. Não faltam exemplos para comprovar.


O Brasil encontra-se em um momento de transição. A Petrobras era monopolista até 1997. A quebra do monopólio ainda não se refletiu plenamente no abastecimento de combustíveis. Os preços foram liberados em 2002, mas os valores cobrados pela estatal continuaram contemplando algum grau de absorção das flutuações no mercado internacional. Isso era possível porque a empresa detinha o monopólio de fato do refino e atuava na importação e na distribuição de combustíveis. O quadro mudou a partir de 2014 e a companhia passou a respeitar a paridade de importação. Uma mudança estrutural, no entanto, só veio a partir de 2018/2019, quando, após a greve dos caminhoneiros, a abertura do setor de refino e a saída da estatal da distribuição de combustíveis começaram a se concretizar.


A Petrobras já transferiu a refinaria de Mataripe para uma empresa privada, está em negociações avançadas para concluir a venda de outras unidades e alienou suas participações em empresas distribuidoras de combustíveis. O monopólio de fato no refino e a capacidade de intervenção nos preços estão deixando de existir. Mas isso não parece bem entendido por alguns dos grupos que defendem medidas emergenciais para controlar os preços dos combustíveis.


Reduzir o valor da gasolina, do diesel e do gás de cozinha em R$ 1 custaria algo como R$ 100 bilhões por ano. Nas condições atuais, um aumento de US$ 1 no preço do petróleo implica um impacto de cerca de 1,3% nos preços ao consumidor e um crescimento de mais de R$ 1 bilhão na arrecadação anual dos entes federativos. Esse valor é da ordem de um terço do custo repassado aos consumidores dos três principais derivados. Calibrar o nível dos tributos ou empregar receitas públicas e excedentes de arrecadação produzidos por aumentos no valor do petróleo para mitigar as variações nos custos dos derivados seria uma decisão política legítima, como foi o subsídio ao diesel adotado em 2018. E como seria o descongelamento do valor do ICMS cobrado pelos estados. Porém, a volta da cobrança do imposto estadual sob a forma de um porcentual (ad valorem) iria na contramão de como os combustíveis são tributados no mundo, amplificando a volatilidade dos preços e, possivelmente, produzindo mais aumentos para o consumidor e maior arrecadação para os estados.


Um fundo de estabilização é de difícil implementação e tem escassas chances de funcionar. Basta lembrar a experiência passada com a Cide e com o Fundo Social do pré-sal. A taxação das exportações seria um retrocesso quando o País necessita de investimentos para aumentar a produção. Uma intervenção nos preços, com a adoção de um valor médio que consideraria a produção local e a importação, só seria factível em um ambiente de monopólio, pois seria impraticável compatibilizar os preços da Petrobras, dos outros refinadores e dos diferentes importadores, cada um com uma base de custo diferente.


O País nunca esteve tão próximo de ter um mercado livre, aberto, dinâmico e competitivo no setor de combustíveis. Os preços domésticos nunca estiveram tão alinhados aos internacionais. É hora de, com pragmatismo e perseverança, concluir a abertura iniciada em 1997, não de voltar a adotar medidas que nunca funcionaram.


*Décio Fabrício Oddone da Costa é CEO da Enauta S.A. e escreve mensalmente para o Broadcast Energia. Este artigo representa exclusivamente a visão do autor.


Broadcast Energia

domingo, 23 de janeiro de 2022

As muitas sobrevidas de Elza

 As muitas sobrevidas de Elza

domingo, 23 de janeiro de 2022 


Folha de S. Paulo  | Opinião   |   Ruy Castro

Na noite de 19 de dezembro de 1973, Elza Soares chegou ao último andar do Maracanã e viu lá de cima o anel do estádio tomado. Eram 131.555 pessoas. Suspirou e disse para um amigo: "Agora eu posso morrer". Ali se realizava seu sonho: um jogo de despedida para Garrincha, o homem que ela amava e a quem o Brasil devia duas Copas do Mundo e um milhão de alegrias -o Jogo da Gratidão, entre a seleção de 1970 (com o já simbólico Garrincha no ataque) e um combinado de craques estrangeiros. Nunca um jogador recebera tal homenagem no Brasil.


Fora dela a ideia e, graças à sua luta, reunindo ex-jogadores, jornalistas, cartolas e políticos, ele iria acontecer. Fora dela também a exigência de que parte da renda se destinasse a comprar um apartamento e abrir uma poupança para cada uma das oito filhas de Garrincha -até para que cessasse a perseguição a eles. Foi sua primeira vitória sobre a intolerância, o moralismo e a hipocrisia. Daí ela achar que já "podia morrer".


Mas Elza não morreu. Tinha então 43 anos e viveria outros 48, suficientes para mais uma ou duas vidas. Nenhuma outra artista brasileira teria tantas sobrevidas. Basta somar os dramas, tragédias, declínios, voltas por cima e novos apogeus que ela experimentaria até quinta-feira (20), quando finalmente partiu.


A trajetória de Elza foi ainda mais dura do que se tem dito nos obituários e programas a seu respeito. Ela passou décadas escondendo a idade. Dava a entender que a menina que fora ao programa de rádio de Ary Barroso dizendo ter vindo do "Planeta Fome", em 1953, era uma adolescente. Não era. Já tinha 23 anos, porque nascera em 1930. E ainda levaria outros seis até ser descoberta por Sylvia Telles na boate Texas, no Leme, em 1959, e levada à consagração na gravadora Odeon.


Sua vida, portanto, começou aos 29 anos. Foi o tempo que lhe custou para se tornar a Elza Soares que chegaria, invicta, aos 91.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Despedida, por Ugo Giorgetti(21 1 2022)

 DESPEDIDA

por Ugo Giorgetti - 21/jan/2022


http://www.ultrajano.com.br/despedida/



O casal era uma bomba, que explodiu em cheio quando se mostrou publicamente. Lembro-me de acusações grosseiras, agressões e falatórios horrorosos que teriam liquidado gente menos especial que os dois. Eles, de uma maneira ou de outra, foram em frente e, aos trancos e barrancos, ficaram juntos muitos anos


Há mais ou menos 60 anos, um homem e uma mulher se conheceram, iniciaram um romance e pouco depois viraram personagens do maior escândalo da época, que sacudiu tanto o futebol como a Música Popular Brasileira. O nome dela era Elza Soares. O dele, Manoel Francisco dos Santos, o Garrincha.


De fato, não creio que jamais tenha conhecido casal com tão grandes possibilidades de afrontar os costumes da época de forma total. Nunca vi gente que reunisse em si tudo o que parte substancial da sociedade brasileira abomina. Eram de origem humilde, pobre, mas, apesar disso, tinham conseguido se tornar célebres em suas respectivas profissões, o que tornava essa união ainda menos aceitável. Como um jogador de futebol e uma cantora, ambos negros, ele casado e com vários filhos, têm a coragem de se unir, passando a viver juntos em plena luz do dia?


Analisando os dois separadamente, já ficava claro que eram exceções, gente diferente, que, exatamente por isso, costuma pagar alto preço por se afastar ou negar a norma e o lugar comuns.


Ele era um jogador, embora admirado, idolatrado mesmo, não confiável. Seu estilo individualista, sua despreocupação quanto a esquemas táticos, seu pendor para divertir o público com fintas e firulas faziam dele um ídolo popular, mas não um ídolo entre dirigentes, treinadores e gente responsável de maneira geral. Sua carreira repousava sobre o físico. Enquanto sua arrancada para a direita, sempre repetida, conhecida por qualquer zagueiro, continuasse impossível de ser detida, tudo ia muito bem. Fazia, aliás, parte do espetáculo saber exatamente o que ele iria fazer e ainda assim a impossibilidade de ser impedido. Era uma unanimidade entre o público de futebol da época, completamente diferente em tudo do de hoje.


Ela, por seu lado, era também uma cantora de dificílima definição. Apareceu na música popular quando esta se modificava de maneira brusca e definitiva, com a entrada em cena de uma geração classe média, bem informada, inteligente, que tinha entre suas ambições colocar um pouco de otimismo, bom gosto e suavidade numa música que, segundo alguns, era carente disso tudo. O modo de Elza Soares cantar não combinava com nada disso. Diziam que a Bossa Nova tinha enorme influência do Jazz. Não tinha. Quem tinha influência do Jazz era Elza Soares, com sua voz crispada, seus improvisos súbitos no meio da música, que a transformavam numa cantora fora dos padrões brasileiros consagrados, com seus efeitos rascantes, guturais, lembranças de negros americanos que ela, penso eu, só conhecia por instinto e por intuição. Não consigo ver Elza Soares cantando com a suavidade exigida “o barquinho vai, a tardinha cai”, nem imaginá-la numa reunião no apartamento de Nara Leão, na Avenida Atlântica. Como Garrincha, seu talento não passava despercebido, isso era impossível, mas ao mesmo tempo não se sabia como classificá-la no universo da canção brasileira. Além disso, muita gente torcia o nariz para seu jeito de se apresentar, sem esconder uma sensualidade à flor da pele.


O casal era uma bomba, que explodiu em cheio quando se mostrou publicamente. Lembro-me de acusações grosseiras, agressões e falatórios horrorosos que teriam liquidado gente menos especial que os dois. Eles, de uma maneira ou de outra, foram em frente e, aos trancos e barrancos, ficaram juntos muitos anos.


O que os golpeou fortemente foi o fato de que um jogador de futebol tem carreira infinitamente mais breve do que uma cantora. Quando ela nem tinha ainda atingido seu ápice, Garrincha descia a montanha inexoravelmente e, claro, isso não lhe escapou. Quando percebeu que o arranque da perna direita não tinha mais aquela repentina força e velocidade, quando o lance magistral que tinha criado começava a ser detido, percebeu que o futebol acabava e talvez isso o tenha feito beber ainda mais.


Todos bebiam muito naquela época, principalmente a classe social mais baixa. Cachaça, caninha, rabo de galo, conhaque e não sei mais o que não chamavam a atenção de ninguém. Garrincha era apenas um dos que bebiam e, acho, não tenho certeza, passou a beber cada vez mais pesado, à medida em que seu futebol declinava. Estavam estabelecidas as condições necessárias para uma clássica história de amor, infeliz e trágica. O desfecho veio com a separação e, depois, a morte do jogador em 1983, completamente entregue à bebida, à solidão e ao desespero. A bebida matou Garrincha, mas a causa da bebida foi a falta do futebol. Garrincha morreu ao ver que não podia fazer o que mais amava. O que amava mais do que a Elza Soares.


Ela seguiu sua vida. Nunca deixou de cantar. Talvez também amasse mais sua música do que a Mané Garrincha. Durante esses longos anos que separam a morte de Garrincha da dela, que ocorreu nesta quinta-feira, 20 de janeiro, esteve imperturbável, cantando. Por mais que os gostos mudassem, os comportamentos fossem outros, ela não mudou. Nunca soube que tenha se queixado de qualquer coisa, de qualquer agressão, qualquer ataque. E foram muitos. Também nunca se arrependeu publicamente de coisa alguma. Esse estoicismo admirável ninguém lhe pode negar.


A história desse casal exige o talento de um grande escritor, desses capazes de estar à altura dos maiores temas da literatura, sobretudo o tema do amor trágico. Haverá esse escritor entre nós?

sábado, 8 de janeiro de 2022

Países miseráveis ou destroçados por guerras “viraram” o ensino(Veja, 7 1 22)

 VILMA GRYZINSKI - A ESPERANÇA DE REDENÇÃO

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022


Revista Veja  | Colunistas   |   VILMA GRYZINSKI

Países miseráveis ou destroçados por guerras “viraram” o ensino





Você está preparado para as platitudes que os candidatos vão falar sobre educação, se se derem ao trabalho, lá pelo fim dos discursos que desafiarão nossas paciências neste ano? Um bom treinamento pré-eleitoral para os brasileiros com senso de honra pode ser colocar como tela de fundo de seus celulares os resultados do PISA, a pesquisa sobre educação feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Em termos educacionais, o 662 lugar do Brasil, num total de 77 países, é o equivalente à “fila dos ossos”, o colar de humanos desvalidos à espera de restos de açougue que aflorou em cidades brasileiras. A classificação é de 2018 — o PISA 2021 foi postergado por causa da pandemia. Nos cinco lugares acima do Brasil estão Peru, Bósnia, Azerbaijão, Cazaquistão e Colômbia. Para não nos desesperarmos, e buscarmos lições valiosas, é bom olhar também para vários dos melhores classificados e lembrar que já foram países miseráveis, subdesenvolvidos, destroçados por guerras ou esmagadoramente analfabetos — quando não tudo isso junto.





Singapura, que aparece ora em primeiro, ora em segundo lugar nos indicadores mundiais de educação, era um dos lugares mais atrasados do mundo e, apesar da localização estratégica como porto e entreposto comercial, desmerecido até pelos colonizadores ingleses. Gradualmente povoada por agricultores chineses trazidos para trabalhar no cultivo da pimenta-do-reino, tinha o potencial de conflito com a população original, de etnia malaia, e recursos zero em um território equivalente à metade da cidade de São Paulo. Criou um sistema educacional tão sofisticado, com um currículo voltado para a matemática e a ciência, que professores de ensino médio ganham o equivalente a 90 000 dólares por ano — isso depois de passar por um concurso disputadíssimo, reflexo da valorização reservada aos educadores, típica das sociedades asiáticas influenciadas pelo pensamento confuciano, onde os detentores do saber ocupam o topo da escala social. A Coreia do Sul é outro país asiático que deu um salto inacreditável, indo da ocupação japonesa e de uma devastadora guerra desfechada pelos comunistas do norte para mais de 70% da população entre 25 e 34 anos com educação superior.





Desde 1990, o orçamento para a educação quintuplicou, mas corresponde a apenas 3,4% do PIB — no Brasil, são 6%. O incentivo familiar é tão competitivo que o governo proibiu aulas particulares depois das 10 da noite. Fora da esfera asiática, há fenômenos como a Estônia, um país báltico de 1,3 milhão de habitantes — pouco menos que o número de militares russos, cuja invasão os estonianos passam o tempo todo temendo —, que ficou em quinto lugar no PISA. A Polônia, em 11º — uma posição à frente do Reino Unido, o país onde mais de 1,5 milhão de poloneses foram procurar trabalho depois da era soviética. Aos que os menosprezavam como incultos, podem exibir com orgulho o salto educacional que deram. Devido às diferenças históricas e culturais, muitas experiências dos que “viraram” as condições de ensino são intransferíveis, mas isso não elimina a pergunta principal: se países que vieram de condições tão desfavoráveis conseguiram, por que não conseguiremos também? Ou nos resignamos a deixar nossas crianças e nossos jovens eternamente na fila dos ossos? 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Por que não é viável, sustentável ou necessário vacinar toda população mundial a cada 6 meses(BBC, 5 1 22)

 Por que não é viável, sustentável ou necessário vacinar toda população mundial a cada 6 meses

Lauren Turner

Da BBC News

5 janeiro 2022

Vacinar todas as pessoas no planeta contra a covid-19 regularmente não é viável, sustentável ou necessário, segundo o especialista Andrew Pollard, que ajudou a desenvolver a vacina Oxford-AstraZeneca.


Ele defende que as pessoas mais vulneráveis devem ser identificadas e priorizadas.


O professor Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group, disse ao programa de rádio Today, da BBC: "Não é realmente viável, sustentável ou provavelmente mesmo necessário vacinar todas as pessoas do planeta a cada quatro ou seis meses".



"Nós nem mesmo conseguimos vacinar todos na África com uma dose, então certamente não vamos chegar a um ponto em que a quarta dose para todos seja viável."


Ele disse que o Reino Unido, que atualmente está fazendo uma campanha para vacinar sua população com a terceira dose, pode ficar bem se as novas variantes continuarem provocando doenças mais brandas, como foi o caso da ômicron.



"Poderemos vir a precisar de reforços para os vulneráveis da população, mas acho altamente improvável que tenhamos programas em andamento regularmente para estimular todos com mais de 12 anos de idade", acrescentou.


Pollard disse que aqueles que precisam de mais reforços provavelmente são adultos mais velhos ou pessoas com problemas de saúde.


"Haverá novas variantes após a ômicron", acrescentou. "Ainda não sabemos como elas irão se comportar — e isso pode mudar completamente a visão sobre o que é a coisa certa a fazer."


Pollard é presidente do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI, na sigla em inglês), que assessora o governo sobre vacinas, mas não tem envolvimento na tomada de decisões sobre as vacinas no Reino Unido.


A ministra de Vacinas e Saúde Pública, Maggie Throup, disse à BBC que o governo seguiria o conselho da JCVI sobre a necessidade ou não de haver um programa de quarta dose da vacina contra covid.


Ela disse que é importante que as pessoas recebam a terceira dose agora — ou a primeira ou a segunda dose no caso dos ainda não vacinados.


Otimismo cauteloso



O especialista em doenças infecciosas Neil Ferguson disse estar "cautelosamente otimista" com o fato de os casos de covid estarem começando a se estabilizar em Londres na faixa etária de 18 a 50 anos, que tem visto números especialmente altos.


O epidemiologista disse que o número de casos deve começar a cair na próxima semana na capital inglesa, e em outras regiões de uma a três semanas.


Ele também disse os números atuais não refletem com precisão o quadro verdadeiro da doença — que provavelmente é pior do que se imagina. Isso acontece porque não houve kits de teste suficientes para todo mundo durante o feriado de Natal.


Além disso, as reinfecções não estão sendo contadas nos números oficiais — cerca de 10% a 15% dos casos de ômicron são reinfecções, segundo ele.


Mas é muito cedo para se prever o que acontecerá nos próximos dias, especialmente por causa da volta às salas de aula esta semana no país, depois do feriado de fim de ano.


Sindicatos de professores dizem que é provável que alguns alunos sejam mandados para casa para fazer aulas remotas, prevendo ausências de professores que estejam contaminados. O ensino presencial continuará a ser a norma, afirma o secretário de Educação da Inglaterra, Nadhim Zahawi.


O professor Ferguson disse que é provável que haja "níveis bastante altos de infecção" em crianças em idade escolar — embora com doença leve.


O fato de a ômicron ser menos grave do que as variantes anteriores é uma "boa notícia" e as vacinas estão "resistindo bem a doenças graves", acrescentou.


Mas "isso não significa que não serão, como disse o primeiro-ministro, algumas semanas difíceis para o NHS (sistema de saúde britânico)".

Analistas veem fracasso neoliberal e retorno ao passado em série de artigos(FSP, 7 1 22)


 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Três perguntas para Niall Ferguson(Revista Poder,| Coluna da Joyce, 5 1 22)

 3 PERGUNTAS PARA... NIALL FERGUSON, professor da Universidade de Harvard e um dos mais renomados historiadores da atualidade. Autor do recém-lançado Catástrofe (ed. Crítica)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022 


Revista Poder  | Coluna da Joyce   |   JOYCE PASCOWITCH, COM DADO ABREU

POR QUE ALCANÇAMOS TANTOS AVANÇOS NA CIÊNCIA, COMO A PRODUÇÃO DE VACINAS EM TEMPO RECORDE, MAS NÃO EVOLUÍMOS COMO SOCIEDADE? Nosso conhecimento científico, sem dúvida, não tem precedentes na história humana. Contudo, você pode ter os avanços científicos mais sofisticados, com Ph.Ds. conduzindo trabalhos multidisciplinares, mas se a população permanecer analfabeta, do ponto de vista científico, e suscetível ao pensamento mágico das redes sociais e teorias da conspiração, os avanços não terão aceitação pública. E é por isso que as vacinas, que têm alta eficácia e risco baixíssimo, foram rejeitadas por, pelo menos, 1/5 dos americanos. Uma segunda resposta é sobre as estruturas burocráticas que proliferam no mundo desde 1970. O estado administrativo produz planos para desastres, mas que se desintegram com o contato com a crise real. Essa combinação explica por que nosso vasto conhecimento não pode ser traduzido em respostas eficazes aos desastres quando eles acontecem. Não se trata apenas de compreender um novo patógeno, é sobre ter uma estratégia bem preparada para detectá-lo. Taiwan e Coréia do Sul mostraram que isso poderia ser feito. Os EUA e a maior parte da América Latina se saíram muito pior. Todos nós tivemos acesso à mesma ciência.





NESTE SENTIDO, COMO TORNAR AS REDES SOCIAIS MENOS PERIGOSAS? Disjuntores. Você precisa ser capaz de isolar as fontes de contágio e excluí-las temporariamente da rede. Uma sociedade hiperconectada é altamente vulnerável ao contágio, e não apenas com os vídeos de gatos que se tornam virais - esse foi o argumento de A Praça e a Torre: Redes, Hierarquias e a Luta pelo Poder Global (ed. Crítica). Acho que agora isso é óbvio para todos. Com a ciência em rede, podemos entender melhor como limitar a propagação de uma pandemia e de uma “infodemia”, porque podemos identificar quem são os propagadores.





O PRÓXIMO DESASTRE PODE SER AMBIENTAL? SOMOS RELUTANTES EM ACEITAR ISSO? Acho que reconhecemos desastres reais, incluindo a possibilidade de mudanças climáticas severas. Na verdade, somos ruins em fazer algo para evitá-los. Se o movimento verde realmente se importasse com as mudanças climáticas, adotaria a energia nuclear e o gás natural como uma tecnologia de transição, enquanto as energias renováveis se tornam mais eficientes.


domingo, 2 de janeiro de 2022

A opção pelo hidrogênio verde(Celso Ming, Estado, 2 1 22)

 A opção pelo hidrogênio verde

domingo, 2 de janeiro de 2022 


O Estado de S. Paulo  | Economia   |   Celso Ming

A Conferência do Clima da ONU (COP-26), que se realizou na primeira semana de novembro na Escócia, depositou grandes esperanças no hidrogênio verde, o combustível que poderia, em princípio, apressar a substituição dos produtos de origem fóssil.


Mas falta muito para garantir que seja o caminho a ser trilhado na peripécia da descarbonização do planeta. Este é um tema que esta Coluna já tratou no dia 29 de julho de 2021 (A vez do hidrogênio verde), mas, dado o protagonismo esperado pelos ambientalistas, é preciso avaliar melhor do que se trata.


As principais fontes de energia renovável, como a eólica e a solar (exceção feita à energia nuclear, que enfrenta outros problemas), têm duas importantes limitações: são intermitentes e, em grande escala, não podem ser armazenadas. Quando há pouco vento, como em 2021 na Europa, ou pouco sol, a produção de energia elétrica por essas fontes é baixa. É o fator que compromete sua confiabilidade. Uma vez gerada, tem de ser imediatamente transmitida e consumida. É o que tentou explicar a então presidente Dilma quando disse que não dá para estocar vento. Nisso, a geração hidrelétrica tem uma vantagem porque sempre se pode estocar água nos reservatórios. Mas também depende das chuvas.


O hidrogênio é poderosa fonte de energia. É o principal combustível dos foguetes espaciais. Mas tem de ser obtido por hidrólise da água, que é a quebra da molécula H2O submetida a uma corrente elétrica. Pode parecer inviável usar volumes colossais de eletricidade para produzir energia elétrica. No entanto, o processo tenta superar o problema da intermitência da energia renovável. A proposta é usar a energia eólica e solar (enquanto houver vento e sol) para a eletrólise, que, por sua vez, vai produzir hidrogênio verde, este, sim, armazenável.


Mas, atenção, armazenável em termos. O hidrogênio é altamente inflamável. Foi o combustível que pegou fogo em um dos mais impressionantes desastres da história, a destruição do dirigível Hindenburg, em 1937, quando morreram 37 pessoas, em New Jersey. Foi o fim da Companhia Zeppelin.


Ainda não foi desenvolvido um sistema altamente seguro e economicamente viável de transporte e armazenamento. Quando isso acontecer, o hidrogênio poderá substituir o carvão mineral e o óleo combustível em atividades intensivas em carbono.


Com alto potencial de energia eólica e solar, o Brasil é forte candidato a ser produtor e exportador de hidrogênio verde e segue tentando. Recente regulamentação da Aneel deu aval para o funcionamento de usinas híbridas, o que tende a tomar as energias renováveis mais competitivas e, consequentemente, ajudar na produção do hidrogênio verde, que já conta com planta em instalação no País, no Porto do Pecém (Ceará).


A opção pelo hidrogênio verde só enfrenta um adversário potencial: o de que se encontre um meio de produzir baterias baratas capazes de armazenar energia elétrica em grande escala. ?

sábado, 1 de janeiro de 2022

a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada

 Como nos disse a saudosa Lya Luft: "a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada".

Por isso...

Encerre os ciclos, retire os lixos, vire a página (ou troque de livro), tome boas decisões, abandone maus hábitos, ressignifique momentos, abra a mente e o coração pra receber o novo em sua vida. Novo ano: novas oportunidades, novas chances de crescimento e recomeços. Novas Esperanças! 


Feliz 2022 !