quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Precaução ou Paralisação? (Décio Oddone/Evandro Caldas, Valor)

Princípio da precaução ou da paralisação?
Por Décio Oddone e Evandro Caldas 
Valor Econômico 27/02/2018

As sociedades contemporâneas enfrentam dilemas relacionados ao crescimento econômico, à geração de energia e aos seus potenciais reflexos. A solução encontrada para produzir mais desenvolvimento minimizando os impactos sobre o meio ambiente é a combinação do uso de energias renováveis com a aplicação de tecnologia para reduzir as emissões das fontes tradicionais, aumentar a eficiência energética, permitir a captura e armazenagem de carbono e reduzir os efeitos indesejáveis das atividades econômicas.
No Brasil há grupos que demandam um maior crescimento econômico ao mesmo tempo em que pregam que a energia só deve ser gerada a partir de fontes renováveis e que a exploração de petróleo e gás deve ser desestimulada. São objetivos incompatíveis.
Essa visão tem pautado a aprovação de novos projetos de geração de energia e de exploração de petróleo. As desejadas fontes renováveis de eletricidade têm limitações, como sazonalidade ou intermitência. Para que exista segurança no abastecimento, são necessários grandes reservatórios de água nas hidrelétricas. Ou mais geração nuclear ou térmica. Nenhuma dessas opções conta com a simpatia desses grupos.
Em um país que dispõe de uma infraestrutura única para o uso de biocombustíveis, o carro elétrico é enaltecido, sem que se discuta como será gerada a eletricidade que alimentará suas baterias. O petróleo caminha para a obsolescência, mas o mundo ainda vai utilizá-lo em larga escala por muitas décadas. Não há como abdicar do seu uso no horizonte visível. A exploração das reservas de petróleo e gás natural é questionada como se produzisse mais danos que benefícios. E como se os recursos que produz não fossem necessários para gerar riqueza.
Embora o artigo terceiro da Constituição diga que um dos objetivos da República Federativa do Brasil é erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, cerca de 50 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza.
Deixar de aproveitar os nossos recursos naturais e energéticos não é uma opção se quisermos tirar mais brasileiros da miséria. Se não explorarmos o nosso potencial energético e as nossas reservas de hidrocarbonetos, teremos que aumentar ainda mais as importações de combustíveis, prejudicando a balança comercial e exportando empregos. Fazê-lo sem proteger o meio ambiente e minimizar as emissões, também não.
Precisamos adotar posturas pragmáticas e responsáveis ao definir como combinar o aproveitamento dos nossos recursos com a preservação do meio ambiente. Não é o que se tem visto recentemente em discussões sobre a exploração das reservas de petróleo e gás natural. Um bom exemplo é o uso indevido do "princípio da precaução" como argumento para impedir o uso do fraturamento hidráulico na exploração de reservas não convencionais de petróleo e gás natural.
‪Não falta tecnologia para que possamos gerar energia e produzir petróleo e gás, até de fontes não convencionais
Esse conceito foi previsto na Declaração da Rio92 e determina: "De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental".
Esse princípio deve ser aplicado na forma expressa pela Rio92. Precaução significa cuidado, cautela, diligência. Não há dúvidas de que, quanto mais impactante para o meio ambiente, mais cautelosa e regulamentada deve ser a prática de uma atividade.
A questão é a forma como o citado princípio vem sendo aplicado em alguns casos no Brasil, numa vertente chamada de viés forte do "princípio da precaução". Os que usam o conceito da precaução de forma radicalizada exigem uma atividade isenta de riscos, 100% segura, o que é incompatível com qualquer atividade econômica moderna.
O professor de Harvard, Cass Sustein, crítico dessa aplicação do princípio, aponta que seu uso impõe um ônus de prova impossível de ser superado e que qualquer esforço para tornar a precaução universal provocará a paralisação de atividades econômicas importantes.
É justamente o que se tem visto nas discussões envolvendo o fraturamento hidráulico no Brasil. Aqueles que usam o princípio da precaução para impedir sua aplicação, muitas vezes como forma de impor um ponto de vista ideológico, somente focam nos riscos, desprezando os resultados positivos que a atividade produz, como a geração de emprego e renda.
Toda atividade econômica exige uma análise de custo benefício, feita da forma mais técnica e isenta possível. O fraturamento hidráulico vem sendo utilizado há décadas em vários países, em especial nos Estados Unidos, onde foi responsável por uma revolução que abalou os alicerces da indústria do petróleo. No Brasil, sem utilizar essa técnica, temos apenas 8.100 poços produzindo. Nos EUA há 977 mil. Em 670 mil deles foram utilizados o fraturamento e a perfuração horizontal, necessários para produzir recursos não convencionais. Se os riscos não fossem mitigáveis não seriam tantos poços.
Ao mesmo tempo em que o Texas, a Pensilvânia e outros estados americanos se beneficiam da sua utilização, regiões do Nordeste brasileiro estão impedidas de empregá-la. Enquanto isso, importam gás natural dos mesmos Estados Unidos, aumentando a geração de royalties, emprego e renda lá.
Não existem projetos sem risco e que não causem qualquer impacto. Mas não falta tecnologia para que possamos gerar energia e produzir petróleo e gás, inclusive de fontes não convencionais, de forma ambientalmente responsável.
Alegar a existência de riscos para impedir o desenvolvimento das nossas riquezas naturais, além de subestimar a nossa capacidade tecnológica, significa abrir mão de recursos que nos ajudariam a sair do subdesenvolvimento e da pobreza. É desconsiderar o risco de mantermos milhões de brasileiros na miséria.
Décio Oddone é diretor-geral da ANP
Evandro Caldas é procurador-geral da ANP

@CEP85 @Petróleo @ecologia

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Brasil, Potência Petrolífera Emergente (Baywatch, from Décio Oddone)

Feb 23, 2018 - Baywatch

Brazil’s Coming Oil Boom Will Weigh On Oil Prices. After years of mismanagement, there are signs that Brazil’s oil sector is about to change, and the world is on the cusp of witnessing the emergence of a Latin American petroleum superpower. A combination of reforms, including a formalized bidding process, relaxed local content rules, and the elimination of Petrobras’ exclusive rights to operate in the pre-salt area have made it far more appealing for foreign oil companies to invest in Brazil’s energy sector. This, in conjunction with firmer oil prices, falling lifting costs, and high demand for the commercially appealing light sweet crude produced from the pre-salt area has stimulated considerable interest among foreign businesses.

@cep85 @petróleo

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Amigos loucos e santos (Marcos Lara Resende)

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril. 


http://ozzcorp.blogspot.com.br/2014/01/amigos-loucos-e-serios-marcos-lara.html

@filosofia

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Memória da Literatura do Pará: RODRIGUES PINAGÉ

Memória da Literatura do Pará: RODRIGUES PINAGÉ: José Rodrigues Pinagé nasceu em 29 de outubro de 1895 em Natal (RN) e faleceu em 21 de agosto de 1973 em Belém do Pará. Foi poeta, ...

França proíbe extração de petróleo em todos os seus territórios

O parlamento da França passou a proibir a produção de petróleo e gás até 2040, um gesto em grande parte simbólico, uma vez que o país depende de 99% das importações de hidrocarbonetos.
Na votação apenas o partido republicano de direita se opôs, enquanto os legisladores de esquerda se abstiveram.
Não serão concedidas novas licenças para perfuração de poços de petróleo no mar, extrair combustíveis fósseis e nenhuma licença existente será renovada além de 2040, quando toda a produção na França continental e seus territórios ultramarinos serão interrompidas.
A parlamentar socialista Delphine Batho disse que esperava que a proibição fosse “contagiosa”, inspirando produtores maiores a seguir o exemplo.
A França extrai o equivalente a cerca de 815 mil toneladas de petróleo por ano – uma quantidade produzida em poucas horas pela Arábia Saudita.
Mas o presidente centrista, Emmanuel Macron, quer que a França tome a liderança como uma grande economia mundial que se desloca dos combustíveis fósseis – e da indústria nuclear – para fontes renováveis.
Seu governo planeja parar a venda de carros a diesel e a gasolina até 2040 também.
Acima de tudo, a proibição afetará as empresas que procuram petróleo no território francês da Guiana na América do Sul, ao mesmo tempo que proíbe a extração de gás de xisto por qualquer meio – sua extração por fracking foi banida em 2011.

https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2018/01/franca-proibe-perfuracao-de-pocos-de-petroleo-no-mar-em-todos-os-seus-territorios/33533
@ecologia @petróleo

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Vídeo: Porto Rico, Praia de Puerto Novo


No norte de Porto Rico existe uma praia chamada Puerto Novo. Nessa praia as ondas alcançam até 10 metros. de altura. O detalhe importante é que essa praia e protegida por pedras vulcânicas que impedem  que as ondas devastem a praia. É um grande espetáculo da natureza.

@turismo

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Economistas: ‘duplo mandato’ do BC é retrocesso (O Estado de São Paulo)

Para ex-integrantes do banco, cuidar de inflação e do crescimento econômico ao mesmo tempo poderia levar ao descontrole de preços



Fabrício de Castro / BRASÍLIA 22/03/18

A possibilidade de o Banco Central passar a perseguir dois objetivos – o controle da inflação e o crescimento econômico – é vista como um retrocesso por ex-presidentes e ex-diretores da instituição. Para eles, a introdução do chamado “duplo mandato” para o BC pode levar ao descontrole da inflação e até a questionamentos na Justiça sobre os Juros no País. No projeto de autonomia do Banco Central, que está sendo formulado pelo governo, uma das propostas é a de que a instituição passe a fazer política monetária com os olhos no controle de preços e também no crescimento econômico ou na geração de empregos.

Atualmente, o BC tem o foco voltado apenas para os preços, sendo que sua ferramenta para controle da inflação é a Selic (a Taxa Básica de Juros), hoje em 6,75% ao ano. O modelo estudado no governo é semelhante ao adotado nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) determina sua taxa de Juros de modo a controlar a inflação e, ao mesmo tempo, criar postos de trabalho.

Para o economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), essa ideia “não faz o menor sentido para uma economia como a brasileira”. “Em economias estabilizadas, com uma longa tradição de inflação baixa, você até pode se dar ao luxo de ter dois objetivos. Mas mesmo nos Estados Unidos o duplo mandato tem sido objeto de discussões, o que traz insegurança ao mercado e afeta as expectativas de inflação”, disse. Único. Os Estados Unidos estão sozinhos no modelo de duplo mandato.

As demais economias centrais e os países emergentes com economias relevantes possuem regra semelhante à adotada hoje no Brasil, em que o BC mira apenas a inflação. A lógica econômica por traz disso é a de que, com os preços sob controle, garante-se um crescimento sustentável ao longo do tempo. “Cumprindo bem sua função, de controle da inflação, o Banco Central acaba permitindo que se tenha um crescimento sustentável”, defendeu o ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola. “Impor ao BC uma obrigatoriedade de ter um ‘olho no peixe e outro no gato’ pode enfraquecer o controle da inflação, que é a tarefa precípua dos Bancos Centrais.

O crescimento da economia depende de vários outros fatores, e não só do Banco Central.” Loyola cita ainda o risco de com o duplo mandato as decisões do Banco Central sobre a Selic acabarem indo parar no Supremo Tribunal Federal (STF). “No Brasil, existe um excesso de judicialização. Imagine que o BC, com mandato duplo, esteja fazendo determinada política e que um partido ou o Ministério Público ache que ele controla a inflação, mas não gera emprego”, exemplificou Loyola.

“Então, o partido vai procurar o STF dizendo que o Banco Central não está cumprindo seu objetivo. De repente, teremos ministros do Supremo tendo de decidir se o BC deve baixar ou subir os Juros. Seria uma insanidade.” ‘Burrice’. Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, o economista Alexandre Schwartsman, da Schwartsman e Associados, qualifica a ideia do governo de estabelecer duplo mandato para o BC como uma “burrice atroz”. “Se forem estabelecidos dois objetivos (inflação e crescimento), o que o BC fará, já que ele tem um instrumento (a Selic)? Isso pode causar vários problemas.”

Para o economista Luis Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, a ideia de autonomia é importante, para blindar a instituição de influências externas. A autonomia permitiria “formalizar uma situação que já existe de fato: a de independência do Banco Central”. Já o duplo mandato é criticado pelo economista. “Há coisas mais importantes para o governo tratar.”



Projeto encontra resistências dentro do governo

Não há consenso dentro do governo em torno da proposta de aprovação de um mandato duplo para o Banco Central (controle de inflação e o crescimento). Apesar do debate interno na equipe econômica, o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (MDB-RR), vai apresentar um projeto de lei complementar de autonomia ampla para o BC. O assunto foi discutido ontem entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do BC, Ilan Goldfajn, durante almoço. Em 2016, quando aceitou integrar o governo, Meirelles apresentou três condições.

Uma delas foi justamente o apoio do governo para autonomia do BC. As outras duas condições foram a Reforma da Previdência e participar das escolhas para a presidência do BNDES e Petrobrás. A proposta já começou a ser costurada com o presidente do BC há algum tempo. Ilan quer deixar a sua marca como presidente que conseguiu a autonomia, uma proposta polêmica que já entrou e saiu da agenda por várias vezes, mas não emplacou.

Segundo fontes, uma das resistências ao duplo mandato seria a dificuldade de acertar um indicador para servir de referência ao crescimento e emprego. Como estratégia de negociação, Jucá incluiu itens na proposta que podem ser retirados durante a votação. O projeto também prevê a autonomia financeira ao BC, mas há resistências no governo, porque daria à autarquia um tratamento diferenciado: se desvincularia do Ministério da Fazenda e teria um orçamento apartado. / ADRIANA FERNANDES
  

@economia @Brasil @Inflação

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Da Roma Antiga ao século 20, violência foi fator-chave para reduzir desigualdade, diz historiador

BBC 21/01/18

Historiador afirma que desigualdade só foi reduzida de forma consistente em poucos episódios, todos marcados por violência

Grandes guerras, revoluções, colapso de Estados, epidemias. Depois de estudar a distância que separa ricos e pobres nos últimos 3 mil anos, Walter Scheidel , professor da Universidade de Stanford, chegou à conclusão que, dos romanos até aqui, foram episódios de violência que ajudaram a reduzir a desigualdade de renda de forma significativa.

E não foi qualquer tipo de violência. Em seu último livro, The Great Leveler: Violence and the History of Inequality from the Stone Age to the Twenty-First Century (A Grande Niveladora: Violência e a História da Desigualdade da Idade da Pedra ao Século 21, sem edição no Brasil), o pesquisador destaca episódios que mataram milhões de pessoas, como a Peste Negra e as duas Guerras Mundiais, ou que desmantelaram completamente regimes de governo, como a queda do Império Romano e as revoluções comunista e chinesa.

   O nivelamento, de forma geral, é por baixo: os choques de violência fazem com que todo mundo fique 'mais pobre' do que antes, mas, como os ricos têm mais a perder, destaca Scheidel, a distância entre as classes mais abastadas e as menos favorecidas diminui.

Em entrevista à BBC Brasil, o historiador austríaco explica por que não espera arrefecimento da escalada da desigualdade que tem marcado o século 21, rebate as críticas à sua tese e admite que o processo recente - e pacífico - de redução do espaço entre o topo e a base da pirâmide social em países da América Latina, inclusive o Brasil, pode ser uma "esperança".
 

Muito antes do capitalismo

A desigualdade existe desde que o homem deixou de ser nômade e que lhe foi possível acumular recursos, diz Scheidel. Isso aconteceu mais ou menos há 10 mil anos, quando nasceu a agricultura e o processo de domesticação de animais. "Ela é uma condição inerente à civilização", ele observa.

No decorrer da História, o abismo entre ricos e pobres foi estreitado de forma significativa em poucos episódios, ele defende, desencadeados por quatro "niveladores": grandes guerras, revoluções, colapso de Estados e epidemias.

Antes do século 20, diz, apenas os dois últimos estavam atuantes. O efeito "nivelador" das epidemias se dava, segundo Scheidel, porque, ao matarem tanta gente de uma vez só, reduziam drasticamente a oferta de mão de obra e empurravam os salários para cima. Esse movimento foi observado, por exemplo, após a Peste Negra, nos séculos 14 e 15, que dizimou praticamente um terço dos europeus.


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Image caption Por matarem parcela significativa da força de trabalho, epidemias acabavam empurrando para cima os salários

Quanto ao colapso de governos, o historiador ressalta que boa parte das civilizações mais antigas foi construída em torno de Estados concentradores de renda. Eram sociedades bastante estratificadas, em que uma pequena parcela privilegiada explorava o restante. Quanto mais tempo esses Estados duravam, maiores ficaram, o que aumentava as chances de aprofundamento das desigualdades, inclusive de renda.

No Império Romano, um dos temas de especialidade do historiador, os ricos ficavam ricos cada vez mais rápido à medida que o Estado crescia. O mesmo vale para a China da dinastia Tang, entre os séculos 7 e 10, e a civilização Maia, ele exemplifica.


Image caption A tese do historiador gerou reações polêmicas, levando parte dos leitores a concluir que a desigualdade seria algo inexorável | Foto: Divulgação

Quando modelos de Estado como esses desmoronam - e, com eles, as leis e as instituições que permitem que o topo da pirâmide multiplique com mais facilidade seu patrimônio -, abre-se espaço para equalização. Em geral, todo mundo fica "mais pobre" do que antes - mas, como os ricos têm mais a perder, destaca Scheidel, a desigualdade diminui.

O pesquisador usou diferentes bases de dados para comparar períodos distintos da História. Quando não havia informação especificamente sobre renda, como foi o caso com as civilizações mais antigas, foram usados dados que se relacionavam de forma indireta com patrimônio, como os registros oficiais de recolhimento de impostos sobre a riqueza ou sobre salários e as pesquisas domiciliares que apontavam, por exemplo, o tamanho das propriedades.

Era moderna

O século 20, por sua vez, foi marcado pelos outros dois "niveladores": grandes conflitos armados - a Primeira e Segunda Guerras Mundiais - e revoluções transformadoras - a comunista, a chinesa, a cubana, por exemplo.
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Image caption Revoluções 'transformadoras' agem como niveladores da mesma forma que o colapso de governos, destruindo leis e instituições

O historiador destaca os dados relativos à Segunda Guerra para dar uma dimensão do impacto desses episódios sobre a distribuição de renda.

De 1935 a 1945, a fatia da riqueza concentrada pelos japoneses que estavam entre os 1% mais ricos despencou de 20% para quase 6%, observa Scheidel. Na França, a queda foi de 16% para 8% e nos Estados Unidos, de 18% para cerca de 11%.

O fenômeno do pós-guerra tem diversas razões - algumas mais ou menos preponderantes a depender do país. Entre elas, estão a redução da rentabilidade dos investimentos e a cobrança de pesados impostos sobre renda e propriedade, que afetaram os mais ricos, e a necessidade de mão de obra menos qualificada, que proporcionou melhora na remuneração dos mais pobres.

Comum a todos os países foi o choque de violência da guerra, que, para o austríaco, foi catalisadora de movimentos que poderiam até ter acontecido, mas de forma muito mais lenta.

Os níveis de desigualdade se mantiveram relativamente estáveis pelo menos pelas três décadas seguintes, com a ajuda do avanço da democracia, já que regimes autoritários tendem a ser mais concentradores de renda, a expansão dos sindicatos - com efeito positivo sobre os salários -, e a adoção de modelos de Estado de bem-estar social.

E voltaram a aumentar depois da década de 1980, em um fenômeno já descrito pelo economista Thomas Piketty em O Capital no Século 21: o avanço do mercado financeiro fez com que os investimentos passassem cada vez menos pela "economia real" (os mais ricos ganham dinheiro, por exemplo, arbitrando preços na bolsa de valores), favorecendo a concentração da riqueza.

A esperança latinoamericana

A desigualdade na América Latina é anterior à chegada dos colonizadores, diz o historiador, que estudou dados do continente desde 1400, referindo-se, por exemplo, à civilização asteca, no México, e aos incas, no Peru.

Em um primeiro momento, os espanhóis interromperam a trajetória ascendente da concentração de riqueza quando espalharam doenças em larga escala. Grandes epidemias de gripe e de varíola mataram milhões de indígenas em pouco tempo. Na sequência, contudo, os colonizadores instituíram novos regimes concentradores, que pioraram significativamente a distribuição de riqueza.

As guerras de independência no início do século 19 aliviaram esse processo, que retomou fôlego pelos dois séculos seguintes até o início dos anos 2000, quando o continente passou a experimentar uma redução pacífica da desigualdade em países como Argentina, Bolívia, Equador e, inclusive, o Brasil.
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Image caption Ainda não está claro se processo de redução da desigualdade na América Latina é sustentável, diz historiador

As razões, diz o pesquisador, ainda não estão claras. De um lado, diversos países passaram a adotar medidas pontuais redistributivas, especialmente de alívio à pobreza. De outro, o boom de commodities até 2010 engordou a arrecadação de impostos e permitiu que os governos aumentassem as despesas com seguridade social.

"A América Latina pode ser uma esperança, mas não está claro ainda se esse processo é sustentável. Nós estamos muito próximos (temporalmente) para saber", diz, ressaltando a perda de fôlego desse processo em países como o Brasil.

De 2004 a 2015, o chamado Índice de Gini do rendimento mensal dos brasileiros com mais de 15 anos recuou de 0,555 para 0,491. De acordo com a medida, hoje uma das mais usadas no mundo, quanto mais próximo de 1, mais desigual é o país.

Apesar de os dados disponibilizados pelo IBGE só chegarem até 2015, especialistas acreditam que a desigualdade pode ter estagnado ou mesmo crescido nos últimos dois anos, como consequência do aumento expressivo do desemprego durante a recessão.

Com ou sem esse retrocesso, o Brasil segue entre as nações mais desiguais do mundo. No ranking das Nações Unidas, o Relatório de Desenvolvimento Humano, ocupa o 10º lugar. Na América Latina, só Haiti, Colômbia e Paraguai têm desempenho pior.
A desigualdade pode ser melhor que a pobreza?

Em algumas situações, a ação dos "niveladores" não necessariamente cria uma situação melhor do que a anterior. Esse é o caso, por exemplo, da Somália, ilustra Scheidel, onde o colapso de um regime de governo colocou praticamente toda a população em estado de pobreza extrema.

Nesses casos, muita gente questiona o historiador se há um "nível de desigualdade tolerável", se muitas vezes ela não é preferível aos cenários de pobreza generalizada, por exemplo.

Na China dos anos 1980, ele ilustra, todos eram de certa forma "igualmente pobres". Agora, milhões de chineses formam uma classe média que não existia antes - e a desigualdade é duas vezes maior do que naquele período. "Qual o cenário mais desejável? Muita gente vai dizer: 'o que temos agora'", ele provoca.
Image caption Milhões de chineses formam hoje uma classe média que não existia no país nos anos 1980, quando a desigualdade era menor

Apenas nas últimas décadas o homem começou a estudar desigualdade de forma mais consistente, diz o historiador, e sua ligação com a pobreza. "É um trade off, com implicações políticas".

"É suficiente que consigamos garantir que ninguém esteja fora da rede de seguridade social, com medidas que aliviam a pobreza, ou os Estados democráticos devem se perguntar se a riqueza gerada pelos países deveria ser melhor distribuída?", ele acrescenta.
Sem os niveladores, como diminuir a desigualdade daqui pra frente?

As últimas três ou quatro décadas foram marcadas pelo aumento consistente da desigualdade em praticamente todo o mundo. Com a atenção cada vez maior dada ao tema, não faltam propostas de soluções para reverter a tendência, da taxação de fortunas e do combate a paraísos fiscais a projetos de educação universal (que seria um instrumento de qualificação da população mais pobre e um passaporte para uma vida melhor).

"O problema é que essas medidas funcionaram no passado, mas precisamos de fórmulas que funcionem para o mundo de hoje, que sejam executáveis do ponto de vista político", ele destaca, ressaltando que, no século 21, nenhuma das quatro forças niveladores está ativa. "E isso é um coisa boa, ninguém quer guerras mundiais ou epidemias".
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Image caption O envelhecimento populacional é uma das forças que, neste século 21, têm potencial para elevar a desigualdade

A tese do historiador gerou uma série de reações polêmicas desde que o livro foi lançado, em meados do ano passado, levando parte dos leitores, por exemplo, a concluir que a desigualdade seria algo inexorável e que, portanto, haveria pouco a se fazer de forma deliberada - e pacífica - para reduzi-la de forma consistente.

"Não era a mensagem que eu queria passar. A História não determina o futuro. Ela mostra o que funcionou e ou não no passado. O que essa pesquisa faz é nos dar ideia do quão difícil é lidar com a desigualdade na ausência desses choques de violência."

Especialmente agora, ele acrescenta, quando estão em ação uma série de forças que alargam o abismo entre ricos e pobres: o envelhecimento populacional, que reduz a arrecadação do Estado e o espaço fiscal para Estado de bem-estar social, a globalização e a automação, que diminui salários e coloca em risco a própria existência de algumas profissões.

http://www.bbc.com/portuguese/geral-42723741

@história  @economia @inclusão

domingo, 18 de fevereiro de 2018

A fábula da galinha (Portal tributário)



Esta é a fábula da galinha, que convida seus vizinhos para plantar trigo. E afirma aos outros animais: “Se plantarmos trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar?”



- Eu não, disse a vaca.

- Nem eu, emendou o pato.

- Eu também não, falou o porco.

- Eu muito menos eu, disse o ganso. Faço parte de outro sindicato.



- Então eu mesma planto, falou a galinha. E plantou. O trigo cresceu e amadureceu em grãos dourados.



- Quem vai me ajudar a colher o trigo? Perguntou a galinha.



- Eu não, disse o pato.

- Não faz parte de minhas funções, disse o porco.

- Não, exclamou a vaca. É trabalho análogo a escravo.

- E o ganso? Não ajudo porque perderei o seguro desemprego.



- Então, falou a galinha, eu mesma colho. E colheu. E, com isso, chegou a hora de preparar o pão.



- Quem vai me ajudar a assar o pão? Indagou a galinha.



- Só se me pagarem hora extra. Falou a vaca.

- O pato disse não poder ajudar por que tinha auxílio-doença.

- O ganso disse: se só eu ajudar, será discriminação.

- O porco disse enrraivecido. Ô galinha! Pare com essa insistencia! Isso é assédio moral.



- Então eu mesma asso, disse a galinha. E assou cinco pães.

De repente, todo mundo queria pão. E a galinha disse:



- Não, agora eu vou comer os cinco pães sozinha.



- Lucros excessivos! Gritou a vaca.

- Sanguessuga capitalista! Exclamou o pato.

- Eu exijo direitos iguais! Bradou o ganso.

- E o porco partiu logo para a organização de um movimento com milhares de cartazes com dizeres: "Injustiça", "discriminação", "assédio". Para a galinha, os mais ofensivos impropérios.



Instalada a confusão, chegou um agente do governo. Dele, a galinha ouviu o seguinte:



- Você não pode ser assim egoísta.



- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor, defendeu-se a galinha.



- Exatamente, disse o funcionário. Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um neste país pode ganhar o quanto quiser, mas os mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada. Essa é a base dos nossos direitos humanos. País rico é país sem pobreza!



A galinha engoliu seco e calou. Calou de uma vez. E os vizinhos perguntam até hoje por que, desde então, ela nunca mais fez absolutamente nada... Não é para menos. Destruiram-se a iniciativa, a criatividade e os empregos.




http://www.portaltributario.com.br/artigos/fabuladagalinha.htm

@economia

Vídeo: Má temática (humor)


@fun

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Por que é um problema o Brasil não precisar de engenheiros (Alexander Busch)


O Brasil forma poucos engenheiros. Mesmo assim, não faltam profissionais da área no mercado. Para o jornalista alemão Alexander Busch, isso é um mau sinal – e o país está perdendo a revolução digital na indústria.

Symbolbild Industriearbeiter (picture-alliance/PhotoAlto)   

No Brasil, quem tem filhos que acabaram de concluir o ensino médio vive dias de muito estresse. Os aspirantes ao ensino superior se perguntam: em que instituição posso estudar com a pontuação que obtive no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), cujos resultados foram divulgados há poucas semanas?

A cada ano, muitos dos três milhões de brasileiros que iniciam os estudos no ensino superior também se submetem a exames de admissão adicionais de universidades públicas. Com frequência, os vestibulares acontecem em duas etapas e levam vários dias.

Quem quer estudar numa universidade pública de renome faz dezenas dessas provas e costuma gastar com a viagem aos locais dos exames, com o pernoite e possivelmente com cursinhos pré-vestibular. Até agora, o esforço que citei é só para entrar nas universidades federais ou estaduais, que são gratuitas. As instituições privadas de ensino superior, nas quais 80% dos brasileiros estudam e que cobram mensalidades, também exigem exames admissionais.

É um desgaste que espanta. Mas fico ainda mais impressionado quando vejo o número de vagas disponíveis, a exemplo do curso de Engenharia Mecatrônica. São 2.200 vagas no Brasil inteiro, mas há apenas uma meia dúzia de universidades públicas que obtiveram bons resultados no teste de qualidade do Ministério da Educação.

Frequentemente, é para entrar nessas universidades que milhares de candidatos de todo o país concorrem. Raramente, as vagas disponíveis passam de 50, tirando aquelas que são atribuídas segundo critérios sociais, as chamadas cotas. Além disso, mais da metade dos alunos interrompem a faculdade. Hoje em dia, apenas 345 estudantes de Mecatrônica concluem o curso anualmente.
O correspondente alemão Alexander Busch

O correspondente alemão Alexander Busch

Esse número é incrivelmente baixo se considerarmos que vivemos hoje uma revolução global na indústria que, desesperadamente, procura exatamente esses engenheiros. A palavra-chave é Indústria 4.0, que inclui habilidades relacionadas a automação, big data, inteligência artificial, impressão 3D, etc.

É decisivo para o Brasil não perder a oportunidade de dar esse salto. Há muito em jogo. O Brasil é uma das poucas grandes economias emergentes no mundo que possui uma larga base industrial. Em comparação, Índia e Rússia têm bases bem menores.

Há vários motivos para isso: a indústria pesada criada durante a era Vargas; a indústria automobilística que chegou ao país há 60 anos; empresas como a Petrobras e a Embraer, que sempre realizaram pesquisas por conta própria. Mais tarde, veio a construção das represas e a criação do Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica. A automação no setor agrícola também impulsionou a industrialização do país.

Mas esse alicerce de uma indústria de transformação está ameaçado – e não é de hoje. A desindustrialização do Brasil avança de forma acelerada há duas décadas. De um lado, porque o Brasil voltou a se concentrar na produção e na exportação de matérias-primas. Por outro lado, porque a pesquisa e o desenvolvimento dependem fortemente do Estado, há anos paralisado pela recessão e pela corrupção.

Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) mostram claramente que o Brasil está perdendo a chance de estabelecer os fundamentos para a sua própria revolução industrial. Dos 8 milhões de estudantes universitários brasileiros, apenas cerca de um milhão cursa uma das disciplinas científicas, como matemática, informática, ciências naturais e tecnologia.

Isso equivale a mais ou menos 13% de todos os estudantes do país. Se supusermos que, no campo das ciências naturais, a relação entre cursos privados e públicos é de oito para dois, chegamos à conclusão de que apenas 2,5% dos estudantes universitários brasileiros frequentam cursos nessa área.

Em comparação, o número absoluto de estudantes em relação à população do país é semelhante no Brasil e na Alemanha. Mas, no país europeu, um terço dos quase três milhões de estudantes segue carreiras de exatas. Acrescenta-se a isso mais um milhão de estudantes em escolas técnicas (comparáveis ao Senai no Brasil).

Mas erra quem pensa que as empresas brasileiras estão desesperadas por não encontrarem engenheiros suficientes, como acontece nos Estados Unidos ou na Europa. Não faltam especialistas em robótica e mecatrônica no Brasil, segundo explicou Claudio Raupp, presidente da HP Brasil, em entrevista recente ao jornal Folha de S. Paulo. Segundo Raupp, a indústria brasileira está tão atrasada que a demanda por esses especialistas ainda nem existe. "O risco [que o Brasil enfrenta] é que nossos melhores engenheiros se mudem para o exterior porque não há necessidade deles aqui", avalia.

Há mais de 25 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt (que publica o semanário Wirtschaftswoche e o diário Handelsblatt) e do jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em São Paulo e Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.


http://m.dw.com/pt-br/por-que-%C3%A9-um-problema-o-brasil-n%C3%A3o-precisar-de-engenheiros/a-42588254

@tecnologia @Brasil @economia

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O Idiota e A Moeda (mini conto)

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se
 divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
- Eu sei, respondeu o tolo. “Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda”.
Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação.
Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam… é problema deles.





@filosofia

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Projeto de dessalinizador solar na Paraíba vence prêmio nacional de tecnologia social

Correio da Paraíba
Redação / 27 de novembro de 2017

Um projeto de dessalinizador solar com capacidade para produzir água potável, sem uso de eletricidade, de elementos filtrantes e livre de produtos químicos foi o vencedor O Prêmio Fundação Banco do Brasil na categoria ‘Água e Meio Ambiente’, entregue na noite desta quinta-feira (23), em Brasília. A tecnologia aplicada tem sido alternativa para as famílias do semiárido paraibano enfrentarem as longas estiagens.

O acesso à água considerada de boa qualidade para beber e cozinhar só é possível graças à parceria da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção (Coonap), de Campina Grande, com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que está aproveitando o potencial de energia solar disponível na região para implementar unidades da tecnologia social de dessalinizadores solares em assentamentos de agricultores familiares.



http://correiodaparaiba.com.br/cariri/projeto-de-dessalinizador-solar-na-paraiba-vence-premio-nacional-de-tecnologia-social/

@ECOLOGIA

Guimarães quer ser Capital Verde Europeia em 2020

A melhor decisão para tomar na vida, segundo neurocientista que estuda felicidade(Cecilia Barria, BBC)

Esta é a melhor decisão que você pode tomar na vida, segundo neurocientista que estuda felicidade


 Algumas pessoas possuem uma habilidade natural para reinterpretar experiências de um modo positivo 

Os cérebros conversam entre si sem que a gente perceba?
Pelo visto sim, de acordo com estudos sobre a sincronia dos impulsos cerebrais entre seres humanos realizados por Moran Cerf, professor de neurociência e negócios da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos.
Por mais de uma década, Cerf investiga como as pessoas tomam decisões, não só do ponto de vista comportamental, mas também utilizando eletroenfacelogramas que mostram as zonas do cérebro que se iluminam quando as pessoas reagem a diferentes estímulos.
E o que se tem descoberto é que, quando as pessoas passam tempo juntas, suas ondas cerebrais começam a se parecer e, em alguns casos, podem chegar a ser idênticas.
"Ao compartilhar (a companhia e experiências) com alguém, são produzidos alinhamentos entre os dois cérebros", diz o neurocientista em entrevista à BBC.





Image caption Por mais de uma década, Cerf vem estudando o comportamento do cérebro na tomada de decisões. Segundo ele, cérebros humanos se comunicam e imitam padrões uns dos outros

Sincronia elétrica

Em uma das pesquisas, pessoas expostas a determinados comerciais de filmes geraram padrões similares de atividades em seus cérebros, em uma espécie de "sincronia elétrica" que pode ser observada na tela do computador.
"Duas pessoas que assistem aos mesmos filmes, leem os mesmos livros, que compartilham as mesmas experiências e que, além disso, conversam entre si, começam, após duas semanas, a mostrar padrões comuns em linguagem, emoções e até pontos de vista", explica Cerf. 

 Image caption Pesquisadores usam equipamentos para avaliar similiaridades entre impulsos cerebrais
Por isso, segundo o pesquisador, a melhor decisão que se pode tomar na vida é escolher corretamente as pessoas que te rodeiam.
"As pessoas mais próximas a você têm um impacto na maneira como você se relaciona com a realidade maior do que se pode perceber ou explicar. E uma das consequências disso é se tornar parecido com essas pessoas", diz o neurocientista.
"Se você escolhe um companheiro ruim e passa dez anos com ele, essa decisão vai ter um impacto significativo (na sua personalidade) e na sua vida."

Como inventamos histórias

Em seus estudos sobre a forma como nossas escolhas afetam a nossa satisfação pessoal, Cerf distingue vários níveis.
Ele estuda as decisões que tomamos em um determinado momento, como essas decisões são lembradas a longo prazo e como as comparamos com as escolhas de outras pessoas.
O pesquisador diz que algumas pessoas têm grande habilidade para inventar narrativas ou contar histórias positivas sobre as decisões que tomaram.











Direito de imagem Getty Images
Image caption A escolha das pessoas que nos rodeiam tem um impacto significativo na forma como absorvemos experiências boas e ruins, segundo o pesquisador
"Tem gente que teve experiências muito difíceis, mas possuem essa incrível habilidade de usar o cérebro para reinventá-las ou reinterpreta-las. É uma maneira de sintetizar uma experiência particular ou a sua visão do mundo", afirma Cerf.

A melhor ferramenta para a felicidade

E como podemos treinar o cérebro a fazer essa reinterpretação positiva de experiências ruins?
"É difícil começar a reinterpretar a realidade de uma determinada maneira quando você nunca fez isso antes. A ferramenta mais eficaz é rodear-se de pessoas que possuem essa habilidade", aconselha o neurocientista.
"Se você passa tempo com essas pessoas, vai começar, progressivamente, a se sentir mais feliz. Vai acabar vendo o mundo de uma maneira mais parecida", completa.
"É algo que vai ocorrer naturalmente, não é preciso fazer conscientemente. Essa é a vantagem do alinhamento cerebral."

http://www.bbc.com/portuguese/geral-43016385 

@ciência @neorologia @filosofia