O montante acumulado pelo planeta em 2016 - 1,3 bilhão de tonelada de descartes eletrônicos É 8% maior que o de 2014 e deve continuar crescendo, aponta relatório das Nações Unidas. Brasil é o maior produtor de resíduos da América Latina
A Terra tem 7,4 bilhões de
habitantes, 510 milhões de quilômetros quadrados e 1,3 bilhão de toneladas de
lixo. Essa é a quantidade de resíduos sólidos produzidos anualmente, segundo
relatório do Banco Mundial. Com o planeta se industrializando em ritmo acelerado,
cada vez mais essa pilha de descarte é composta por eletrônicos. Desde grandes
máquinas a celulares, o lixo eletrônico está crescendo, segundo relatório feito
pela Universidade das Nações Unidas (UNU), em parceria com outras instituições.
O Global E-waste Monitor 2017 revelou que, em 2016, foram eliminados 3,3
milhões de toneladas de produtos com bateria ou plug, número 8% maior que o
gerado em 2014.
Para se ter ideia dessa
quantidade difícil de visualizar, se todo o lixo eletrônico fosse colocado em
um único lugar, seria formada uma montanha com o peso de nove pirâmides de Giza
e de 4.500 torres Eiffel. Os produtos encheriam 1,23 milhão de caminhões de 18
rodas, com capacidade de 40 toneladas, cada um, que, se enfileirados, fariam o
trajeto Nova York-Bangcoc - ida e volta.
'O problema mundial do e-lixo
continua a crescer. Melhorias na mensuração desse problema é essencial para
criarmos e monitorarmos metas, identificando políticas eficazes', comenta Jakob
Rhyner, vice-reitor da UNU. Ele atenta para a necessidade de se produzir dados
nacionais, pois o relatório identificou que muitos países não têm estatísticas
a respeito. 'Os dados nacionais têm de ser comparáveis internacionalmente,
frequentemente atualizados, publicados e interpretados.
Estimativas regionais e globais
existentes são baseadas na produção e no comércio, e não cobrem adequadamente
todos os riscos ambientais e à saúde impostos pelo tratamento não seguro e o
descarte por aterro ou incineração', observa.
De acordo com o Global E-waste
Monitor 2017, o Brasil é o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina,
com mais de 2 milhões de toneladas em 2016. Em relação ao relatório de 2014, o
crescimento foi de quase 10%. Segundo a ONU, o país não tem estatísticas
padronizadas nem políticas de abrangência nacional para o manejo desse tipo de
descarte.
Desperdícios
Além do enorme problema
ambiental, o lixo eletrônico descartado de qualquer maneira é um desperdício de
recursos. Os aparelhos elétricos e eletrônicos contêm cerca de 60 elementos
como ouro, prata, cobre, platina e outros materiais recuperáveis. Caso o e-lixo
produzido no ano passado tivesse sido tratado adequadamente, o relatório estima
que seriam gerados US$ 55 bilhões, que é mais do que o Produto Interno Bruto
(PIB) da maioria dos países.
Baseados no rápido crescimento
da cadeia de lixo doméstica, os autores do relatório global preveem muito mais
'sujeira eletrônica' no futuro próximo - um aumento de 17%, o equivalente a
52,2 milhões de toneladas - em 2021. 'Vivemos em um tempo de transição para um
mundo mais digital, onde automação, sensores e inteligência artificial estão
transformando todas as indústrias, nosso cotidiano e nossas sociedades. O lixo
eletrônico é o mais emblemático subproduto dessa transição, e tudo indica que
isso vai continuar a crescer a taxas sem precedentes', afirma Antonis
Mavropoulos, presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA),
que também assina o relatório. 'Descobrir soluções apropriadas para o manejo do
e-lixo vai medir nossa habilidade de usar os avanços tecnológicos para
estimular um futuro sem desperdício e fazer da economia circular uma realidade
para essa cadeia complexa que contém recursos valorosos.'
Porém, o relatório mostra que o
mundo está bem distante desse ideal. Somente 20% do lixo eletrônico produzido
em 2016 foi recolhido e reciclado. Cerca de 4% foram jogados em lixões, e 76%
(ou 34,1 milhões de toneladas) acabaram incinerados, aterrados, reciclados
informalmente (e, portanto, de maneira insegura) ou continuaram armazenado nos
lares. 'Os bens eletrônicos estão crescendo exponencialmente em número,
variedade e complexidade, todos eles contendo tanto material valoroso quanto
perigoso. O desafio de reusar, reciclar e dar um destino adequado ainda é
enorme e vai crescer. Esteja o lixo eletrônico dentro dos lares, no setor
privado ou em lixões ao redor do mundo. Precisamos pensar nisso com muito
cuidado e implementar soluções para o problema', alertou, em nota, Keith
Alverson, presidente do Centro Internacional de Tecnologia Ambiental, das
Nações Unidas.
Embora mais países estejam
adotando legislação sobre o e-lixo (o Brasil não está nesse meio), apenas 41
nações quantificam os despejos eletrônicos. Nos países em que não há
regulamento a respeito, o lixo é tratado como qualquer outro, levando a um
aumento de risco ambiental e aos seres humanos, pois equipamentos eletrônicos
têm muitos elementos tóxicos, como cobre, que, caso não receba preparo
adequado, pode contaminar o ambiente por séculos.
Também em:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/maragama/2017/12/1945328-brasil-e-o-2-maior-gerador-de-e-lixo-das-americas.shtml
Também em:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/maragama/2017/12/1945328-brasil-e-o-2-maior-gerador-de-e-lixo-das-americas.shtml
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