segunda-feira, 30 de março de 2020

U2 e Coronavirus


Medidas em El Salvador


Coronavirus se combate com Calvin Klein!


Arte confinada francesa


Comunidade cria supercomputador para buscar tratamentos



Dezenas de milhares de jogadores, "mineradores" de bitcoin e empresas estão participando de um esforço sem precedentes para reunir recursos de computação para acelerar a busca por tratamentos para o novo coronavírus. "É um remédio fantástico contra o sentimento de desamparo que temos no momento", disse, à agência France-Presse de notícias (AFP), Pedro Valadas, advogado de Portugal que coordena uma comunidade on-line de 24 mil fãs de computador e videogame que colaboram com a causa.

O projeto Folding@Home, organizado por biólogos da computação, conecta milhares de máquinas para criar um supercomputador virtual. É considerado o computador mais poderoso do mundo, capaz de executar bilhões de cálculos por segundo, o que deve ajudar a entender a estrutura do vírus.

Mais de 400 mil pessoas já baixaram o aplicativo para compartilhar dados e recursos de informática nas últimas semanas, de acordo com Greg Bowman, professor de bioquímica e biofísica molecular da Washington University em San Luis, nos Estados Unidos, onde o projeto é centralizado. "Muitos de nós sofremos ou vimos pessoas próximas sofrerem. O fato de que, em casa, com o seu computador, você pode fazer algo para ajudar a combater a doença, para o bem comum, é realmente motivador", diz Valadas.

Simulações

O projeto nasceu na Universidade de Stanford, no Vale do Silício, há 20 anos. Consiste em reunir recursos de computação para realizar simulações em larga escala de doenças e, especificamente, no processo de "dobragem de proteínas", que afeta a mortalidade de certos patógenos. "As simulações nos permitem observar como cada átomo evolui", diz Bowman.

Os pesquisadores querem encontrar algumas espécies de "bolsas" no vírus, onde moléculas terapêuticas podem ser inseridas para desarmá-lo. Bowman está confiante no método de concepção de medicamentos por meio da ciência da computação, porque isso já produziu frutos com o ebola e porque o novo coronavírus tem uma estrutura semelhante à do vírus da síndrome respiratória aguda grave (Sars), que tem sido objeto de numerosos estudos.

O projeto Folding@Home tem permitido levar as capacidades informáticas desse supercomputador virtual a 400 petaflops -- um petaflop corresponde a bilhões de cálculos por segundo --, o que o faz três vezes mais potente que os melhores supercomputadores do mundo. "Em princípio, não há limite para o poder de computação que podemos usar", diz Bowman. "Não importa se o computador seja de ponta, mesmo com um console PlayStation pode-se contribuir."

Se...


Coronavirus Rhapsody


O movimento das religiões


Smile, Nat King Cole


Recorde no Burj Al Kalifa

Soltaram um falcão do topo do Burj Khalifa em Dubai,com uma câmera acoplada a seu dorso, para que ele procurasse seu treinador. O resultado foi um show de imagens da cidade.

O conto das quatro esposas


Teste para SARS COVID


domingo, 29 de março de 2020

Hidroavião em Salvador


Homenagem a Kazuo Miura













Alguém perguntou p/ o Kazuo a primeira coisa que um fiscal fazia logo que chegava na sonda e ele deu uma resposta que chocou muita gente: ‘eu vou dormir’.
Sábias palavras, pois se der pra dormir na chegada, aproveita, 
porque é certo que o bicho vai pegar depois.
Grande Kazuo !!
Rezemos por ele.



Novos Logos












Virus de laboratório?



O fragmento é verdadeiro. Foi transmitido cinco anos atrás na prestigiosa revista científica da televisão pública italiana. Mas o conteúdo não está relacionado ao COVID-19 atual. A única coisa que eles têm em comum é a capacidade de se espalhar pelos celulares italianos, chegando até ao do ex-ministro Matteo Salvini e a outros líderes dos partidos conservadores italianos, que estão pedindo explicações públicas ao governo. Os principais jornais do país ecoam a controvérsia, todos com declarações de especialistas científicos que negam categoricamente a teoria da conspiração de que a pandemia atual tem sua origem nesse experimento.



Castellucio Superiore


sábado, 28 de março de 2020

Viva L Itália


A campanha que nunca existiu


Volare


Protesto da saúde, Itália


Vá para Itália, Bolsonaro


Cruz de São Marcello

Em 1519, um incêndio na noite destruiu completamente uma igreja na Via del Corso, em Roma, em homenagem a San Marcello. Na manhã seguinte, todo o edifício foi reduzido a escombros, mas entre as ruínas o crucifixo do altar-mor emergiu intacto, ao pé do qual ainda acende uma pequena lâmpada de óleo. Três anos após o incêndio, Roma foi atingida pela "Grande Praga". As pessoas carregam o crucifixo em procissão, conseguindo superar até as proibições das autoridades, compreensivelmente preocupadas com a propagação do contágio. O crucifixo é levado e levado pelas ruas de Roma até a basílica de San Pietro. A procissão dura 16 dias: de 4 a 20 de agosto de 1522. À medida que prosseguimos, a praga mostra sinais de regressão e, portanto, cada bairro tenta manter o crucifixo pelo maior tempo possível. No final, no momento de retornar à igreja, a praga cessou completamente. Esta é a história. Chegamos aos dias atuais ... e hoje em dia a foto apareceu em todos os lugares do papa Francisco, que vai a pé à igreja da via del Corso para orar aos pés do crucifixo. Uma peregrinação solitária que move e abala as mentes de todo o mundo, exceto por algumas piadas idiotas da virada estúpida que, mais uma vez, enfatizou sua pequenez. Palmas palmas palmas palmas. QUE O CRUCIFIXO MILAGRADO ESTÁ DEIXANDO A IGREJA DE SAN MARCELLO EM PIAZZA SAN PIETRO PARA A ORAÇÃO DE 27 DE MARÇO PRÓXIMO Aos 18 anos. O Santo Padre concederá a indulgência plenária a todo o mundo e, lemos em nota da sala de imprensa do Santo Seat, neste momento de emergência para a humanidade, convidará os católicos a se unirem espiritualmente em oração com ele. Cantamos em voz alta nas varandas, nos abraçamos nas janelas, os mais ousados ​​subiram para os terraços ... organizamos flash mobs, acenamos tricolores, batemos nas tampas das panelas, tocamos violões, bateria, violinos, cincos e até gaitas de foles . Vamos nos juntar à oração do papa agora. Quem não sabe fazer isso fica calado. O desejo de orar já é oração. Mas quem sabe como fazê-lo e nunca parou de fazê-lo, para que você ore ainda mais alto! E que esta oração realmente vem de algum lugar ... Forza❤🇮🇹❤️





Nel 1519 un incendio, nella notte, distrugge completamente una Chiesa in Via del Corso, a Roma, intitolata a San Marcello. Il mattino seguente l’intero edificio è ridotto in macerie ma fra le rovine emerge integro il crocifisso dell’altare maggiore, ai piedi del quale arde ancora una piccola lampada ad olio. Tre anni dopo l’incendio, Roma viene colpita dalla “Grande Peste”. Il popolo porta il crocifisso in processione, riuscendo a vincere anche i divieti delle autorità, comprensibilmente preoccupate per il diffondersi del contagio. Il crocifisso viene prelevato e portato per le vie di Roma verso la basilica di San Pietro. La processione dura per 16 giorni: dal 4 al 20 agosto del 1522. Man mano che si procede, la peste dà segni di regressione, e dunque ogni quartiere cerca di trattenere il crocifisso il più a lungo possibile. Al termine, al momento del rientro in chiesa, la peste è del tutto cessata. Questa è la storia. Veniamo ai giorni nostri.... e’ di questi giorni la foto apparsa ovunque di Papa Francesco che si reca a piedi nella Chiesa di via del Corso per pregare ai piedi del Crocefisso. Un pellegrinaggio solitario che commuove e scuote gli animi del Mondo intero salvo qualche battuta imbecille dello stupidino di turno che ancora una volta ha dato così risalto alla sua pochezza. Clap clap clap.
QUEL CROCEFISSO MIRACOLOSO STA LASCIANDO LA CHIESA DI SAN MARCELLO PER  ESSERE IN PIAZZA SAN PIETRO PER LA PREGHIERA DEL 27 MARZO PROSSIMO ALLE 18. Il Santo Padre concederà l’indulgenza plenaria a tutto il mondo e, si legge in una nota della sala stampa della Santa Sede, in questo tempo di emergenza per l’umanità, inviterà i cattolici  a unirsi spiritualmente in preghiera con lui. Abbiamo cantato a squarciagola dai balconi, ci siamo sbracciati alle finestre, i più temerari sono saliti fin sopra i terrazzi... abbiamo organizzato flash mob, sventolato tricolori, sbatacchiato i coperchi delle pentole, suonato chitarre, batterie, violini, pifferi e perfino cornamuse.
Uniamoci alla preghiera del Papa adesso.
Chi non lo sa fare stia pure in silenzio. Il desiderio di pregare e’ già preghiera.
Ma chi lo sa fare e non ha mai smesso di farlo, che preghi ancora più forte!!
E che arrivi davvero da qualche parte questa preghiera....
Forza❤🇮🇹❤️

New York será mais Bergamo que Cingapura(Globo, 28 3 2020)

GUGA CHACRA
Nova York registra 366 mortes, incluindo 85 nas últimas 24 horas devido a infecções causadas pelo novo coronavírus. A cidade deve em breve estar ao lado da Itália e da Espanha como o grande foco da pandemia global .

O contraste com as grandes metrópoles asiáticas impressiona. Pequim teve 8 mortes em toda a epidemia; Shangai, 5; Hong Kong, 4; Cingapura 2. 0 Japão todo somado, 45. A Coréia do Sul, 131. Taiwan, 2.

Note que um dos argumentos para Nova York ter muitos casos seria a densidade populacional da cidade. Sem dúvida, seria um ponto válido se compararmos com Los Angeles, bem menos afetada pela pandemia. Este argumento, porém, se enfraquece quando observamos que o cenário não é distinto de Tóquio, Hong Kong e Shangai.

Sem dúvida, devemos ter cautela ao observarmos os números da China, uma ditadura que não tem transparência na divulgação de informações. Pode ser que os números em Pequim e Shangai superem as estatísticas oficiais. Mas é extremamente improvável que estejam no patamar dos de Nova York.

O fracasso na cidade se deveu acima de tudo ao passado, não só presente, se estivermos falando das últimas duas semanas. Medidas importantes foram tomadas em Nova York, como o isolamento da população. Mas estas ações foram claramente tardias. Os testes se intensificaram, mas também chegaram com atraso. Milhares de habitantes já estavam contaminados pelo novo coronavírus.

Os hospitais da cidade tampouco estavam preparados. Não há UTIs e respiradores suficientes. O governador Andrew Cuomo tenta acelerar o processo e tende a reduzir o impacto, embora ele próprio admita ser impossível impedir que falte equipamentos fundamentais para salvar vidas em alguns hospitais.

Infelizmente, o cenário pode ser mais para Bergamo do que para Cingapura. As mortes em Nova York já estão nas dezenas por dia e em breve estarão nas centenas. No fim de abril, existe o risco de o total de vítimas fatais superar as 3 mil do atentado de 11 de Setembro.

Será mais uma cicatriz para Nova York, que já superou outras adversidades no passado, como o próprio terrorismo e crises econômicas como a de 1929 e a de 2008. Difícil imaginar quando esta cidade voltará à normalidade. Não descarto um novo normal, pelo menos no médio prazo, até surgir uma nova vacina.

Mas é triste saber que Nova York, a cidade mais rica do mundo e símbolo do sucesso da maior potência da história da humanidade, não conseguirá ser o exemplo de evitar o pior desta pandemia da Covid-19.

Guia virus


Joseph machines


sexta-feira, 27 de março de 2020

Trecho da missa do Papa, 27 3 20

A missa do Papa

Trecho:

Palavras proferidas pelo Papa, sobre a situação atual por ocasião da Benção Urbi et Orbi, desta tarde no Vaticano


Leitura sermão do papa na Missa - 27/03/2020

«Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares.

Revemonos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.

Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro… E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).

Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele.

De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados. A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.

Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo.

Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!» «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12).

Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas.

É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho.

Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. ConfiemosLhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins.

Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais. O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar.

O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado.

Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.

Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar.

Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus.

Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações!

Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetirnos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7).”

Falsa relação de troca(Armínio Fraga, Gobo, 26 03 2020)


LUCIANA RODRIGUES E CÁSSIA ALMEIDAeconomia@oglobo.com.br
ENTREVISTA Arminio Fraga/ economista

O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, alerta que é falsa a dicotomia entre salvar vidas e a economia. Suspender a quarentena imposta na maior parte do país não levaria os brasileiros a saírem gastando, nem os empregos seriam preservados em sua plenitude. "Dá a impressão de que há um custo econômico, e há. Mas dá também a impressão de que há uma alternativa sem custo, que seria fazer o (isolamento) vertical. Mas isso não é verdade", afirma Arminio em entrevista, por videoconferência, de sua casa no Rio. E diz que, para socorrer a economia, é preciso agir rapidamente, o que não está acontecendo.

Os economistas defendem um socorro à economia. No caso da pandemia, os médicos dizem que, quanto antes a quarentena, mais eficaz ela é. É possível fazer um paralelo com a economia? 0 socorro não está demorando?

São duas situações diferentes, mas há, sim, um paralelo. No caso do isolamento, a ideia é se antecipar à propagação do vírus. Em outros países, como Cingapura, que é rica e pequena, foi possível também testar muito, com rastreamento de contatos, um processo quase individual. Mas isso não seria possível aqui. Então, o isolamento é a única opção, e quem agiu com presteza teve resultados melhores. No lado da economia, a ação ganha contornos de urgência, em função do colapso súbito da receita de várias empresas, pequenas, médias e grandes. Dependendo do setor, o colapso chega a 100%. Nada disso existe em situações normais. Numa recessão, a receita cai aos poucos e chega, no pior momento, a uma queda média de 10%. Por consequência, espera-se uma onda enorme de desemprego. Por isso, é importante agir rapidamente. O que não está acontecendo.

Muitos dizem que a quarentena vai "matar a economia". Não adotar a quarentena pode ser um risco maior à economia?

Considero que sim. E preciso olhar no detalhe. Suspender a quarentena não significa que as pessoas vão sair gastando e os empregos vão ser preservados na sua plenitude. No caso do Brasil, pegaria um número muito grande de pessoas muito fragilizadas. Da população brasileira, 38% são idosos, portadores de doenças crônicas ou ambos. Seria uma loucura. Quem faz essa proposta (de não adotar a quarentena) sugere o seguinte modelo chamado de vertical: fecha tudo por duas semanas, identifica-se quem está carregando o vírus e isola essas pessoas. Segrega e isola os mais velhos. Aqui no Brasil, isso é totalmente impossível. E os que ficarão expostos são muito numerosos e vulneráveis. Nossa rede de hospitais, como aliás em boa parte do mundo, não estava preparada para uma emergência desse tamanho, seria uma catástrofe social. Isso foi ventilado no Reino Unido, e eles rapidamente desistiram. A ideia de que há uma relação de troca entre saúde e economia, na minha avaliação e de meus colegas do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), é que não é bem assim. As pessoas já estão muito assustadas e não vão sair consumindo mesmo que se decrete o fim do isolamento de repente.

A adoção do isolamento vertical no Brasil prejudicaria a população mais vulnerável?

Sim. Teremos de gastar algum tempo em quarentena. Seria reduzida aos poucos, com cuidados. Haverá, portanto, um custo econômico. Alguns passam a impressão de que há uma alternativa sem custo, que seria fazer o (isolamento) vertical. Mas isso não é verdade, como já mencionei. Estamos lidando com uma situação com grande potencial de instabilidade. Cabe uma resposta firme de política social e econômica. Nós temos os recursos. Os EUA vão gastar 5% do PIB. Aqui poderiamos gastar um pouco menos, 3%, 4% do PIB, deixando claro que são gastos temporários, mas ajudariam bastante A situação já não estava tão boa, o desemprego já vinha alto, a economia vinha crescendo pouco.

0 senhor vem de uma família de médicos. Como vê a discussão entre salvar vidas ou salvar a economia?

Eu não vejo esse trade-ojf( relação de troca) sendo tão marcante. É evidente que a opção é salvar vidas. Mas eu não creio que a economia se beneficiaria tanto (de uma suspensão da quarentena, que faria mais vítimas). E, num segundo momento, a economia poderia levar a um segundo baque. Estamos fazendo uma administração para ganhar tempo, minimizando as perdas humanas, é uma questão humanitária, reduzindo ao máximo possível o pico da demanda por UTI hospitalar e torcendo para que chegue logo o momento da vacina ou de alguma cura. Nesse meio tempo, é crucial que o governo apresente uma estratégia clara, que deveria englobar quatro grandes ações de resposta à crise: apoio à rede hospitalar, manutenção do abastecimento e da logística, ajuda à população mais pobre e socorro às empresas. Na questão da logística, é importante levar até as pessoas alimentos que, no Brasil, são produzidos em enorme abundância. Não podemos correr o risco de as pessoas passarem fome. Essa talvez seja a parte menos complicada, existe uma logística que funciona muito bem até nas favelas.

Como apoiar os mais pobres?

A referência já está dada, e é o que Marcelo Medeiros (especialista em desigualdade de renda e professor visitante na Princeton University) divulgou. E preciso usar o Cadastro Unico, zerar a fila do Bolsa Família e depois ampliar o programa. É uma ferramenta que existe e precisa ser acionada rapidamente. O ideal neste momento não é buscar a perfeição, é soltar os recursos o quanto antes. Este é um uso nobre dos recursos, talvez o mais nobre, em paralelo aos recursos para o SUS. A outra frente de ação é o crédito para as empresas.

As empresas devem ser socorridas?

E uma solução de emergência. (Os economistas) Vinícius Carrasco, Alexandre Scheinkman e eu elaboramos uma proposta de linha de crédito bancada pelo setor público, diferente do que se vê na prática bancária, porque, ainda bem, banco não gosta de emprestar dinheiro para perder. O sistema financeiro tem de seguir saudável. Neste ponto, entra o governo. A ideia é garantir linhas que darão algum prejuízo. Isso não é uma hipótese. É impossível, nessa situação, desenhar linhas que salvem empresas e empregos duramente atingidos e deem resultado positivo. Mas haverá um resultado positivo indireto, de salvar empregos e negócios que funcionam bem, e é uma questão também humanitária.

Qual é o fôlego para manter esse socorro à economia?

Tenho algumas estimativas preliminares, acho que daria para manter até o fim do ano e, depois, se preciso, ter alguma adaptação. Os ciclos típicos dessas pandemias não são tão longos. Na medida em que apareçam vacinas e tratamentos, dá para ganhar a guerra. A expectativa é que a vacina surja em 12 a 18 meses, talvez menos. Quanto à cura, ninguém sabe. Então, uma estratégia radical (de abandono do isolamento) que, falando com muita transparência, vai matar muita gente, para mim não faz o menor sentido. Vamos dar um jeito de aguentar e ganhar tempo, o governo terá de ser solidário, as pessoas também.

Para socorrer a economia, é preciso articulação política...

Este talvez seja o maior problema. Há uma certa cacofonia de idéias, até certo ponto natural, mas que passou do ponto. Em algum momento alguém tem de tomar uma decisão e dizer: "é por aqui, e vamos executar". Normalmente, numa situação de crise, existe um padrão de gestão que define claramente responsabilidades, desenha uma estratégia, planeja e executa as ações, monitora os eventos e se comunica com a nação. Isso precisa ocorrer urgentemente.

"Suspender a quarentena, no caso do Brasil, pegaria um número muito grande de pessoas muito fragilizadas.

Ataques cibernéticos durante a Pandemia(Valor, 27 3 2020)




Com pandemia, invasão de sistemas triplica

Gustavo Brigatto
Em meio à pandemia do novo coronavírus e à novidade de manter conectados um grande número de funcionários trabalhando remotamente, os departamentos de tecnologia das empresas estão tendo que lidar com outro problema bastante conhecido, mas bem difícil de ser combatido: o incremento nos ataques cibernéticos.

Uma modalidade em especial tem chamado a atenção nas últimas semanas, o sequestro de dados, ou “ransonware”. Nessa modalidade, os criminosos invadem os sistemas e usam criptografia para bloquear o acesso aos dados. A liberação só ocorre após o pagamento de um resgate, cobrado em criptomoedas, normalmente o bitcoin.

Segundo a empresa de segurança Kaspersk y, o número de ataques de ransonware saltou 3,5 vezes no primeiro trimestre no Brasil. Globalmente, outra companhia do setor, a Fortinet, fala em um ataque sendo detectado por minuto — três quartos deles estão ocorrendo fora do horário do expediente, por conta do uso de equipamentos e sistemas corporativos por quem está trabalhando de casa.

Uma espécie de “código de conduta” entre os criminosos prevê que, uma vez pago o resgate, o sistema deve ser liberado. A lógica é que, agindo de outra forma os criminosos poderiam criar descrédito no golpe, reduzindo os ganhos. Nada impede, no entanto, um novo ataque e uma recontaminação.

Tentar desfazer a cifragem por conta própria é muito difícil devido às técnicas que são usadas pelos criminosos. A alternativa, normalmente, é tentar retomar a operação a partir de cópias armazenadas em sistemas de backup — que em alguns ataques também podem não escapar de ser criptografados.

Uma das vítimas de ransonware foi a Cosan, que no começo da semana passada informou que todos os sistemas da companhia e de suas controladas foram afetados. “Todas as empresas do Grupo Cosan rapidamente implementaram seus planos de contingência e continuaram a operar parcialmente no próprio dia do ataque”, informou a companhia.

A comunicação do incidente, que não é muito comum por parte de empresas brasileiras, chamou a atenção. “É um bom sinal, que indica que as empresas estão usando esse momento para fazer testes de como vai ser quando a fiscalização da aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados começar a acontecer, a partir de agosto”, disse Alexandre Bonatti, diretor de engenharia da Fortinet.

Globalmente, até mesmo hospitais, que estão com a capacidade de atendimento no limite por conta do atendimento às vítimas da covid-19, têm sido atacados.

Segundo Fábio Assolini, pesquisador de segurança da Kaspersky, por se tratarem de ações feitas de forma automatizada, esses ataques podem atingir todo tipo de empresas. “Um grupo de criminosos se comprometeu a não atacar hospitais, mas foi só um”, disse.

Na avaliação do especialista, a queda no valor do bitcoin pode ser uma explicação para o aumento no volume de ataques. A avaliação é que com a moeda valendo menos, é preciso fazer mais ataques para ter o mesmo retorno financeiro que era obtido antes.

O aumento no trabalho remoto também influencia o aumento dos ataques, segundo Bonatti. Isso porque, ao usar um computador pessoal, ou mesmo um equipamento da empresa em uma rede doméstica, que são menos protegidos que os sistemas corporativos, o funcionário pode abrir portas para ataques. “A questão é que falta uma preocupação com a segurança. O que se pensa em um primeiro momento é em garantir a conexão. Depois é que vem a segurança. E nesse meio tempo os criminosos aproveitam para fazer os ataques”, afirmou.

What a wonderfull world


quarta-feira, 25 de março de 2020

Pandemia: a abordagem Trump


Para dono da Innova, crise deixará mais falidos que falecidos(Valor, 25 3 2020)

Para dono da Innova, crise deixará mais falidos que falecidos
Lirio Parisotto diz que serão necessárias linhas de crédito emergenciais proporcionais à catástrofe
Quarta-feira, 25 de Março de 2020 - 00:04

Valor Econômico  / Empresas
Banco Central - Perfil 3: Banco CentralBanco Central - Perfil 3: Banco Central do BrasilBanco Central - Perfil 1: Bacen
Stella Fontes

Aos 66 anos, o empresário gaúcho Lirio Parisotto, dono da Innova, isolou-se em casa fugindo dos riscos da covid-19, que tem se mostrado mais agressivo nos grupos de mais idade, seguindo à risca a orientação das autoridades médicas. Mas mesmo remotamente tem encarado aquele que é seu maior desafio no momento: manter a petroquímica em operação contínua, durante a pior crise que já viveu.

A avaliação é a de que o quadro macro deve se agravar. Para o empresário, a paralisia da atividade econômica é um remédio amargo e pode ser tão ou mais letal que o novo coronavírus. “É provável que, no final de toda essa pandemia, haja mais falidos do que falecidos”, afirmou, em entrevista ao Valor.

Para o empresário, o mundo vai mudar rapidamente com a covid-19. A produção local será valorizada, as empresas vão descobrir que não é preciso viajar tanto e as pessoas vão evitar grandes aglomerações. “Esse conceito [de aglomerar mais e mais pessoas], na minha opinião, será quebrado, mas não sei qual modelo vai prevalecer”, disse.

Diante da elevada probabilidade de que muitos de nós sejamos contaminados, seguiu o empresário, estamos agora “comprando tempo” — ao ganhar tempo, os casos são empurrados para a frente, talvez para o momento em que estejam disponíveis um tratamento eficiente ou uma vacina.

De qualquer maneira, para contribuir imediatamente, a Innova se uniu às empresas Altacoppo, Bellocopo, Copaza, Copobras, CristalCoppo, Danúbio, Prefesta, StrawPlast, Top Forme TotalPlast para produzir e doar a 20 hospitais 25 milhões de unidades de pratos, copos e talheres de poliestireno — resina produzida pela petroquímica —, levando em conta a necessidade de utilização de produtos descartáveis para conter o avanço da doença. Aos transformadores, caberá produzis os itens, que serão entregues em diferentes municípios.

Veja a seguir trechos da entrevista, concedida por e-mail e telefone ontem:

Valor: Como o senhor avalia as medidas que o governo tem adotado para tentar reduzir o impacto da pandemia na economia?

Lirio Parisotto: A suspensão das atividades no país é um remédio extremamente amargo. O preço é alto: a receita de muitas empresas vai a zero. Ainda assim, o mundo inteiro parece estar em consenso de que a atitude é necessária. A pressão mundial acabou nos conduzindo às medidas duríssimas, mas certas. É provável que, no final de toda essa pandemia, haja mais falidos do que falecidos. Virá então o trabalho árduo de reconstrução da economia mundial, espero que com muita saúde.

Valor: Como empresas e empresários podem contribuir para que os impactos da crise não sejam tão destrutivos?

Parisotto: Estamos sendo profundamente desafiados em manter as fábricas operando. As empresas são o pulmão do mundo mas precisam de ar, de mercado, de fluxo de capitais. Serão necessárias linhas de crédito emergenciais e de fato proporcionais à catástrofe, capazes de trazer de volta à vida pessoas e empresas.

Valor: Quais medidas a Innova adotou neste momento de crise quanto a produção, segurança de seus funcionários e gestão de caixa?

Parisotto: Desde que a epidemia se iniciou lá fora começamos a esboçar um plano de ação. Nossa tecnologia da informação acionou uma malha de comunicações e acesso remoto ao sistema SAP. Os colaboradores administrativos estão em home office e os industriais, nas três fábricas, duas em Manaus (AM) e uma em Triunfo (RS), operando estritamente sob as normas de segurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para prevenir o contágio. Em nosso quadro de mil colaboradores não tem até o momento pessoas infectadas e vinte colaboradores estão em quarentena preventiva por contato prévio com portadores. A Innova produz itens essenciais: laminados plásticos em bobinas usados em copos, pratos, potes de iogurte, filmes plásticos de polipropileno biorientado, o BOPP (celofane), cuja destinação é de 80% para a indústria alimentícia, tampas plásticas para água mineral, sucos e refrigerantes e o próprio poliestireno, todos esses itens com demanda aumentada.

Valor: Qual é o valor do investimento da Innova na campanha de doação de descartáveis para hospitais?

Parisotto: Essa é uma ação conjunta da Innova com nossos clientes que transformam a resina poliestireno em produtos finais. Estamos chamando Descartáveis para a Saúde e vamos atender os hospitais. O projeto envolve aproximadamente R$ 2 milhões, em que a Innova supre a matéria-prima e as demais empresas arcam com custos de transformação e frete. Serão 25 milhões de itens em copos, pratos e talheres doados aos hospitais. Estamos muito comprometidos por saber que esses itens descartáveis podem salvar vidas ao conter a disseminação do vírus. Aliás, o conceito dos descartáveis nasceu como forma de debelar a cólera e difteria no começo do século XX, espalhadas através de louças compartilhadas. Temos abordado muito o tema do preconceito e do banimento arbitrário dos descartáveis, coisa midiática, de rasa fundamentação. Mas agora é hora de agir rápido e sabemos o que fazer. Esses descartáveis vão chegar aos hospitais em questão de dias, horas.

Valor: Como investidor, qual tem sido sua posição neste momento?

Parisotto: Os verdadeiros fundamentos da bolsa podem talvez ser sintetizados em três palavras: ‘buy and hold’, comprar e segurar. É preciso poder segurar os investimentos e mirar o longo prazo. Está certo o Banco Central em injetar R$ 1,2 trilhão em liquidez na economia. Havia US$ 400 bilhões em reservas, criadas e mantidas a muito custo. Esse é um seguro para ser usado na hora de acidentes, ou seja, agora. As ações podem cair mais ainda, porém elas vão se recuperar no futuro. Hora de racionalidade e ficar quieto, observando algumas oportunidades pontuais. Quem pode esperar estará dentro do que a melhor teoria do mercado de capitais preconiza.


Elvis Presley


The media exaggerates negative news. This distortion has consequences

Whether or not the world really is getting worse, the nature of news will make us think that it is

The Guardian: 17 Feb 2018 09.00 GMT

Every day the news is filled with stories about war, terrorism, crime, pollution, inequality, drug abuse and oppression. And it’s not just the headlines we’re talking about; it’s the op-eds and long-form stories as well. Magazine covers warn us of coming anarchies, plagues, epidemics, collapses, and so many “crises” (farm, health, retirement, welfare, energy, deficit) that copywriters have had to escalate to the redundant “serious crisis.”
Whether or not the world really is getting worse, the nature of news will interact with the nature of cognition to make us think that it is.
News is about things that happen, not things that don’t happen. We never see a journalist saying to the camera, “I’m reporting live from a country where a war has not broken out”— or a city that has not been bombed, or a school that has not been shot up. As long as bad things have not vanished from the face of the earth, there will always be enough incidents to fill the news, especially when billions of smartphones turn most of the world’s population into crime reporters and war correspondents.
And among the things that do happen, the positive and negative ones unfold on different timelines. The news, far from being a “first draft of history,” is closer to play-by-play sports commentary. It focuses on discrete events, generally those that took place since the last edition (in earlier times, the day before; now, seconds before).
Bad things can happen quickly, but good things aren’t built in a day, and as they unfold, they will be out of sync with the news cycle. The peace researcher John Galtung pointed out that if a newspaper came out once every 50 years, it would not report half a century of celebrity gossip and political scandals. It would report momentous global changes such as the increase in life expectancy.
The nature of news is likely to distort people’s view of the world because of a mental bug that the psychologists Amos Tversky and Daniel Kahneman called the Availability heuristic: people estimate the probability of an event or the frequency of a kind of thing by the ease with which instances come to mind. In many walks of life this is a serviceable rule of thumb. But whenever a memory turns up high in the result list of the mind’s search engine for reasons other than frequency—because it is recent, vivid, gory, distinctive, or upsetting—people will overestimate how likely it is in the world.
Plane crashes always make the news, but car crashes, which kill far more people, almost never do. Not surprisingly, many people have a fear of flying, but almost no one has a fear of driving. People rank tornadoes (which kill about 50 Americans a year) as a more common cause of death than asthma (which kills more than 4,000 Americans a year), presumably because tornadoes make for better television.

The nature of news is likely to distort people’s view of the world
The data scientist Kalev Leetaru applied a technique called sentiment mining to every article published in the New York Times between 1945 and 2005, and to an archive of translated articles and broadcasts from 130 countries between 1979 and 2010. Sentiment mining assesses the emotional tone of a text by tallying the number and contexts of words with positive and negative connotations, like good, nice, terrible, and horrific.
Putting aside the wiggles and waves that reflect the crises of the day, we see that the impression that the news has become more negative over time is real. The New York Times got steadily more morose from the early 1960s to the early 1970s, lightened up a bit (but just a bit) in the 1980s and 1990s, and then sank into a progressively worse mood in the first decade of the new century. News outlets in the rest of the world, too, became gloomier and gloomier from the late 1970s to the present day.
The consequences of negative news are themselves negative. Far from being better informed, heavy newswatchers can become miscalibrated. They worry more about crime, even when rates are falling, and sometimes they part company with reality altogether: a 2016 poll found that a large majority of Americans follow news about Isis closely, and 77% agreed that “Islamic militants operating in Syria and Iraq pose a serious threat to the existence or survival of the United States,” a belief that is nothing short of delusional.
Consumers of negative news, not surprisingly, become glum: a recent literature review cited “misperception of risk, anxiety, lower mood levels, learned helplessness, contempt and hostility towards others, desensitization, and in some cases, ... complete avoidance of the news.” And they become fatalistic, saying things like “Why should I vote? It’s not gonna help,” or “I could donate money, but there’s just gonna be another kid who’s starving next week.”
Relentless negativity can have other unintended consequences, and recently a few journalists have begun to point them out. In the wake of the 2016 American election, the New York Times writers David Bornstein and Tina Rosenberg reflected on the media’s role in its shocking outcome:
Trump was the beneficiary of a belief— near universal in American journalism—that “serious news” can essentially be defined as “what’s going wrong... For decades, journalism’s steady focus on problems and seemingly incurable pathologies was preparing the soil that allowed Trump’s seeds of discontent and despair to take root. .. One consequence is that many Americans today have difficulty imagining, valuing or even believing in the promise of incremental system change, which leads to a greater appetite for revolutionary, smash-the-machine change.”
Bornstein and Rosenberg don’t blame the usual culprits (cable TV, social media, late-night comedians) but instead trace it to the shift during the Vietnam and Watergate eras from glorifying leaders to checking their power—with an overshoot toward indiscriminate cynicism, in which everything about America’s civic actors invites an aggressive takedown.
It’s easy to see how the Availability heuristic, stoked by the news policy “If it bleeds, it leads,” could induce a sense of gloom about the state of the world. Media scholars who tally news stories of different kinds, or present editors with a menu of possible stories and see which they pick and how they display them, have confirmed that the gatekeepers prefer negative to positive coverage, holding the events constant.
That in turn provides an easy formula for pessimists on the editorial page: make a list of all the worst things that are happening anywhere on the planet that week, and you have an impressive-sounding—but ultimately irrational—case that civilization has never faced greater peril.
  • Adapted from Enlightenment Now: The Case for Reason, Science, Humanism, and Progress by Steven Pinker, published by Viking, an imprint of Penguin Publishing Group, a division of Penguin Random House, LLC. Copyright © 2018 by Steven Pinker.



https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/feb/17/steven-pinker-media-negative-news

@fakenews

Reunião on line


Dieta na quarentena


Mas a primavera não sabia


terça-feira, 24 de março de 2020

Mandetta, 2014


Coreia do Sul e as medições do virus


Compre Brasil


A Petrobrás não pode parar


Asterix profético


Soluções italianas


Com a covid-19, viramos personagens de filme(João Luiz Rosa, Valor, 24.3.2020)

Com a covid-19, viramos personagens de filme


Terça-feira, 24 de Março de 2020 - 00:00

João Luiz Rosa
Os elementos clássicos de um filme de ficção científica estão todos reunidos: um vírus letal para a espécie humana; o cientista que adverte as autoridades, mas é reprimido; o receio generalizado entre a população; a corrida aos supermercados para estocar alimentos; ruas que lembram cidades-fantasmas. Mas, desta vez, é tudo verdade.

Imagens da Torre Eiffel, da Disneyworld e de ruas de Nova York completamente desertas, por causa da pandemia do novo coronavírus, parecem incomodamente familiares, embora seja difícil lembrar quando esses lugares ficaram vazios recentemente, se é que ficaram. São ecos de cenas vistas em filmes e séries nos quais a civilização chegou perto de se esfacelar ou até mesmo desapareceu. Caminhar na rua do bairro sem ninguém por perto torna ainda mais palpável essa sensação de que nos tornamos personagens de um filme.

Vírus não são novidade no cinema. É surpreendente a quantidade de títulos sobre o assunto nos últimos anos: “Contágio”, “Epidemia”, “Pandemia”, “Vírus”, “Extermínio”... E por aí vai.

Os paralelos entre as pandemias da ficção e da realidade são inevitáveis, a começar pela origem da doença. Frequentemente, o problema começa com o contato entre o ser humano e algum animal selvagem.

Em “Epidemia” (1995), estrelado por Dustin Hoffman e Morgan Freeman, um macaco contaminado por um vírus desconhecido é levado ilegalmente para uma loja de animais na Califórnia, transformando a região no epicentro de uma crise. O filme estreou no mesmo ano do primeiro surto de ebola na África.

Morcegos são a origem mais provável do ebola, provocada por vírus do gênero filovírus. Mas macacos, como retrata o filme, também fazem parte da história das epidemias. Segundo a teoria mais aceita pelos pesquisadores, o HIV, que causa a Aids, teria vindo do SIV, um vírus altamente mutante, encontrado em chimpanzés e macacos-verdes africanos.

No caso da covid-19, chegou-se a falar que um animal em risco de extinção, o pangolim, teria sido o hospedeiro intermediário do coronavírus. A tese, no entanto, foi abandonada. Agora, os morcegos têm sido apontados como principais suspeitos, porque sua carne é vendida em mercados de algumas regiões na China. As autoridades de saúde globais ainda não confirmaram essa informação, mas a hipótese tem precedentes: o animal é considerado a origem mais provável dos dois surtos anteriores de doenças respiratórias provocadas por coronavírus — a Sars, que contaminou mais de 8 mil pessoas e provocou 774 mortes entre 2002 e 2003, e a Mers, com 2.494 contaminados e 858 mortes desde setembro de 2012. Até ontem, o coronavírus contabilizava mais de 353 mil casos e pelo menos 15 mil mortes, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

Independentemente de qual for o animal hospedeiro, cientistas e ambientalistas têm alertado para o risco de ocorrência de mais pandemias no mundo, à medida que o desmatamento aproxima animais selvagens do convívio humano, com consequências imprevisíveis. Privadas de seu habitat, muitas espécies estão se adaptando à vida na proximidade de grandes cidades, onde passam a se alimentar de lixo. E a conviver com as pessoas.

“Contágio” (2011), do diretor Steven Soderbergh, mostra outros aspectos que parecem saídos do noticiário da TV, em particular a escalada internacional de uma nova doença e o esforço dos cientistas para deter a contaminação. Sem saber, a personagem interpretada por Gwyneth Paltrow espalha um vírus enquanto viaja de Hong Kong, aonde fora a negócios, para os Estados Unidos. A trama deixa clara a dificuldade para estabelecer quem é o paciente zero — ou seja, com quem começou a transmissão — e o que fazer para criar um antídoto. Paralelamente, mostra como o temor das pessoas comuns corrói rapidamente o tecido social. Em uma sequência do filme, pessoas na fila de uma farmácia depredam o estabelecimento ao saber que a cota diária do remédio recomendado acabou. Diante da escassez, ninguém pensa nos outros. Lembra a busca desenfreada nos últimos dias pela cloroquina, usada contra a malária, e a hidroxicloroquina, aplicada no tratamento de lúpus e artrite reumatoide. Embora não se tenha comprovado a eficácia das substâncias no combate à covid-19, a procura aumentou tanto que as autoridades passaram a temer que os remédios faltem para quem realmente precisa deles.

No filme, os cientistas conseguem produzir uma vacina em três meses, em doses limitadas. No mundo real, China e EUA têm liderado os esforços para encontrar uma vacina, mas muitos especialistas preveem que nenhuma solução comprovada ficará pronta em menos de um ano e meio.

Em produções cinematográficas mais fantasiosas, vírus e bactérias podem aparecer como metáfora do mal-estar da sociedade. É o caso de muitas histórias de zumbi, em que os sobreviventes infligem uns aos outros sofrimentos tão ou mais graves que os mortos-vivos. “Kingdom” (2019-2020), uma série sul-coreana da Netflix, combina uma epidemia de zumbis com intrigas palacianas na corte da dinastia Joseon, na era medieval. Uma família aristocrata tenta tomar o trono do sucessor de direito, e usa a doença para conseguir isso. Entre cenas de ação e terror, há referências à guerra de informação, que muitos políticos incitam em épocas de epidemia para se promover diante do público. Também há uma advertência quanto à ameaça de usar forças da natureza para combater inimigos, numa antecipação das guerras bacteriológicas atuais.

De certa forma, o escritor H.G. Wells já tratou disso em 1898, no romance “A Guerra dos Mundos”. A história, várias vezes adaptada para o cinema, ficou célebre depois de Orson Welles transformá-la em um programa de rádio, em 1938, que muitos americanos levaram a sério. É a narração de uma sangrenta invasão de marcianos à Terra. Depois de praticamente vencer os humanos, os alienígenas morrem repentinamente. Sem proteção contra os organismos do planeta, acabam detidos por uma simples bactéria.

----

João Luiz Rosa é repórter especial E-mail joao.rosa@valor.com.br