quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O botânico soviético que queria alimentar o mundo e morreu de fome em Gulag de Stalin(BBC)



Biólogo, botânico, geneticista, aventureiro, geógrafo, agrônomo e, sobretudo, idealista, Vavílov foi uma das mais importantes mentes científicas do século XX

Nikolái Vavílov foi perdoado em 1955, mas nunca soube disso.

Quinze anos antes, enquanto colecionava sementes nos campos ucranianos, foi detido pela polícia secreta soviética sem maiores explicações.

Um dos biólogos mais admirados do mundo e um dos principais pioneiros no campo da criação de plantas e genética, Vavílov desapareceu e não deixou vestígios.

Ninguém sabia que ele havia sido preso sob acusações de espionagem, sabotagem e destruição, nem que havia sido condenado à morte em um julgamento secreto em 1941, uma pena que foi convertida para 20 anos em um gulag, os campos de trabalhos forçados soviéticos.

Documentos publicados posteriormente mostraram que, antes do julgamento fraudulento, a polícia, em busca de uma confissão, o submeteu a 1,7 mil horas de interrogatórios brutais durante 400 sessões, segundo o especialista em taxonomia vegetal, Geoffrey Hall.

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Nem sua mulher nem seu filho nem seus colegas foram informados de que, enquanto a URSS estava lutando contra os nazistas, as condições no gulag se deterioraram a tal ponto que, depois de tentar sobreviver comendo repolho congelado e farinha mofada, Vavílov morreu de fome em 26 de janeiro de 1943.

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"O poder soviético não pune, corrige", diz o slogan na parede de uma velha cela de castigo de um gulag

Mas, finalmente, tudo veio à tona.

E aqueles que aprendem sobre a história de Vavílov não podem ignorar a amarga ironia de que o homem que dedicou toda a sua vida ao fim da fome no mundo morreu de fome.

Mas para muitos pesquisadores, a vida trágica desse soviético é uma lição de como a política pode interferir no desenvolvimento científico e interromper o avanço tecnológico.

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"Ele morreu de fome, pintado da natureza", é o nome dessa obra russa de 1919

Erradicando a fome
Vavílov nasceu em 1887 em Moscou. Até então, a Rússia já tinha uma longa história de fome causada por secas ou eventos climáticos catastróficos que mataram milhões de pessoas.

De fato, durante seus 56 anos de vida, ele viveu vários desses episódios, embora as causas do último deles não fossem naturais, mas políticas.

Na Rússia Imperial de sua juventude, sob o regime autocrático dos czares, as perdas na colheita eram frequentes.

Ao ver o sofrimento causado pela falta de comida, Vavílov tomou para si a missão de fazer algo para que isso nunca acontecesse em nenhum outro lugar do mundo.

Assim, quando estudou, interessou-se especialmente pelas então emergentes disciplinas científicas de botânica e genética.

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"A colheita" (1925), pelo artista Vasily Rozhdestvensky, faz parte da coleção do Museu de Arte do Estado, Samara.

O grande plano
A ideia de Vavílov era cultivar plantas que resistissem a condições adversas.

Para isso, planejou expedições científicas para coletar sementes de variedades de culturas e seus ancestrais selvagens.

Ele começou, assim, em "áreas onde a agricultura tem sido praticada por um longo tempo e nas quais surgiram civilizações indígenas", diz o etnologista Gary Paul Nabhan, autor de De onde vem nossa comida: os passos da missão de Nikolai Vavilov para acabar com a fome.

Image caption Vavílov inventou o conceito de "centros de origem", áreas geográficas onde um grupo de organismos desenvolveu suas propriedades distintivas pela primeira vez. Estes foram os que ele identificou: 1) México, Guatemala; 2) Peru, Equador, Bolívia; 2a) ao sul do Chile; 2b) Paraguai, sul do Brasil; 3) Mediterrâneo; 4) Oriente Médio; 5) Etiópia; 6) Ásia Central; 7) Indo-Birmânia; 7a) Siam, Malásia, Java; 8) China, Coréia

Por quê?

Vavílov foi um dos primeiros cientistas a reconhecer a importância da diversidade genética. Por isso, tinha que voltar aos lugares onde a humanidade havia começado a domesticar as plantas para resgatá-las.

Durante milênios, os agricultores selecionaram as espécies que proporcionaram alto rendimento e bom sabor.

Nesse processo, genes que conferiam propriedades úteis, como resistência a doenças e mudanças repentinas no clima, acabaram perdidos.

O resultado: alimentos de melhor qualidade, mas culturas menos resistentes, um traço que ceifou muitas vidas ao longo da história.

Então, a única maneira de devolver os genes perdidos às plantas era encontrar seus ancestrais selvagens e aproveitar sua herança genética.

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As leis derivadas do trabalho de Gregor Mendel, conhecido como "o pai da genética", foram um grande marco na evolução da biologia

Pioneiro
Numa época em que as palavras "genes" e "genética" acabavam de se tornar conhecidas, Vavílov traçou seu plano com base nas leis de Gregor Mendel.

Isso o colocou na vanguarda da corrente principal do pensamento científico da época. E não passou despercebido.

Nos primeiros anos após a Revolução Russa, Vladimir Lenin entendeu o poder econômico do sonho de Vavílov e o apoiou em suas expedições.

Por trás desse apoio, estava o pensamento estratégico de tornar a URSS líder na produção mundial de alimentos.

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A passagem do poder das mãos de Lenin para as de Stalin não favoreceu Vavílov ou aqueles que, como ele, acreditavam na genética
O cientista lançou um programa de exploração de plantas em todos os continentes.

No total, organizou (e frequentemente dirigiu) 115 expedições para 64 países, incluindo Afeganistão, Irã, Taiwan, Coreia, Espanha, Argentina, Bolívia, Peru, Brasil, México e EUA.

Tornou-se diretor do Escritório de Botânica Aplicada e presidente da Academia Lenin de Ciências Agrárias da União Soviética, o que lhe deixou à disposição um grande número de estações experimentais.

Sob seu comando, Vavílov tinha cerca de 25 mil pessoas espalhadas por toda a URSS.

Em um antigo palácio czarista em Leningrado (atual São Petersburgo), ele estabeleceu um dos primeiros bancos de sementes do mundo e o maior de seu tempo.

Mas depois da morte de Lênin em 1924, seu sonho começou a se transformar em pesadelo.

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Vavílov viajou frequentemente para conferências internacionais. Aqui, no centro, está o proeminente físico russo Abram Ioffe e o economista e filósofo russo Nikolai Bukharin no Congresso da História da Ciência em 1931, em Londres.

Herança burguesa
Vavílov veio de uma família de comerciantes, falava 15 idiomas e era imensamente popular e bem sucedido.

Ele tinha muita confiança em seu conhecimento e defendia com teimosia e talento seus princípios.

Além disso, valorizava a integração dos pensamentos científicos de todo o mundo, mantinha contato com os seus pares em muitos lugares e incorporou a obra de cientistas não russos em seu trabalho, como o austríaco Gregor Mendel e o britânico Charles Darwin.

Mas na URSS liderada pelos stalinistas, cientistas afiliados a pessoas de fora do país eram vistos como possíveis conspiradores contra o governo.

Além disso, o sucessor de Lenin, Joseph Stalin, não tinha paciência para estratégias de longo prazo, como o plano global de segurança alimentar que Vavilov tinha em mente.

Por outro lado, Stalin e seus companheiros acharam muito burguês o pensamento de que as plantas poderiam herdar e transferir genes.

Mas contrariar uma personalidade como a de Vavílov não foi nada fácil ... até que uma fome e uma alternativa científica foram combinadas.


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Trofim Lysenko, o herói que se tornou vilão

O arqui-inimigo

Anos antes, Vavílov convidou um jovem camponês ucraniano "que sempre esteva coberto de lama" para trabalhar com ele como assistente de campo.

Seu nome era Trofim Lysenko.

Impressionado pela diligência e pelo entusiasmo de Lysenko, Vavílov o nomeou para a Academia de Ciências da Ucrânia em 1934.

O que Vavílov não sabia era que Lysenko tinha um profundo ressentimento por ele e estava apenas esperando pela oportunidade de prejudicá-lo.

A fome
A última fome testemunhada por Vavílov deveu-se, em grande parte, à coletivização das fazendas privadas por Stalin, que as transformou em uma linha de produção e reduziu consideravelmente suas receitas.

Stalin precisava de um bode expiatório para a fome e o fracasso de sua coletivização de fazendas e Vavílov era o candidato ideal.

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O geneticista soviético e engenheiro agrônomo Trofim Lysenko mede o crescimento do trigo em um campo agrícola coletivo perto de Odessa, na Ucrânia

Deu-lhe 3 anos para produzir variedades resistentes a tudo, embora Vavílov tivesse especificado que cientificamente o prazo não poderia ser alcançado antes de 10 ou 12 anos.

Em paralelo, Lysenko lançou seu ataque contra o poderoso apoio do corpo governante da URSS.

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Vavílov (terceiro da esquerda para a direita) representava a URSS em nomeações como esta, na sede das Nações Unidas em Nova York

Duelo teórico
A ideologia de Lysenko é agora considerada como pseudociência.

Baseava-se predominantemente na rejeição da genética mendeliana e em tudo o que sustentava a ciência de Vavílov.

Lysenko e seus colegas lamarckianos (seguidores do biólogo Jean-Baptista de Lamarck) eram conhecidos como "biólogos progressistas" e argumentavam que se podia alterar características herdadas apenas mudando as condições externas em que viviam uma planta ou um animal.

Eles afirmavam, por exemplo, que o milho cresceria rapidamente no gélido extremo norte do país .


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Duas mulheres pegam os restos de um cavalo morto para comer durante o cerco de Leningrado pelos alemães na Segunda Guerra Mundial

Nada disso tinha fundamento científico.

As discussões entre os defensores da genética e os lamarckianos eram realizadas tanto na imprensa quanto em reuniões especiais, nas quais Vavílov era o orador principal e apresentava argumentos científicos para refutar as afirmações infundadas de Lysenko.

Mas tudo foi em vão.

Em poucos anos, Vavílov (que Lysenko descreveu como "reacionário, burguês, idealista e formalista") foi isolado política e academicamente.

Ele não podia mais dirigir delegações soviéticas para fóruns internacionais sobre genética de plantas, enquanto suas expedições foram consideravelmente reduzidas e restritas a lugares no exterior como a Crimeia e a Ucrânia.

Sua integridade profissional foi danificada por uma avalanche de ataques politizados e seus privilégios acadêmicos, eliminados.

Finalmente, em um dia de 1940, um carro da polícia secreta chegou e levou-o embora.

Protegendo o tesouro com a própria vida
Enquanto Vavílov estava desaparecido, sua coleção de sementes ficou em perigo.

Adolf Hitler havia ordenado que suas forças sitiassem Leningrado e deixassem a população morrer de fome e frio.

O cerco durou quase 900 dias: de setembro de 1941 a janeiro de 1944.

Confrontado com a ameaça de que a coleção de 370 mil sementes, frutas e raízes mantidas em um cofre secreto pudesse ser dizimada pelos nazistas, pela população faminta ou por ratos, a equipe de Vavílov formou uma milícia.

Cerca de 700 mil pessoas morreram de fome durante o cerco de três anos, incluindo alguns colegas de Vavilov que se entrincheiraram com a coleção e conseguiram protegê-la, mesmo à custa de suas próprias vidas, uma vez que poderiam sobreviver se comessem o que estavam guardando.

"Salvar essas sementes para as gerações futuras e ajudar o mundo a se recuperar depois da guerra era mais importante do que o conforto de uma pessoa", disse um deles, segundo Nabhan.

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Jardim Botânico e Instituto de Pesquisa Panruso homenageiam Vavílov

Ressurreição
Em 1948, a Academia Lenin anunciou que o lysenkoismo deveria ser ensinado como a única teoria correta. Tal regra durou até meados da década de 1960.

E, apesar de muito do seu trabalho ter sido perdido, o legado de Vavílov está mais presente hoje do que nunca .

Seu banco de sementes em São Petersburgo é chamado de "Jardim Botânico e Instituto de Pesquisa Panruso NI Vavílov" e, embora sofra privações, 12 de suas estações de pesquisa ainda estão operando em diferentes regiões climáticas da Rússia.

Além disso, a sua classificação de " centros de origem " (regiões onde o processo de domesticação de uma espécie começou e onde existem parentes silvestres que deram origem a esse cultivo) é considerada uma das mais completas e, com algumas modificações, é a que vigora até hoje no mundo todo.

Segundo Nahab, seu legado é ainda maior.

"Todas as nossas noções sobre diversidade biológica e a necessidade de diversidade de alimentos em nossos pratos para nos manter saudáveis brotaram de seu trabalho".

https://www.bbc.com/portuguese/geral-47352590

@biologia @política

Curativo high tech

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O trem de prata(Pérsio Arida)


Persio Arida Economista, foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo de Fernando Henrique
A inteligência de Otavio Frias Filho, perpetuamente insatisfeita, fazia com que nossas conversas transcorressem como prefácios de um livro que nunca foi escrito. Foi uma amizade reservada, desinteressada e bissexta.

Minha amizade com o Otavio começou em 1998 quando da última viagem do Trem de Prata. Dotado de cabines simples, dupla e beliches, jantar a bordo, o trem sairia de noite da estação da Barra Funda e chegaria cedinho ao Rio de Janeiro. Eu fui com as minhas filhas porque era a última oportunidade de viajar de trem-leito, seria uma farra para as crianças. Ele estava lá com a Giulia e amigos, movido certamente pelo mesmo espírito de aventura, mas também por sua ojeriza a aviões.

Eu já o conhecia dos almoços da Folha promovidos por seu pai. O primeiro deles, se não me falha a memória, foi em 1986. Mas naqueles almoços ele pouco falava. O Octavio pai era uma figura solar. O assunto era sempre economia e política; quando muito, no cafezinho, falávamos de negócios. O Octavio pai criava frangos e era obcecado por conseguir ganhos de produtividade.

Foi no Trem de Prata que conversamos diretamente pela primeira vez. A empatia foi imediata. Acabamos nos “Pensamentos” de Pascal e falando sobre o ateísmo. Ele era sério, compenetrado, me parecia quase soturno, mas nos identificamos no gosto pelo nonsense e pe-las situações bizarras.

A começar pela própria viagem o trem fazia longas paradas no meio do nada, nenhuma informação era dada e por várias vezes pensei que teríamos que descer no meio do caminho. A saída foi pontual, mas só conseguimos chegar ao Rio de Janeiro 14 horas depois.

Não era à toa que o Trem de Prata encerrava ali suas atividades: a nossa malha ferroviária estava se desintegrando. Anos depois rimos juntos contrastando aquela viagem com o lunático Trem Bala da Dilma. Do Trem de Prata em diante firmamos uma amizade diferente dos padrões usuais. A inteligência dele, perpetuamente insatisfeita, fazia com que nossas conversas transcorressem como prefácios de um livro que nunca foi escrito.

Foi uma amizade reservada, desinteressada e bissexta. Ele não me via como fonte e eu nunca pedi que ele publicasse ou deixasse de publicar algo. Vivíamos em mundos diferentes, as conversas eram ocasionais, mas o laço de confiança permaneceu forte ao longo dos anos. Fiquei surpreso quando li o “Queda Livre”. A dedicatória do exemplar que ele me enviara não deixava entrever do que se tratava.

Sabia do seu interesse por situações extremas, é claro, mas aquilo me parecia apenas uma excentricidade, não algo a ser vivido. Mas passada a surpresa inicial entendi: a experiência radical, mais do que um exercício de liberdade, era para ele uma forma de autoconhecimento.

Enviei-lhe o pequeno texto que acompanhava um vídeo do Bill Viola chamado “Chott el-Djerid (A Portrait in Light and Heat)”: I want to go to a place that seems like it’s at the end of the world. A vantage point from which one can stand and peer out into the void…You finally realize that the void is yourself. It is like a huge mirror for your mind. Out here, the unbound mind can run free. Space becomes a projection screen. Inside becomes outside. You can see what you are.

Mais tarde ele me respondeu com apenas duas palavras: exatamente isso.

Nosso penúltimo almoço foi por iniciativa dele. Atarefado com o Banco que ficava na Faria Lima sugeri almoçarmos na Trattoria para termos mais tempo.

Pela primeira vez ele me contou de suas finanças pessoais. Sim, ele havia casado tarde e tinha crianças pequenas. Mas a preocupação com o fu
turo me pareceu estranha numa pessoa cheia de vida e com tantos projetos a desenvolver.
1 1 Quero ir a um lugar que pareça ofimdo mundo. Um mirante onde se possa parar e fitar o vazio... Ao final, você percebe que o vazio é você mesmo. É como um imenso espelho para sua mente. Lá, a mente, sem amarras, pode correr livremente. O espaço se torna uma tela de projeção. O interior se torna exterior. Você consegue ver o que você é

Tradução 

O último almoço foi na Folha. O almoço teve que ser remarcado algumas vezes porque ele queria estar presente e havia dias em que não passava bem.

A campanha presidencial estava no auge e a conversa girou em torno dela. Foi um almoço na tradição inaugurada por seu pai, centrado na economia e na política.

Ele foi embora antes do final porque tinha que pegar um avião para os Estados Unidos, na esperança de que um tratamento ainda em fase experimental o curasse.

Quando ele saiu da sala pensei por um instante em pedir licença aos demais participantes do almoço para sair também.

Meu impulso foi abraçá-lo e dizer carinhosamente que desejava de coração que ele ficasse bom logo. Mas acabei me inibindo pela presença dos demais e nossa despedida se resumiu a um quase protocolar boa sorte.

Saí daquele almoço arrependido pelo abraço que não aconteceu. Lembrei-me da celebração dos 90 anos da Folha. Quem sabe o tratamento seria um sucesso e eu o veria novamente na Sala São Paulo lendo o discurso dos 100 anos.

Mas, para tristeza dos que o acompanharam em sua bela trajetória de vida, o final foi outro. A Folha fará 100 anos e não será ele a discursar. Mas ele de alguma forma lá estará, vivo na memória de todos nós.

Amizade entre Persio Arida e Otavio Frias Filho começou em 1998, na última viagem do Trem de Prata, de São Paulo ao Rio de Janeiro

Linha do tempo

1921 Em 19 de fevereiro, é criado o jornal “Folha da Noite”, por Olival Costa e seu sócio, Pedro Cunha

1945 O controle acionário passa para as mãos de José Nabantino Ramos. O novo proprietário decide adotar a imparcialidade como princípio editorial

1957 Em 7 de junho, nasce Otavio Frias Filho, primeiro filho de Octavio Frias de Oliveira e Dagmar de Arruda Camargo

1962 Em 13 de agosto, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) e Carlos Caldeira Filho (1913-1993) assumem o controle acionário da Empresa Folha da Manhã

1974 Otavio Frias Filho participa da decisão de abrir as páginas do jornal a articulistas de oposição à ditadura; no ano seguinte, passa a escrever editoriais e assessorar o jornalista Cláudio Abramo, que dirigia a Redação. Em 1978, assume a função de secretário do recém-criado Conselho Editorial do jornal

1980 Otavio gradua-se no curso de direito da Universidade de São Paulo; posteriormente, cursa a pós-graduação em antropologia, no departamento de ciências sociais da mesma universidade

1983 Jornal lança a campanha pelas Diretas Já e inaugura a primeira Redação informatizada na América do Sul

1984 Em 24 de maio, Otavio assume o cargo de diretor de Redação. Implanta o Projeto Folha e torna público o projeto editorial do jornal e o “Manual da Redação”

1991 Otavio publica seu primeiro livro, “Tutankáton”. Ao todo é autor e coautor de 10 livros, entre ensaios sobre cultura, peças teatrais, reportagens ensaísticas e obras infantojuvenis

1991 Recebe o prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo, da Universidade Columbia (EUA)

1994 Torna-se colunista da página 2 do jornal, onde escreve semanalmente até 1999

2016 Passa a escrever mensalmente uma coluna no caderno Ilustríssima

2018 É encenada no Teatro Oficina uma adaptação de seu texto “O Terceiro Sinal”. No dia 21 de agosto, morre Otavio Frias Filho

@economia @Brasil

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

15 global brands

Publicado em 12 de fev de 2019
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Vídeo: Museu Mário Fava

Conheça a fantástica história de 3 brasileiros que em 1928 saíram do Rio, atravessaram as Américas, e chegaram aos EUA numa aventura que durou 10 anos. Em dois FORD Modelo T, foram recebidos oor Henry Ford e pelo Presidente americano Franklin Roosevelt. Conheça essa aventura inimaginável para a época 

@história @automobilismo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Não foi o celular que destruiu a boa conversa (João Luiz Rosa, Valor)


Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2019 - 04:23
Valor Econômico | Brasil



Quase todo mundo conhece um caso parecido, mas o local e as circunstâncias tornam esse episódio digno de registro: em uma mesa, embaixo de uma pérgula coberta de plantas, quatro mulheres e um homem almoçam. Ninguém conversa entre si. Nem observa a natureza, como seria comum esperar de quem vai ao Jardim Botânico de São Paulo, em uma manhã ensolarada de sábado. Em vez disso, permanecem quietos e de cabeça baixa. Não olham sequer para os pratos — o que monopoliza a atenção de todos na mesa é o celular.

No Brasil, há mais celulares que habitantes, os mais jovens têm os melhores aparelhos, e o tempo gasto com esses dispositivos está entre os maiores do mundo.

Em novembro, dado mais recente disponível, o país contava com 231,8 milhões de linhas móveis ativas, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso para uma população de 208,5 milhões de pessoas. Feitas as contas, a proporção é de 1,1 linha por habitante.

Ao contrário do que seria de supor, os telefones mais sofisticados são comprados pelo consumidor mais jovem, e não pelo público maduro, que tem poder aquisitivo maior. Um extenso relatório publicado na semana passada pelo instituto americano Pew Research Center mostra que 85% dos brasileiros entre 18 e 34 anos são donos de smartphones, que trazem inúmeras funções e acesso à internet. Entre as pessoas com mais de 50 anos, só 32% têm um aparelho desse tipo. Considerando toda a população adulta, 60% dos brasileiros têm smartphones, e 23%, celulares mais simples. Os 17% restantes ainda não carregam nenhum tipo de telefone móvel.

Passa-se bastante tempo à frente do celular, que há muito deixou de ser um aparelho apenas para se falar com os outros. A chamada de voz, aliás, tornou-se função secundária. Foi sobrepujada por outras atividades, como mandar e receber mensagens, ouvir música, ver vídeos e navegar na web. No ano passado, os brasileiros passaram mais de três horas por dia ao celular, segundo a App Annie, companhia de análise de mercado. O país ficou em 5 lugar nesse ranking, atrás apenas de Indonésia, Tailândia, China e Coreia do Sul.

Os brasileiros têm, em média, 70 aplicativos instalados em seus celulares, dos quais usam, com frequência, pouco mais de 30.

Diante de um quadro como esse, é fácil culpar os celulares como responsáveis pelo fim da boa conversa, feita cara a cara, sem intermédio da tecnologia.

De fato, é difícil não se sentir incomodado quando seu amigo pede “um momentinho” e o deixa esperando 20 minutos enquanto conversa com outra pessoa ao celular. Ou quando alguém na sala ri do nada e você percebe que a piada vem do Facebook, do Twitter ou do WhatsApp — não do grupo reunido no local.

A influência da tecnologia no comportamento das pessoas é inegável. Ao proporcionar novas formas de relacionamento a distância, as inovações tecnológicas estimulam alterações das normas de convívio social — algumas bem-vindas, outras não.

Seria injusto, porém, atribuir à tecnologia 100% da culpa pelos ruídos que interferem cada vez mais no diálogo entre as pessoas — sentimento expresso na crença de que o celular passou a isolar as pessoas, em vez de aproximá-las.

Quem separa as pessoas não é a tecnologia — são elas mesmas.

A experiência tecnológica não abre mão da experiência humana. Ao contrário, depende dela. É nesse sentido que a preferência dos brasileiros pelas redes sociais — 50% do tempo gasto nos celulares é dedicado à mídia social, segundo a App Annie — pode fornecer pistas importantes sobre esse comportamento.

Analistas de mídia digital observam que a página principal de uma pessoa, a chamada “timeline”, costuma refletir suas próprias convicções. Como as interações mais frequentes são com familiares e amigos que pertencem à mesma classe social, filiação religiosa ou inclinação política, a tendência é de homogeneidade das opiniões. Posições divergentes costumam ser duramente criticadas nas redes, e muitas vezes a conversa descamba para ataques pessoais. O diálogo fica difícil, quando não impossível.

A decisão de preferir o celular — e as relações à distância — talvez seja indício de que as pessoas estão caminhando para viver em bolhas de interesse, sem contradições aparentes, em vez de lidar com posições divergentes e com o conflito que, eventualmente, advém disso. E como cada bolha acredita refletir a opinião “correta” ou dominante, resta às demais ficar com o papel de “errada” ou de “minoria”.

As consequências dessa percepção podem ser graves. Uma delas é a disseminação das notícias falsas. Depois de encontrar um terreno fértil nas redes sociais, as “fake news” espalharam-se para aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp. Ao receber a mensagem de alguém em quem confia, a tendência é a pessoa repassá-la, sem investigar se ela é verdadeira. E, como essa comunicação é privada, fica mais difícil detectar a fonte da desinformação.

Não há respostas fáceis aos desafios da tecnologia, em particular do celular. Tentar impedir seu avanço seria tanto ineficaz quanto indesejável. Novas formas de interação estão em todos os lugares e fornecem ferramentas poderosas para estimular a colaboração no trabalho e a criação de formatos educacionais inovadores, entre outros fatores positivos.

Mas é recomendável um olhar atento sobre a maneira como se usa a tecnologia. Pais podem limitar o tempo que filhos pequenos passam jogando ou mexendo em aplicativos; escolas podem definir políticas de uso dentro dos seus estabelecimentos, e profissionais podem criar rotinas para que seus smartphones sejam assistentes eficientes, e não fatores de distração.

Criatividade ajuda muito. Em vários países, restaurantes passaram a dar vantagens para quem desligar o celular ao entrar. Para citar um exemplo, o Fifí Armacém, em Buenos Aires, colocou uma caixa de madeira em cima das mesas para que os clientes deixem seus aparelhos, em troca de desconto de 10% na conta. Ninguém é proibido de usar o telefone, mas encontra benefícios ao tentar não fazê-lo. Equilíbrio é o nome do jogo.

Pessoas separam pessoas, não a tecnologia em si

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Vídeo: Oh Soley Soley(Middle of the Road)

Middle of the Road

Middle of the Road: também conhecido(a) como Part 4 (1967)
Los Caracas (1968-1970)

Origem escocesa, Glasgow, Reino Unido

Período em atividade 1967–1976
Gravadora(s) RCA (1970-1973)
Ariola (1973-1976)
Integrantes
Lorna Osborne
Ian McCredie
Stuart McCredie
Stephan Ebn
Ex-integrantes Sally Carr
Ken Andrew
Eric McCredie
Linda Carroll
Lorraine Felberg
Página oficial middleoftheroad-popgroup.com
Middle of the Road é um grupo de música pop escocês do final da década de 1960 e começo da seguinte, quando fez bastante sucesso na Europa e América Latina, antecedendo o êxito que viria depois neste estilo com o grupo Abba.

Em 1971 o hit Chirpy Chirpy Cheep Cheep alcançou o primeiro lugar nas paradas, e Soley Soley foi outro sucesso da banda que tornou-se memorável.

Até fevereiro de 2009 a banda, depois de muitas mudanças na composição de seus membros, continuava ativa e realizando shows pela Europa.

@pop

sábado, 9 de fevereiro de 2019

No frigir dos ovos

“O que significa “No frigir dos ovos”? Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil. Como a língua portuguesa é rica em expressões! Veja o quanto o vocabulário “alimentar” está presente nas nossas metáforas do dia-a-dia. Aí vai. Pergunta: – Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”? Resposta: – Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas. Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo. Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos. Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão. Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese… etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou. O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente. Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco…A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho. Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda. Entendeu o que significa “no frigir dos ovos” ?”

@filosofia @ditados

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Como a Alemanha perdeu seus Einsteins (Dalia Marin, Valor Econômico)


Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2019 - 04:34 
Valor Econômico | Opinião 


Dalia Marin
Por que a Alemanha, o berço de inovadores que fizeram história, como Johannes Gutenberg e Albert Einstein, não produziu gigantes da alta tecnologia como Google, Amazon ou Facebook? Alguns atribuem a culpa ao estigma associado ao fracasso da Alemanha por desestimular o empreendedorismo inovador. Outros apontam para obstáculos burocráticos à abertura de uma empresa. Mas existe outro motivo, mais alarmante, pelo qual a Alemanha perdeu seu impulso inovador: seus potenciais pioneiros, originários de famílias desfavorecidas, não estão tendo a oportunidade de se desenvolver.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a elasticidade intergeracional de renda é, na Alemanha, de cerca de 50%, o que significa que, se os pais da pessoa A ganhavam o dobro do que os pais da pessoa B, a pessoa A vai ganhar, em média, 50% mais que a pessoa B. Com diferenciais de rendimentos tão persistentes entre gerações, a Alemanha tem uma das taxas mais baixas de mobilidade intergeracional da OCDE – onde a elasticidade média é de 38% —, e ela parece estar diminuindo.

Taxas baixas de mobilidade intergeracional nas economias avançadas correspondem, muitas vezes, a altas taxas de desigualdade de renda. O que o economista Alan Krueger, da Universidade de Princeton, chamou de “a curva do Grande Gatsby” ilustra a inter-relação entre concentração de renda em uma geração e a capacidade dos membros da geração seguinte de ascender na escala econômica.

Nos Estados Unidos, na medida em que altos níveis de desigualdade de renda — e da concomitante desigualdade de oportunidades — inibem a mobilidade econômica intergeracional, o banco de inovadores potenciais do país encolhe. Em recente pesquisa pioneira — “The Opportunity Atlas: Mapping the Childhood Roots of Social Mobility” —, o economista Raj Chetty, de Harvard, e seus coautores usam Big Data para demonstrar esse fenômeno — e os enormes custos que ele implica.

Com base em dados sobre 1,2 milhão de inventores e de seus pais — que abrangem grau de instrução, notas de testes e renda —, o estudo revelou que 8,3 filhos de cada 1.000 famílias pertencentes ao 1% de maior renda da população se tornam inventores. No caso das famílias com renda inferior à média, esse número cai para apenas 0,84 filho por 1.000 famílias.

Isso não ocorre porque filhos de famílias de alta renda são mais talentosos. De acordo com “The Opportunity Atlas”, para cada 1.000 crianças do terceiro ano do ensino fundamental de famílias de renda mais elevada (dos 20% de maior renda da população) com notas de matemática no percentil 90, 7 se tornam inventores. Entre filhos de famílias de renda inferior (os 80% que menos ganham), essa proporção cai para apenas 3 em 1.000.

A renda, é claro, não é o único fator determinante. Apenas cerca de duas meninas com notas altas em cada mil se tornam inventoras, comparativamente a 6 meninos por mil. A raça também tem seu efeito: crianças negras ou latinas, por exemplo, tendem menos do que seus pares brancos a se tornar inventoras.

O que está na raiz dessas diferenças? “The Opportunity Atlas” mostra que comunidades dotadas de taxas mais elevadas de registros de patentes geram muito mais inventores por grupo de mil crianças. Isso não ocorre porque filhos de inventores herdem, de alguma forma, uma aptidão natural para a inovação.

A resposta pode estar, em vez disso, na exposição à inovação durante a infância. Chetty e seus colegas detectaram que a experiência de ver a inovação acontecer é suficiente para estimular as próprias crianças a inovar. A pesquisa dessa equipe também indica que, se as meninas forem expostas a histórias de inventoras tanto quanto os meninos são expostos às de inventores, a diferença de gênero na esfera da inovação se reduziria à metade.

As implicações econômicas dessas descobertas são profundas. “The Opportunity Atlas” estima que, se as mulheres, as minorias e os filhos de famílias de baixa renda inventassem com a mesma frequência que a dos homens brancos de renda elevada, a taxa de inovação nos EUA quadruplicaria.

Na Alemanha, a desigualdade de renda é menor que a observada nos EUA, e a Alemanha oferece educação gratuita para todos, inclusive no terceiro grau – o que constitui um poderoso nivelador social. Mas a taxa de mobilidade social da Alemanha continua inferior à dos EUA — e o país está pagando o preço por isso. Em recente sondagem, os empresários alemães citaram a falta de talentos relevantes como um empecilho de peso à atividade das “startups”.

Sem dúvida, a Alemanha precisa aprimorar o trabalho de fomentar o talento inovador em sua população jovem de todas as faixas socioeconômicas, raças e gêneros. A julgar pelo que “The Opportunity Atlas” descobriu, isso pode ser obtido por meio de programas, digamos, personalizados de mentoria e de estágios que aumentem a exposição das crianças à inovação.

Com base no quadro atual, os esforços da Alemanha de impulsionar a inovação são focados em novos incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento. Mas subtrair alguns poucos pontos percentuais dos impostos pagos por grandes inventores — que ganham mais de US$ 1 milhão ao ano, em média — pouco tende a ter um impacto sensível sobre seu comportamento. Se o banco de talentos continuar limitado, os incentivos fiscais destinados a promover a inovação terão maior tendência de aumentar os lucros dos que já estão inovando do que de aumentar o número total de inovações.

O que complica esse efeito é o fato de que fica mais difícil alcançar novas fronteiras na medida em que o volume total de conhecimento cresce. De acordo com uma estimativa, produzir hoje o mesmo volume de novos conhecimentos que o de 80 anos atrás exige um número cerca de 20 vezes maior de pesquisadores.

Isso implica que, para a Alemanha — ou qualquer país — alcançar seu potencial de inovação, precisará adotar uma estratégia focada em pessoas. E essa estratégia tem de enfatizar a igualdade de oportunidades e a exposição à inovação, principalmente entre as crianças que obtêm as maiores notas.

A taxa de mobilidade social da Alemanha continua inferior à dos EUA e o país está pagando o preço por isso. Em recente sondagem, empresários alemães citaram a falta de talentos relevantes como um empecilho de peso à atividade das “startups”

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