sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Carta de Amor aos Livros (Luiz Schwarcz, Cia das Letras)

O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.

https://duasfridas.wordpress.com/2018/11/28/carta-de-amor-aos-livros/

https://soundcloud.com/radiobandnewsbh/mondolivro-281118-luiz-schwarcz-escreve-carta-de-amor-aos-livros

@tecnologia

domingo, 25 de novembro de 2018

Brasil, uma das maiores desindustrializações da história (Ha-Joon Chang)

O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia (Ha-Joon Chang)

Considerado de direita na Coreia do Sul e de esquerda na Inglaterra, economista critica rumo das políticas brasileiras e defende protecionismo nos países emergentes

Você se considera de esquerda? Mesmo acostumado a dar entrevistas, essa pergunta ainda faz gaguejar Ha-Joon Chang, professor de economia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que se tornou conhecido por expor os problemas do capitalismo. “Bem...eu possivelmente sou”, respondeu um pouco reticente o acadêmico, como quem confessasse um pecado. Para ele, no mundo polarizado de hoje, admitir-se de qualquer tendência ideológica pode significar uma sentença de morte para um potencial diálogo. Além disso, em diferentes países, a percepção de direita e esquerda é diferente. “Na Coreia do Sul e Japão, por exemplo, o tipo de política industrial que defendo é considerada de direita. Já na Inglaterra, onde vivo hoje em dia, é uma política de esquerda”, afirmou o autor sul-coreano do best-seller Chutando a Escada: A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica (Editora Unesp), que veio ao Brasil participar do Fórum de Desenvolvimento, em Belo Horizonte. Ha-Joon Chang conversou com o El PAÍS sobre polarização política, história econômica e o futuro do sistema econômico mundial, que, para ele, não é nem capitalista, nem socialista.

Pergunta. Como a polarização política afeta o desenvolvimento econômico?

Resposta. A polarização é a pior coisa que pode acontecer para a economia. Tudo se torna simbólico. Você começa a se opor a determinada política simplesmente porque ela está associada a um partido de esquerda ou direita. Os debates estão se tornando cada vez mais difíceis. Ambos os lados, ao invés de debater, gritam uns com os outros. Eu gosto de me descrever como um pragmatista. Não importa de onde vem determinada política para o desenvolvimento econômico, contanto que ela funcione.

P. Desde o Consenso de Washington, no final da década de 1980, muitos países pobres abraçaram as recomendações internacionais para propagar o livre comércio como uma das formas de combater a miséria e se desenvolver. Como você avalia o resultado dessa medida?

R: Hoje, quando olhamos para os países ricos, em sua maioria, eles praticam o livre comércio. Por isso, é comum pensarmos que foi com esta receita que eles se desenvolveram. Mas, na realidade, eles se tornaram ricos usando o protecionismo e as empresas estatais. Foi só quando eles enriqueceram é que adotaram o livre comércio para si e também como uma imposição a outros Estados. O nome do meu livro, Chutando a escada, faz referência a um livro de um economista alemão do século XIX, Friedrich List, que foi exilado político nos Estados Unidos em 1820. Ele critica a Inglaterra por querer impor aos EUA e à Alemanha o livre comércio. Afinal, quando você olha para a história inglesa, eles usaram todo o tipo de protecionismo para se tornar uma nação rica. A Inglaterra dizendo que países não podem usar o protecionismo é como alguém que após subir no topo de uma escada, chuta a escada para que outros não possam usá-la novamente.
“O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia”

P: Como se deu o desenvolvimento dos países ricos na prática?

R:Estes países cresceram com base no que Alexander Hamilton [1789-1795], primeiro secretário do Tesouro dos Estados Unidos [que estabeleceu os alicerces do capitalismo norte-americano], defendeu como o argumento da indústria nascente. Do mesmo jeito que mandamos nossas crianças para a escola ao invés do trabalho quando são pequenas, e as protegemos elas crescerem, os Governos de economias emergentes têm que proteger suas indústrias até que elas cresçam e possam competir com as indústrias de países ricos. Praticamente todos os países ricos, começando pela Inglaterra no século XVIII, Estados Unidos e Alemanha, no século XIX, Suécia no começo do século XX, além de Japão, Coreia do Sul e Taiwan...todos estes países se desenvolveram usando protecionismo, subsídios estatais, controle do investimento direto estrangeiro, e em alguns casos, até mesmo empresas estatais.

P: Como esse passado dialoga com as medidas atuais de austeridade, que se tornaram fetiche em todo mundo como promessa de crescimento?

R: A receita de austeridade usada na Grécia é a mesma tentada na América Latina, na África e em alguns países da Ásia nas décadas de 1980 e 1990, e que criou desastrosos resultados econômicos. Investir em política de austeridade é contraproducente. As pessoas que defendem esse tipo de política entendem que, quando você tem uma grande dívida pública, um jeito de reduzir essa dívida é cortar os gastos do Governo a fim de reduzir o déficit fiscal. Mas um jeito melhor de reduzir o déficit é fazer a economia crescer mais rápido. Depois da Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha tinha uma dívida mais de 200% de seu PIB [Produto Interno Bruto], mas sua economia estava crescendo rápido. E depois de algumas décadas, isso deixou de ser um problema. Hoje, a Inglaterra tem tentado uma política de austeridade, mais amena que a da Grécia, é verdade, mas também sem sucesso em reduzir o déficit público proporcionalmente a renda nacional. Isso porque o PIB está crescendo muito lentamente. Se você corta os gastos, seu endividamento pode ficar um pouco menor, mas a renda precisa crescer.

P: O país corre o risco de ficar estagnado?

R: Exatamente. O que é incrível é que essa política vem sendo usada várias vezes, como no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, e nunca funcionou. Albert Einstein falava que a definição de loucura é fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes. O problema é que muitos economistas que defendem essas medidas, quando sua teoria não funciona, culpam a realidade. Como se a teoria nunca estivesse errada.

P: Você é bastante crítico da desindustrialização dos países emergentes. Por que é tão ruim ser dependente das commodities?

R: As pessoas têm que entender como é séria a redução da indústria de transformação no Brasil. Nos anos 80 e 90, no ponto mais alto da industrialização, esse setor representou 35% da produção nacional. Hoje não é nem 12% e está caindo. O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história, em um período muito curto. O país tem que se preocupar. E eu não estou dizendo nada novo. Muitos economistas latino-americanos já levantavam o problema da dependência de commodities primárias na década de 1950 e 1960. Quando você é dependente de commodities primárias há uma tendência de que o preço dos produtos caia no longo prazo em comparação com os produtos manufaturados. Além disso, os países dependentes de commodities não conseguem controlar seu destino.

P: Por exemplo?

R: Quando alguém inventa uma alternativa para o seu produto, isso pode devastar o valor de sua economia. A indústria brasileira de borracha foi um grande hit até que os americanos e russos inventaram a borracha sintética nos anos 1930 e 1940. Quando os alemães inventaram a chamada síntese de Haber-Bosch para a produção de amônia, a ser usado na fabricação de fertilizantes, Chile e Peru, que costumavam ganhar muito dinheiro exportando o fertilizante natural guano, que foi o mais valioso fertilizante nos século XIX, tiveram anos de estagnação econômica. Isso sem contar o potencial lento de crescimento das commodities e relação a outras indústrias, como a de tecnologia.

P: Mas o caso do Brasil não seria diferente, já que o país investe em tecnologia na área agrícola, e não só extração de commodity?

R: Para ser justo, eu sei que o Brasil tem tido algum sucesso na área agrícola, como produzir soja no Cerrado, que é uma região muito árida, onde tradicionalmente esta espécie não cresceria. É realmente impressionante. Mas quando você se especializa em soja você não pode aumentar sua produtividade da mesma forma que um país especializado em alta tecnologia, que pode aumentar sua produtividade em 20%, 30% ao ano. Sinceramente, o Brasil é um dos países que parece estar voltando no tempo no seu desenvolvimento econômico.

P: Como você avalia o papel do Estado neste cenário?

R: Ao contrário de outros países em desenvolvido, o Brasil tem a habilidade de fazer as coisas acontecerem por meio da intervenção governamental. A Embraer, por exemplo, é uma empresa de economia mista. A agricultura no Cerrado é subsidiada com recursos do governo. Em vários setores, o país já mostrou que quando quer fazer uma coisa, ele consegue. Infelizmente, os responsáveis por fazerem as políticas públicas parecem que perderam o rumo. Eles basicamente desistiram do modelo de desenvolvimento econômico por meio de um upgrade na economia, com investimento em indústrias de alta tecnologia.

P: Onde você acha que a política pública falhou?

R: Eu conheci vários empresários irritados em São Paulo pois as pessoas no Governo não parecem estar preocupadas com o declínio da indústria manufatureira no país. Sei que muitos economistas defendem que não importa se você está exportando soja ou aviões, desde que esteja fazendo dinheiro. E, no curto prazo, isso pode até ser verdade. Mas no longo prazo, é muito ruim para a economia. Além disso, as políticas macroeconômicas têm sido muito ruins para o setor industrial, especialmente a alta taxa de juros, uma das maiores do mundo.

P: No Governo Dilma, vários setores receberam subsídio e mesmo assim, os empresários não pareciam estar satisfeitos. O que faltou?

R: O Governo de Dilma canalizou vários subsídios em alguns setores em particular. Mas isso só foi necessário por conta da política de alta taxa de juros, uma vez que as companhias brasileiras não conseguem competir no mercado global de outra forma. Não sei todos os detalhes. Mas sei que houve erros, corrupção. As metas governamentais também foram determinadas de forma equivocada...sempre privilegiando a estabilidade macroeconômica. Já o declínio da indústria não foi considerado um problema. Focou em ações como Bolsa Família, mas sem prestar atenção em dar um upgrade na economia.

P: A Coreia do Sul pode ser considerada um exemplo de economia que conseguiu dar esse upgrade?

R: Depende de qual Coreia do Sul que estamos falando. A Coreia do Sul depois da crise asiática de 1997 abraçou o neoliberalismo, não tanto como os países da América Latina, mas desregulamentou o mercado financeiro e alavancou políticas industriais. O resultado é que uma economia que costumava crescer 6%, 7%, 8% até 1990, agora está sofrendo para crescer 3%. Isso porque as mudanças que criaram líderes globais na área industrial, automotiva e eletrônica, também produziram baixo crescimento, falta de trabalho e não impediram que estas indústrias migrassem para outros países. E mesmo assim, não tivemos o colapso industrial que se vê no Brasil.

P: Qual foi o papel da educação no crescimento da Coreia do Sul?

R: No começo, a educação teve um papel muito importante. Até os anos 80, era possível alguém de uma família pobre se tornar juiz, governador ou cirurgião. Infelizmente, a partir dos anos 90, tivemos um sobreinvestimento em educação, com o crescimento dos negócios privados. Tínhamos o maior investimento em educação do mundo. Mas hoje, considerando o valor que estamos investindo, e o tempo que os estudantes estão gastando para conseguir suas qualificações...o sistema se tornou bem ineficiente. A mobilidade social caiu muito nos últimos anos, porque as políticas educacionais deixaram de ser coordenadas com políticas industriais.

P: Você comenta que estamos entrando no fim da abordagem neoliberal ao desenvolvimento. O Brexit seria um exemplo desse começo do fim?

R: Poderia ser. Mas temos que considerar que há três tipos de pessoas que  votaram pelo Brexit. Um deles são os liberais que votaram para se livrar das regulamentações impostas pela União Europeia. Há ainda o grupo anti-estrangeiros e anti-imigração. E um terceiro grupo, os trabalhadores no Norte da Inglaterra, que já foi o centro produtor do país, e que experimentou uma desindustrialização massiva. Estas pessoas perderam seus trabalhos, e agora culpam trabalhadores da Polônia, Romênia e Hungria pela sua sorte. Podemos dizer que é o começo do fim no sentido em que isso aconteceu com a insatisfação que muitas pessoas têm com a globalização e o livre comércio.

P: Há algum lugar onde estaria sendo gestada uma solução para o modelo de desenvolvimento econômico dos países?

R: Cingapura é hoje o exemplo mais bem sucedido de um país com desenvolvimento pragmático e não ideológico. Quando lemos sobre Cingapura nos jornais The Wall Street Journal e na revista The Economist sempre ouvimos falar da política de livre comércio e o acolhimento positivo que o país tem com o investidor estrangeiro. O que é verdade. Mas não se fala que 90% das terras do país são de propriedade do Governo; 85% das casas são de propriedade do governo; e 22% do PIB é produzido por empresas públicas. Eles têm um modelo pragmático de economia, que mistura elementos do capitalismo de livre mercado e do socialismo. Eles não são capitalistas, nem socialistas. São pragmatistas. Uma de minhas frases favoritas é de Deng Xiaoping, o ex-líder Chinês: “Eu não ligo se o gato é preto ou branco, contanto que seja bom em pegar ratos”. Isso é o pragmatismo.


https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/05/economia/1515177346_780498.html

@economia @Brasil @Desindustrialização

sábado, 24 de novembro de 2018

Vídeo: Milena, a super aluna(Humor)


@fun

ANP entrega Prêmio de Inovação Tecnológica


ANP entrega Prêmio de Inovação Tecnológica
Publicado: Sexta, 23 de Novembro de 2018, 13h29
Atualizado: Sexta, 23 de Novembro de 2018, 18h13

  
A ANP realizou hoje (23/11) a cerimônia de entrega do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2018, no Rio de Janeiro. Nas cinco categorias do Prêmio, concorreram 102 resultados de projetos, de universidades, empresas petrolíferas e empresas brasileiras. A avaliação dos vencedores foi feita com base nos critérios de originalidade, relevância, aplicabilidade e funcionalidade da tecnologia e, como critério de desempate, a produção científica e tecnológica.

Na abertura do evento, o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, afirmou que, este ano, os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) irão ultrapassar R$ 1,3 bi. “A expectativa para os próximos 30 anos, com os contratos licitados até 2019, é que a média anual de investimentos em P,D&I, com esses projetos já em produção chegue a R$ 3 bilhões”, complementou.

O Prêmio ANP foi criado em 2014 e tem como objetivo reconhecer os resultados associados a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que representem avanço tecnológica para o setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, desenvolvidos no Brasil por instituições credenciadas, empresas brasileiras e empresas petrolíferas, com recursos da Cláusula de PD&I presente nos contratos de exploração e produção.


Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2018: diretoria da ANP, homenageado, menção honrosa e vencedores nas cinco categorias.
Clique aqui para ver a galeria de fotos do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2018


Veja abaixo os vencedores do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2018:

 Categoria I - Resultado de projeto(s) desenvolvido(s) exclusivamente por Instituição Credenciada, em colaboração com Empresa Petrolífera, na área temática geral “Exploração e Produção de Petróleo e Gás”:

 Título: Metodologias para integração entre simulação numérica de reservatório e sísmica 4D

Empresa petrolífera: Shell

Instituição credenciada: Unicamp / Cepetro

Resumo: Este projeto de pesquisa teve como objetivo desenvolver metodologias de integração entre dados de simulação numérica de reservatórios e sísmica 4D, considerando as incertezas relacionadas a ambos os conjuntos de dados através de abordagens estocásticas. As metodologias geradas nesta pesquisa contribuem para otimizar o gerenciamento de reservatórios, reduzindo as incertezas e riscos associados. O principal resultado são as metodologias propostas que propõem soluções para desafios práticos da indústria no que diz respeito à integração de dados de simulação numérica e sísmica 4D.



Categoria II - Resultado de projeto(s) desenvolvido(s) por Empresa Brasileira, com ou sem participação de Instituição Credenciada, em colaboração com Empresa Petrolífera, na área temática geral “Exploração e Produção de Petróleo e Gás”:

Título: Aplicação de conceitos de confiabilidade aeronáutica em projeto, operação e manutenção de BOPs submarinos

Empresa petrolífera: Petrobras

Empresa: Embraer, QGOG, Transocean, Brasdrill, Ocean Rig, NOV

Resumo: O BOP (Blowout Preventer) é o equipamento de segurança mais crítico de uma sonda de perfuração offshore. O equipamento é o responsável por controlar as pressões do poço e evitar derramamentos e vazamentos que podem levar a acidentes catastróficos. O cenário de altos custos com manutenção do equipamento e a constante preocupação com a segurança das operações levaram ao surgimento do Projeto de Pesquisa com o objetivo de estudar e aumentar a confiabilidade dos equipamentos de BOP, equiparando-a aos padrões de confiabilidade da indústria aeronáutica.



Categoria III – Resultado de projeto(s) desenvolvido(s) exclusivamente por Instituição Credenciada, em colaboração com Empresa Petrolífera, na área temática geral “Transporte, Dutos, Refino, Abastecimento e Biocombustíveis”:

Título: Produção de biodiesel avançado proveniente de microalgas nativas com captura intensiva de gás carbônico

Empresa petrolífera: Petrobras

Instituições credenciadas: UFRN/Instituto de Biociências, Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Engenharia Agrícola e UFRJ/Escola de Química

Resumo: Foi promovida a implantação bem sucedida de uma planta de produção de microalgas nativas no Rio Grande do Norte que atingiu produção anual superior a uma tonelada devido a sua estabilidade e alta produtividade média em biomassa seca livre de cinzas, cerca de 50 vezes maior do que a da soja. Foram testados diversos conceitos a nível de biorrefinaria e desenvolvida uma metodologia de extração a frio de óleo a partir de biomassa úmida de microalgas com posterior conversão a biodiesel especificado sob os critérios estabelecidos pela ANP. O resultado final dos esforços de P&D apresentados é o da produção de biocombustível de terceira geração com sucesso na escala piloto partindo de uma matéria prima não convencional (microalgas) submetida ao biorrefino até obtenção do produto final - biodiesel.



Categoria IV – Resultado de projeto(s) desenvolvido(s) por Empresa Brasileira, com ou sem participação de Instituição Credenciada, em colaboração com Empresa Petrolífera, na área temática geral “Transporte, Dutos, Refino, Abastecimento e Biocombustíveis”:

Título: Óleo Diesel de Primeiro Enchimento - Alta Estabilidade à Oxidação - nova linha de óleo diesel

Empresa petrolífera: Petrobras

Empresa: MAN Latin America, BR Distribuidora

Resumo: As montadoras de veículos, na busca de redução de custos, abastecem os veículos recém-fabricados com o mínimo de combustível necessário, para futura comercialização. Este pequeno volume de óleo diesel fica exposto a grande quantidade de ar e, muitas das vezes, fica estocado por longos períodos de tempo. Surgiu a oportunidade de desenvolvimento de um óleo diesel especial, denominado de primeiro enchimento, que apresentasse maior estabilidade à oxidação durante a sua estocagem. O novo produto desenvolvido reduz a ocorrência de reações de oxidação por longo tempo em função da sua elevada estabilidade, minimizando a formação de depósitos no sistema de injeção e consequente ocorrência de problemas operacionais dos veículos.



Categoria V – Resultado de projeto(s) desenvolvido(s) por Instituição Credenciada e/ou Empresa Brasileira, em colaboração com Empresa Petrolífera, na área temática específica “Aumento do Fator de Recuperação de Petróleo e Gás”:

 Título: Desenvolvimento de microcápsulas com rigidez controlável e o seu uso no controle de mobilidade e aumento do fator de recuperação de petróleo

Empresa petrolífera: Shell

Instituição credenciada: PUC-Rio/ Laboratório de Microhidrodinâmica e Escoamento em Meios Porosos

Resumo: Este projeto desenvolve uma metodologia para fabricação de microcápsulas com propriedades controladas e prova o conceito do uso de suspensões dessas microcápsulas como método de aumento do fator de recuperação de óleo. As microcápsulas podem ser usadas como agentes de bloqueio de poros já varridos pela fase aquosa, desviando o fluxo e consequentemente mobilizando gânglios de óleo imóveis, e como veículo de carreamento de agentes químicos para liberação controlada.

A relação com todos os finalistas pode ser consultada em: http://www.anp.gov.br/pesquisa-desenvolvimento-e-inovacao/premio-anp-de-inovacao-tecnologica/edicao-atual.



Personalidade Inovação do Ano 2018

A homenagem foi concedida ao prof. dr. Kazuo Nishimoto, pela contribuição à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação no setor energético brasileiro. Professor titular da Universidade de São Paulo (USP), possui graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Naval e Oceânica pela USP (1979), Yokohama National University (1982) e Universidade de Tokyo (1985), respectivamente. Atualmente, concentra suas atividades de pesquisa na integração de diferentes áreas de conhecimento da engenharia como principal coordenador do Tanque de Provas Numérico da USP, onde é coordenador geral. Já coordenou mais de 50 projetos de pesquisa e desenvolvimento aplicados na área de petróleo e gás, produzindo cerca de 200 publicações técnicas altamente conceituadas. É reconhecido ainda por várias contribuições para o desenvolvimento de novos conceitos e registro de patentes.

Menção Honrosa - Personalidade Inovação Operacional do Ano 2018

A menção honrosa este ano foi concedida a Virmondes Alves Pereira. Engenheiro civil pela Universidade Federal de Uberlândia, possui pós-graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA em Gestão de Negócio pelo Instituto Superior de Engenharia (ISE). Fez o curso de formação em Engenharia de Petróleo como funcionário da Petrobras em 1980, na Bahia. No mesmo ano, passou a trabalhar na Bacia de Campos, onde permaneceu por 35 anos, dos 37 dedicados à Petrobras. Lá, gerenciou operações de perfuração em águas profundas, contribuindo significativamente para o desenvolvimento desta atividade no Brasil. Aposentou-se em julho de 2017.


 @CEP85

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Vídeo: Quanto todo Shopping Center Canta Queen


@pop

É assim que a China quer dominar o mundo (Macarena Vidal Liy, El Pais)


O presidente chinês, Xi Jinping, deseja que Pequim ocupe o vácuo geopolítico deixado pelos EUA. Seus investimentos em diplomacia, armamentos e inteligência artificial são prova disso.


MACARENA VIDAL LIY
Pequim 3 MAR 2018 - 20:10        BRT

Ilustração de Artur Galocha com foto de Getty.


Xi no poder e as contradições da China que vive o auge dos protestos sociais
Países emergentes ascendem de novo
China propõe eliminar limite de dois mandatos consecutivos para que Xi Jinping se prolongue no poder
“Esconder a força e aguardar o momento.” Deng Xiaoping, o grande protagonista da abertura econômica chinesa, recomendava manter a China em segundo plano no cenário global, enquanto o país lutava para sair da pobreza e deixar para trás o marasmo de 10 anos de Revolução Cultural. Mas essa etapa ficou no passado. Na “nova era” proclamada pelo presidente Xi Jinping, o gigante asiático está decidido a ocupar o papel de protagonista da arena global, que, aos seus olhos, a história lhe deve. Através de Xi, o líder mais poderoso do país em décadas e que continuará no poder além dos 10 anos inicialmente previstos, a nação quer moldar a ordem mundial para se consolidar como referente e criar oportunidades estratégicas para si e suas empresas, além de legitimar seu sistema de governo. E já não hesita em divulgar esses planos.

“Nunca o mundo teve tanto interesse na China, nem precisou tanto dela”, declarava solenemente no mês passado o Jornal do Povo, o mais oficial das publicações oficiais de Pequim. E o atual momento – em que os Estados Unidos presididos por Donald Trump abrem mão de seu papel de líder global, a Europa está presa em suas próprias divisões e o mundo ainda arrasta as consequências da crise financeira de 2008 – apresenta uma “oportunidade histórica” que, segundo o comentário, “abre-nos um enorme espaço estratégico para manter a paz e o desenvolvimento e ganhar vantagem”. A assinatura como “Manifesto” indicava que o texto representava a opinião dos mais altos dirigentes do Partido.

Essa ambição não é nova: a catástrofe que significou o Grande Salto Adiante (1958-1962) foi provocada, no fim das contas, pela vontade de Mão Tsé-Tung de transformar a China numa potência industrial em tempo recorde. A novidade, de fato, é que isso seja agora proclamado – e cada vez mais alto. Em seu discurso no XIX Congresso Nacional do Partido Comunista, em outubro, quando renovou seu mandato por outros cinco anos, Xi anunciou a meta de transformar o país “num líder global em termos de fortaleza nacional e a influência internacional” até 2050. A data não é casual: até lá, a China já terá esgotado seu dividendo demográfico (hoje a estrutura etária de sua mão de obra, ainda relativamente jovem, é benéfica para o crescimento econômico do país).

Aos olhos de Pequim, a China nunca teve esse objetivo tão ao seu alcance. A diferença não é pautada apenas pelas circunstâncias geopolíticas ou por seu auge econômico, mas também por sua situação interna. Nunca, desde os tempos de Mao, um líder chinês havia contado com tanto poder, nem tinha se sentido tão seguro no cargo.

Xi não deixa de acumular postos e títulos, oficiais e extraoficiais. Secretário-geral do Partido, presidente da Comissão Militar Central, chefe de Estado, “núcleo” do Partido e agora lingxiu, o líder, um tratamento que só havia sido concedido a Mão e ao seu sucessor imediato, Hua Guofeng. Universidades do país inteiro abrem centros de estudo dedicados ao seu pensamento; as ruas de qualquer cidade estão cheias de cartazes pedindo que a população aplique suas ideias. De uma forma marcante, não vista em décadas, a lealdade ao Partido, e em consequência a Xi, é a condição essencial para se ter sucesso em qualquer atividade que tenha a ver com o onipotente Estado.

Xi se apresentou como o grande defensor da luta contra as mudanças climáticas, a globalização e os tratados de livre comércio

A consolidação do poder de Xi vai ser coroada na sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o Legislativo chinês, que será inaugurada na próxima semana no Grande Palácio do Povo de Pequim. Os deputados aprovarão, entre outras coisas, a eliminação do limite temporário de dois mandatos que a Constituição impõe ao presidente, abrindo caminho para que o mandatário continue à frente do país por tempo indefinido.

A China multiplicou sua expansão internacional já durante o primeiro mandato de Xi. Seu Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura completará três anos concedendo empréstimos equivalentes a mais de 13,4 bilhões de reais. Sua nova Rota da Seda – um plano para construir uma rede de infraestrutura ao redor do mundo – acaba de incorporar oficialmente a América Latina, mira o Ártico e se dispõe e realizar sua segunda reunião internacional em 2019. Seus investimentos em diplomacia têm sido vastos. Em 2017, o país destinou a essa área o equivalente a 25,5 bilhões de reais, um aumento de 60% em relação a 2013. Já os EUA propuseram cortar 30% das despesas com o serviço exterior.

Enquanto Washington abandona seus compromissos internacionais, a China está disposta a preencher esse vazio. Xi Jinping se apresentou como o grande defensor da globalização, da luta contra a mudança climática, dos tratados de comércio internacionais. Pequim já mantém acordos de livre comércio com 21 países – um a mais que Washington – e, segundo suas autoridades, negocia ou planeja incluir outros 10.

Os investimentos do Governo e das empresas da China e no exterior são um dos principais pilares dessa estratégia. Na América Latina, o país já concedeu mais créditos que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ano passado, investiu o equivalente a 390 bilhões de reais em 6.236 empresas de 174 países, segundo seu Ministério do Comércio. Como parte do plano de se tornar um país líder em tecnologia e fazer com que esse setor seja uma das principais fontes de seu PIB, a China comprou empresas fundamentais em áreas estratégicas, como a líder alemã em robótica Kuka e a fabricante de chips britânica Imagination. Já é um referente em inteligência artificial.

Mas sua presença no exterior não se limita ao terreno diplomático e comercial. Ser uma potência global requer não apenas ter acesso aos recursos e conexões com o resto do mundo, mas também defendê-los e se defender. E a China, com o equivalente a 490 bilhões de reais, é o segundo país com maior gasto militar, atrás dos EUA, e moderniza rapidamente seu Exército. Já conta com sua primeira base militar no exterior, em Djibuti, e, segundo o Afeganistão, estuda construir uma segunda base num canto remoto desse país.

Mas se a China hoje inspira mais simpatia que os EUA em diversos países – incluindo aliados tradicionais de Washington, como México e Holanda, segundo informou o Pew Research Center em 2017 –, seu auge também gera desconfiança. O Eurasia Group descreveu a influência chinesa em meio a um vazio de liderança global como o primeiro risco geopolítico para este ano. “[A China] está fixando padrões internacionais com a menor resistência já vista”, afirma a consultoria. “O único valor político que a China exporta é o princípio de não ingerência nos assuntos internos de outros países. Isso é atrativo para os Governos, acostumados às exigências ocidentais de reformas políticas e econômicas em troca de ajuda financeira.” Menção especial, entre outras coisas, merece o investimento chinês em inteligência artificial. “[Esse investimento] procede do Estado, que se alinha com as instituições e companhias mais poderosas do país e trabalha para garantir que a população se comporte como o Estado deseja. É uma força estabilizadora para o Governo autoritário e capitalista do Estado chinês. Outros Governos acharão esse modelo sedutor.”

 Xi Jinping, em 24 de outubro, no XIX Congresso do Partido Comunista.


Outras vozes também demonstram alarme. O primeiro-ministro australiano, Malcom Turnbull, denunciou em dezembro a influência da China nos assuntos políticos de seu país, mediante lobbies e doações, e apresentou um projeto de lei que busca frear isso. O diretor do FBI, a polícia federal dos EUA, Christopher Wray, também advertiu que Pequim pode ter infiltrado agentes até mesmo nas universidades. Um relatório do think tank alemão MERICS e do Global Public Policy Institute alerta para a crescente penetração da influência política da China na Europa, especialmente nos países do Leste. E um grupo de acadêmicos conseguiu, graças aos protestos do ano passado, que a editora Cambridge University Press restabelecesse artigos censurados por não coincidirem com a visão do governo chinês em assuntos como Tiananmen e Tibete.

A crescente assertividade de Pequim pode beirar a arrogância ou o desdém pelas normas internacionais. No mar do Sul da China, onde suas reivindicações de soberania enfrentam as de outras cinco nações, o país tem construído ilhas artificiais em áreas em disputa, apesar dos protestos dos Estados vizinhos e dos EUA. Recentemente, a imprensa recriminou a Suécia por suas pressões pela libertação de Gui Minhai, o livreiro sueco detido no mês passado quando viajava a Pequim escoltado por dois diplomatas.

Além dos alarmes, começam a soar também – de modo ainda muito incipiente – propostas para contra-atacar essa pujança ou os aspectos menos benevolentes dela. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a unidade dos 27 parceiros da União Europeia para não perderem terreno para a China. A Casa Branca começou a impor tarifas a alguns produtos para frear o que considera concorrência desleal da China no intercâmbio comercial. Japão, Índia, Austrália e EUA estudam apresentar um plano internacional alternativo ao da Rota da Seda.

Claro que nem sequer o todo-poderoso Xi pode considerar tudo como garantido, e a China da nova era padece de fraquezas importantes. No momento, o apoio popular ao presidente e sua gestão parece sólido. Mas mantê-lo, em uma sociedade de fortes desigualdades sociais, pode ser uma tarefa complicada. As jovens classes médias, nascidas e criadas depois da Revolução Cultural e de Mao, não conheceram o sofrimento de seus progenitores e demandam um bem-estar econômico que dão como certo, assim como padrões de vida semelhantes aos do Ocidente.

Isto inclui a poluição, um dos grandes males da China. Depois de medidas como um plano de urgência para o inverno, padrões de emissões para veículos e fechamento de fábricas com elevados níveis de poluição, este ano a qualidade do ar em Pequim melhorou notavelmente. Mas organizações como o Greenpeace enfatizam que essa melhora se deu, em parte, ao custo de transferir a poluição para regiões mais pobres e menos visíveis.

Garantir padrões de vida cada vez melhores – a China se comprometeu a acabar até 2020 com a pobreza rural, que em 2015 afetava 55 milhões de pessoas – obriga também a uma reforma econômica. Ao chegar ao poder, há cinco anos, Xi prometeu deixar que o mercado seguisse seu ritmo. É uma aspiração que se mostrou complicada. Em 2015, a revista Caixin indicava que, entre as 113 áreas suscetíveis de reforma, somente 23 avançavam a bom ritmo, os progressos eram lentos em 84 e nada se conseguira em 16.

O que está por fazer é o mais difícil: as empresas de propriedade estatal, gigantescas e ineficientes, mas básicas no sistema socioeconômico chinês atual; o excesso de crédito e de capacidade de produção; a completa liberalização do yuan. Reformas necessárias, mas que vão requerer enorme habilidade para que não prejudiquem o índice de desemprego ou a estabilidade social, a grande prioridade do Governo.

Em prol dessa estabilidade social, a China de Xi Jinping pôs em prática ambiciosos programas de controle e vigilância dos cidadãos, ajudada pela inteligência artificial. O fluxo das informações e as redes sociais são ferreamente supervisionados. Todas as empresas, incluindo as multinacionais estrangeiras, precisam contar com uma unidade do Partido Comunista em sua estrutura. Os meios de comunicação estatais – os principais  – receberam instruções da boca do próprio presidente: “Vocês devem se nomear Partido”.

A tendência é a de redução da tolerância a qualquer manifestação cultural que não reforce o papel dominante do Partido Comunista nem se ponha a serviço de seus objetivos. E isso inclui o tratamento às minorias e a prática da religião, sobre a qual recentemente foram impostos novos regulamentos. As pessoas incômodas – sejam dissidentes políticos, advogados de direitos humanos ou ativistas de causas sociais– são presas e, às vezes, condenadas a longas penas de prisão. No ano passado, o Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo morreu de câncer de fígado enquanto cumpria uma pena de 11 anos.

Mas o tempo corre, para Xi, para Pequim e para implementar as reformas. Um dos grandes obstáculos que o país enfrenta é precisamente seu rápido envelhecimento. A desastrosa política do filho único faz com que o dividendo demográfico esteja se esgotando. Apesar do fim da proibição em 2015, a natalidade não dá mostras de aumentar. Em 2020, 42 milhões de idosos não poderão cuidar de si mesmos e 29 milhões superarão os 80 anos. Um grande desafio para sistemas de previdência social e de saúde ainda muito frágeis.

Para 2050, quando o país espera ter se tornado uma grande potência, contará com 400 milhões de aposentados. Por essa época, terá completado seus ambiciosos planos de reforma militar e econômica; a prioridade será atender a esse grande segmento de população envelhecida. O prazo de “oportunidade estratégica” terá expirado.

A nova era de Xi tem, portanto, pressa. Hoje pode mobilizar a população em busca do sonho chinês; amanhã poderá ser tarde. Dentro de alguns anos, esta nova era pode ter ficado velha demais.

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/02/internacional/1519993755_786257.html


@economia @China

terça-feira, 20 de novembro de 2018

'Espiral da morte': fase final da vida que os cientistas tentam entender

BBC - 26/07/16

'Espiral da morte': A fase derradeira da vida que os cientistas tentam entender

A morte é inevitável. Mas podemos prevê-la?

Alguns cientistas acreditam que sim. Segundo eles, experimentos com moscas-das-frutas revelaram uma nova e distinta fase da vida que anuncia seu fim: um estágio que chamam de espiral da morte - na sua opinião, humanos também passam por ele.

Até 25 anos atrás, biólogos assumiam que havia apenas duas fases fundamentais da vida: infância e vida adulta, uma divisão que todos nós reconhecemos.

A infância é marcada pelo rápido crescimento e desenvolvimento, um estágio que precede nossa maturidade sexual. Durante essa fase, as chances de morrermos são constantemente pequenas. 

A vida adulta começa quando atingimos a maturidade sexual, e a chance de morrermos nela também é pequena: nessa fase, estamos em nosso auge e mais propensos a procriar.

Mas, na medida em que o tempo avança, nossos corpos envelhecem e se degradam: a cada ano que passa, nossa probabilidade de morrer aumenta.
Complexidade

Nos anos 90, cientistas perceberam que a vida era um pouco mais complexa do que isso. E identificaram outra fase dela, pela qual os membros mais velhos de nossa sociedade passam - a terceira idade.

A distinção da terceira idade para o restante da vida adulta é o padrão único de mortalidade. Se um homem de 60 anos tem uma chance muito maior de morrer que um de 50, uma pessoa com 90 tem praticamente a mesma chance que uma de 100.

"As taxas de mortalidade de estabilizam", explica Laurence Mueller, da Universidade da Califórnia, nos EUA.

Direito de imagem Solvin Zankl
Image caption Moscas podem passar por uma espécie de declínio intermediário

A razão pela qual a estabilização ocorre ainda é alvo de intenso debate - não há um argumento definitivo.

Mueller e seu colega de pesquisas, Michael Rose, dedicaram-se a procurar por sinais biológicos. "Queríamos saber se a reprodução ou a fecundidade feminina seguiam o mesmo padrão", explica.

Eles concentraram seus estudos no animal de laboratório preferido dos biólogos - a mosca-das-frutas.

   
"Usamos 2.828 fêmeas e colocamos cada uma em um recipiente com dois machos. Todos os dias movíamos as fêmeas para um novo recipiente e contávamos quantos ovos tinham posto. Fizemos isso até que todas tivessem morrido."

As moscas normalmente vivem por diversas semanas, e os resultados iniciais pareciam ser desapontadores: as taxas de fertilidade não se estabilizaram de forma óbvia quando as moscas chegaram perto do final de suas vidas.

Mas eles notaram depois que uma mosca próxima da morte não tinha a mesma taxa de fertilidade de uma de mesma idade que teria mais algumas semanas de vida - o número de ovos postos despencou nos 15 dias finais.



Direito de imagem weestock Images / Alamy Stock Photo
Image caption A infância é caracterizada pelo crescimento rápido

Mueller e Rose batizaram essa fase de "a espiral da morte", e desde 2007 vêm procurando por mais evidências dela.

Cinco anos mais tarde, descobriram que o ciclo de fertilidade de moscas macho seguia o mesmo padrão de declínio. E neste ano, conseguiram prever se uma mosca morreria em determinado dia apenas avaliando o quão fértil tinha sido nos três dias anteriores - ignorando outras informações, como a idade do inseto.

    E os pesquisadores não são os únicos a estabelecer conexões entre fertilidade e morte.

James Curtsinger, da Universidade de Minnesota (EUA), também faz experiências com envelhecimento e morte em moscas-das-frutas, e seu trabalho tem conclusões semelhantes.

Mas o cientista também descobriu que essa queda de fertilidade não depende da idade - por isso, ele acredita que a espiral da morte é um conceito vago.
Direito de imagem BERNARD CASTELEIN
Image caption Reprodução tem um preço biológico

Sua terminologia é aposentadoria - e ela é fácil de identificar em fêmeas. Começa no momento em que uma falha em colocar um único ovo.

Uma fêmea é capaz de colocar 1,2 mil ovos durante sua vida. Então, se passa um dia inteiro sem fazê-lo, isso é sinal de que algo está muito errado.

Mas Curtsinger não tem uma explicação para essa ligação forte entre fertilidade e morte.

James Carey, da Universidade da Califórnia, acredita que isso seja mais um sinal de que a reprodução tem um custo para pais, em especial para as fêmeas - mulheres podem ter problemas dentais, por exemplo, como consequência de terem muitos filhos.

Mais de dez anos atrás, Carey e seus colegas demonstraram que conseguiam alterar a longevidade de ratos se alterassem seu ciclo reprodutivo - fizeram transplantes de ovários em fêmeas, e as ratas viveram mais do que o esperado após a cirurgia.

Direito de imagem Alamy
Image caption Como determinar quando estamos em processo de morte?

"Encontramos sinais de que fêmeas com novos ovários tinham corações mais saudáveis do que as que não passaram por transplantes", diz Carey.

Mueller continua convicto de que pessoas destinadas a morrer de causas naturais passarão por um momento "espiral".

Ele cita um estudo na Dinamarca em que um grupo de voluntários nonagenários de um asilo passou por uma bateria de testes para checar força, coordenação e agilidade mental.

Anos mais tarde, eles voltaram ao local e descobriram que as pessoas que tinham morrido eram as que tinham registrado os piores resultados.

Ele acredita que seu trabalho com as moscas pode revelar estratégias para atrasar a morte, de forma que o declínio comece dias antes, em vez de semanas. "Seria interessante ficarmos saudáveis que nem todo mundo até bem perto de nossa morte."

O sucesso dessa empreitada pode representar mais qualidade de vida para humanos.



http://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-36846969

@longevidade

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A nova velha agenda do setor de petróleo e gás natural (Décio Oddone, Valor)

Valor Econômico de 19/11/2018

Por Décio Oddone

Depois de décadas de monopólio de fato nos segmentos de refino e de gás natural, de desrespeito às regras de mercado na formação e divulgação de preços, de anos de crise na exploração e produção e após a introdução de medidas que começaram a destravar investimentos o setor iniciou uma retomada. É chegada a hora de completar o processo que permitirá o aproveitamento pleno dos recursos petrolíferos do país e o acesso dos brasileiros a combustíveis derivados de petróleo e a gás natural a preços justos e transparentes.
Trata-se de agenda conhecida. Compreende o aumento da exploração de petróleo e gás, da extração nos campos maduros e da diversificação, da competição e da transparência nos mercados de abastecimento e de gás natural. Embora avanços tenham sido logrados, ainda há muito por fazer. É importante que o calendário de leilões passe a ser de cinco anos, para dar maior previsibilidade aos investidores. O processo de venda de campos da Petrobras em terra e águas rasas deve ser concluído rapidamente, estimulando o desenvolvimento de um mercado para pequenas e médias empresas. Novas medidas para incentivar a recuperação de petróleo e gás nos reservatórios em produção, evitando o desperdício de recursos preciosos, precisam ser aprovadas.
Embora não seja imprescindível, é desejável que o regime de concessão volte a ser adotado para as áreas no pré-sal. Nesse caso, as alíquotas de Participação Especial (PE) poderiam passar a ser calculadas da forma adotada para a definição do percentual de óleo-lucro no modelo da partilha, variando com a produtividade dos poços e com o preço do petróleo e sendo a sua distribuição entre União, Estados e municípios revisada. Caso isso ocorra, os contratos de partilha já assinados devem ser respeitados, ficando a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) responsável pela sua administração.
Os volumes excedentes da cessão onerosa devem ser leiloados o mais rápido possível, acelerando o aproveitamento de bilhões de barris de petróleo e gás, mas o planejamento deve ser cuidadoso. Os investimentos anuais em exploração de petróleo e gás estão na casa dos US$ 50 bilhões por ano. No mundo inteiro. O Brasil recebeu R$ 28 bilhões em bônus de assinatura pelos 72 blocos contratados nos seis leilões realizados em 2017 e 2018, o que representou três quartos dos cerca de US$ 9 bilhões gastos em três mil blocos, em mais de 100 leilões em 82 países desde 2016.
O que se tem pela frente em 2019, com o leilão do excedente da cessão onerosa e com as rodadas de concessão e partilha, tem maior dimensão. Podem ser dezenas de bilhões em bônus. Por isso ideias como o parcelamento dos pagamentos iniciais e a concentração da arrecadação nas receitas futuras, tornando o regime tributário mais progressivo, devem ser avaliadas.
Um adequado nível de competição só será alcançado com a venda de refinarias da Petrobras no Sudeste
As áreas em que a exploração de petróleo deve ser restringida por razões ambientais devem ser definidas prontamente e excluídas dos leilões futuros. As demais devem ser liberadas para exploração. As solicitações de licenças e autorizações junto a órgãos do governo federal devem ser concentradas em uma única instituição. Os órgãos ambientais precisam ser ágeis na liberação de licenças. A exploração de recursos não convencionais, guardados os necessários cuidados com o meio ambiente, deve ser levada adiante.
O setor vive inédita institucionalização. A Petrobras tem liberdade para atuar como empresa de capital aberto, com o objetivo de maximizar o seu lucro. Nesse cenário, a regulação deve atuar em defesa do consumidor. Para atrair os investimentos requeridos para o aumento da produção e da oferta de combustíveis fósseis e renováveis, é necessário que os preços sigam as variações do mercado internacional e da taxa de câmbio, mas que sejam estabelecidos em um ambiente em que haja maior transparência e concorrência. Assim, poderiam ser evitadas distorções como as ocorridas nos últimos anos, quando os preços ora estiveram muito abaixo dos internacionais, como entre 2011 e 2014, ora muito acima como nos períodos de 2008 a 2010 e do final de 2014 até recentemente.
Um adequado nível de competição no mercado brasileiro só será alcançado se a venda de refinarias da Petrobras incluir unidades no Sudeste. Medidas que inibem a competição, especialmente nos setores de distribuição de derivados e de gás de cozinha (GLP), devem ser reavaliadas. As diferenciações de preço e as restrições de uso do GLP devem ser eliminadas, sendo protegidos somente os beneficiários do Bolsa Família. Subvenções, fundos e financiamentos que utilizem recursos públicos devem ser evitados.
É preciso promover a diversificação, a desverticalização e o livre acesso nas atividades de transporte, tratamento e armazenamento de petróleo, derivados e gás natural. Com isso, e com os desinvestimentos da Petrobras, poderá ser criado um segmento de logística competitivo. As regulações estaduais e federal para o gás devem ser equalizadas. Como o sistema elétrico também está passando por uma grande transformação, a regulação do gás natural deve considerar essa nova realidade. O gás natural doméstico deve ganhar espaço na geração térmica e nos mercados industrial, comercial e residencial.
A sonegação precisa ser reduzida. Por isso, é recomendável uniformizar as alíquotas de ICMS e o cálculo do preço de referência dos combustíveis para efeito de impostos. As políticas para biocombustíveis e veículos elétricos devem ser compatibilizadas, levando em consideração as emissões ao longo de toda a cadeia de geração e consumo da energia.
Os conflitos decorrentes do papel da Petrobras, como empresa de capital aberto com controle estatal, devem ser superados. Em resumo, as regras de mercado e a eficiência devem finalmente prevalecer no setor. Assim, a indústria de petróleo e gás poderá deixar discussões de cunho ideológico no passado, possibilitando que o debate sobre uma eventual privatização da Petrobras seja feito de forma pragmática e objetiva, considerando a melhor alocação dos recursos da União.
Enfim todo o potencial do setor poderá se traduzir em crescimento econômico, geração de emprego e renda e aumento da arrecadação, da competitividade e da produtividade da economia brasileira. A tempo de contribuir na transição para uma economia de baixo carbono.

Décio Oddone é diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

@CEP85 @Petrobrás

domingo, 18 de novembro de 2018

Vídeo: Tio Sukita

Após 15 anos, ator que ficou famoso como 'Tio Sukita' brinca: 'Continuo tio'

Roberto Arduin, de 64 anos, ainda é lembrado pela campanha de refrigerante dos anos 1990, na qual azarava uma garota novinha



Quem era adolescente no finalzinho dos Anos 1990, na certa, se lembra do Tio Sukita. Na verdade, o personagem virou um ícone para designar os homens mais velhos que insistem em parecer garotões e azarar as meninas novinhas. Roberto Arduin fazia o papel e, 15 anos depois do primeiro comercial do refrigerante, ainda é lembrado pelos tocos que levava da modelo Michelly Machri, que vivia a adolescente assediada. "Até hoje me param na rua para falar sobre a propaganda. Até os jovens de hoje brincam, porque os vídeos estão na internet, então, fica fácil achar. E o tema é mais atual que nunca", conta ele, que não se casou e não teve filhos: "Continuo tio".

Aos 64 anos, sendo 40 deles dedicados ao teatro, Arduin conta como foi parar em um sucesso da publicidade. "Na época, eu fazia muitos comerciais. Fiz vários que ficaram famosos. Não tanto como este, é claro. Mas uma amiga, produtora de elenco, me ligou e pediu pelo amor de Deus para eu fazer um teste e gravar um texto. Segundo ela, era coisa rápida. O cachê nem era lá essas coisas, algo em torno de R$ 1500. Mas eu fui e deu no que deu", recorda.
Roberto Arduin, o Tio Sukita (Foto: Reprodução/ Facebook)

Se de primeira o valor pago não dava lá para muita coisa, com o sucesso da campanha, vieram mais dois comerciais, e um contrato poupudo. "Com isso comprei meu apartamento, vivi muito bem e fiz outros comerciais com o Tio de mote. Foi muito bom financeiramente falando", diz. Arduin, no entanto, preferiu "assassinar" o Tio antes que ele se tornasse o único personagem lembrado em sua galeria: "Não queria ficar mais marcado do que já havia ficado, então recusei várias propostas para revivê-lo".

O ator fez várias novelas no SBT e jura que ter sido um símbolo da propaganda brasileira não o impediu de ser escalado para os elencos de teledramaturgia. Há três meses, por pouco, o tiozão não volta a atacar. Ele iria estrelar um comercial de motos, mas por questões de direito autoral, a negociação desandou: "Hoje seria até divertido, além de rentável, fazer o 'tio' novamente. Me diverti muito na época".


O sucesso do Tio Sukita foi tamanho que o personagem
virou símbolo de homens mais velhos que 'azaram'
meninas mais jovens 
Roberto Arduin conta que foi extremamente assediado na época do comercial. Por mulheres de todas as idades, inclusive. O ator perdeu a conta da quantidade de cartas que recebia por semana, com pedidos inusitados e fotos reveladoras. "Você não tem ideia do que chegava até mim. Eram propostas indecentes mesmo. Mas a que me deixou mais intrigado foi a de um casal de irmãos. Eles descobriram o telefone da minha casa e passaram a me ligar a qualquer hora do dia. Eles queriam que eu me casasse com a mãe deles, que estava separada. Só atendi como Roberto uma vez. Das outras eu era o 'irmão' do Roberto. Mas comecei a ficar meio assustado, confesso. Eles me ligavam de madrugada, diziam que moravam em um bairro nobre e que tinham boas condições. Sinceramente, achei aquilo uma loucura e mudei o número", relembra.


Atualmente, Roberto mora em São Paulo e encena a comédia "Treze" com Paulo Goulart Filho, em universidades pelo Brasil. Com a companheira de elenco de comercial, ele nunca mais falou. "Nos vimos há alguns anos e ela era hostess de um restaurante bacana na cidade. Acho que a vida artística não era um objetivo para ela. E o assédio na época foi enorme. Nos demos bem desde o início. E engraçado é que fizemos o teste juntos e a liga foi imediata", observa ele.

Michelly hoje em dia está casada, vive em São Paulo com o marido e o filho de quase um ano e cursou a faculdade de Marketing.

http://ego.globo.com/famosos/noticia/2014/03/apos-15-anos-ator-que-ficou-famoso-como-tio-sukita-brinca-continuo-tio.html

@TELEVISÃO @fun

Vídeo: Teremim


Nessa sinfonia há  um instrumento raro e diferente, que é  chamado Teremim.

Um instrumento Quântico , que é  tocado apenas  com as energias das mãos . Sem contato com o corpo físico do músico ao instrumento , apenas os fluidos das mãos.

O músico se posiciona na frente do instrumento e apenas toca as notas musicais com leveza das energias. Nesse instrumento contem 2 antenas de metal  que não são tocadas.

O músico entra em sintonia com as suas energias  e as energias das antenas que determina a frequência (Pitch) e entre uma antena.

Uma mão  controla notas musicais com as vibrações e com a outra mão  controla a amplitude do volume .

Do artista, saem as energias das notas musicais, imprimindo os sentimentos das notas em cada tonalidade,  vibrando de acordo com a sintonia da orquestra.

Esse instrumento foi criado por um físico russo  Lev Térmem em 1920.
 e  ja a muito tempo foi testado por jonh lennon .
Existem 3  países com escolas de musicas que ensinam esse efeito energético-quântico: Russia, Japão e Irlanda

@música

sábado, 10 de novembro de 2018

5 comidas fedorentas que você provavelmente não teria coragem de provar


Boris Maksimov
BBC Rússia 9 /10/18



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Donos de um paladar mais sofisticado costumam se aventurar na culinária, mas há pratos que são difíceis de degustar

Diz o ditado popular que "gosto não se discute". Mas existem algumas comidas que são, literalmente, difíceis de engolir.

Em muitos países, há quitutes locais que pessoas de fora daquela cultura jamais se aventurariam a provar.

Com frequência, é algo podre - mas não se assuste, afinal, o queijo é um produto do leite em estado de decomposição, como o vinho é da uva, e a cerveja, da cevada.

Farinha de grilo e barrinhas de besouros: estes brasileiros apostam em insetos como alimento
8 das comidas mais caras do mundo
Até os cientistas dizem hoje em dia que consumir alimentos fermentados traz benefícios, porque melhora drasticamente o microbioma do organismo ao introduzir bactérias boas no intestino.

É preciso esclarecer, no entanto, que os cientistas e os produtores de alimentos distinguem os processos de fermentação e putrefação, que não são sinônimos, ainda que ambos envolvam a decomposição de proteínas.


Confira a seguir algumas destas delícias culinárias, que provei pela primeira e última vez na vida.

Nota: As descrições neste texto refletem unicamente o gosto pessoal do autor e não são uma avaliação imparcial dos pratos.

Um queijo chorão
Não há coisas mais surpreendentes que este queijo da Sardenha, chamado "casu marzu". Ele é tão incomum que, segundo as normas europeias de higiene e saúde pública, é proibido produzi-lo.

No entanto, o veto parece ter despertado mais curiosidade e apetite do público. Imediatamente depois de a proibição entrar em vigor, surgiu na Sardenha um próspero mercado negro de casu marzu e, em toda a Europa, pessoas pagam boas somas de dinheiro para conseguir um exemplar.

Mas por que esse queijo é tão peculiar?

Primeiro porque, ainda que sua produção não seja tão difícil, comê-lo é outra história.
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Para comer esse queijo no momento certo, deve-se esperar que as larvas comecem a saltar

Para fazê-lo, um queijo pecorino é deixado em um local seco e tranquilo para que ele apodreça. Assim, as moscas podem se aproximar e depositar seus ovos nele.

Estes ovos se transformam em larvas, conhecidas localmente como "vermes do queijo". Graças ao seu processo de digestão, o queijo começa a secretar gotas de líquido que são chamadas de lágrimas.

Quando o queijo "chora", é sinal de que chegou a hora de comê-lo. Mas isso não é tão simples.

As larvas da mosca se assustam facilmente e, quando temem por sua vida, elas saltam - chegam a atingir 15 cm de altura.

Por isso, para provar o queijo, é preciso usar uma mão para cortar com uma faca um pedaço e usar a outra para cobrir o rosto para evitar os vermes saltitantes.

Quem gosta de comer as larvas pode colocar o queijo em um saco de papel e comprimi-lo. As larvas sentirão a falta de oxigênio e começarão a saltar. Quando pararem, é hora de comer o queijo... e os vermes estarão mortos.

Ureia abundante
Diante de uma situação difícil, a engenhosidade humana não tem limites.

Imagine que você vive na Islândia, em um século distante. A comida no país é pouca, mas as águas estão cheias de tubarões da Groenlândia.

Bem, você dirá, qual é o problema? Vamos pescá-los e comê-los! Mas não é tão simples.

Para os humanos, a carne do tubarão da Groenlândia é letal, porque está repleta de ureia. No entanto, isso não foi um impedimento para os islandeses.


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A carne de tubarão da Groenlândia tem um sabor e odor tão fortes que deve ser consumida com aguardente

O que eles fazem é capturar um tubarão, tirar suas vísceras e cortar sua cabeça. O corpo é enterrado, então, na areia. Sobre o "túmulo" do animal, são colocadas muitas pedras para fazer uma pressão e tirar todos os líquidos do cadáver.

Ele é deixado para apodrecer até o momento em que nem as gaivotas se aproximam mais para comer sua carne. Ele é desenterrado, cortado em pedaços, que ficam apodrecendo por mais alguns meses.

Finalmente, chega a hora de comê-lo. Como seu odor e sabor são muito fortes, a tradição determina que cada pedaço seja acompanhado por um copo de aguardente local. Ambos devem ser engolidos o mais rápido possível.

Se você não tem tempo nem energia para esse preparo, pode ir a qualquer supermercado da Islândia e pedir um pedaço de hákarl.

O melhor café da manhã
O costume de comer algo bem podre é comum em todos os continentes. O natto é, por exemplo, um prato tradicional japonês.

É simplesmente soja fermentada, ou seja, totalmente podre, como seu sabor e odor comprovam. A consistência é pegajosa, e sua aparência, bem parecida com o que produz uma criança que tem uma infecção intestinal.

E é o café da manhã mais popular entre os japoneses.

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O café da manhã mais popular do Japão não tem um aspecto muito apetitoso

Recorde mundial
Em muitos lugares, o aroma - mais propriamente o fedor - deste produto é especialmente apreciado.

Não estamos falando do roquefort nem do gorgonzola. Comparado a algumas invenções culinárias, esses queijos parecem um jardim de rosas.

É quase impossível achar algo mais fedorento do que o surströmming, segundo cientistas japoneses que compararam o odor de vários alimentos.

Na Suécia, recomenda-se comê-lo na rua, já que fazer isso em casa poderia deixar o local com esse cheiro peculiar por dias ou até semanas.

Trata-se de uma invenção incrível. Os suecos decidiram que comer o arenque do Báltico puro ou apenas com sal eram algo tedioso ou prosaico demais.

Há muitos séculos, tiveram a brilhante ideia de salgá-lo e mantê-lo em água para que fermentasse. No século 19, melhoraram a receita metendo o arenque fermentado em latas fechadas para que seguisse se decompondo dentro delas.

Durante a fermentação, as bactérias produzem sulfeto de hidrogênio, assim como ácidos acético, propiônico e butírico. As latas começam a inchar e, às vezes, explodem.


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Os arenques fermentados continuam a se decompor dentro de latas

Além de comer esse apetitoso manjar, no fim de agosto de 2018 os suecos encontraram outro fim para seu tradicional arenque.

Os neonazistas suecos iam marchar pela capital, Estocolmo. A rota havia sido acordada com as autoridades. Mas, pouco antes da caminhada começar, alguém abriu uma lata surströmming e derramou o líquido por onde iam passar.

Há coisas que nem sequer os ultranacionalistas locais são capazes de suportar.

Ovos do século
Ninguém tira o crédito da China por seus inúmeros pratos com ingredientes incrivelmente deliciosos.

Mas há ao menos um cujo nome deixa claro o que se pode esperar: ovo de cem - às vezes mil - anos. Qualquer que seja o número e ainda que isso não revele precisamente o tempo passado desde que foi posto, pode ter a certeza de que algo que você não pode esperar dele é frescor.

A forma mais fácil de obter o resultado desejado é pegar ovos de pata, cobri-los com cal e envolvê-los em papel celofane para bloquear o acesso a oxigênio. Em seguida, deixá-los em um local seco e que não seja muito frio por 3 a 6 meses.


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Os ovos centários podem ser armazenados por muitos anos
Quando chega a hora de comê-los, você tem de estar preparado para resistir ao cheiro de amônia.

Os ovos "centenários" têm ainda outra vantagem, além de seu sabor peculiar, se é que isso te agrada: podem ser armazenados por anos - mas não por séculos.


https://www.bbc.com/portuguese/geral-45790421

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