sábado, 31 de março de 2018

Dicas de Gustavo Krause para os amigos que já passaram dos 50 anos:


➖ Gaste o seu dinheiro  
         com    v o c ê,
     com seus gostos
                     e caprichos.
➖ É hora de usar
              o dinheiro
 (pouco ou muito)
 que você conseguiu
                 economizar .
      Use-o para você,
      não para   guardá-lo
   e não para ser desfrutado  por aqueles que
       não tem a menor noção
               do sacrifício que
   você fez para consegui-lo.
➖ Não    é  tempo
       para maravilhosos
     investimentos, por mais que possam parecer bons, eles   só trazem problemas e  é hora de ter muita paz
    e tranquilidade.

    P A R E
     de   PREOCUPAR-SE com
 A SITUAÇÃO FINANCEIRA
            dos filhos e netos.        Não se sinta culpado
    por gastar o seu dinheiro
              consigo mesmo.  Você    provavelmente.
             já ofereceu
              o que foi possível
    na infância e juventude como  uma boa educação.
    Agora,   pois,
            a responsabilidade
             é     deles.
 JÁ NÃO.   é      época
.   de sustentar
         qualquer pessoa
         de    sua família.

➖ Seja um pouco egoísta.

➖ Tenha uma vida
                      saudável,
 sem grande esforço físico.
   Faça ginástica moderada
     (por exemplo,.   andar regularmente) e coma bem.
➖ SEMPRE compre
          o melhor
               e  mais bonito. Lembre-se que, 
     neste    momento,
    um objetivo fundamental é     de gastar dinheiro
           com      você,  
         com seus gostos
    e    caprichos
    e    do seu parceiro.
Após  a morte    o dinheiro
          gera
   ódio    e.  ressentimento.

➖ NADA de angustiar-se
              com pouca coisa.
     Na vida tudo passa,
 sejam   bons momentos
      para serem lembrados, sejam     os.  maus,
      que devem rapidamente
          ser    esquecidos.
➖ Independente da idade,
      sempre mantenha vivo
       o  AMOR
       Ame   o seu parceiro,
           ame    a    VIDA.

        LEMBRE-SE !!
   “Um homem
               nunca   é  VELHO
  enquanto se lhe restarem
     a  inteligência
                     e 
                            o   afeto”.
➖ Seja vaidoso.
      Cabeleireiro frequente,
        faça   as   unhas,
       ao dermatologista,
                dentista,
   e use perfumes e cremes
  .    com   moderação.

      SEMPRE
    se mantenha atualizado.
    Leia   livros  e   jornais,
    ouça rádio,     assista
    a bons programas na TV,
        visite   a Internet.

   Respeite a opinião
                 dos   JOVENS.
    Muitos deles estão
        mais bem preparados
                     para a vida,
   como   nós
   quando estávamos
           na       idade deles.
    Nunca use o termo
              “no meu tempo¨.
    Seu tempo   é   agora.

➖ NÃO   caia  em tentação
      de   viver com
               filhos  ou  netos.
 Apesar de ocasionalmente ir alguns dias
            como   hóspede,     respeite
       a privacidade deles, mas    especialmente
             a   sua.
➖ Pode ser muito divertido
      conviver com
        pessoas de sua idade.
➖ Mantenha um hobby.
      Você.  pode   viajar,
      caminhar,   cozinhar,
       ler,     dançar,
      cuidar    de um gato,
               de um cachorro,
     cuidar de plantas,
     jogar cartas de baralho...
➖ Faça
            o que você gosta
      e    o que seus recursos
             permitem.
➖ ACEITE       convites.
      Batizados, formaturas,
  aniversários, casamentos,
   conferências …
      Visite museus,
       vá para o campo …
  o   importante.        é
sair de casa por um tempo.
➖ Fale pouco e ouça mais.
      Sua vida e seu passado
      só importam
             para você mesmo. Se alguém lhe perguntar
    sobre esses assuntos,
seja breve    e  tente falar sobre coisas boas
                   e agradáveis.
      Jamais se lamente.

➖ Permaneça apegado
         à.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Ignorando as lições da História (MARIA CRISTINA PINOTTI, Estado de São Paulo)

Estado de São Paulo, 28/03/18

Desde o primeiro artigo que escrevi, em 2015, sobre as semelhanças e diferenças entre as Operações Mãos Limpas, na Itália, e Lava Jato, no Brasil, sempre mantive a esperança de que aprenderíamos com a História, evitando cometer os mesmos custosos erros do passado. Confesso que eventos recentes me levam a duvidar disso. A estridência com que interesses individuais são defendidos se sobrepõe ao único objetivo que deveria nortear as escolhas de quem detém o poder, que é o de defender os interesses da população brasileira. Faço, aqui, um convite à reflexão sobre o alcance do que está sendo decidido no País, neste momento.

Depois de destruir a Mãos Limpas, a Itália conseguiu um duplo recorde entre seus pares: detém o maior índice de corrupção e o menor crescimento econômico, e sabemos que esses dois fenômenos estão correlacionados. No terceiro trimestre de 2017 o Produto Interno Bruto (PIB) da Itália ainda estava 6% abaixo do pico prévio, observado à época da crise econômica global, em 2008. No mesmo período, a zona do euro cresceu 5%; a França, 6,5%; e a Alemanha, 11%.

É surpreendente que entre 2000 e 2010 as taxas de investimento da Itália tenham oscilado entre 20% e 22% do PIB e seus investimentos públicos tenham superado os da Alemanha, da França e do Reino Unido. Não faltou investimento, a incapacidade de crescer foi provocada pelo comportamento da produtividade total dos fatores, que caminhava junto com as dos demais países da Europa; mas parou de crescer a partir de 1995 e começou a cair a partir de 2000 – em plena vigência de um ambicioso programa de investimentos em infraestrutura promovido por Silvio Berlusconi. Até 2016 a produtividade caiu 6%, enquanto a da França, a da Alemanha e a dos EUA cresceram 5,1%, 11,3% e 14,2%, respectivamente. É sabido que o mais importante efeito econômico da corrupção se dá sobre a produtividade, como demonstram importantes estudos recentes, como o de Luigi Zingales, dentre vários, baseados em extensa amostra de dados de empresas.

A Mãos Limpas foi destruída antes de completar três anos. As leis foram mudadas, dificultando a identificação e punição dos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, e houve um forte ataque difamatório aos integrantes da operação, pela mídia, sempre muito dependente dos recursos do Estado e de grandes grupos empresariais. Disso resultou impunidade para os crimes de corrupção e enorme descrédito no Judiciário, que perduram até hoje.

Quanto à impunidade, apesar de todas as medidas indicarem a presença de corrupção elevada, o número de crimes de corrupção que aparece nas estatísticas judiciárias italianas é menor do que o verificado na Finlândia, um dos países menos corruptos do mundo, indicando, conforme Piercamillo Davigo, que a cifra negra, isto é, a diferença entre os delitos ocorridos e os registrados, é enorme. Já quanto ao grau de independência das Cortes e dos juízes, a Itália recebe a pior avaliação dentre os países desenvolvidos da Europa: 57% do público em geral o considera muito ruim e ruim, enquanto na França e na Alemanha a proporção é de 37% e 16%, respectivamente. Dentre as razões para a falta de independência, 38% dos entrevistados a atribuem à “interface ou pressão de interesses econômicos ou de outro tipo” e 40% à “interferência ou pressão do governo e políticos” (Eurobarometer). O tempo médio necessário para resolver casos litigiosos da área civil e comercial, na primeira instância, era de 527 dias na Itália e de 190 na Alemanha, em 2015 (EU Scoreboard de 2017).

A qualidade das leis e a eficiência do sistema judiciário são fundamentais tanto para garantir o desenvolvimento sustentado dos países, como já mostraram Douglass North e Daron Acemoglu, como para determinar o seu grau de corrupção. Para Esposito et al (2014), “um sistema Judiciário eficiente e independente pode ser definido como aquele em que as decisões são tomadas em um tempo razoável, são previsíveis e eficientemente aplicadas, e onde os direitos individuais, incluindo direito de propriedade, são adequadamente protegidos”. Rose-Ackerman e Palikfa (2016) apontam que a independência e competência do Judiciário estão positivamente correlacionadas com níveis mais elevados de crescimento econômico, níveis mais baixos de corrupção, maior proteção aos direitos humanos e níveis mais elevados de liberdade política e econômica. Um Judiciário independente ajuda a limitar os desvios de fundos públicos para bolsos privados: em amostra com 144 países os autores encontram correlação de 0,83 entre essas duas variáveis.

Os dois “remédios” utilizados para abortar a Operação Mãos Limpas – a impunidade pela mudança das leis e a campanha de desmoralização da Justiça – levaram a Itália à estagnação. O país pagou parte do custo de desvendar a existência da corrupção sistêmica, mas optou por conviver com ela, deixando que o câncer progredisse, minando a saúde econômica, social e política do país.

Não bastam retórica e voluntarismo para promover o desenvolvimento econômico e social. É preciso aprender com os erros e acertos do passado. Desvendar a corrupção é a condição necessária, mas não suficiente para reduzi-la. Para tanto é preciso reconstruir as instituições que falharam em evitar que ela se instalasse, prejudicando a vítima difusa desse crime cruel, que é a população. Por ser um crime racional, é imprescindível elevar o custo da sua prática, aumentando a chance de punição dos seus praticantes. Por isso a possibilidade de prisão a partir do julgamento em segunda instância é crucial. Infelizmente, a reação da minoria privilegiada por anos de assalto aos cofres públicos parece haver encontrado o ponto fraco do nosso sistema imunológico, extraindo interpretações de leis su misura, que levam ao descrédito da Justiça sem a necessidade de campanhas difamató- rias, como ocorreu na Itália. O resultado é o mesmo: perpetuação da impunidade, da corrupção e insegurança para a população e os investidores. 

É preciso reconstruir as instituições que falharam em evitar que a corrupção se instalasse

quarta-feira, 28 de março de 2018

A retomada do setor de óleo e gás no Rio(Veja)

Empresas que retornam à exploração da área do pré-sal fazem investimentos e impulsionam a arrecadação dos royalties para o combalido Tesouro do estado 
Por Carolina Barbosa e Saulo Pereira Guimarães 
23/03/2018


Plataforma em frente aos novos prédios da zona portuária: retomada econômica em meio à crise (Selmy Yassuda/Veja Rio)
Há apenas dois anos, qualquer pessoa com noções básicas de negócios não se arriscaria a apostar suas fichas no futuro da empresa Omni. Voltada para serviços de táxi-aéreo, com foco nas empresas de petróleo, a companhia sentiu feio o baque nesse ramo da economia, a partir de 2014. Tanto que, no ano em que o Rio recebeu a Olimpíada, a frota da empresa encolheu de 54 para 42 aeronaves em decorrência de uma dezena de contratos que não foram renovados. Pesou particularmente a redução na demanda de um cliente em especial, a Petrobras, enroladíssima no escândalo da Lava-Jato e com sua rentabilidade comprometida pela queda no preço do petróleo no mercado internacional. “No auge da crise, tivemos de dispensar cerca de 10% da nossa força de trabalho”, recorda-se o diretor-geral, Roberto Coimbra. Nos últimos meses, o céu limpou como que milagrosamente para a Omni, de forma tão surpreendente quanto na época em que foi tomado por nuvens negras. Desde o fim do ano, 25 pilotos foram contratados, totalizando um efetivo de 200 comandantes. Dois helicópteros foram destinados a prestar serviço à petroleira francesa Total, outros dois cedidos à Petrobras como UTIs aéreas, à disposição da estatal 24 horas por dia. Até o fim do ano, mais quatro aeronaves serão incorporadas à frota, que deve cumprir 36 000 horas de voo até dezembro, 8,6% a mais do que o verificado em 2017, graças à retomada do crescimento do setor petroleiro no estado.
Concorrentes mais novas dos gigantes do petróleo, a exemplo da PetroRio, empresa nacional fundada em 2011, também dão corpo à lista de clientes da Omni. Sediada na Enseada de Botafogo, a corporação pretende investir 350 milhões de reais com a compra de itens e contratação de serviços como a locação de helicópteros para voos até as plataformas. “Boa parte de nossos fornecedores é local”, comenta Nelson Queiroz, presidente da companhia.
 Nelson Queiroz, da PetroRio: prioridade para a contratação de fornecedores e serviços locais para a empresa
Nelson Queiroz, da PetroRio: prioridade para a contratação de fornecedores e serviços locais para a empresa (Selmy Yassuda/Veja Rio)
A bonança na área de óleo e gás tem sido particularmente alvissareira para as pessoas que trabalham no setor ou em empresas que gravitam em torno dele. Entre os comandantes de helicóptero que alçaram voo nessa nova lufada do petróleo está João Dael Belo, 57 anos. Com uma década de experiência, o profissional foi demitido em junho de 2016 e passou um ano e quatro meses desempregado, vivendo do dinheiro de seu fundo de garantia. “Aproveitei e fiz a viagem dos meus sonhos, para o Sudeste Asiático”, revela. De volta ao Brasil, chegou a pensar em trabalhar como motorista do Uber. Não precisou, pois uma nova chance surgiu em outubro. A data da contratação coincidiu justamente com o sucesso das licitações no novo modelo de exploração dos campos e leilões de blocos da área do pré-sal. A próxima rodada de concessões de blocos exploratórios, a 15ª, está prevista para quinta (29), enquanto outro leilão acontece em junho. Juntos, deverão injetar 3,5 bilhões de reais no Tesouro Nacional.
O piloto João Dael Belo: demissão com a crise e recontratação com a recuperação da exploração marítima (Ligia Skow/Veja Rio)
Depois de mais de uma década de rodadas de licitações e leilões de pouco êxito, o súbito interesse das companhias se justifica por mudanças recentes nas regras do jogo que regem a atividade. Em 2016, a lei federal no 13 365 aboliu a obrigatoriedade de 30% de participação da Petrobras nas plataformas que extraem óleo do pré-sal. No ano seguinte, uma resolução extinguiu a vantagem nas disputas por poços que era oferecida às empresas que se comprometessem em adquirir itens ou serviços de fornecedores brasileiros, o chamado conteúdo local. Por fim, o decreto federal no 9 128 ampliou até 2040 o prazo de validade da isenção tributária na importação e exportação de produtos ligados à exploração do petróleo. Somados, os três fatores deram às companhias estrangeiras — e às nacionais também — motivação extra para que se engajassem na nova etapa da exploração costeira nacional.


 A química Camilla Souza, da Refit: emprego novo e aposta em uma carreira promissora no setor (Selmy Yassuda/Veja Rio)

O resultado desse movimento já é perceptível em números. O setor petroleiro fechou 2017 em alta, após três anos consecutivos de queda. Segundo dados da consultoria CBIE, a arrecadação estadual de royalties saltou de 6 bilhões de reais em 2016 para 11 bilhões de reais em 2017, um aumento de 82%. A recuperação é visível tanto em pontos como os arredores da ponte Rio-Niterói, na Baía de Guanabara, onde volta a ser frequente o vaivém de navios-sonda como o ODN II, com capacidade para 150 pessoas, e que está sendo preparado para retomar plena atividade aos cuidados de sua proprietária, a Ocyan, antiga Odebrecht Oil&Gas. Perto dali, mas em terra, no bairro de Manguinhos, a Refit dobrou seu time, chegando a 400 funcionários, e passou a operar 24 horas por dia para dar conta das novas demandas do setor. “Estamos perto do limite da nossa capacidade operacional”, diz Cristiano Moreira, presidente do grupo controlador da refinaria. Entre os recém-contratados da empresa está Camilla Souza, 27 anos, que comanda a equipe responsável pela análise de matérias-primas e produtos. Formada em química, a técnica gostou tanto do trabalho com combustíveis que já pensa em fazer uma pós-graduação na área. “É um tema fascinante, que envolve a gente”, comemora ela.
A perspectiva de um novo ambiente de negócios traz para a cidade trabalhadores dos quatro cantos do mundo e pode ser percebida de diversas formas. Um exemplo: serviços voltados especificamente para expatriados, como as escolas internacionais. “Estão chegando muito mais alunos estrangeiros do que indo embora, ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos anos”, explica Rhina Bardi, diretora de admissões da Escola Americana, com duas unidades no Rio, na Gávea e na Barra. No ano letivo iniciado no segundo semestre de 2015 e encerrado em 2016, entraram na instituição 117 estudantes de outros países. Já no período que começou em 2017, eles foram 165,47% do total de 315 matriculados.
Fenômeno semelhante ocorre em cidades que vincularam praticamente toda a sua economia à extração e ao processamento petrolífero, como Macaé, a cerca de 190 quilômetros da capital. Projetado como uma espécie de condomínio de empresas, o Parque Industrial Bellavista sofreu uma violenta baixa na procura por terrenos em 2016 e teve de se adaptar aos novos tempos — caiu de 300 para 250 reais o preço do metro quadrado, e diminuíram de 200 000 para 5 000 metros quadrados as frações para venda ou locação. As mudanças começaram a surtir efeito em 2017, quando quatro companhias se instalaram no local. Em 2018, a expectativa é que o número de recém-chegadas dobre. Nos melhores hotéis do município, onde a diária podia custar até 700 reais nos tempos dourados da corrida do pré-sal, o valor da hospedagem hoje é um terço do cobrado no passado. Porém, o índice médio de quartos ocupados, que alcançou o patamar de 30% no pior momento da crise, já se encontra em 70%.
O município do norte do estado não é o único a comemorar os novos tempos. A Petrobras se prepara para começar a instalar sete plataformas de extração em diferentes pontos das bacias de Campos e Santos e construir a unidade de processamento de gás do Comperj, em Itaboraí. Esse último deve custar 3,5 bilhões de dólares. A norueguesa Statoil, uma das exploradoras do pré-sal, com grande tradição na exploração de águas profundas no Mar do Norte, planeja passar pelo menos as próximas cinco décadas por aqui fazendo negócios — e ganhando muito dinheiro. A Shell pretende investir 2 bilhões de dólares anuais na exploração de petróleo no estado. “Costumo dizer que ainda temos apetite para mais negócios no Brasil”, explica André Araujo, presidente da multinacional anglo-holandesa no país. Se quem está dentro não quer sair, aqueles do lado de fora estão loucos para entrar. “Recentemente, fomos a Houston apresentar o mercado e a legislação brasileiros para empresas interessadas em atuar aqui”, conta Adriano Oka, da corretora de seguros JLT Brasil. “De dois anos para cá, o número de multinacionais que nos procuram para entender como o setor funciona cresceu muito”, relata Carlos Frederico Bingemer, do BMA advogados.
André Araujo, da anglo-holandesa Shell: investimentos de 2 bilhões de reais no Estado do Rio (Selmy Yassuda/Veja Rio)
As projeções dos conhecedores do ramo apontam para um futuro não tão próspero quanto aquele desenhado nas fantasias do passado pré-crise. Na época, falava-se que o Rio tinha vocação para se tornar uma espécie de Dubai tropical. Delírios à parte, ainda assim é um cenário bastante animador, dada a realidade atual. De acordo com cálculos do Instituto Brasileiro do Petróleo, a indústria petroleira deve criar 115 000 postos de trabalho no estado até 2022. Durante a crise do setor, 300 000 vagas foram eliminadas. Um senão apontado por especialistas: por se tratar de receita atrelada a uma commodity, cujo preço oscila ao ritmo do mercado e das interferências dos países produtores, tem de ser analisada com muito cuidado pelos governos — em 2012 o barril de petróleo valia mais de 100 dólares; em 2016 chegou a menos de 45; e hoje está na casa dos 60.
Os recursos dos royalties não devem ser usados, por exemplo, para bancar despesas fixas do governo estadual, como aposentadorias de servidores ou orçamentos de saúde e segurança. “Fazer isso é cair em uma armadilha”, adverte Fabio Klein, da Tendências Consultoria. Em países como a Noruega, o dinheiro pago ao Estado pelas companhias por exploração de petróleo custeia fundos de investimento e reservas financeiras para momentos de crise. É o que planeja fazer a cidade de Niterói, com 30% dos recursos referentes ao Campo de Lula a que tem direito como pagamento de royalties do petróleo. De janeiro a outubro de 2017, plataformas a 260 quilômetros da costa niteroiense renderam mais de 450 milhões de reais. Há planos para que, a partir deste ano, um terço dessa receita extra venha a ser investido como reserva. Sábia providência.

https://vejario.abril.com.br/cidades/a-retomada-do-setor-de-oleo-e-gas-no-rio/

@energia @Rio de Janeiro @Petróleo

segunda-feira, 26 de março de 2018

A caminho do brejo (Cora Ronái)

Cora Ronai, 8/12/16

A sociedade dá de ombros, vencida pela inércia

Um país não vai para o brejo de um momento para o outro — como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas.
Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para “exercício do mandato”. Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos.
Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobras.
A lista não acaba.
Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas — e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública.
Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém — e isso é aceito como normal por todo mundo.
Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia.
Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.
Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.
Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais. 

O Brasil caminha firme em direção ao brejo há muitas e muitas luas, mas um passo decisivo nessa direção foi dado quando Juscelino construiu Brasília, aquela farra para as empreiteiras, e quando parlamentares e funcionários públicos em geral ganharam privilégios inéditos em troca do “sacrifício” da mudança para lá.

Brasília criou um fosso entre a nomenklatura e os cidadãos comuns. A elite mora com a elite, convive com a elite e janta com a elite, sem vista para o Brasil. Os tempos épicos do faroeste acabaram há décadas, mas os privilégios foram mantidos, ampliados e replicados pelos estados. De todas as heranças malditas que nos deixaram, essa é a pior de todas.

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Acho que está rolando uma leve incompreensão dos reais motivos de mobilização da população em alguns setores. Eles parecem acreditar que o MBL e o Vem Pra Rua falam pelos manifestantes, ou têm algum significado político, quando, na verdade, esses movimentos funcionam mais como agentes de mobilização — afinal, alguém precisa marcar uma data e um horário, ou nenhuma manifestação acontece.

A maioria das pessoas que foi às ruas está pouco se lixando para eles. Seu alvo primordial é gritar contra a corrupção, a sordidez que rege a vida política brasileira, a bagunça geral que toma conta do país. Seu principal recado é o apoio à Lava-Jato, que parece ser a única coisa que funciona num cenário em que o resto se desmancha.

Se ninguém fez muita questão de gritar #ForaTemer nos protestos de domingo passado, isso talvez se deva menos a palavras de ordem vindas de carros de som do que a dois fatos bastante simples. O primeiro é que está implícita na insatisfação popular a insatisfação com Temer, e naquele momento parecia mais urgente responder aos insultos do Congresso; o segundo é que há uma resistência natural a se usar uma palavra de ordem criada pelo “outro lado”, pela turma que acredita na narrativa do golpe.



@política @brasil

domingo, 25 de março de 2018

Desopilar o fígado (Zuenir Ventura, O Globo)

O Globo 21/03/2018
Todas as afirmações contra Marielle eram falsas, a começar pela origem do apoio recebido nas urnas. A maioria de seus eleitores estava nos chamados bairros nobres

A internet não deu voz apenas aos idiotas, como disse Umberto Eco, mas também aos mentirosos, como provou a onda de sórdidos ataques a Marielle Franco, tentando matar sua memória. O mais grave é que a infame campanha de boatos foi difundida pela desembargadora Marilia Castro Neves e pelo deputado Alberto Fraga, com versões intencionalmente falsas e difamatórias.

Não se sabe o que foi mais ultrajante, se as acusações ou as alegações de alguém que, como magistrada, tinha a obrigação de apurar suas denúncias contra quem não podia se defender, “um cadáver comum”, como depreciou. Ao afirmar que “a tal Marielle estava engajada com bandidos” e que fora eleita por uma facção criminosa, ela ainda acrescentou, antecipando-se às investigações, que as razões do assassinato estavam no “descumprimento de acordos assumidos com seus apoiadores”. Todas as afirmações contra Marielle eram falsas, a começar pela origem do apoio recebido nas urnas. A maioria de seus eleitores estava nos chamados bairros nobres. Já na zona eleitoral formada pelo Complexo da Maré, onde atua o Comando Vermelho, ela obteve apenas 1.688 de seus 46 mil votos, que fizeram dela a quinta mais votada em 2016.

Outras fake news foram desmentidas por serviços que apuram a veracidade de informações, como o “É isso mesmo?”. Por exemplo, Marielle não ficou grávida aos 16 anos; ela teve sua única filha aos 19. Também não foi casada com nenhum dos Marcinhos VP, nem o ainda vivo nem o que já morreu. Anteontem, a desembargadora postou um “mea-culpa” no seu Facebook, admitindo que repassou “de forma precipitada” notícias contra a vereadora. O deputado também já tinha feito o mesmo. Tomara que as pessoas que leram as mentiras leiam também os desmentidos, embora se saiba que estes não têm a força daquelas. Não frequento redes sociais como uma forma de profilaxia e higiene mental. As notícias que me chegam delas são desanimadoras. Agora mesmo, fiquei sabendo de um desagradável desentendimento entre pessoas que, em outros tempos, estariam brigando contra a ditadura e hoje brigam entre si por uma causa que não tem dois lados, já que nenhuma, claro, é a favor da execução de Marielle e Anderson. Estão rompendo antigas relações por mera intolerância e por idiossincrasias.

Para isso, recomendo o artigo do colunista Farhad Manjoo, do “NYTimes” (no GLOBO de 17/03), que fez “abstinência digital” por dois meses, informando-se apenas por jornais e revistas. O resultado é que, entre outros benefícios, ele pôde ler seis livros e tornar-se “um pai e um marido mais presente”.

A dieta é também — acrescento eu — um santo remédio para desopilar o fígado, o órgão que hoje substitui a cabeça nas discussões políticas

http://www.academia.org.br/artigos/desopilar-o-figado

@política @Brasil

quinta-feira, 22 de março de 2018

Women and Minorities: Majority of New Board Seats for the First Time

Bloomberg, By Jeff Green
6 de dezembro de 2017 14:15 BRST

Women and people of color were picked for a majority of open S&P 500 board seats this year for the first time, due in part to pressure from investors to improve gender and racial disparities.

“It’s a step in the right direction, for sure, and it’s the first time we’ve gone over 50 percent,” said Julie Daum, who heads the North American board practice for executive recruiter Spencer Stuart, which did the survey. “Boards are looking for people who are younger and with different skill sets and that does open the boardroom for more women and minorities.”


Of 397 independent director slots open in the 2017 proxy season, 36 percent went to women and 20 percent to minorities, according to Spencer Stuart, which has tallied boardroom demographics for 30 years. While the tally includes most board seats, it leaves out executives who are also directors of their companies. Combined, women and minorities made up 50.1 percent of the new board members, compared with 42 percent last year, the data showed.


Investors including BlackRock Inc. and State Street Global Advisors this year pressured boards to add more women and minority candidates by voting against hundreds of directors at companies perceived as not taking sufficient steps to improve diversity. In addition, growing claims of sexual harassment against prominent business leaders have increased the focus on putting more women in positions of power to avoid conditions that lead to a hostile workplace.

Even with the gains, the low rate of turnover on corporate boards makes progress slow. Fewer than one seat on each S&P 500 board, on average, changed hands last year. With so few openings, women overall crept up to 22 percent from 21 percent of board representation in 2016 and minority directors rose to 17 percent from 16 percent, Spencer Stuart said. The percentage of Hispanic directors fell to 4.3 percent this year from 4.6 percent last year as black and Asian percentages rose slightly.

Click to read more on how Wall Street has pushed for diversity.
https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-12-06/why-wall-street-s-finally-pushing-to-add-women-on-boards


Directors may be reluctant to leave because they’re well paid. Average director compensation rose 1 percent to $288,909 this year. That compares to the U.S. median income of less than $60,000 a year. Also, for the first time, more than half of boards with a mandatory retirement age have set the limit at older than 73 on average, giving directors more time to serve in the future.



Boards also still prioritize candidates who have been a CEO or a director at another company, putting women and minorities at a disadvantage because they’re significantly under-represented in those roles, according to a survey this year by Deloitte.

Only 16 percent of the 300 directors surveyed by Deloitte said the lack of diversity among candidates was a top recruiting challenge. On the other hand, more than 90 percent said greater diversity is a priority and would improve the performance of their companies.

“There’s still just very little turnover, so even though the percentage of new directors that are younger and that are diverse has gone up, it’s off a low base,” Daum said. “There’s a high degree of interest in diversity, but it’s still very slow change.”

https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-12-06/women-minorities-capture-most-new-board-seats-for-first-time

@adm @minorias

quarta-feira, 21 de março de 2018

O mistério do 'cocoliztli', epidemia que dizimou os astecas há 500 anos (BBC)

BBC - 17/01/18

Nem o sarampo, a varíola e o tifo provocaram tantas mortes entre os indígenas americanos como o "cocoliztli".
Em meados do século 16, a população de indígenas dos territórios que hoje fazem parte da Guatemala e do México foi reduzida em 15 milhões em um período de cinco anos.
Além dos danos que as guerras e a exploração por parte dos espanhóis causaram, uma doença desconhecida acabou com a vida de entre 50% e 80% dos nativos em duas grandes epidemias ocorridas em 1545 e 1576.

Os surtos foram chamados de "cocoliztli", uma palavra da antiga língua indígena nahuatl, usada pelos povos astecas, que pode ser traduzida como enfermidade ou mal.
Agora, uma equipe internacional de cientistas estima que esse mal misterioso foi, na realidade, a salmonela.

Enigma

A pesquisa, publicada na segunda-feira na publicação científica Nature, Ecology and Evolution, identificou o agente infeccioso presente nos restos mortais de dezenas de pessoas enterradas sob o campo de Yucundaa-Teposcolula, em Oaxaca, no México.
Os cientistas responsáveis pelo estudo são do Instituto para a Ciência da História Humana Max Planck (MPI-SHH, na sigla em alemão), na Alemanha, da Universidade Harvard e do Instituto Nacional Mexicano de Antropologia e História (INAH).
Foi possível identificar restos da bactéria Salmonella enterica nos dentes dos cadáveres, que tem mais de 500 anos de idade.
O Yacundaa-Teposcolula é o único local onde se há registro histórico do enterro de índios que morreram por causa do cocoliztli.
É a primeira vez que esse tipo de bactéria é considerada causa de uma epidemia dessa magnitude - tida como uma das primeiras pragas do mundo.

Escritos da época dizem que a doença provocava febres altas, dores no estômago, diarreias e até hemorragia, o que levava as vítimas a morrerem em questão de dias.
Nenhum dos sintomas correspondia aos das doenças conhecidas na época, como o sarampo ou a malária.

Culpa dos espanhóis?

A salmonela foi descoberta na Europa durante a Idade Média, no período que antecedeu a chegada dos espanhóis ao território americano.
O contágio se dá normalmente por meio de água e comida contaminados, e os cientistas acreditam que o agente causador da doença pode ter chegado ao México com os animais que os espanhóis levaram em seus barcos.


"Com os dados que temos no momento, não podemos saber geneticamente se nossa Salmonella enterica Paratyphi C veio da Europa ou se já existia no México antes da chegada dos europeus", disse a principal autora do estudo, Åshild Vågene.
Mas há evidências circunstanciais, diz ela, porque não foram encontrados restos desta bactéria nos índios que morreram antes da chegada dos colonizadores.
O fato é que as cartas e documentos do século 16 que foram preservados falam, inclusive, de uma espécie de maldição divina, já que os indígenas eram os únicos que morriam por cocoliztli - os espanhóis não eram afetados.




http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42717704

@medicina @história

terça-feira, 20 de março de 2018

Fotos de 33 anos, em 20/03/2018










@CEP85

Maior gerador eólico do mundo começa a gerar energia


Maior gerador eólico do mundo -

A empresa dinamarquesa Vestas acaba de anunciar a colocação no mercado daquela que será a maior turbina eólica do mundo.

Com um nome bem descritivo, a V164-8 tem um diâmetro total de 164 metros, para gerar 8 megawatts de eletricidade - ela captura o vento de uma área de 21.124 m2.

O protótipo, instalado no Centro de Testes de Grandes Turbinas, em Oesterild, na Dinamarca, já está gerando energia.

A detentora anterior do título de maior turbina eólica do mundo tem 154 metros de diâmetro.

Só a nacele da nova superturbina, o corpo principal onde fica instalado o gerador, tem 8 metros de altura x 8 metros de largura x 20 metros de comprimento, e pesa 390 toneladas.

As lâminas da V164-8 têm 80 metros de comprimento, cada uma pesando 35 toneladas - o encaixe central do rotor, onde são presas as lâminas, responde pelos quatro metros adicionais, chegando aos 164 metros de diâmetro.

Isto torna a maior turbina eólica do mundo mais de 91.000 vezes maior do que menor turbina de vento do mundo, que é pequena o suficiente para aproveitar até sua respiração.

As turbinas eólicas vêm crescendo dramaticamente ao longo das últimas décadas - há 30 anos, uma turbina eólica típica tinha um rotor de 10 metros (cada pá media 5 metros de comprimento) e eram capazes de gerar 30 kW.

O grande apelo do tamanho é a redução dos custos de instalação e a possibilidade de melhores contratos para o fornecimento de uma quantidade maior de energia - 8 MW é suficiente para abastecer quase 10.000 residências.


http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=maior-gerador-eolico-mundo&id=010115140203#.Wlc3cGeUm6W

@ecologia @energia

quinta-feira, 15 de março de 2018

O dia em que Stephen Hawking organizou uma festa - e ninguém foi

BBC - 14 03 2018


Hawking decorou o local com balões, serviu aperitivos e sua bebida preferida

Em 28 de junho de 2009, às 12h, Stephen Hawking se posicionou em frente à porta de entrada de um elegante salão da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e esperou.

O lugar tinha sido decorado com balões, e a mesa central estava forrada de aperitivos e, claro, champanhe, a bebida favorita do famoso físico britânico.

BBC Brasil celebra 80 anos com audiência de 20 milhões de olho no futuro
Hawking, que morreu nesta quarta-feira, aos 76 anos, permaneceu ali, esperando, sem tirar os olhos da porta fechada.

Mas ninguém entrou.

"Que lástima!", exclamou o cientista no capítulo "Viagem no tempo" da série documental Into the Universe with Stephen Hawking (O Universo Segundo Stephen Hawking), da rede de televisão Discovery, transmitido em 2010.

E aquela festa não era como qualquer outra: era um evento para viajantes do tempo.

"Bem-vindos"
"Eu gosto de experiências simples e... champanhe. Então, combinei duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado é possível", explicou Hawking no documentário.

Para testar a ideia, o físico não contou a ninguém sobre a festa até que ela tivesse acabado.
Direito de imagemGETTY IMAGES Image caption
A série documental do Discovery foi protagonizada por Hawking e pelo ator Benedict Cumberbatch

Só então ele enviou o convite, que incluía as coordenadas exatas no tempo e espaço da cerimônia, organizada na escola tradicional escola Gonville and Caius de Cambridge.

"Você está cordialmente convidado ao evento para viajantes do tempo organizado pelo professor Stephen Hawking", dizia o texto, que também incluía a irônica explicação de que não era necessário confirmar presença.

"Espero que cópias deste (convite) sobrevivam por vários milhares de anos em um formato ou outro", acrescenta o pesquisador, cujo livro Uma Breve História do Tempo, de 1988, vendeu mais de 10 milhões de cópias no mundo.

Ele continua: "Talvez, algum dia, alguém que viva no futuro encontrará a informação e usará uma máquina do tempo para vir à minha festa, provando que, um dia, as viagens no tempo serão possíveis".
Direito de imagemISTOCK Image caption
'Combinei duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado é possível', disse Hawking

Ao ver que o relógio passou das 12h e ninguém entrou em sua festa, Hawking coloca em prática seu famoso senso de humor e diz: "Eu esperava que a futura Miss Universo abriria a porta".

Anos depois, o físico explicou em um simpósio no Festival da Ciência de Seattle, nos Estados Unidos, que "a teoria da relatividade geral de (Albert) Einstein parece oferecer a possibilidade de que possamos deformar o espaço-tempo de tal forma que poderíamos viajar ao passado ".

"No entanto, é provável que tal deformação causasse um raio de radiação que destruísse a nave espacial e talvez o espaço-tempo em si", acrescentou ele nesse evento de 2012.

Então, ele falou sobre sua festa fracassada para viajantes do tempo e disse: "Fiquei ali muito tempo esperando, mas ninguém veio".

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43405426
@ciência