sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

End of an era for Brazil(Upstream)

Editorial do Upstream

End of an era for Brazil

The early departure of Decio Oddone as director general of Brazil’s National Petroleum Agency (ANP) will mark the end of an era of progress and profound changes in the country’s oil and gas sector, writes Fabio Palmigiani.

In three years under Oddone, the ANP has implemented a pragmatic business-friendly agenda that has helped Brazil restore its status as a hotspot for international oil companies.
With ample experience of working for state-controlled Petobras and in the private sector, Oddone set the course for a competitive market, shunning heavy-handed interventionism.
Among his achievements was the implementation of a long-term licensing calendar, striking the right balance with new rules to govern the thorny issue of local content requirements and actions to stimulate onshore and mature field production.
Oddone’s exit, almost one year before the end of his term, may worry industry insiders, some of whom question whether Brazil’s President Jair Bolsonaro will resist a temptation to interfere when there are easy popularity points to be scored.
In replacing Oddone, Bolsonaro, a former army captain, might follow his penchant for  appointments from the military ranks, as he did with Energy Minister Bento Albuquerque.
Conversely, Brazil could revert to the political appointments that can help legislation through Congress, but which also stir up memories of graft scandals.
If Brazil has learned any lessons from the Oddone era, it might be that people with a solid industry background and a healthy sense of public duty tend to make the best regulators.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Stan Lee e autoria


A complicada arte de ver

A COMPLICADA ARTE DE VER

O que vemos e o que deixamos de ver.

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”.
Fiquei em silêncio aguardando que ela me contasse os sinais da sua loucura.

E Ela foi contando : “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!
Alguns dias atras, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas.
Mas, cortada a cebola, eu tive um susto.
Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola se transformou em obra de arte para ser vista!
O mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões…
Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico.

Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda.
Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro:
- ‘Rosa de água com escamas de cristal’.

Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado.
Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro.
Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou:
- “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”.

Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.

Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só
viam o lixo.

Adélia Prado disse:
- "Deus, de vez em quando, me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.

Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

Não ser cego não basta para ver as árvores e as flores.

"Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa.

O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver.

O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”.

Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu:
- “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.


Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”:
- “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados.

Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação.

O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam…

Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos.

Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças.

Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: - - "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana.

Como o Jesus menino do poema de Caeiro.

Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…

Rubem Alves

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Pior década para o PIB(Estado, 13 1 20)

Década passada foi a pior para PIB no País


Estudo do economista Roberto Macedo indica que a variação média no período foi de 1,39%
Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2020 - 04:17



Márcia De Chiara
A economia brasileira bateu no fundo poço e registrou a menor taxa de crescimento desde 1900 na última década encerrada em 2019. Entre os anos de 2010 e 2019, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no País, cresceu a um ritmo de 1,39% ao ano. 

O dado consta de estudo do economista Roberto Macedo, da Universidade de São Paulo, ex-secretário de Política Econômica e que foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento considera que cada década se inicia nos anos terminados em zero e vai até os anos que terminam em nove. 

"A década de 2010 foi a pior para o crescimento do PIB entre as 12 analisadas", afirma Macedo. O desempenho médio anual do período foi menos da metade do registrado na década anterior, iniciada em 2000 (3,39%). Até então, o pior resultado anual era de 1,75% nos anos 90 - época marcada por crises externas e planos fracassados de estabilização. 

A crise fiscal, segundo Macedo, foi o principal fator que levou o País à recessão, que começou no segundo trimestre de 2014 e terminou no quarto trimestre de 2016. Desde então, a recuperação tem sido a passos lentos, com avanços do PIB que não saem da casa de 1%. 

O fraco desempenho da economia brasileira nos anos 2010 bem abaixo do crescimento médio do PIB de 155 economias emergentes e em desenvolvimento, que avançaram 5,11% ao ano no mesmo período de acordo com o estudo - mostra sua face mais cruel no número de desempregados e subempregados. 

No trimestre encerrado em novembro, a taxa de desocupação era de 11,2%, ou de 11,9 milhões de pessoas, segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. 

"O aumento do número de moradores de rua é uma consequência esperada, com a situação da economia se agravando e o desemprego altíssimo", observa Macedo. Esse é o caso de Francisco Eduardo Lopes, de 28 anos, que veio do Ceará e há dois anos vive nas ruas da capital paulista. Ele, que cursou até a 7.a série do ensino fundamental, prestava serviços de pedreiro e pintura e tirava R$ 2 mil por mês com as reformas. Mas desde 2018 não consegue serviço e acabou indo parar num albergue. "Existe preconceito contra quem vive em albergue e é complicado se recolocar, por não ter um endereço fixo." 

Michel Lopes Kiill, 52 anos, ex-bancário que cursou faculdade de Comunicação e não concluiu, enfrenta problema semelhante. Hoje, ele deve R$ 38 mil parabancos e financeiras e vive num centro que acolhe moradores de rua. "Quando você diz que mora em abrigo, dificilmente alguém te dá emprego." Em 2015, último censo da Prefeitura apontou que eram 15,9 mil pessoas na rua. 

Na última quinta-feira, Kiill e Lopes eram dois dos cerca de 50 moradores em situação de rua em um café da manhã comunitário oferecido na Paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro paulistano da Mooca, na zona leste. Há mais de 30 anos oferecendo a primeira refeição do dia para quem vive na rua, o padre Júlio Lancellotti, vigário da paróquia e da pastoral de rua da Arquidiocese de São Paulo, diz que a maior parte deles é jovem e busca trabalho. 

Sem ascensão. "Essa estagnação prejudicou muito as gerações recentes. Percebi que nas gerações passadas havia muita ascensão social, ou seja, o status social dos filhos superava o dos pais. Hoje, isso se inverteu, com os filhos tendo dificuldade de até mesmo manter o status social dos pais", diz Macedo. 

Para o coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar, a retomada de investimentos do País ainda depende da criação de "um ambiente de negócios favorável, no qual os empresários tenham confiança em colocar dinheiro no País". "O problema maior é a insegurança jurídica, a estrutura tributária muito custosa e incerta. Também a infraestrutura é ruim, do ponto de vista do investidor privado", afirma. 

Colega de Castelar no Ibre/FGV, o economista Samuel Pessôa afirma que, após anos marcados pelo intervencionismo do governo, o País "tomou o caminho certo". "Hoje, estamos infinitamente melhor do que em 2014. Só que o caminho certo é doloroso. Por isso, a lentidão para ganharmos velocidade no crescimento", diz ele. "Estamos arrumando a casa sem destruir a macroeconomia. Isso é muito saudável e dá mais solidez." 

Reflexos 

"Nas gerações passadas, havia muita ascensão social, o status social dos filhos superava o dos pais. Hoje, isso se inverteu, com os filhos tendo dificuldade de até mesmo manter o status social dos pais." 

Roberto Macedo 

ECONOMISTA DA USP 

"Quando você diz que mora em abrigo, dificilmente alguém dá emprego." 

Michel Lopes Kiill

EX-BANCÁRIO

'Caminho certo 

"Tomamos o caminho certo. Estamos melhor do que em 2014. Só que o caminho certo é doloroso. Por isso, a lentidão para ganharmos velocidade no crescimento." 

Samuel Pessôa 

PESQUISADOR DO IBRE/FGV

"É necessário um ambiente de negócios favorável, no qual os empresários tenham confiança." Armando Castelar 

COORDENADOR NO IBRE/FGV



@economia @Brasil

domingo, 12 de janeiro de 2020

Reforma da Previdência e o desafio de emprego para os mais velhos(FSP)

Reforma da Previdência cria desafio de manter emprego para os mais velhos

Idade mínima para aposentadoria obriga o trabalhador a continuar no mercado por mais tempo
Domingo, 12 de Janeiro de 2020 - 03:58
Fernanda Brigatti SÃO PAULO

As novas regras para aposentadoria, em vigor desde 13 de novembro, exigirão dos brasileiros mais tempo no mercado de trabalho.

Ainda que essa exigência faça sentido para a saúde financeira das contas da Previdência, a realidade de quem tenta seguir trabalhando após os 50 anos não é tão bem resolvida, e conseguir uma vaga no mercado fica mais difícil.

Com uma população vivendo mais, a tendência é que o período produtivo da população também aumente. No entanto, o ainda existente preconceito etário, a adoção de novas tecnologias no trabalho e a necessidade de adaptação contínua a novas formas de seleção para uma vaga de emprego afastam os trabalhadores mais velhos do mercado.

Monica Riffel, presidente da consultoria MaturiLAB, diz que as empresas ainda não estão prontas para olhar os trabalhadores com mais de 50 anos como candidatos potenciais para vagas de emprego.

“Os próprios RHs ainda precisam estudar melhor como vão fazer com que essas pessoas não percam seus empregos ou como abrir possibilidades de trazer trabalhadores maduros [para dentro da empresa]. O que a gente vê hoje é que a questão do etarismo passou a ser um pilar da diversidade, e você vê um preconceito com a idade”, afirma.

O problema é pior para aqueles com baixa escolaridade. Segundo um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 10,5% dos homens com idade entre 50 anos e 64 anos não trabalhavam, nem estavam aposentados, por ainda não terem atingido as exigências mínimas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para terem direito ao benefício.

Eles são os chamados nem-nem da maturidade e, em 2017, 7 em cada 10 pessoas nessa situação tinham menos de 60 anos.

Para as pesquisadoras do Ipea Ana Amélia Camarano, Daniele Fernandes e Solange Kanso, o preconceito por parte dos empregadores e uma percepção negativa sobre a capacidade de adaptação dos trabalhadores em fase de envelhecimento às mudanças tecnológicas e organizacionais, além de expectativa de gastos maiores com afastamentos e produtividade menor, pesam nessa conta.

Mas o cenário começa a mudar —e vai ser cada vez mais necessário, e não só por causa da reforma da Previdência.

Hoje, cerca de 15% da população brasileira tem mais de 60 anos. As projeções do IBGE indicam que, em 2055, esse percentual terá dobrado. Parece longe, mas é quando os jovens que saíram da faculdade recentemente estarão chegando aos 60 anos.

No terceiro trimestre de 2019, último período com dados completos, havia 8,2 milhões de pessoas com 60 anos ou mais na força de trabalho —aqueles empregados ou que buscam um emprego—, ou 25% dos idosos, segundo o IBGE. Na população em geral, esse percentual era de 50%.

Para a psicóloga Angelina Assis, gerente de relacionamento da Soulan Recursos Humanos, haverá uma adaptação gradual do mercado, que exigirá, da parte das empresas, mais investimento em treinamento, e dos funcionários, mais disposição para aprender e se ajustar a novos processos.

“Estamos numa pirâmide com muito mais pessoas na longevidade do que pessoas nascendo. Então é natural que vá havendo um encaixe e uma aderência dessa mão de obra para o mercado”, afirma.

O total de pessoas mais velhas que trabalham ainda é baixo, mas o mercado dá sinais de que há vagas —ao menos para os mais qualificados.

Na Workana, rede social de intermediação de trabalho freelancer, o tíquete médio dos trabalhadores com mais de 50 anos é superior ao das demais faixas etárias. Em 2019, chegou a US$ 4.000 mensais (pouco mais de R$ 16 mil), afirma o gerente para o Brasil da empresa, Daniel Schwebel, que atribui o valor ao alto nível de especialização.

A maioria dos trabalhos fechados está nas áreas administrativa, tradução e geração de conteúdo, respondendo por 55% desses freelancers. Na área de tecnologia, eles são a minoria, mas já correspondem a 12% em programação, que inclui design multimídia.

Schwebel afirma que o trabalho temporário atende o que os profissionais mais velhos desejam. “O profissional quer continuar trabalhando, mas com mais flexibilidade, menos metas e uma rotina mais livre”, diz.

O mercado freelancer, afirma, depende de o profissional estar disponível a uma outra

lógica de trabalho. “Existe uma adaptação necessária. A pessoa precisa entender que a remuneração é por hora, que ela vai ter que trabalhar em casa. É uma outra realidade.”

E há os que preferem a estabilidade. Segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério da Economia, o total de trabalhadores com carteira assinada e mais de 64 anos subiu 6,35% de 2017 para 2018. Na faixa dos 50 aos 64 anos, o avanço foi de 1,84%.

A coach de carreira Monica Riffel, da MaturiLAB, diz que passou a receber muitas pessoas na faixa dos 45 anos que tinham sido demitidas. Para ela, o comportamento é resultado de uma “juniorização” do mercado de trabalho, que ainda se reverte muito lentamente.

“O trabalhador maduro tem um comportamento jovem. Não é alguém que vá se aposentar cedo, e não só pela questão da Previdência e da inversão demográfica, mas porque hoje há muito mais recursos para nos mantermos atualizados, produtivos e atuantes”, afirma.

Após uma carreira na área de serviços e operações em multinacionais do setor de informática, Ronaldo Moraes Araki queria se aposentar e seguir trabalhando. Há seis meses, aos 63 anos, assumiu a chefia do setor de tecnologia de uma fintech predominantemente jovem.

O contraste geracional, diz, é positivo, mas, antes de chegar ao cargo, a resistência foi grande. “Sinto que as pessoas gostam de aprender com a experiência, querem saber de sucessos e fracassos. Morei em outros países, trabalhei em grandes empresas. Então, tem esse lado também”, afirma.

Ele conta que, ao se aposentar, há cerca de três anos, quis evitar o périplo de enviar currículos e tentar entrevistas em processos seletivos.

“Tem tanta gente desempregada e o mercado é tão restrito para pessoas de uma idade um

pouco mais elevada que não adianta ficar insistindo nisso. Preferi assumir o controle do meu próprio destino”, diz.

E foi no decorrer desse processo que acabou conhecendo e de aproximando da empresa em que dá expediente hoje.

De certa forma, dizem os especialistas, adaptação e disponibilidade serão palavras-chave para o mercado de trabalho nos próximos anos. Angelina Assis, da Soulan RH, afirma que exercer o mesmo trabalho por toda a vida laboral vai perdendo espaço.

Ela diz que as gerações com 40, 50 anos hoje costumavam ficar no mesmo setor —e frequentemente no mesmo emprego— por toda a vida. “Hoje, a gente tem uma gama de possibilidades e de atividades cada vez maior. Acho que as pessoas vão, intuitivamente, percebendo outros dons e possibilidades no trabalho”, afirma.

“Nossas gerações não forma preparadas para um plano B, mas é hora de se perguntar ‘em que eu sou boa? Tenho boa comunicação? Sei fazer uns quitutes?”, diz a consultora.

Para a empresária Claudia Barchi, 52, se manter na ativa foi tão importante financeiramente quanto emocionalmente. “Você se aposenta porque não tem mais portas abertas. Fica uma sensação de que você não sabe fazer nada, não serve para nada”, afirma.

Com Sandra Godoi, 56, ela criou uma plataforma chamada PAP (Pessoas Ajudando Pessoas), por meio da qual os maduros —aqueles com mais de 50 anos— podem oferecer e contratar serviços.

A companhia para exames médicos ou compras é hoje o serviço mais requisitado, mas a proposta é que a rede funcione em outras direções.

“Um jovem pode contratar uma senhora que seja boa de cozinha para ensinar a fazer uma ceia de Natal ou papinhas de bebê”, explica Sandra.

A idealização do PAP, diz Claudia, vem de uma necessidade pessoal, que era obter ajuda rápida e temporária para atender familiares mais velhos em consultas médicas e passeios, mas não encontrava.

Quando se aposentou, começou a oferecer esse serviço e o batizou de personal senior.

A chegada de Sandra, professora na Faculdade Drummond, fez o negócio ganhar escala e se transformar na plataforma, que já tem cerca de 60 prestadores de serviços cadastrados.

Claudete Freitas Amorim, 67, está aposentada há quase 20 anos e seguiu na ativa, com altos e baixos, até 2014. “Já estava bem difícil e eu ainda trabalhei, mas sem registro. Fiz de tudo. Tentei vender seguro, pacotes de viagens, mas não dava mais”, diz.

Durante os 30 anos de atividade, Claudete foi promotora-executiva no setor turístico e trabalhava visitando agências. O trabalho freelancer, diz, faz sentido nessa fase da vida. Seu primeiro chamado no PAP foi o de acompanhar uma pessoa a um eletrocardiograma.

“Nunca gostei de escritório, de trabalhar fechada. Agora, consigo fazer meu horário, minha rotina e trabalho nos dias em que eu quero”, diz.

Para José Fernando Campoy Torres, 60, aposentado desde os 53, a economia compartilhada foi a solução para interromper o desânimo após ficar três anos sem conseguir continuar no mercado.

“Mandei muito currículo, mas nunca me chamaram. Quando você faz um trabalho, a sensação que fica é a de bem-estar, de se sentir útil.”

Mercado de trabalho pós reforma

O que sugerem os gestores de RH

1 Esteja aberto a novidades

O mercado quer pessoas com facilidade de adaptação

2 Busque reciclagem e capacitação

Tecnologias e tendências estão sempre em atualização. Não dá para acompanhar tudo, maso ideal é não ficar parado

3 Mantenha-se saudável

Uma saúde em dia pode fazer muita diferença na hora de conseguir uma vaga após os 50. Muitas empresas consideram 0 risco de gastar mais com afastamentos

4 Não descarte mudar de área

Se está cansado do setor em que sempre trabalhou, considere fazer outra coisa. Pode ser a mudança mais difícil, mas é a chance de colocar um sonho antigo em andamento

5 Investigue novas aptidões

A especialização de muitas funções pode dar a ideia de que 0 trabalhador só consegue cumprir um único papel. Outros talentos, porém, podem estar adormecidos, à espera de estímulo

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O tempo corrói a alma dos modernos(Wilson Bueno, Estado, 2005)



A boa terceira idade


Existem cinco coisas antigas que são boas:
• Esposas idosas.
• Os velhos amigos para conversar.
• A velha lenha para aquecer.
• Velhos vinhos para beber.
• Os livros antigos para ler.
*Émile A. Faguet*

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão
*Gabriel Garcia Marques*

Envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto escala, as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais ampla e mais serena.
*Ingmar Bergman*

Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os próximos trinta, o comentário.
*Arthur Schopenhauer*

Os velhos desconfiam dos jovens porque já foram jovens.
*William Shakespeare*

Quando me dizem que estou velho demais para fazer alguma coisa, tento fazer mais rápido.
*Pablo Picasso*

A arte do envelhecimento é a arte de preservar alguma esperança.
*André Maurois*

A velhice é um tirano que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude.
*François de La Rochefoucauld*

As rugas do espírito nos fazem mais velhos que os do rosto.
*Michel Eugene de le Montaigne*

O envelhecimento ainda é o único meio que foi encontrado para viver muito tempo.
*Charles Augustin Sainte-Beuve*

Ninguém é tão velho que não possa viver mais um ano, nem tão jovem que hoje não possa morrer.
*Fernando de Rojas*

Todos queremos envelhecer e todos negamos que chegamos.
*Francisco de Quevedo*

Se você quer ser velho por um longo tempo, envelheça logo.
*Cícero*

Nada envelhece tanto quanto a morte daqueles que conhecemos durante a infância.
*Julián Green*

O jovem conhece as regras, mas o velho conhece as exceções.
*Oliver Wendell Holmes*

A velhice começa quando a memória é mais forte que a esperança.
*Provérbio Hindu*

Na juventude aprendemos, na velhice entendemos.
*Marie von Ebner Eschenbach*

A maturidade do homem é ter recuperado a serenidade com a qual brincávamos quando éramos crianças.
*Frederich Nietzsche*

O velho não pode fazer o que um jovem faz; mas faz melhor.
*Cícero*

Leva dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar a boca.
*Ernest Hemingway*

As árvores mais antigas dão os frutos mais doces.  *Provérbio alemão*

Aqueles que realmente amam a vida são aqueles que estão envelhecendo.
*Sófocles*

Quando você é velho na carne, seja jovem na alma.  *Autor desconhecido*

A velhice tira o que herdamos e nos dá o que merecemos.
*Gerald Brenan*

Um homem não é velho até que comece a reclamar em vez de sonhar.
*John Barrymore*

Um homem não envelhece quando sua pele enruga, mas quando seus sonhos e esperanças se encolhem.
*Grafite de rua*

Velho é aquele que considera que sua tarefa está cumprida. Aquele que se levanta sem metas e se deita sem esperança.
*Autor desconhecido*

Encaminhe para todos aqueles com quem você se importa!
Eu acabei de fazer isso.