sábado, 30 de setembro de 2017

Raízes das desigualdades (José Paulo Kupfer, O Globo)

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O Globo | Opiniao

José Paulo Kupfer: Raízes das desigualdades 

Forma-se um consenso em torno da constatação de que o sistema tributário e as políticas fiscais estão no centro dos desafios distributivos
A discussão sobre as razões do fenômeno da apropriação desequilibrada em favor dos mais ricos da renda produzida na sociedade, que já tinha passado por uma onda acalorada não faz muito tempo, está de volta — aqui e lá fora. Não é que o tema, que ganhou novas luzes na esteira do lançamento, em 2013, de “O capital no século XXI”, do economista francês Thomas Piketty, tenha sido abandonado desde então. Mas o fato é que voltou a ganhar relevância como um dos elementos capazes de ajudar a explicar as últimas vitórias eleitorais, nas economias avançadas, de grupos à direita do espectro político, que, com programas xenófobos e isolacionistas, sensibilizam contingentes locais de novos excluídos.
Campeão mundial da desigualdade, o Brasil não ficou imune ao debate do momento, mas por razões diferentes. Estudos mais abrangentes, recentemente publicados — não limitados às informações dos entrevistados nas pesquisas nacionais domiciliares, que incluem agora a análise de declarações do Imposto de Renda — abriram espaço para contestações da narrativa preferida do ex-presidente Lula e do PT, em que os ganhos sociais, com redução da pobreza, da informalidade e das desigualdades de renda, nos governos petistas, são o carro-chefe.
Quase ao mesmo tempo, nas últimas semanas, trabalhos do economista Marc Morgan, do grupo de Piketty, e um relatório da Oxfam Brasil (http://bit.ly/2xEyZZh), seção local da prestigiada organização social internacional de combate à pobreza e à desigualdade, trouxeram um quadro mais completo da trajetória, na última década e meia, de queda das desigualdades brasileiras — não somente em relação à renda do trabalho, mas agora também relativas à renda total, gênero e cor da pele. A conclusão, quando agregadas informações sobre rendas de capital, é a de que as desigualdades caíram no período, mas menos do que as estatísticas limitadas mostravam e os governos petistas apregoavam.
No âmbito dos países centrais, a questão da desigualdade tem sido mais considerada na perspectiva do crescimento econômico e de seu impacto inclusivo adverso. O FMI, a propósito, preparou um texto de apoio à reunião de cúpula do G-20, no mês de julho, em Hamburgo, na Alemanha, com o título “Promovendo crescimento inclusivo” (http:// bit.ly/2wns45n, em inglês), no qual conclui que o crescimento econômico é condição necessária, mas não suficiente para promover o desenvolvimento. Este, destaca o documento, só se apresenta mais consistente e por períodos mais prolongados de tempo se acompanhado de políticas inclusivas e de redução das desigualdades.
Em comum com os estudos sobre os efeitos negativos das desigualdades na economia brasileira, os documentos mais recentes do FMI sobre o tema também ressaltam o papel das políticas fiscais na promoção do desenvolvimento inclusivo. Sob esse guarda-chuva se abrigam tanto um sistema tributário progressivo quanto os gastos públicos em programas de acesso à educação e saúde, além de cuidados com os reflexos de ações econômicas modernizadoras — como, por exemplo, as promotoras de abertura e inserção no comércio internacional —, no meio ambiente e na absorção de mão de obra menos qualificada.
Faz todo sentido, como aponta o consenso que os estudos mais recentes e abrangentes estão formando, colocar o sistema tributário no centro do desafio distributivo. Não há erro, de fato, em considerá-lo uma impressão digital da organização da sociedade, quando se levam em consideração os processos, inclusive históricos, que conduzem ao seu desenho. Observado sob esse ângulo, é válido parodiar a conhecida máxima e sentenciar: diz-me como tributas, que te direi quem és. Assim, a naturalidade brasileira do convívio com a desigualdade, talvez herança do longo período escravagista, espelha perfeitamente uma construção tributária caótica e anômala, na qual, em contraste com as regras universais, quem pode mais contribui menos com os recursos necessários para assegurar o bem comum.


@economia @desigualdade

Bancos inovam sob influência das fintechs (Valor)

Sexta-feira, 29 de setembro de 2017         05:37
Valor Econômico | SUPLEMENTO - NEGÓCIOS CONECTADOS
     
Bancos inovam sob influência das fintechs 
Ana Lúcia Moura Fé | Para o Valor, de São Paulo
Para absorver o impacto das fintechs, o setor financeiro deve atualizar infraestruturas e usar sistemas baseados em nuvem ou de código aberto já usados pelas startups. Precisam adotar a natureza disruptiva das emergentes e responder às demandas dos clientes por serviços inovadores. Essa conclusão é da PwC em relatório global sobre a influência das fintechs.
O estudo aponta que a concorrência preocupa a maioria das instituições. Quase 90% acreditam que parte de seus negócios corre risco diante das startups. Cerca de 30% dos consumidores vão aumentar o uso de fintechs e só 39% planejam continuar apenas com bancos convencionais.
Novos negócios fundados na nuvem têm processos e lançamentos de serviços mais ágeis, menos custos e proporcionam experiência renovada para clientes cada vez mais familiarizados com o mundo digital. "Sob a ótica de lançamento de produtos e operações, muitas startups nem existiriam caso não utilizassem cloud", diz Augusto Lins, diretor de relações institucionais da Stone, startup adquirente de cartão de crédito com autorização da Visa e da Mastercard para realizar transações.
Financeiramente vantajosa, a nuvem, com sua elasticidade, permite que a capacidade do sistema acompanhe o crescimento acelerado do negócio, diz Lins. "Além disso, fintechs têm cultura de open source, e a nuvem facilita troca de dados e desenvolvimento de APIs".
Para Edward Wible, CTO do Nubank, estava tudo muito confortável para o setor, mas agora ocorre uma reação em cadeia, com instituições agilizando processos e se reorganizando. "É saudável para todo mundo", diz o executivo da startup que tem inspirado vários bancos a lançar contas digitais nos mesmos moldes de sua solução - um cartão de crédito sem anuidade e com benefícios como taxas reduzidas e organização de gastos do cliente no smartphone. Quase 100% das cargas de trabalho do Nubank estão na cloud da AWS. Para Wible, o maior diferencial trazido pela nuvem é a geração de uma cultura colaborativa e empática na empresa.
O modelo facilita o preenchimento de lacunas na prestação de serviços, segundo Patrick Negri, CEO da iugu, plataforma abrigada na AWS que automatiza processos como pagamentos e antecipação de recebíveis e conciliação financeira. "Grandes instituições não têm esse serviço por falta de agilidade", diz o CEO da startup que deve movimentar este ano em torno R$ 1,5 bilhão e gerar cerca de R$ 10 milhões de receitas.
Para Rafael Ribeiro, diretor executivo da ABStartups, começa agora uma curva de amadurecimento do ecossistema de fintechs, com novas tecnologias surgindo, casos de sucesso, bancos inovando internamente, selando parcerias, comprando fintechs ou criando aceleradores para startups. "Quando vemos uma empresa como o Itaú com aplicativo superevoluído, que com certeza está na nuvem, fica evidente que a velocidade das startups pressionou o setor a ser diferente", afirma.
André Nazareth, gerente de desenvolvimento de startups da AWS, ressalta que bancos usufruem cada vez mais das vantagens da cloud. Ele diz que cresce o número dos que, em sua jornada de transformação, buscam confidencialmente a prestadora para experimentar o modelo. Entre os que partiram na frente, cita o Inter, banco com 23 anos de atuação que criou conta digital com acesso via nuvem da AWS. "Esse banco planeja migrar a operação inteira para AWS ainda este ano", diz.
Para Edson Silva, presidente do Grupo Nexxera, pioneiro no uso de nuvem que criou ecossistema entre bancos e seus clientes para transações de compra, recebimento e pagamento, não há dúvida de que o setor quer participar do ambiente heterogêneo e de múltiplos serviços representado pela nuvem e pelas fintechs. "Mas trata-se de ruptura cultural grande, por isso vai agir com cautela, preservando o core", diz.
O estudo da PwC revela que as instituições já abraçam o modelo Fintech não apenas quanto à tecnologia, mas também quanto a cultura, formas de trabalhar, resolução de problemas, engajamento de clientes e novas ideias de liderança. Globalmente, 77% das pesquisadas aumentarão esforços internos de inovação nos próximos três a cinco anos. Elas também estão comprando mais serviços das startups.


O Mantra do Câmbio (Celso Ming, Estado de São Paulo)

sexta-feira, 29 de setembro de 2017     03:34                  
CELSO MING: O mantra do cambio 

Anos a fio, a queixa recorrente dos empresários é a de que o dólar no Brasil está barato demais (em reais) e que essa valorização da moeda nacional sepulta a competitividade do setor produtivo. E reivindicam forte desvalorização do real, “para estancar a de-sindustrialização”.
O pessoal da Fiesp e da indústria de máquinas não diz outra coisa. Nesta quarta-feira, por exemplo, o representante da indústria têxtil, Fernando Pimentel, repetiu essa queixa.
Boa parte do setor produtivo nacional não é competitiva, ou seja, não consegue enfrentar nem a concorrência do produto importado nem a competição no mercado externo. É uma situação que, em princípio, apenas em parte tem a ver com o Câmbio.
A falta de competitividade se deve a grande número de outros fatores: o custo Brasil muito mais alto do que em grandes países do exterior, a precariedade da infraestrutura, o excesso de proteção que deixa o setor mal-acostumado, a demasiada burocracia que emperra os negócios, o alto custo do capital, Juros altos demais, o baixo nível de educação e treinamento da mão de obra... e por aí vai.
Um jeito de compensar esse jogo contra é promover a desvalorização da moeda, recurso que barateia em dólares apro-dução local e encarece o produto importado. O problema é que nem sempre é possível promover essa desvalorização.
O Câmbio é um dos preços da moeda (o outro são os Juros) e, nesta condição, está sujeito à lei da oferta e da procura. Uma das funções de qualquer Banco Central é intervir para regular esse jogo ao nível pretendido pela política econômica. Quando é preciso agir para valorizar a moeda nacional, o Banco Central aumenta ou permite que aumente a oferta de moeda estrangeira no mercado, o dólar fica mais barato em reais; quando decide desvalorizar, aumenta a procura por dólares, pela compra no Câmbio interno ou por permitir que se tome mais escasso.
O atual regime de Câmbio no Brasil é o de flutuação suja. Nele, as cotações são determinadas pela oferta e procura, mas com alguma intervenção a fim de eliminar grandes oscilações. Neste momento em que as contas externas estão em excelente condição e a entrada de investimentos corresponde a quase três vezes odéfi-cit dos demais pagamentos, é inevitável que o País tenha de conviver com a oferta folgada de dólares.
Empresários e muitos economistas que os assessoram pregam mais intervenção. Querem que o Banco Central compre mais moeda estrangeira ou coíba a entrada de capital, por meio de medidas administrativas ou de impostos.
Mas aí há dois problemas. Primeiro, a compra de dólares pelo Banco Central exige emissão de reais, o que é inflacionário, ou aumento de dívida pública, já alta demais. O outro problema é o de que o mercado global está inundado de dólares, variável fora do controle do Banco Central. Assim,boa parcela desses recursos continuará desembarcando no Brasil para negócios, aumentando a oferta de moeda estrangeira.
Quanto mais saudável a economia, maior o afluxo de moeda estrangeira, situação que tende a manter o Câmbio relativamente valorizado. Paradoxalmente, a maneira mais fácil de provocar maior procura de dólares é deixar que a crise derrube a economia.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Vídeo: Europeus x Italianos (humor)



@humor

João, o maestro (João Carlos Martins, FSP)



Quarta-feira, 27 de setembro de 2017

JOÃO CARLOS MARTINS: João, o maestro

Autor: JOÃO CARLOS MARTINS




Sempre digo que o meu problema é muito menor do que o de uma pessoa que tenha perdido a visão ou ficado tetraplégica, etc, etc.., mas pela exposição na mídia sinto uma responsabilidade enorme junto a pessoas portadoras de deficiências. Afinal, sou simplesmente um pianista que perdeu as mãos para o piano, do ponto de vista profissional.
Na semana passada, tive uma das experiências mais emocionantes da minha vida, quando o filme "João, o Maestro", após uma pequena palestra minha, foi apresentado para detentos do Complexo de Bangu no Rio de Janeiro, no mesmo dia em que a cidade viveu momentos dramáticos de violência e medo, que impressionaram profundamente o Brasil e o resto do mundo.
Um amigo jornalista de São Paulo, por telefone, brincou comigo dizendo que eu estava no lugar mais seguro do Rio de Janeiro naquele momento. Mas o que me impressionou mesmo foi ver que a maioria dos detentos tinha a idade média entre 20 e 27 anos.
Surpreendeu-me o quanto eles choraram após assistirem ao filme, que não tem nada a ver com violência, com uma trilha sonora, pela primeira vez no Brasil, com Bach, Beethoven, Ravel, Tchaikovsky, Ginastera e Villa-Lobos, mas que aborda, do começo ao fim, como ultrapassar adversidades, como reconhecer erros e procurar corrigi-los, e como tentar aprimorar suas qualidades.
Em outras palavras, o filme trata da palavra superação, que prefiro chamar de teimosia, e da trajetória da esperança em relação à vida.
Não me contive, ultrapassei as barreiras e fui ao encontro destes jovens que quase me afogaram entre abraços e lágrimas, compartilhadas com a deste "velho maestro".
Comecei a refletir, mais do que nunca, sobre o que formadores de opinião sempre dizem -o maior problema do Brasil chama-se educação, que automaticamente está aliada à cultura.
Aproveito para repetir aqui a célebre frase de Villa-Lobos, que dizia que não é um povo inculto que irá julgar as artes, mas sim as artes é que mostram a cultura de um povo.
Por que nós não seguimos outros países que têm como objetivo primeiro a educação, resultando numa evolução fantástica como exemplo de nação?
"João, o Maestro" me trouxe uma enorme satisfação pelo perfeccionismo tanto da direção, quanto da produção e dos atores, como pela receptividade que tive de todos aqueles que assistiram.
O filme começará sua carreira internacional nos próximos meses, me incentivando cada vez mais a continuar minhas ações por este Brasil afora, mas creio que raros momentos poderão se igualar à emoção que tive vendo a reação dos cerca de 300 jovens de Bangu, que nos seus olhares mostravam que toda pessoa também pode ter o bem dentro de si.
JOÃO CARLOS MARTINS, 77, é maestro da Bachiana Filarmônica SESI-SP
@cinema @Brasil

A História dos IPÊS



A HISTÓRIA DOS IPÊS.


- Quando Deus estava preparando o mundo, se reuniu em uma tarde com todas as árvores. Ele pediu para que cada árvore escolhesse que época gostaria de florecer e embelezar a terra.
Foi aquela alegria.
Outono, verão, Primavera, diziam!!!
Porém Deus observou que nem uma escolhia a estação do inverno.
Então Deus parou a reunião é perguntou:
- Por que ninguém escolhe a época do inverno?!?
Cada um tinha sua razão. Muito seco! muito frio!..muita queimada!
Então Deus pediu um favor.
Eu preciso de pelo menos uma árvore, que embeleze o inverno, que seja corajosa, para enfrentar o frio, a seca e as queimadas e no frio embelezar o mundo....
Todos ficaram em silêncio.
Foi então que uma árvore quietinha lá no fundo, balançou as folhas e disse:
_ Eu vou!...
E Deus com um sorriso  perguntou:
- Qual seu nome minha filha?!
Me chamo Ipê, senhor!
As outras árvores ficaram espantadas com a coragem do Ipê em querer florecer no inverno.
Então Deus respondeu:
- Por atender meu pedido farei com que você floreça no inverno não só com uma cor.
Para que também no inverno o mundo seja colorido.
Como agradecimento, terás diferentes cores e texturas, sua linhagem será enorme.
E assim Deus fez uma das mais lindas árvores que da cor ao inverno. E por isso temos os Ipês:
Branco
Amarelo
Amarelo do Brejo
Amarelo da Casca Lisa
Amarelo do Cerrado
Rosa
Roxo
Roxo Bola
Roxo da Mata
Púrpura.
Que sejamos como os ipês, que saibamos florir  nos invernos da vida!


@filosofia