quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Países europeus decidem não dar vacina de Oxford a idosos(FSP, 3 2 2021)

 Países europeus decidem não dar vacina de Oxford a idosos

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021 


 

Folha de S. Paulo  / Saúde


Ana Estela de Sousa Pinto


Bruxelas - As agências reguladoras da França, da Suécia e da Polônia se juntaram às da Alemanha e da Áustria e decidiram não recomendar o uso em idosos da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca.


Além de no Brasil, a vacina Oxford/AstraZeneca é usada no Reino Unido e em outros dez países, sem restrições de faixa etária. Na semana passada, a EMA (agência reguladora da União Europeia) deu sinal verde para o uso da vacina Oxford/AstraZeneca em todos os adultos, mas as autoridades dos cinco países justificaram suas restrições pela falta de dados sobre o efeito do produto nos mais velhos. Na Polônia ela será aplicada a adultos até 60 anos e, nos outros países, até os 65 anos.


Na Itália, embora a agência reguladora Aifa tenha autorizado o uso a todos os adultos, a orientação foi que o produto não seja aplicado em pessoas a partir dos 55 anos.


A Anvisa (agência brasileira) também ressalvou os poucos dados sobre idosos ao recomendar o uso emergencial do imunizante no Brasil. Apesar de não restringir o uso, pediu monitoramento de novos estudos das empresas e acompanhamento da população vacinada. As mesmas avaliação e recomendação foram feitas para a vacina Coronavac, produzida pela empresa chinesa Sinovac, aplicada no estado de São Paulo e uma das opções do programa federal.


Os seis países europeus que limitaram o uso do imunizante afirmam que a orientação será revista quando houver mais informações.


Os programas de vacinação na Europa têm sido dificultados ou suspensos por gargalos de produção, e o produto da AstraZeneca é visto como uma das melhores opções para reverter os atrasos, por ser mais fácil de armazenar e transportar que as outras duas opções já aprovadas na UE, as da Pfizer/BioNTech e da Moderna.


Enquanto essas duas últimas precisam ser mantidas ultracongeladas e só resistem cinco dias em geladeira comum, as da AstraZeneca podem ser armazenadas e transportadas sob refrigeração normal, de 2° a 8° Celsius. Além disso, é um imunizante mais barato que os outros dois, que usam uma tecnologia inédita e mais sofisticada.


Segundo Dominique Le Guludec, presidente da Alta Autoridade para a Saúde (HAS) francesa, até que a AstraZeneca conclua os novos estudos sobre o efeito em idosos, ela deve ser aplicada em profissionais da linha de frente de combate à Covid-19 e aos mais vulneráveis com idades entre 50 e 65 anos.


Na Suécia, a agência de saúde recomendou que a vacinação dos que têm 65 anos ou mais seja feita prioritariamente com os imunizantes da Pfizer e da Moderna. Na Polônia, o conselho médico restringiu ainda mais a faixa etária, regulando seu uso para pessoas comidade entre 18 e 60 anos.


Na Itália, a Aifa preconizou o "uso preferencial" da vacina de Oxford/AstraZeneca para os que têm de 18 a 55 anos e recomendou que os mais vulneráveis e os que tiverem 56 anos ou mais recebam os outros dois imunizantes.


Nos ensaios clínicos da vacina da AstraZeneca, apenas 8% dos voluntários tinham entre 56 e 69 anos, e apenas de 3% a 4% superavam 70 anos. Segundo o principal executivo da companhia, Pascal Seriot, isso ocorreu porque a Universidade de Oxford queria antes "acumular muitos dados de segurança no grupo de 18 a 55 anos".


Seriot afirmou que, apesar disso, os ensaios mostraram "uma produção muito forte de anticorpos contra o vírus em idosos, semelhante ao que vemos empessoas mais jovens".

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