terça-feira, 21 de agosto de 2018

Ozires Silva: Juntos, somos mais fortes (Folha de S. Paulo, Opinião)


Folha de S. Paulo | Opinião

Segunda-feira, 20 de Agosto de 2018 - 03:40

A indústria aeroespacial global está passando por uma profunda transformação. Consolidação entre fabricantes e fornecedores prometem impactar a competitividade do setor. Países como Japão, Rússia e China, contando com apoios governamentais e concentração nos jatos de até 150 assentos, estão dispostos a ganhar mercados externos, no qual a Embraer é líder mundial.

Sabemos ser difícil manter posição de destaque em mercados competitivos como a indústria aeroespacial. Os países emergentes, que cresceram, descobriram que não podem fazer o que querem. Temos de fazer o necessário, mesmo com sacrifícios, menos direitos e mais obrigações. Por isso, a Embraer está concentrada em manter sua competitividade no futuro: a parceria estratégica com a Boeing, a maior fabricante de jatos comerciais do mundo, faz sentido.

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Quando a Embraer foi criada, em 1969, a indústria aeronáutica era mais diversificada, mas não menos competitiva. Anos de trabalho árduo construíram a imagem e a reputação da Embraer no mercado internacional, desde que expusemos o Bandeirante uma primeira vez no Salão Aeronáutico de Le Bourget, em 1977. Desde então, a Embraer se dedicou a identificar certos nichos de mercado, com atenção total aos clientes para entregar produtos inovadores que atendessem às suas necessidades.

A parceria com a Boeing poderá tornar a Embraer mais forte e preparada para competir nos próximos anos. Juntas, vão criar novos produtos e crescer, explorando oportunidades nos mercados. A Boeing reconhece a capacidade técnica da engenharia e da mão de obra da Embraer e afirma que o Brasil será o centro de excelência da joint venture, garantindo produção, criação de empregos e exportações para o Brasil.

Há um paralelo deste momento com a privatização da Embraer, em 1994. Como agora, havia apreensões e vozes contrárias, mas sabíamos que a privatização era a única saída para manter a Embraer viva e, mais ainda, preparada para o futuro. A história mostrou que a decisão foi mais do que acertada e, desde então, a Embraer cresceu, modernizou -se se internacionalizou-se.

Tornou-se, assim, líder mundial na fabricação de jatos de passageiros de até 150 assentos, ingressou no segmento ultracompetitivo da aviação executiva com produtos superiores e inovadores —o jato Phenom 300, por exemplo, há anos é o modelo mais vendido de sua categoria— e tem aumentado sua atuação internacional na área de defesa, cujo expoente atualmente é o jato de transporte multimissão KC-390.

Com grande potencial de exportação, o KC-390 vem para substituir parte da frota global de antigos C-130 Hercules, de origem norte-americana, ainda em operação.

Vivemos um momento que exige coragem e ousadia para tomar as decisões corretas e, assim, criar as oportunidades necessárias para o futuro. Entre outras vantagens, a parceria estratégica com a Boeing fortalecerá ambas as empresas, posicionando-as de forma adequada para competir no novo cenário global da indústria aeroespacial.

Não menos importante, veremos preservados os interesses da FAB e do governo brasileiro, mantendo a capacidade tecnológica e industrial instaladas no Brasil, o que garante também a soberania e a autonomia da nossa nação.

Com linhas de produtos complementares, filosofias de trabalho e culturas semelhantes, dedicadas à inovação e excelência, a parceria estratégica se beneficiará de uma cadeia global de suprimentos, com fornecedores nossos e uma rede de serviços que fortalecerá as marcas Boeing e Embraer, criando assim uma nova proposta de valor para funcionários, clientes, parceiros e investidores.

Como um apaixonado pela Embraer, à qual dediquei a maior parte de minha vida, vejo esta nova rota como essencial na construção do futuro da Embraer, que, tenho certeza, será um sucesso ainda maior!

@economia @Brasil @aeronáutica

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