Folha de S. Paulo | Opinião
Segunda-feira, 20 de Agosto de 2018 - 03:40
A indústria aeroespacial global está passando por uma
profunda transformação. Consolidação entre fabricantes e fornecedores prometem
impactar a competitividade do setor. Países como Japão, Rússia e China,
contando com apoios governamentais e concentração nos jatos de até 150
assentos, estão dispostos a ganhar mercados externos, no qual a Embraer é líder
mundial.
Sabemos ser difícil manter posição de destaque em mercados
competitivos como a indústria aeroespacial. Os países emergentes, que
cresceram, descobriram que não podem fazer o que querem. Temos de fazer o
necessário, mesmo com sacrifícios, menos direitos e mais obrigações. Por isso,
a Embraer está concentrada em manter sua competitividade no futuro: a parceria
estratégica com a Boeing, a maior fabricante de jatos comerciais do mundo, faz
sentido.
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Quando a Embraer foi criada, em 1969, a indústria
aeronáutica era mais diversificada, mas não menos competitiva. Anos de trabalho
árduo construíram a imagem e a reputação da Embraer no mercado internacional,
desde que expusemos o Bandeirante uma primeira vez no Salão Aeronáutico de Le
Bourget, em 1977. Desde então, a Embraer se dedicou a identificar certos nichos
de mercado, com atenção total aos clientes para entregar produtos inovadores
que atendessem às suas necessidades.
A parceria com a Boeing poderá tornar a Embraer mais forte e
preparada para competir nos próximos anos. Juntas, vão criar novos produtos e
crescer, explorando oportunidades nos mercados. A Boeing reconhece a capacidade
técnica da engenharia e da mão de obra da Embraer e afirma que o Brasil será o
centro de excelência da joint venture, garantindo produção, criação de empregos
e exportações para o Brasil.
Há um paralelo deste momento com a privatização da Embraer,
em 1994. Como agora, havia apreensões e vozes contrárias, mas sabíamos que a
privatização era a única saída para manter a Embraer viva e, mais ainda,
preparada para o futuro. A história mostrou que a decisão foi mais do que
acertada e, desde então, a Embraer cresceu, modernizou -se se
internacionalizou-se.
Tornou-se, assim, líder mundial na fabricação de jatos de
passageiros de até 150 assentos, ingressou no segmento ultracompetitivo da
aviação executiva com produtos superiores e inovadores —o jato Phenom 300, por
exemplo, há anos é o modelo mais vendido de sua categoria— e tem aumentado sua
atuação internacional na área de defesa, cujo expoente atualmente é o jato de
transporte multimissão KC-390.
Com grande potencial de exportação, o KC-390 vem para
substituir parte da frota global de antigos C-130 Hercules, de origem norte-americana,
ainda em operação.
Vivemos um momento que exige coragem e ousadia para tomar as
decisões corretas e, assim, criar as oportunidades necessárias para o futuro.
Entre outras vantagens, a parceria estratégica com a Boeing fortalecerá ambas
as empresas, posicionando-as de forma adequada para competir no novo cenário
global da indústria aeroespacial.
Não menos importante, veremos preservados os interesses da
FAB e do governo brasileiro, mantendo a capacidade tecnológica e industrial
instaladas no Brasil, o que garante também a soberania e a autonomia da nossa
nação.
Com linhas de produtos complementares, filosofias de
trabalho e culturas semelhantes, dedicadas à inovação e excelência, a parceria
estratégica se beneficiará de uma cadeia global de suprimentos, com
fornecedores nossos e uma rede de serviços que fortalecerá as marcas Boeing e
Embraer, criando assim uma nova proposta de valor para funcionários, clientes,
parceiros e investidores.
Como um apaixonado pela Embraer, à qual dediquei a maior parte
de minha vida, vejo esta nova rota como essencial na construção do futuro da
Embraer, que, tenho certeza, será um sucesso ainda maior!
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