sábado, 31 de dezembro de 2016

Shakespeare e Cinema (Instituto Moreira Sales)



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Em um de seus principais livros, o alentado ensaio A invenção do humano, o crítico literário americano Harold Bloom atribui a tarefa do título não a Deus, ou aos deuses, mas a um homem: William Shakespeare. Para Bloom, o genial dramaturgo e poeta inglês, nascido em Stratford-upon-Avon em 1564, deixou como legado todo um arcabouço psicológico, até então inexistente na literatura, lapidado em histórias de amor, loucura, ciúme, desejos e violência,  erguido sobre personagens que procuram dentro de si respostas, às vezes redenção, num longo e desafiador processo de autoconhecimento.
Essa é uma das razões para que em 2016, quatrocentos anos depois da morte do bardo, sua obra continue atual e ainda inspire múltiplas leituras, como evidencia o ciclo Shakespeare e Cinema, que ocupou a Sala José Carlos Avellar no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro entre os dias 1º e 11 de dezembro. A mostra, que tem a parceria do British Council, levou ao público diversas versões e interpretações da obra do dramaturgo.


DEUS Segundo Spinoza (O Deus de Einstein)

Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.
O poema abaixo é atribuído a Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. 


DEUS SEGUNDO SPINOZA 

"Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste
comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

@filosofia @religião

Smartphone será tecnologia mais influente em 2017 - FOLHA DE S. PAULO

31/12/16: FOLHA DE S. PAULO - SP


Smartphone será tecnologia mais influente em 2017

Batería inteligente é desejo de usuários
DE SÃO PAULO
Cada vez mais presentes no dia a dia do brasileiros, os smartphones são apontados como o item tecnológico mais influente em 2017.
De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos), 35% dos entrevistados destaca esse tipo de aparelho -no ano passado, essa fatia era de 25%.
E um desejo do público de não precisar, por exemplo, carregar seus celulares de hora em hora se reflete em outra tendência apontada: as baterias inteligentes, com mais autonomia.
Esse item teria influência positiva para 33% dos entrevistados.
Além de influente, 25% do público indica o grande desejo nessa tecnologia e espera vê-la disponível em breve.
"Com a rede 4G, dependendo do uso e do smartphone, você não termina o dia sem carregar [seu dispositivo]. O público percebe uma limitação na batería com o uso intensivo", ressalta Raul Colcher, membro sênior do IEEE.
Segundo o IBGE, smartphones se consolidaram em 2015 como a principal ferramenta de acesso à internet no Brasil.
Dados do Suplemento de Tecnologias de Informação e Comunicação da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) indicam que 92,1% dos domicílios do país acessaram a rede por meio de telefone celular, enquanto 70,1% dos lares realizaram a ação em computadores tradicionais.
Colcher afirma que alternativas para carregamento de baterias mais independentes, sem depender de energia elétrica necessariamente, já estão nos planos de grandes marcas, como a Apple.
Ainda na lista dos mais influentes, foram citadas tecnologias para segurança doméstica (30%), carros inteligentes -com wi-fi e GPS, por exemplo- (29%) e veículos elétricos (23%).
"As coisas que mais tocam no dia a dia das pessoas no curto prazo apareceram mais fortemente na pesquisa", afirma Colcher.
O levantamento foi realizado entre os dias 24 e 28 de novembro. Foram ouvidas 2.068 pessoas com mais de 16 anos de todas as regiões do país e classes sociais.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Tributo aos campeões: Artigo de FERNANDO GABEIRA - O ESTADO DE S. PAULO - SP

O ESTADO DE S. PAULO - SP: 30/12/2016

Tributo aos campeões (Artigo)

A repercussão do anúncio dos EUA sobre a ação global da Odebrecht provocou um temporal político na América Latina. Bem maior do que tivemos notícia pelos jornais e TV. Foi um intenso movimento no Twitter, que começou com gente perguntando quem eram os corruptos do governo de cada país, passou por desmentidos de presidentes e ex-presidentes, nomes suspeitos, acusações. Alguns importantes projetos, como assegurar a navegabilidade do Rio Magdalena, na Colômbia, estão ameaçados. Começaram a duvidar até do estudo de impacto ambiental da Odebrecht. Ao ver aquele furacão durante a semana, não podia perder de vista que tudo aquilo havia sido causado por uma empresa brasileira.
Ironicamente, o programa do BNDES para estimular as empresas campeãs nos deu apenas um título mundial: o do maior escândalo de corrupção.
Em termos de política externa, penso eu, seria ideal que o Brasil fizesse o comunicado, informando, como fizeram os americanos, quanto se usou em corrupção e o lucro obtido em cada lugar. Em termos ideais, porque, dados as circunstâncias brasileiras, o ritmo do STF, a delicada posição do governo na Lava Jato, não temos as mesmas condições dos norte-americanos.
Verdade é que o próprio relatório divulgado lá destacou as investigações feitas no Brasil, pois trabalhou com dados, essencialmente, obtidos aqui.
Todos estão conscientes da abertura brasileira para compartilhar as informações. Em termos ainda ideais, seria preciso um outro passo: uma legislação disciplinando o comportamento das empresas no exterior.
Quando todo esse movimento rumo ao exterior começou, confesso que tentei formular uma lei que punisse o suborno de autoridades. Alguns assessores da Câmara ajudaram. Mas as possibilidades de êxito eram muito remotas. Não só pela força das empreiteiras. Havia um argumento muito forte: era uma iniciativa ingênua que acabaria reduzindo a competitividade de nossas empresas.
Com as voltas que o mundo deu, uma legislação que discipline as empresas brasileiras pode ser precisamente um instrumento para que não percam a competitividade depois do furacão Odebrecht.
O relatório americano não menciona o papel que o BNDES teve em cada um dos projetos da Odebrecht. Quando tudo isso vier à luz, talvez se desvende que o dinheiro da propina eram recursos públicos.
Uma legislação mais precisa pode evitar que instituições sejam levadas para uma engrenagem criminosa internacional.
Mas talvez não seja a falta dela o ponto essencial.
Havia toda uma política, da qual o BNDES era um instrumento, destinada simultaneamente a abrir caminhos para a Odebrecht e fortalecer a imagem de Lula. Os métodos escolhidos para isso resultaram num desastre, pois fecharam os caminhos da Odebrecht e atingiram profundamente a imagem de Lula na América Latina.
A escolha equivocada jogou-os num enredo e crime e castigo.
Mas a Odebrecht era considerada a maior empreiteira brasileira atuando no exterior, Lula é o ex-presidente do Brasil.
Por mais que tenha nascido e se desenvolvido aqui a investigação que revelou o gigantesco esquema, o Brasil tem um delicado problema externo a superar.
O passo que sugiro é criar legislação que possa atenuar a desconfiança em torno de empresas brasileiras no exterior.
Enquanto o esquema era revelado somente dentro do Brasil, alguns lugares do mundo não se interessaram por ele.
Mas agora que pelo menos nove países se deram conta da interface Odebrecht-Lula com os seus próprios políticos e administradores, a América Latina tornou-se uma única aldeia escandalizada.
Outra resposta brasileira que poderia inspirar outros países envolvidos no escândalo seria romper o vínculo entre empreiteiras e governo. Para isso é preciso aprovar um projeto, que já está no Congresso, obrigando a mediação de empresas seguradoras, responsáveis por fiscalizar as obras.
Governo e Congresso estão pisando em ovos com a Operação Lava Jato. Em vez de definirem as alternativas que se abrem com seu desdobramento, preferem discutir como contê-la. No entanto, não acho insensato pressioná-los a se dar conta do que está acontecendo em torno de nós, depois que o relatório americano foi divulgado.
Muitos são investigados na Lava Jato. Investigadas ou não, as pessoas podem fazer as coisas certas quando se colocam problemas nacionais. Isso, todavia, não vai absolvê-las nem condená-las.
A dimensão da Lava Jato nos obriga a ir um pouco além do quem recebeu quanto para quê, quando eles serão julgados. O escândalo anexou uma dimensão internacional ao drama e atingiu a imagem do Brasil, por causa do comportamento de seu Lula e das empresas que gravitavam em torno do BNDES.
Pode-se escolher a tática de fingir que não foi conosco, submergir à espera de um melhor momento. Isso costuma falhar.
Um título mundial de corrupção não se esquece rapidamente.
É preciso correr atrás da credibilidade perdida. O julgamento dos artífices do gigantesco esquema de corrupção será, certamente, uma grande resposta.
E, antes dela, também ajudaria a transparência sobre a delação da Odebrecht. Não é confortável ler algo que aconteceu no Brasil, foi apurado aqui, narrado em inglês com os políticos sendo chamados de brazilian officials e numerados.
O brazilian official número 1, por exemplo, deveria dar uma parada para pensar no rastro de raiva que deixou essa aliança entre corruptos latino-americanos.
A prática de roubar o próprio povo transcendeu as fronteiras nacionais. Um fato histórico.
Os líderes comunistas do passado criaram internacionais para marcar posições políticas diferentes. A decadência chegou ao ponto de se criar a partir do Brasil uma internacional da corrupção. Nela, América Latina e África foram unidas pelos seus defeitos, e não pelas qualidades.
Há todo um caminho a reconstruir.
JORNALISTA
A prática de roubar o povo transcendeu as fronteiras nacionais.
Um fato histórico!

BC, casa de penhor de última instância (Martin Wolf - FT e Valor)

Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP 
Editoria: OPINIÃO 
Autor: Martin Wolf
Data: 01/06/2016, página: A13

BC, casa de penhor de última instância (Artigo)

Será que teremos outra enorme crise financeira? Como disse Hamlet sobre a queda de um pardal: "Se for para ser agora, não será depois. Se não for para ser depois, será agora. Se não for para ser agora, então será depois. Estar pronto é tudo". O mesmo vale para os bancos. Eles estão projetados para cair. Então, cair certamente irão.
Um livro recente explora não apenas essa realidade, mas também uma solução radical e original. O que justifica ainda mais dar atenção a essa sugestão é o fato de que o autor esteve no cerne do establishment monetário antes e depois da crise. Trata-se de Mervyn King, ex-presidente do Banco da Inglaterra, autoridade monetária do país. O livro chama-se "The End of Alchemy" (o fim da alquimia, em inglês).
O título é apropriado: a alquimia é o coração do sistema financeiro; além disso, a atividade bancária, assim como a alquimia, foi uma ideia medieval, embora ainda não a tenhamos descartado. É o que precisamos fazer agora, argumenta King.
A alquimia é o coração do sistema financeiro. É a crença de que o dinheiro guardado nos bancos pode ser retirado na hora em que os depositantes pedirem. É um truque baseado em trapaça: funciona apenas, e somente, se houver grande confiança. E é fraudulento
Como destaca King, a alquimia é "a crença de que o dinheiro guardado nos bancos pode ser retirado a qualquer hora que os depositantes pedirem". É um truque baseado em trapaça, em dois aspectos: funciona apenas, e somente apenas, se houver grande confiança; e é fraudulento. Instituições financeiras fazem promessas que não podem manter em prováveis situações que o mundo enfrentará. Nos bons momentos, são um negócio lucrativo. Nos maus momentos, as autoridades precisam vir socorrê-los. Não é grande surpresa, portanto, que as instituições financeiras tenham se tornado tão grandes e paguem tão bem. 
Vejamos qualquer grande banco. Vai ter uma ampla gama de ativos de risco de longo prazo em seus livros, entre os quais, mais notavelmente, hipotecas e empréstimos a empresas. Vai financiar esses ativos com depósitos (supostamente resgatáveis quando solicitados) e empréstimos de curto prazo e de prazo um pouco maior. Talvez 5% dos ativos vão ser financiados com capital próprio.
O que acontece se os que lhe emprestaram dinheiro decidirem que os bancos podem não estar solventes? Se forem depositantes ou credores de papéis de curto prazo, eles podem exigir seu dinheiro de volta imediatamente. Sem ajuda do banco central (a única instituição capaz de criar dinheiro ilimitadamente), os bancos não vão atender essa demanda. Como um colapso generalizado seria economicamente devastador, entra em cena a necessidade de auxílio financeiro. Com o tempo, essa realidade criou uma "corrida da rainha vermelha", em que se corre para ficar no mesmo lugar: os governos tentam tornar as finanças mais seguras e o mundo das finanças explora esse apoio para assumir ainda mais riscos.
Em termos gerais, há duas soluções radicais. Uma é forçar os bancos a se financiar com muito mais capital próprio. A outra é fazer com que os bancos equiparem o passivo líquido com ativos seguros e líquidos. A exigência de 100% de reservas do "plano Chicago", proposto durante a Grande Depressão, é um esquema desse tipo. Se um passivo líquido e seguro financiar ativos líquidos e seguros - e passivos sem liquidez e com risco financiarem ativos sem liquidez e sem segurança - acaba a alquimia. As finanças passariam a ser seguras. Infelizmente, o fim da alquimia também acabaria com grande parte da assunção de riscos no sistema.
King oferece uma alternativa original. Os bancos centrais ainda atuariam como instituições de crédito de última instância. Mas não seriam mais forçados a emprestar tendo como garantia praticamente qualquer ativo, já que é justamente essa possibilidade que cria o risco moral. Em vez disso, os bancos centrais acertariam antecipadamente os termos sob os quais concederiam, em tempos de crise, empréstimos com garantias, incluindo descontos relevantes. O tamanho desses descontos seria um "imposto sobre a alquimia". Eles seriam fixados em patamares altos e não poderiam ser alterados durante crises. Obanco central se tornaria uma "casa de penhores para todo tipo de clima".
O valor dos ativos líquidos, então, seria conhecido. Consistiriam nas reservas nos bancos centrais somadas ao valor da garantia de quaisquer outros ativos. No longo prazo, argumenta King, os assim definidos ativos líquidos se equiparariam ao passivo líquido de uma instituição, definido como os empréstimos com vencimento em um ano ou menos.
Esse esquema tem várias vantagens. Primeira, reconhece que apenas o banco central pode criar a liquidez necessária em uma crise. Segunda, oferece um caminho para um mundo sem alquimia. Terceira, oferece uma opção entre o status quo e a reserva bancária extrema, de 100%. Quarta, elimina o risco moral, uma vez que a penalidade para ganhar liquidez seria definida antecipadamente. Quinta, aproveita as circunstâncias atuais, incluindo as reservas criadas pelo afrouxamento monetário quantitativo e a infraestrutura criada pelos bancos centrais para avaliar e administrar garantias. Sexta, a regulamentação poderia, então ser reduzida a apenas duas regras: uma taxa máxima de alavancagem (de no máximo 10 para 1) e a regra de que o valor dos ativos no banco centralpossível de usar como garantia precisa exceder o valor do passivo líquido.
No segundo trimestre de 2015, o valor das garantias de bancos britânicos no Banco da Inglaterra era de 314 bilhões de libras esterlinas e as reservas bancárias eram de 317 bilhões de libras. Isso dá um total líquido de 631 bilhões de libras. Em comparação, os depósitos chegavam a 1,82 trilhão de libras. Com o tempo, esse abismo poderia ser eliminado. O Banco da Inglaterra deveria tornar permanentes as reservas existentes. Poderia levantar as reservas por meio de mais aumentos permanentes na base monetária. Por fim, poderia acertar o valor que pode ser usado como garantia de mais ativos. 
É um conjunto de propostas radical e interessante. Se as regras propostas estivessem em vigor, as únicas pessoas com interesse em "corridas" bancárias seriam os credores de longo prazo e os acionistas. Mas se os preços das ações desabassem e os empréstimos de longo prazo secassem, os executivos estariam sob o grau de pressão apropriado. Isso também daria tempo para liquidar a posição financeira de instituições em dificuldade. Se o capital próprio fosse insuficiente, então as perdas recairiam sobre os credores de longo prazo, em ordem predeterminada. 
Esse esquema tem desvantagens. Os valores que podem ser usados como garantia variariam com as condições econômicas, o que poderia criar certo nível de estresse. Mas trata-se de uma tentativa válida de disciplinar um sistema financeiro que faz promessas que não pode cumprir. Pelo menos, o custo de fazer essas promessas passaria a ser previsível e transparente. A alquimia seria menos lucrativa; os bancos estariam mais bem capitalizados; as corridas de credores de curto prazo acabariam. Essas ideias merecem ser consideradas com a mente aberta. (Tradução de Sabino Ahumada). 
Martin Wolf é editor e principal analista de economia do Financial Times

@economia @internacional

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Fiscalizar os fiscais - BERNARDO MELLO FRANCO - FOLHA DE S. PAULO

29/12/2016: FOLHA DE S. PAULO - SP


Fiscalizar os fiscais - BERNARDO MELLO FRANCO

BRASÍLIA - Os tribunais de contas foram criados para vigiar o uso do dinheiro público. No país das empreiteiras, é sempre bom ter alguém para fiscalizar os fiscais.Há duas semanas, a Polícia Federal amanheceu na porta do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Jonas Lopes. Ele virou alvo da Lava Jato por suspeita de envolvimento nos esquemas de corrupção do governo Sérgio Cabral.
O chefe do TCE foi citado por delatores de ao menos três empreiteiras: Andrade Gutierrez, Odebrecht e Carioca Engenharia. Os executivos afirmam que ele cobrava propina para fazer vista grossa às estripulias das empresas no Estado.
As suspeitas envolvem obras milionárias ligadas à Copa do Mundo e à Olimpíada, como a reforma do Maracanã e a expansão de metrô até a Barra da Tijuca. De acordo com as investigações, o TCE cobrava pedágio de 1% do valor de cada projeto.
Leandro Azevedo, ex-diretor da Odebrecht, descreveu em detalhes o caso do estádio de futebol. Ele conta que procurou Lopes em 2013, por orientação de um secretário do governo Cabral, para acertar o parcelamento dos repasses ilegais.
No fim do ano seguinte, o chefe do TCE teria marcado outra reunião para reclamar de atraso no crediário da propina. Na época, os primeiros presos da Lava Jato já contavam alguns meses de cana em Curitiba.
Há duas semanas, Lopes se declarou indignado e disse "repudiar com veemência" as acusações. Nesta quarta (28), ele aproveitou o clima de férias para ensaiar uma saída à francesa. Pediu licença de três meses para "cuidar de projetos pessoais", segundo sua assessoria.
Os avanços da Lava Jato sugerem que o TCE fluminense está longe de ser uma exceção. Ao menos três ministros do Tribunal de Contas da União são formalmente investigados por suspeita de corrupção. Um deles, Raimundo Carreiro, acaba de ser premiado. No início do mês, foi eleito o novo presidente da corte.

Le Figaro analisa a política de perseguição massiva aos cristãos do Oriente Médio

http://br.rfi.fr/mundo/20161226-le-figaro-analisa-politica-de-perseguicao-massiva-aos-cristaos-do-oriente-medio

Le Figaro analisa a política de perseguição massiva aos cristãos do Oriente Médio

Negócio entre irmãos supera crise e comemora 40 lojas no Rio (JB)

http://www.jb.com.br/negocios-e-marketing/noticias/2016/12/28/negocio-entre-irmaos-supera-crise-e-comemora-40-lojas-no-rio/

Negócio entre irmãos supera crise e comemora 40 lojas no Rio

Criada por irmãos da Zona Norte, rede de restaurantes já conta com 40 lojas no RJ 

Com muita vontade de ter um negócio próprio, os irmãos Luiz Felipe e Luiz Sérgio Costa resolveram abrir, em 2009, uma franquia de fast food. O espírito empreendedor, no entanto, não foi suficiente. Eles amargaram um prejuízo de cerca de R$ 700 mil nos primeiros 18 meses de operação. Foi assim, em meio a dívidas e frustração, que surgiu, em 2010, o Billy the Grill, rede de restaurantes criada pela dupla.
Os dois aproveitaram as lições para recomeçar o negócio, deixando de ser franqueados para serem franqueadores.
— Nós não tínhamos experiência e nem fizemos pesquisa de mercado antes de abrir a franquia. Como não tivemos suporte adequado, cometemos muitos erros e acabamos no prejuízo. Então, passei a estudar sobre negócios, fiz pós-graduação e alguns cursos. Acabamos desistindo, mas aproveitamos o que tínhamos para criar nosso restaurante — conta Luiz Felipe, morador do Méier. 
O bairro, aliás, é endereço do mais recente empreendimento dos dois, o Vizinhando - Espeteria de bairro. E o local escolhido para o novo estabelecimento não foi por acaso.
— Somos nascidos e criados na Piedade. Conhecemos bem a região e escolhemos o Méier para abrirmos o Vizinhando, um novo conceito para os tradicionais espetinhos — diz Luiz Felipe. 
Hoje, o Billy the Grill conta com 40 lojas no Rio e o objetivo é chegar a 50 até o fim do ano, contando com a expansão para São Paulo. E o Vizinhando caminha para a 10° loja. Juntos, após adquirir vasta experiência, criaram o Grupo Alento Franchising - e atualmente ajudam futuros empreendedores a viabilizarem o seu negócio, com acompanhamento e montagem da franquia.

Nordeste afunda mais que o resto do país (FOLHA DE S. PAULO - SP )

Veículo: FOLHA DE S. PAULO - SP
Editoria: MERCADO
Autor(a): FERNANDO CANZIAN
Tipo: Matéria
Veiculação: 19/12/2016
Página: A13

 Nordeste afunda mais que o resto do país

Um dos símbolos do crescimento da década passada, região agora enfrenta piora mais acentuada da economia
Crise do setor público derrubou a arrecadação das prefeituras, os maiores empregadores dos Estados da região
 ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO

Região do Brasil que mais cresceu até o início da atual crise, o Nordeste agora enfrenta piora mais acentuada em seus principais indicadores econômicos na comparação com a média do país.
Uma combinação de renda mais baixa que a média nacional, alta dependência dos municípios por verbas públicas e a falta de reajuste do Bolsa Família em 2015, entre outros fatores, elevou o desemprego na região a 14,1% (ante 11,8% no país) e fez a economia cair quase 6% no acumulado dos últimos 12 meses.
A inflação nas principais capitais do Nordeste, ainda que tenha perdido força, é mais alta que a média nacional. Os piores índices do país estão em Salvador, Recife e Fortaleza, todas com alta superior a 8% em 12 meses.
Essa alta dos preços acentua o impacto sobre a renda e as vendas do comércio na região, que caíram mais de 10% em 12 meses.
"Além de sofrer mais por causa da renda menor e de ser altamente dependente do setor público, agora em crise, o Nordeste vive um fato externo extremo, a seca que já dura quase cinco anos", afirma Thobias Silva, economista-chefe da Federação das Indústrias de Pernambuco.
Silva diz que a crise na região é heterogênea, com Estados como Pernambuco ainda menos afetados devido ao boom de investimentos que receberam até o fim do governo Lula, em 2010.
No quadrimestre até setembro, por exemplo, Pernambuco teve superavit de R$ 500 milhões e vem pagando suas contas em dia.
Mas a crise do setor público derrubou a arrecadação das prefeituras, que são, em todos os Estados da região, os principais empregadores.
A região concentra o maior número de pequenos municípios do país, com uma dependência de mais de 80% em verbas repassadas pela União. Na média, a receita total deles voltou ao nível de 2010 em termos reais, enquanto as despesas aumentaram no período.
Além da demissão de funcionários sem concurso, muitos serviços têm sido interrompidos. "Boa parte dos municípios está em situação de quase colapso por causa da queda nas receitas", diz Alexandre Rands, da consultoria Datamétrica, do Recife.
A crise fiscal federal, diz, também interrompeu obras importantes como a Transnordestina e a transposição do rio São Francisco. E a da Petrobras, o andamento de projetos como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Jorge Jatobá, sócio da consultoria pernambucana Ceplan, diz que o desemprego e a queda na renda na região só não são maiores justamente pelo fato de o setor público ser o grande empregador.
"Cerca da metade da massa salarial em Pernambuco, por exemplo, é estatal. Mas isso faz com que a crise seja muito mais severa para o setor privado."
Jatobá diz que a falta de reajuste no Bolsa Família em 2015 (o benefício foi corrigido neste ano, em 12,5%) também teve forte impacto negativo sobre o consumo, já que metade das famílias beneficiárias (7 milhões) vive no Nordeste.
"Após anos de forte crescimento baseado no Estado, nada mais natural que a região acabe sofrendo mais quando o foco da crise é fiscal", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
"O Nordeste infelizmente é um exemplo de como não se deve depender exageradamente de políticas de aumento de renda sem melhorar a competitividade", afirma.

Filme: A última lição (trilha sonora: "Et maintenant")

A última lição

A ULTIMA LIÇÃO gira em torno de Madeleine, 92 anos, que decide marcar a data de sua morte e toma todas as providências para que tudo se passe da melhor maneira. Porém, quando informa sua decisão à família, muitos conflitos vêm à tona, e sua intenção de prepará-los carinhosamente para sua ausência se transforma em uma grande confusão familiar. Sua filha Diane respeita a escolha da mãe e divide com ela o humor e a cumplicidade desses últimos momentos.

Madeleine, 92 anos, decide marcar a data de sua morte e toma todas as providências para que tudo se passe da melhor maneira. Porém, quando informa sua decisão à família, muitos conflitos vêm à tona, e sua intenção de prepará-los carinhosamente para sua ausência se transforma em uma grande confusão familiar. Sua filha Diane respeita a escolha da mãe e divide com ela o humor e a cumplicidade desses últimos momentos.

“Tive vontade de fazer esse filme para transmitir a importância de viver ao máximo no tempo presente, para não se arrepender depois. A saudade e a tristeza da ausência são incontornáveis, mas o arrependimento é muito pior.”
Pascale Pouzadoux

INSPIRADO EM FATOS REAIS

Mireille Jospin, mãe do ex-primeiro ministro francês Lionel Jospin e da filósofa Noëlle Châtelet, se suicidou no dia 6 de dezembro de 2002, aos 92 anos. Obstetra aposentada, ela escolheu por fim à sua vida com muita consciência, para se manter fiel a alguns princípios de vida e de morte. Três meses antes do Dia D, ela anunciou sua decisão à família.

O caso deu origem ao livro “A Última Lição”, lançado pela Ed. Seuil em 2005. Nesta narrativa autobiográfica, Noëlle Châtelet nos faz viver esses três últimos meses de sua mãe com uma honestidade rara. Não se trata de um livro triste, pelo contrário. Recheado de gargalhadas e momentos de muita intimidade, o relato nos permite descobrir como a morte de uma mãe é uma etapa suplementar no decorrer da vida, uma etapa que se inscreve num lento processo de renúncia. O livro também é uma declaração de amor a uma mãe extraordinária.

DEFESA DE UMA CAUSA

Pascale Pouzadoux fez o filme com o mesmo objetivo que levou Noëlle Châtelet a escrever seu livro: “Meu desejo era que um dia as pessoas mais velhas fossem livres e pudessem decidir partir sem sofrimento, caso assim o desejassem”. Mireille Jospin foi uma militante desta causa e criadora da ADMD – Associação pelo Direito a Morrer Dignamente.

INSPIRAÇÃO LIVRE

Os créditos do filme anunciam uma “inspiração livre do livro de Noëlle Châtelet, transposto para uma família fictícia”. A preocupação da diretora era representar filosoficamente as ideias de Mireille Jospin, sem se prender aos fatos. O fato de um de seus filhos ser um político com muita projeção a levou a buscar o anonimato. Criou-se assim um núcleo familiar fictício, composto por protagonistas com pontos de vistas bem diferentes.

A MORTE COM HUMOR E LEVEZA

“Quando encontrei a autora do livro, Noëlle Châtelet, ela ficou bem interessada no fato de eu já ter feito comédias, pois ela desejava a presença do riso nessa história. Ela queria desdramatizar a morte. Para ela, estava fora de cogitação que o filme fosse pesado ou apelativo.”, nos conta a diretora.

“O humor é um prisma para suportar a condição humana. Por que alguns filmes são tão difíceis quando abordam a morte? Porque subtrai-se o riso e a vida. Mas a morte não é isso. Quando ela se torna eminente, um sentimento de sobrevivência e de último suspiro extremamente potente se instala no interior do corpo e dizemos: “carpe diem”. Minha grande referencia foi ‘As Invasões Bárbaras’, um filme ao mesmo tempo dramático e engraçado.”

“A personagem de Madeleine só consegue abordar a morte de maneira tão serena porque ela viveu a vida de forma plena.”


ACEITAR A MORTE
Quando a filha Diane aceita a morte de sua mãe, o filme se torna mais vivo: “o conflito e a cólera cedem lugar à leveza e à ‘joie de vivre’. Ela se divertem juntas, bebem, comem, riem. Daí meu desejo de deixar entrar cada vez mais luz à medida que o filme avança em direção à morte. A cena em que elas comem ostras é de uma leveza absoluta, a luz é translúcida.”, conta Pascale Pouzadoux.

FECHANDO CICLOS

No filme, a personagem de Madeleine também é obstetra, como foi Mireille Jospin na vida real. Diz sua filha Noëlle: “Quem melhor do que quem trabalha com parto para saber os limites entre a vida e a morte? Minha mãe sempre dizia: ‘somos recebidos na vida com flores e presentes, por que não podemos partir da mesma forma? Para ela isso era um único gesto. Chegar e partir, o ciclo se fecha.”

CRÍTICAS:

"Uma delicadeza”
Pierre Vavasseur, Le Parisien

“Cenas de ternura avassaladora sobre o atardecer de uma vida”
Sandra Benedetti, Studio Ciné Live


“Aborda com muita leveza o tema sensível do fim da vida”
Le Journal des Femmes

“A atriz Marthe Villalonga, magnífica em suas rugas, nobre em seu humor, eleva o filme ao céu”
Sandra Benedetti, L’Express

“A cumplicidade entre a mãe e a filha faz deste filme uma fantástica ode à vida”
“Um filme sobre o fim da vida que nos faz rir e chorar”
Caroline Vié, 20 Minutes

“Um belo filme, digno e sóbrio".
Philippe Ross, Télé 7 Jours

“Um filme comovente, que evita qualquer sentimento de piedade ou melancolia graças às intérpretes”
Jean Serroy, Le Dauphiné Libéré

"A força da história está nos múltiplos pontos de vista, sem nunca julgar”
Stéphanie Belpêche, Le Journal du Dimanche

“Forte química entre Marthe Villalonga e Sandrine Bonnaire”

Le Nouvel Observateur





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