'O maior desafio da energia eólica é o PIB'
quinta-feira, 11 de novembro de 2021 - 00:00
Revista Conjuntura Econômica / Noticias
Os 10 anos que a economista Elbia Gannoum completa à frente da Abeeólica também marcam a forte expansão da geração eólica no Brasil, colocando-se como a segunda maior dentro da matriz elétrica brasileira, com custos competitivos. Pelo lado da oferta, a executiva diz que a capacidade de expansão do setor continua praticamente ilimitada, podendo acontecer à medida que o país cresça e a estrutura de transmissão permita levar a energia gerada aos centros de consumo. Em entrevista à Conjuntura Econômica, Elbia destacou o potencial da exploração offshore no Brasil, afirmando que sua complementaridade com a atual geração onshore eliminaria a necessidade do uso de termelétricas. Tecnologia e fontes de financiamento não faltam; afirma, ressaltando que a energia eólica também já mostrou colaborar para o crescimento socioeconômico das regiões em que os parques têm sido instalados, especialmente no Nordeste. "Além de ser uma matriz renovável, usando recursos competitivos, é uma ferramenta de desenvolvimento, que é algo tão desafiador para o país; afirma.
Conjuntura Econômica - A geração eólica registrou forte expansão na última década no Brasil. Como o atual cenário de inflação e juros altos, desvalorização da moeda, tensão sobre a gestão fiscal e estimativa de baixo crescimento afetam as perspectivas do setor?
A energia eólica participou do primeiro leilão em 2009, quando foram contratados em torno de 2GW. Em 2011, entrou em operação o primeiro parque resultante desse leilão. Nesse ano, quando cheguei na Abeeólica, tinhamos 1GW de capacidade instalada. A partir daí, até 2017, foram contratados em média 1, 8GW a 2GW por ano. Em 2017 tivemos um momento muito importante, pois foi
quando a eólica se tornou a fonte de energia mais barata do país - em 2009, ela custava duas vezes mais que a geração hidrelétrica. Diante disso, começou a surgir para nós um novo nicho, pois o mercado livre também passou a se interessar pela eólica, fazendo a demanda crescer ainda mais. Em 2018/19, contratamos 1, 5GW nos leilões e de 2, 5GW a 3GW no mercado livre. E o montante contratado era o que a própria cadeia podia produzir, porque 80% da cadeia eólica é nacionalizada. Em 2020, por causa da pandemia, os leilões regulados foram cancelados, mas mantivemos uma contratação em torno de 3GW no mercado livre. Em 2021 os leilões voltaram, tivemos S00MW contratados, e vamos ter um pouco mais de leilões. E o mercado livre continua muito dinâmico. Devemos repetir 3GW novamente este ano, e a tendência é de que esse nível de contratação ainda continue por mais dois ou três anos.
Assim, no curto prazo, não estamos revisando nossas projeções, pois com esses resultados temos construções contratadas até 2025, quando incluiremos ao menos mais 10GW de geração, totalizando 31GW. , Isso mostra que a velocidade do crescimento dos próximos 10 anos tende a ser maior do que a dos 10 anos passados, dada essa inserção forte da eólica no nicho do mercado livre. Essa perspectiva parece destoar do pessimismo com o qual olhamos as estimativas para a economia brasileira até 2022. . .
Esse Brasil mais pessimista me ensinou muito, principalmente entre 2014-16, quando vivi uma agonia grande porque tivemos leilões cancelados, devido à retração da atividade. Hoje, me traz muita preocupação o descontrole macroeconômico. Quando começamos a ver a alta da Selic nesse nível, anúncio de que a inflação em um mês (setembro) é a maior em 27 anos, isso tudo traz muita incerteza. Estou acostumada, quando visto meu chapéu de investidora, a lidar com instabilidades políticas - pelas experiências que passamos, como a Lava Jato, aprendemos a precificar isso e já seguimos para a segunda derivada. Só que os fundamentos macroeconômicos de certa forma estavam mantidos, o descontrole foi gerenciado. Na medida em que se perde o controle macro, terei que aprender a lidar com uma situação razoavelmente nova, com a qual nesses 20 anos de carreira, e 10 no setor de energia eólica, eu não lidei ainda. Somos dependentes do investimento externo, então nos preocupa o impacto que isso pode trazer na disponibilidade de crédito, no apetite dos investidores internacionais.
Dadas suas características, qual o limite possível da participação da geração eólica na matriz elétrica brasileira?
Vamos fazer análise do lado da oferta e da demanda. Do lado da oferta, o Brasil tem 800GW de potencial eólico onshore e cerca de 1TW offshore. Então, quando olho do lado do recurso eólico, o potencial de expansão é infinito quando comparado à capacidade instalada do Brasil hoje, de 170GW. Mas o Brasil não vai chegar nisso nunca, porque a matriz precisa ser diversificada por definição. Já tivemos 90% de geração hidrelétrica; hoje, frente à crise hídrica, ter 60% da geração hidrelétrica já nos deixa numa posição difícil.
Os limites, portanto, estão do lado da demanda. Primeiramente, como disse, pelo fato de que o planejador não expandirá a eólica infinitamente, pois precisa alocar outros recursos de produção, como solar, termelétrica. Esse é um lado, e é uma constante. O único lado da demanda em que há algum grau de manobra para ampliação seria em registrado uma expansão na
, com uma trajetória virtuosa que a levou a ser a segunda fonte da matriz - respondemos por 11% de participação na capacidade instalada, e em termos de geração representamos no segundo semestre deste ano cerca de 17% em média do sistema elétrico nacional, com picos de 20%. Mas se a gente tivesse um PIB maior, esse crescimento também seria maior. Então, nosso maior desafio está relacionado ao PIB, à economia, que tem apresentado resultados pífios. Agora já se fala de uma recessão em 2022, e isso é ruim. Na hipótese - Deus me livre - de o Brasil ter mais uma década de estagnação, o que acontecerá com a eólica? É possível que daqui a cinco ou seis anos esse impacto da crise econômica chegue no setor. Mas ainda não chegou, pois ele tem uma dinâmica própria de atender ao mercado livre. Por outro lado, quando a economia passa um tempo estagnada e volta à crescer, a demanda por energia é maior do que aquela elasticidade média que conhecemos, de 1, 5. Em retomadas rápidas, essa elasticidade pode chegar a 2%, 2, 5%. O limite estaria aí.
Atualmente, há grande interesse na expansão das fronteiras da geração eólica para o offshore. Há limitações para esse tipo de exploração no Brasil?
Não temos limites tecnológicos, nem de financiamento para fazer offshore. Só não o fizemos ainda por questão de competitividade. Veja, diferentemente do resto do mundo, o problema a se resolver no Brasil não está na escassez do recurso, e sim na abundância do recurso renovável. O Brasil tem eólica, solar, hidrelétrica, PH, biomassa, e essas fontes se tornaram muito competitivas nos últimos 10 anos. Então, ao fazer a gestão da abundância, o planejador vai tomar a decisão lógica do preço, postergando a escolha das fontes menos competitivas. E por que o offshore é o tema do momento? Porque vários países, especialmente os europeus - Inglaterra, Dinamarca, Holanda - investiram fortemente na tecnologia offshore, e com isso o custo dessa tecnologia tem caído drasticamente. Como também tem ocorrido com a geração solar. Nessa curva de decréscimo de custo, a eólica offshore está chegando num patamar próximo do nível do de uma termelétrica competitiva, em torno de R$ 350 por unidade de energia. Então, a partir do momento em que o offshore se aproxima do preço da termeleticamelen e razoa velharia o Brasil. Vale ressaltar que, embora o offshore utilize turbinas parecidas com as da geração onshore, estamos falando de recursos distintos do ponto de vista elétrico, regimes de produção diferentes. Isso, inclusive, o torna fonte complementar para diversificar a matriz com mais renováveis. Com qual fonte a offshore concorre efetivamente? Com a termelétrica. Os defensores de termelétrica ressaltam que esta garante uma geração flat que traz segurança. Porém, quando eu coloco offshore combinada com várias eólicas onshore, que estão em regiões distintas, no Nordeste e no Sul, elas se complementam, eliminando a necessidade do uso da termelétrica. E aí eu resolvo duas questões: a termelétrica é poluente, e preciso de uma matriz cada vez mais limpa. E ela é caríssima. Nesse momento em que estamos vendo uma crise energética global, e o Brasil precisando de térmicas porque no passado não se fez um planejamento adequado - considerando que era difícil prever que sofreríamos todos esses efeitos das mudanças climáticas -, estamos tendo que pagar muito caro pelo combustível. Para o offshore no Brasil, o que precisamos é de regulamentação, cujo projeto o ministro Bento de Albuquerque, de Minas e Energia, sinalizou que lançaria ainda em novembro.
Um dos gargalos conhecidos para a expansão da geração eólica é a transmissão. Como equacionar esse tema, especialmente se o plano é levar essa geração para o alto-mar? A questão da transmissão não chega a ser um gargalo, mas sem dúvida é um desafio sempre presente. Das três variáveis que tenho de monitorar o tempo todo - demanda, financiamento e transmissão -, ela é a que está no topo das minhas atenções. Com relação à demanda, mencione a preocupação com o PIB. Fontes de financiamento não faltam. Temos uma quantidade enorme de investidores chegando no Brasil, de fundos, e temos recursos do BNDES, que financiam 90% dos nossos projetos. Por que usamos tanto o BNDES? Porque ele me dá salvaguarda da variação cambial. Muitos interessados em nosso mercado têm dinheiro, mas por conta do câmbio acabam usando o BNDES. E não faltam recursos. O banco tem R$ 130 bilhões para financiar energia; a eólica usa no máximo R$ 8 bilhões por ano. No caso da transmissão, quando começamos lá em 2009 com a eólica nos leilões, acreditávamos que uma linha de transmissão poderia entrar em funcionamento em dois, três anos. Então fazíamos um leilão de eólica, outro de transmissão, e esperávamos o casamento de ambas acontecer. Mas a eólica terminava e a transmissão não chegava, por questões ambientais, entre uma série de complexidades da transmissão. Tivemos que mudar o planejamento, ampliando o prazo. Então, para fazer um parque eólico funcionar daqui 5 anos, precisamos do leilão de transmissão dois, três anos rancescido leilão dareólican E assim o planejamento tem sido feito. O que está acontecendo agora é que o aprofundamento da crise hídrica, associado às mudanças climáticas, nos mostrou que não podemos mais contar com as hidrelétricas como no passado, que elas nos darão trabalho mais frequentemente. Então, é preciso trazer outros recursos energéticos. A térmica, como disse, especialmente a térmica emergencial, é dramaticamente cara. Então, qual a forma de eu ajustar essa perda de geração hidrelétrica que não vou recuperar mais? Preciso aumentar a quantidade de energia renovável, tanto eólica quanto solar. Só que os recursos eólicos melhores estão concentrados no Nordeste e no Sul do país, então preciso aumentar a transferência de energia entre Nordeste e Sudeste, entre Sul e Sudeste. Esse é o problema hoje. No fim de outubro houve um leilão emergencial do Ministério de Minas e Energia em que a eólica não foi contratada, apesar de entrar em funcionamento em 1 ano e meio, porque não adianta gerar eólica lá no Nordeste se não há linha de transmissão para trazer para o Sudeste. Do ano passado para cá essa necessidade de aumento da transferência ficou muito clara para o planejador, que está preparando uma série de leilões de transmissão. Estudo da Consultoria GO Associados para a Abeeólica indica que municípios que receberam investimentos em geração eólica registraram aumento real do PIB de 21, 15% entre 1999-2017 na comparação com os que não receberam, e que o Índice de Desenvolvimento Humano nesses lugares aumentou 20% entre 2000 e 2010. De que forma esses ganhos acontecem, e como potencializar essa capacidade?
Esse é um dos temas que mais gosto de tratar. Estive pela primeira vez em um parque eólico, no Nordeste, em 2012. Eu era uma economista muito acostumada a lidar com elétrons, e o debate sobre sustentabilidade no setor não estava tão aflorado, especialmente no Brasil. Quando cheguei lá, falei com prefeitos, com a vizinhança dos parques, e percebi esse impacto positivo, mas ainda não tinha como mensurá-lo. Somente passei a incentivar a realização de matérias a respeito. Só chegamos a uma medição desse efeito multiplicador no ano passado.
Veja, o relacionamento de um parque eólico com uma região dura pelo menos 25 anos. Começa com a identificação de áreas que contam com bom vento. Então, o potencial empreendedor chega ao proprietário de um terreno, em geral são pequenas propriedades, afirmando seu interesse em arrendar a terra para colocar uma torre de medição. Essa torre fica ali por cerca de 3 anos, período no qual o dono da terra recebe um valor fixo. Quando o projeto é aprovado e se instala o parque, faz se um contrato de 25 anos e o pagamento passa a ser um valor relativo à geração. A partir daí, esse proprietário - que vive no interior da Bahia, do Piauí, do Rio Grande do Norte, muitas vezes beneficiário do Bolsa Família - tem em média dois ou três aerogeradores instalados em suas terras, e passa a receber cerca de R$ 2 mil mensais por aerogerador. Imagine para uma família de cinco filhos, dependente de transferência do governo, o salto na renda que é. Com esse dinheiro ele compra uma moto, um carro, faz reformas na casa, e isso dinamiza a economia. Por outro lado, esse investimento também se reflete na arrecadação municipal. Um parque eólico de 30MW, por exemplo, demanda um investimento em torno de R$ 400 milhões e vai recolher ISS. Em regiões com muitos parques, como em Parazinho, São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, é perceptível a mudança econômica. Além disso, os parques eólicos, quando chegam na região, costumam fazer melhorias em postos de saúde, escolas com projetos ide educação de agricultura. No Rio Grande do Norte, que citei como exemplo, há muito problema com água salubre, e se investiu em projetos para levar água potável a famílias e escolas. Então, o fator multiplicador forte aqui é o do investimento e do arrendamento. Como podemos melhorar isso? Tenho estudado bastante o assunto, até por essa questão de trazer a transformação energética para o conceito ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). Considero que a forma de fazê-lo é pensar mais nos investimentos em energia renovável como a eólica, a solar, sob essa lógica de desenvolvimento econômico. Ou seja, de que a eólica, além de ser uma matriz renovável, usando recursos competitivos, é uma ferramenta de desenvolvimento, que é algo tão desafiador para o país.
Em vários países desenvolvidos, a pandemia suscitou o desenvolvimento de políticas de retomada que fossem verdes, ou seja, de promoção de crescimento ambientalmente responsável. No caso do Brasil, quais estruturas de incentivo considera que devem ser criadas, ou reformadas, para incluir o setor energético nessa tendência?
O pacote de retomada verde que os países desenvolvidos estão liderando tem uma lógica interessante, voltada a esse efeito de renda que mencionei. Eles têm recursos estatais para isso, e pensam: já que tenho que impulsionar a economia, que seja pelo lado da infraestrutura. E se a infraestrutura se chama energia, vou produzir energia verde, porque preciso me dedicar à transição ao baixo carbono. Então cria-se uma estrutura de incentivo com mil mecanismos. Por que esses países fazem isso? Porque lá fora eles não têm abundância de recursos renováveis, e as energias renováveis tendem a custar mais caro que a fóssil. Então, boa parte do mundo precisa realmente desse esforço para inserir fontes renováveis, e os países desenvolvidos têm dinheiro para essa retomada econômica verde.
O Brasil tem uma lógica diferente, até escrevi um paper sobre isso. Primeiramente, porque o Estado não tem dinheiro para investir, nem capacidade de fazer incentivo fiscal. Mas isso tampouco é tão necessário, porque aqui a tecnologia renovável é muito mais barata que a fóssil. Então, a tarefa do Estado brasileiro é outra, e mais simples de fazer.
Para obter o mesmo benefício que o mundo está se esforçando para conquistar, é preciso criar um ambiente amigável e atrair investimento. E isso não é tão desafiador porque dinheiro tem, e muito, lá fora. Então, O necessário é sinalizar que vai seguir Os investimentos nessa trajetória: um programa de hidrogênio verde, regular a eólica offshore, fazer transmissão adequadamente, no prazo certo. Mas não são necessários subsídios, pois essas energias Jjá são extremamente competitivas, e o fator central é que o leilão regulado é feito por fonte de energia, onde cada fonte tem um preço de acordo à sua característica técnica e econômica. Por exemplo, no leilão que tivemos em setembro, o preço inicial da eólica e da solar era de R$ 191/MWh; da hidrelétrica, R$ 249/MWh (no caso de pequenas centrais e centrais geradoras com outorga e contratos regulados celebrados anteriormente) e, para termelétricas, R$ 365/MWh. O que isso significa? Que estou pagando o preço associado à característica técnica e econômica. Não tem necessidade de subsídio direto. O papel do Estado, nesse aspecto, é ter inteligência de planejamento. Porque ele tem todas as variáveis na mão para fazer uma expansão da matriz altamente renovável, com uma quantidade de recursos mais baratos entrando, e grande interesse dos investidores. Esse leilão contratou 800MW. Sabe qual foi a oferta inscrita na Empresa de Pesquisa Energética (EPE)? Totalizou 94 mil MW de potência instalada (sendo 690 projetos eólicos, somando 22, 8 mil MW). Então, para
o Brasil errar no futuro energético, tem que fazer um esforço enorme. Hoje você embarca a Glasgow participar da COP26 (a entrevista aconteceu dia 27/10). Qual mensagem pretende passar na Conferência do Clima, e o que espera dela?
Estou indo pelo Gwec (Global Wind Energy Council, do qual é vice-presidente). A mensagem que quero deixar é a de que o Brasil é um país rico
em recursos renováveis altamente competitivos. E que, a despeito de tudo, conta com uma regulação estável para o setor de energiasSob essa perspectiva, o Brasil é amigável ao investimento em infraestrutura, é um país de longo prazo. Especialmente em momentos de agonia como os que vivemos, pode-se pensar menos em Brasília e mais em infraestrutura.
Como mencionei, os investimentos em energia eólica são ESG por definição. E temos potencial para liderar a corrida global na transição energética quando falamos de energias renováveis. O Gwec está promovendo uma coalizão global de investimentos em energia eólica, naturalmente com destaque para offshore, porque é este que está precisando de mais cuidado. Lá fora, buscam-se muitos incentivos, políticas fiscais; no Brasil, precisamos do arranjo regulatório, que está próximo de acontecer. O que eu espero da COP é de que saiamos de lá com uma diretriz clara para a precificação do carbono. É ela quem realmente pode levar as economias a alcançar os objetivos estabelecidos, de chegar a 2050 neutras em carbono. Para o Brasil, do ponto de vista da energia, mesmo errando a gente acerta. Mas no resto do mundo não é assim. E minha preocupação não é energia especificamente, porque esta responde por 26% das emissões globais, e temos outros 74% para resolver. Mas essa precificação colaboraria para o desenvolvimento da certificação de energias renováveis, certo? Sim, mas minha leitura é mais macro, no sentido dos mecanismos de incentivo para que o agente econômico tome a decisão acertada também individualmente. Ou seja, se vou comprar um aparelho celular e tenho que pagar pelo carbono, tomarei decisões mais racionais. Considero que a precificação de carbono é quem vai possibilitar essa mudança.