Uma visão prospectiva desta Lista de Janot deve levar em consideração também duas questões fundamentais: trata-se do resultado das delações premiadas de mais de 70 executivos da Odebrecht, apenas uma das grandes empreiteiras com o rabo preso na Lava Jato. Muitas outras virão.
Além disso, é preciso não esquecer que as pessoas citadas não podem ser consideradas culpadas de delito algum. Dependendo de decisão do relator da Lava Jato, serão investigadas e, havendo fundamento, transformadas em rés, que nessa condição passarão a ser julgadas para, finalmente, serem declaradas inocentes ou culpadas. É um longo processo - mais longo do que a consciência cívica nacional certamente almeja -, mas até então todos os inicialmente suspeitos estarão resguardados pelo princípio da presunção de inocência, fundamento essencial de um sistema penal civilizado.
De qualquer modo, a constatação de que figuras poderosas que há mais de uma década conduzem os destinos do País são suspeitas da prática generalizada de atos lesivos aos interesses dos brasileiros - afinal, são os cidadãos que pagam a conta da corrupção - é mais do que suficiente para demonstrar a urgente necessidade de uma profunda revisão dos fundamentos do sistema político.
A prova disso é que, apavorados com a perspectiva de acabar no xilindró como já acontece com ilustres bandidos de colarinho branco, senadores e deputados, de praticamente todas as legendas, estão no momento mais preocupados em salvar a própria pele do que em fazer sua parte na discussão e aprovação das reformas necessárias para sanear as contas públicas e criar condições para tirar a economia da recessão, de modo a garantir emprego e renda para seus eleitores. A obsessão no momento entre os parlamentares é criar mecanismos que lhes preservem mandatos. Vale tudo, desde a anistia de crimes eleitorais como o caixa 2 até a adoção da famigerada lista fechada de candidatos. Só não vale, pelo menos neste momento, pensar numa reforma política séria, que faça o Brasil transitar do sistema oligárquico para uma democracia compatível com o século 21.
As Listas de Janot são uma vergonha para o País. É preciso acabar com elas, da única maneira legítima num regime de democracia e liberdade: eleger gente decente.
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