Isto é Dinheiro - Março/2017
Desde agosto do ano passado, quando assumiu a presidência da Visa no Brasil, o executivo Fernando Teles passou a trabalhar incessantemente em um projeto: impulsionar ainda mais a bandeira de cartões como uma companhia de tecnologia focada em criar soluções para meios de pagamento. "O papel da Visa é ser uma criadora de tendências", diz ele à coluna. Com 3,1 bilhões de cartões no mundo e um movimento de US$ 8,2 trilhões, a companhia americana vem desenvolvendo de pulseiras inteligentes a chatbots que auxiliam a compra de consumidores em lojas varejistas. Teles falou à coluna:
Desde agosto do ano passado, quando assumiu a presidência da Visa no Brasil, o executivo Fernando Teles passou a trabalhar incessantemente em um projeto: impulsionar ainda mais a bandeira de cartões como uma companhia de tecnologia focada em criar soluções para meios de pagamento. "O papel da Visa é ser uma criadora de tendências", diz ele à coluna. Com 3,1 bilhões de cartões no mundo e um movimento de US$ 8,2 trilhões, a companhia americana vem desenvolvendo de pulseiras inteligentes a chatbots que auxiliam a compra de consumidores em lojas varejistas. Teles falou à coluna:
Nos últimos anos, devido à evolução tecnológica, o mercado
de meio de pagamentos mudou muito. O que a Visa tem feito para não ficar para
trás?
O DNA da Visa é a inovação. Arrisco dizer que, na verdade, o
papel da empresa é ser uma criadora de tendência.
E o que a empresa está fazendo?
Tem muito investimento em inovação sendo feito. Antes,
desenvolvíamos o produto, pes-quisávamos e trazíamos para o mercado. Mudamos
esse modelo. Agora, a palavra de ordem é colaboração. Hoje, desenvolvemos
soluções, mas sempre em parceria. Por exemplo, em vez de desenvolver um produto
e procurar demanda, nós partimos dos problemas dos nossos clientes, que são os bancos,
os estabelecimentos e adquirentes, para desenvolver um produto.
Há exemplos disso no Brasil?
Desenvolvemos uma solução para o ShopFãcil, o marketplace do
Bradesco. Eles tinham muito tráfego, mas a conversão de vendas não estava no
patamar desejado. Então, criamos um assistente virtual, que funciona através de
um chatbot. Basta entrar no Messenger, digitar ShopFãcil e conversar com um
assistente virtual. Você é o consumidor, entra lá, diz o que quer comprar e ele
começa a conversar com você. É tudo baseado em inteligência artificial. Ele
começa a fazer perguntas, entende o seu perfil e faz uma sugestão de produto
que atenda a sua necessidade. Aí, ele leva o consumidor para a loja e, quando
estiver no ambiente, tem outra solução da Visa, o Visa Checkout, que também vai
permitir fazer o pagamento. Então, num ambiente de troca de mensagem, você tem
assessoria, visita uma loja, escolhe um produto, faz o pagamento e define o
local de entrega. Esse é o primeiro chatbot de varejo da Visa no mundo e essa
solução será exportada para outros países.
Quando o dinheiro vai desaparecer para dar lugar a outros
meios de pagamento? Acho que existem alguns desafios. Em algumas formas de
comércio, precisamos investir na aceitação. Estamos falando de transporte, do
boleto do condomínio, modalidades que não são pagas com cartão. A outra coisa,
que estamos fazendo, é a popularização do meio de pagamento, no caso o meio
físico. Na hora que vou barateando esse acesso e vou transformando o cartão em
uma pulseira, num device mais simplificado, isso ganha velocidade. Com a
internet das coisas, então. No momento em que a cafeteira da sua casa se
transforma em um instrumento de compra, você não vai precisar sair de casa e
muito menos pagar em dinheiro. O pagamento Invisível, como já acontece com o
Netflix, é a tendência.
E as Fintechs, de que forma impactam os negócios?
Achamos que elas são um fator positivo para a indústria. As
fintechs se tornarão grandes parceiras das instituições de pagamento, dos
bancos, pois existe essa complementaridade. Nós, por exemplo, temos uma
parceria com a Startup Farm, a maior aceleradora de startups da América Latina.
Fizemos um programa com eles que se chama Ahead Visa, para acelerar startups
que tragam soluções inovadoras para o setor de meios de pagamento.
Como o senhor enxerga esses cartões, os private labei, não
tiram clientes da Visa?
Enxergamos com bons olhos. Esse é um bom caminho, uma
substituição de meio de pagamento para meio eletrônico e está trazendo um
consumidor novo para o mercado.
E a Elo, bandeira do BB e do Bradesco, mexeu com o negócio
de vocês?
Não mudou a nossa relação com os bancos, eles continuam
sendo parceiros. O que aconteceu é que há mais um competidor disputando o
mercado.
Em relação à mudança do rotativo do cartão. Qual é o impacto
para a Visa?
Ainda é prematuro dizer, mas acho que vai diminuir a
inadimplência, trazer uma nova forma de uso do cartão - talvez até mais
esclarecida. O brasileiro, quando tem uma parcela, ele encara como uma dívida a
pagar. Em alguns casos, a opção pelo rotativo, como você continua em dia com o
banco, ele não encara como dívida. Acho que pode ajudar em termos de educação
financeira.
O Banco Central começou a olhar para o mercado de cartões
com mais atenção. O senhor sente isso?
Sim, uma parte desse mercado não era regulada e o BC
entendeu que precisava estar mais próximo. O mercado eletrônico de pagamento é
o futuro, não é o dinheiro e nem o cheque. O intuito do BC de se aproximar é,
sim, ter um controle maior, ajudar o mercado, entender as condicionantes e o
impacto na economia. Um mercado mais regulado dá mais trabalho, mas a saída
disso é sempre mais positiva.
Como o sr. está observando a economia?
Eu sou um otimista, acho que a gente tem hoje indicadores de
que a economia vai melhorar, estamos saindo de uma recessão muito acentuada.
Vamos ter um 2017 um pouco melhor e um 2018 a um vapor muito diferente, uma curva de
crescimento mais acentuada. E uma curva de crescimento com uma base muito mais
sólida.
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