sábado, 4 de julho de 2020

Com PDV, Petrobrás vai cortar 22% da folha(Estado, 4 7 2020)

Com PDV, Petrobrás vai cortar 22% da folha
Economia prevista pela estatal de petróleo com a demissão de mais de 10 mil funcionários é de cerca de R$ 4 bilhões por ano

Sábado, 4 de Julho de 2020 

O Estado de S. Paulo  / Economia

Daniele Madureira

A estatal Petrobrás anunciou, na noite de quinta-feira, que deve reduzir em 22% seu atual quadro de funcionários por meio de programas de desligamento voluntário (PDVs). O porcentual também inclui os desligamentos via Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI), voltado aos empregados aposentáveis até 31 de dezembro de 2023. Os dois programas vão atingir 10.082 funcionários.

Segundo a companhia, as medidas são "parte das ações de resiliência, com objetivo de maximizar a geração de valor para os acionistas". Em comunicado, o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, diz que os PDVs contribuem para a redução permanente da estrutura de custos da companhia, o que ajudará a empresa a "enfrentar com sucesso um cenário de preços mais baixos do petróleo no longo prazo".

Foram implementados três programas de desligamento voluntário: o PDV 2019, destinado aos aposentados pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) até a data de promulgação da PEC 133 (reforma da Previdência) do ano passado; o PDV específico para empregados que trabalham em unidades que estão em processo de desinvestimento; e um PDV exclusivo para os empregados que trabalham no segmento corporativo da petrolífera.

Aposentados. Só o PDV de funcionários já aposentados pelo INSS, encerrado no último dia 30, somou 9.405 inscritos. O montante representa 94% do total de funcionários elegíveis ao programa. Os demais programas atingiram 677 inscritos. Ao todo, são 10.082 funcionários, que somam 22% do atual quadro de empregados.

"A Petrobrás estima uma redução de custo de pessoal até 2025 em torno de R$ 4 bilhões por ano com a saída dos 10.082 inscritos nos programas. O retorno adicional (custo evitado de pessoal de R$ 22 bilhões menos o desembolso com as indenizações de R$ 4 bilhões) será de aproximadamente R$ 18 bilhões até 2025", disse a empresa, em comunicado.

De acordo com a companhia, o impacto esperado das indenizações no caixa não será imediato em 2020, mas diluído ao longo dos próximos três anos. Isso porque no PDV que concentrou a maior parte das demissões existem categorias com saída escalonada, prevista para ser concluída em até 24 meses. A Petrobrás também vai fazer o pagamento das indenizações em duas parcelas: uma no momento do desligamento e a outra em julho de 2021 ou um ano após o desligamento, dependendo do caso.

Ao fim desse processo de desligamentos, o sistema Petrobrás terá seu quadro reduzido a quase um terço dos 86 mil funcionários que tinha em 2013, antes de o preço do petróleo despencar, de a Lava Jato começar e de a empresa iniciar uma forte venda de ativos.

No vermelho. Depois de um período de vendas de ativos e de recuperação de resultados nos últimos anos, a companhia estatal sofreu novamente um baque financeiro. A Petrobrás teve prejuízo líquido de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020, após ser obrigada a realizar uma grande baixa contábil devido a uma revisão das premissas de preço longo prazo para o petróleo brent, registrando uma perda muito maior do que os quase R$ 37 bilhões de prejuízo acumulados no quarto trimestre de 2015, quando a companhia ainda se recuperava das denúncias de corrupção relacionadas à Operação Lava Jato. / com INFORMAÇÕES DA REUTERS

Saída incentivada

9.405

é o total de trabalhadores já aposentados pelo INSS que foram desligados pelo programa de demissões da estatal

R$ 18 bi

é a economia prevista pela companhia com o corte de 22% na folha de salários até o ano de 2025

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