Banco Maré quer criar bolsa para empresas de impacto social
Terça-feira, 7 de Julho de 2020
Valor Econômico / Valor Investe
Júlia Lewgoy
A fintech Banco Maré, do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, pretende lançar em setembro uma bolsa de valores para pessoas físicas e investidores institucionais comprarem ações de empresas de tecnologia de impacto social. Batizada de [BVM]12, a Bolsa de Valores do Maré quer que qualquer um possa investir de forma direta em startups que unem lucro a soluções para problemas da população de baixa renda.
O Banco Maré segue em contato informal com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora do mercado financeiro, há mais de um ano, segundo o Valor apurou. A intenção é regular a nova bolsa via “sandbox ”, um conjunto de normas mais simples e flexíveis, para permitir que novas empresas testem tecnologias diferentes, sem sufocar a inovação.
A regulamentação do sandbox está pronta e deve ser divulgada em breve, conforme Otávio Damaso, diretor de regulação do Banco Central (BC), afirmou na semana passada.
Se o projeto da bolsa para empresas de impacto social de fato sair do papel, a meta é atingir 150 mil investidores em um ano. O projeto, que já contava com apoio do consórcio de “blockchain” R3, da aceleradora de negócios de impacto social Artemísia e do escritório de advocacia Vieira Resende, vem angariando novos parceiros.
Uma empresa de tecnologia brasileira está ajudando a desenvolver uma auditoria automática das companhias que serão listadas na bolsa, para facilitar e baratear esse processo para as startups. “Queremos ajudar as empresas a entregar todas as informações necessárias para os investidores terem a garantia de que os negócios são saudáveis e estão apresentando números reais”, diz Alexander Albuquerque, CEO do Banco Maré e idealizador do projeto.
Além disso, a empresa de tecnologia está ajudando a desenvolver um sistema de inteligência artificial para ajudar investidores a comprar ações de empresas de acordo com o seu perfil. “A ideia é popularizar investimento de risco para pessoas que não entendem muito bem ou que têm aversão a esse tipo de investimento”, explica Albuquerque.
Também está nos planos que o PicPay, aplicativo que funciona como uma carteira digital, o Grão, aplicativo para guardar dinheiro, e outras empresas ainda em negociação ofereçam o investimento na bolsa do Maré dentro de suas plataformas.
Assim, em vez de comprar ações por meio de uma corretora, a intenção é que as pessoas invistam na bolsa para empresas de impacto social por meio desses aplicativos. Para eles, é mais um serviço a ser oferecido para os clientes e uma forma de ganhar uma taxa sobre as transações, ainda não definida.
“É legal mostrar para o nosso público que, em vez de doar, você pode investir em empresas com esse viés. Nós e o Banco Maré estamos entre as poucas fintechs de inclusão financeira e sabemos a dificuldade que é conseguir investimento para negócios de impacto social”, diz Monica Saccarelli, uma das criadoras do aplicativo Grão e ex-sócia da corretora Rico.
No Brasil, cresce o número de fundos que direcionam parte do que ganham para empresas de impacto social. O problema é que esses investimentos estão só nas mãos de gestores e ainda são insuficientes para essas empresas se financiarem. É difícil conseguir investimentos nas favelas.
Treze startups de impacto social brasileiras e oito empresas de fora do país, inclusive da África e da Índia, já demonstraram interesse em abrir capital na bolsa do Maré. Entre elas, estão a gestora de condomínios SmartSíndico, o aplicativo de vagas de emprego Taqe e a plataforma de educação Redação Online.
A nova bolsa seria uma alternativa para empresas de impacto social captarem recursos para viabilizar seus projetos. Para ser mais simples e barato do que a bolsa tradicional, o projeto prevê que toda a estruturação, intermediação e liquidação das operações sejam feitas por meio de “blockchain”. As ações seriam emitidas na forma de tokens e registradas de forma digital.
Terça-feira, 7 de Julho de 2020
Valor Econômico / Valor Investe
Júlia Lewgoy
A fintech Banco Maré, do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, pretende lançar em setembro uma bolsa de valores para pessoas físicas e investidores institucionais comprarem ações de empresas de tecnologia de impacto social. Batizada de [BVM]12, a Bolsa de Valores do Maré quer que qualquer um possa investir de forma direta em startups que unem lucro a soluções para problemas da população de baixa renda.
O Banco Maré segue em contato informal com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora do mercado financeiro, há mais de um ano, segundo o Valor apurou. A intenção é regular a nova bolsa via “sandbox ”, um conjunto de normas mais simples e flexíveis, para permitir que novas empresas testem tecnologias diferentes, sem sufocar a inovação.
A regulamentação do sandbox está pronta e deve ser divulgada em breve, conforme Otávio Damaso, diretor de regulação do Banco Central (BC), afirmou na semana passada.
Se o projeto da bolsa para empresas de impacto social de fato sair do papel, a meta é atingir 150 mil investidores em um ano. O projeto, que já contava com apoio do consórcio de “blockchain” R3, da aceleradora de negócios de impacto social Artemísia e do escritório de advocacia Vieira Resende, vem angariando novos parceiros.
Uma empresa de tecnologia brasileira está ajudando a desenvolver uma auditoria automática das companhias que serão listadas na bolsa, para facilitar e baratear esse processo para as startups. “Queremos ajudar as empresas a entregar todas as informações necessárias para os investidores terem a garantia de que os negócios são saudáveis e estão apresentando números reais”, diz Alexander Albuquerque, CEO do Banco Maré e idealizador do projeto.
Além disso, a empresa de tecnologia está ajudando a desenvolver um sistema de inteligência artificial para ajudar investidores a comprar ações de empresas de acordo com o seu perfil. “A ideia é popularizar investimento de risco para pessoas que não entendem muito bem ou que têm aversão a esse tipo de investimento”, explica Albuquerque.
Também está nos planos que o PicPay, aplicativo que funciona como uma carteira digital, o Grão, aplicativo para guardar dinheiro, e outras empresas ainda em negociação ofereçam o investimento na bolsa do Maré dentro de suas plataformas.
Assim, em vez de comprar ações por meio de uma corretora, a intenção é que as pessoas invistam na bolsa para empresas de impacto social por meio desses aplicativos. Para eles, é mais um serviço a ser oferecido para os clientes e uma forma de ganhar uma taxa sobre as transações, ainda não definida.
“É legal mostrar para o nosso público que, em vez de doar, você pode investir em empresas com esse viés. Nós e o Banco Maré estamos entre as poucas fintechs de inclusão financeira e sabemos a dificuldade que é conseguir investimento para negócios de impacto social”, diz Monica Saccarelli, uma das criadoras do aplicativo Grão e ex-sócia da corretora Rico.
No Brasil, cresce o número de fundos que direcionam parte do que ganham para empresas de impacto social. O problema é que esses investimentos estão só nas mãos de gestores e ainda são insuficientes para essas empresas se financiarem. É difícil conseguir investimentos nas favelas.
Treze startups de impacto social brasileiras e oito empresas de fora do país, inclusive da África e da Índia, já demonstraram interesse em abrir capital na bolsa do Maré. Entre elas, estão a gestora de condomínios SmartSíndico, o aplicativo de vagas de emprego Taqe e a plataforma de educação Redação Online.
A nova bolsa seria uma alternativa para empresas de impacto social captarem recursos para viabilizar seus projetos. Para ser mais simples e barato do que a bolsa tradicional, o projeto prevê que toda a estruturação, intermediação e liquidação das operações sejam feitas por meio de “blockchain”. As ações seriam emitidas na forma de tokens e registradas de forma digital.
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