*****_Fernando Pessoa_*****
Fernando António Nogueira Pessoa foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor,
publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
*É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.*
Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade
com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma.
Enquanto poeta, *escreveu sob diversas personalidades – heterónimos,* como Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo de Castro e Alberto Caeiro, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra
*Nascimento:* 13 de junho de 1888, Lisboa, Portugal
*Falecimento:* 30 de novembro de 1935, Lisboa, Portugal
_*PARTE 1*_ - 4 Textos da obra «Mensagem» de Fernando Pessoa
Mar Português - Segunda de Três Partes da obra
_*I. O INFANTE*_
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portuguez..
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
_*III. PADRÃO*_
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador,
Deixei Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
_*X. Mar Português*_
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
_*XII. PRECE*_
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
*- E para encerrar* este pequeno extrato sobre Fernando Pessoa, seu Poema "Auto Psicografia".
_*Autopsicografia*_
_*na íntegra*_
O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
*Fernando Pessoa*
Fernando António Nogueira Pessoa foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor,
publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
*É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.*
Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade
com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma.
Enquanto poeta, *escreveu sob diversas personalidades – heterónimos,* como Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo de Castro e Alberto Caeiro, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra
*Nascimento:* 13 de junho de 1888, Lisboa, Portugal
*Falecimento:* 30 de novembro de 1935, Lisboa, Portugal
_*PARTE 1*_ - 4 Textos da obra «Mensagem» de Fernando Pessoa
Mar Português - Segunda de Três Partes da obra
_*I. O INFANTE*_
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portuguez..
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
_*III. PADRÃO*_
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador,
Deixei Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
_*X. Mar Português*_
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
_*XII. PRECE*_
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
*- E para encerrar* este pequeno extrato sobre Fernando Pessoa, seu Poema "Auto Psicografia".
_*Autopsicografia*_
_*na íntegra*_
O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
*Fernando Pessoa*
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