Diretor do BIS propõe que BCs ampliem medidas de liquidez
Agustín Carstens defende a importância de manter firmes as cadeias globais de suprimento
Sexta-feira, 3 de Abril de 2020 - 00:37
Valor Econômico / Finanças
Banco Central - Perfil 1: Banco CentralBanco Central - Perfil 1: FedBanco Central - Perfil 1: Federal ReserveBanco Central - Perfil 1: Instituições Financeiras
Assis Moreira
O diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Agustín Carstens, propõe soluções urgentes para canalizar liquidez dos bancos centrais, via instituições financeiras, para companhias e indivíduos que mais precisam de recursos na atual crise provocada pela covid-19. Isso inclui levar os bancos a usarem seus colchões de liquidez e congelarem recompra de ações e pagamento de dividendos globalmente.
O BIS, espécie de banco dos bancos centrais, distribuiu texto publicado por Carstens esta semana no “Financial Times”, no qual o ex-presidente do BC do México nota que as turbulências financeiras provocadas pela pandemia trazem más lembranças da crise financeira de 2008.
Mas que, se os sintomas aparentes são comuns, como a queda de preço dos ativos e o endurecimento das condições de crédito, as crises são diferentes e “as respostas desta vez devem ir além das estratégias adotadas na crise precedente”.
Para o diretor-geral do BIS, afim de “ajudar as empresas viáveis a superar a paralisação brutal da economia provocada pela pandemia de covid-19 é preciso focar no último elo que vai ligar os emprestadores potenciais às empresas que se encontram à beira do precipício”.
Como primeiro passo, Carstens aconselha que sejam usadas as reservas acumuladas nos balanços, em previsão de dias mais difíceis. E, para aumentar as capacidades de financiamento, seja estabelecido um congelamento mundial de dividendos e recompra de ações de bancos.
Ele reconhece que essa iniciativa pode ser insuficiente, com os emprestadores evitando correr riscos. Assim, sugere uma segunda medida para incitar os bancos a emprestar, com a criação de mecanismos de crédito baseados no financiamento de bancos centrais.
Ou seja, créditos fornecidos pelos bancos garantidos pelos governos para pequenas e médias companhias (PMEs), num montante equivalente aos impostos pagos no ano anterior. Esses empréstimos podem ser concedidos pelos bancos baseados unicamente na prova de que os impostos foram pagos no ano anterior e serão securitizados e refinanciados pelo bancos centrais. As perdas irão para os governos.
Entretanto, o executivo do BIS nota que somente as empresas médias e pequenas que foram rentáveis no ano anterior seriam elegíveis a um empréstimo governamental, o que limitaria as possibilidades de fraude e manipulação.
O diretor-geral do BIS insiste na importância de se manter firme as cadeias globais de suprimento. Assim, as medidas sugeridas devem ser aplicadas globalmente. E as linhas de swap em dólar anunciadas por bancos centrais são indispensáveis. Os empréstimos dos bancos garantidos pelo governo para financiar recebíveis, como faturas para exportação, também podem ser securitizados e financiados por uma linha do banco central.
Carstens reitera que a liquidez de bancos centrais deve focar diretamente os indivíduos e as empresas que mais têm necessidade. Do contrário, considera que as intervenções dos BCs são inúteis. Diz que o Federal Reserve, o BC dos EUA, ao decidir intervir no mercado de obrigações das empresas, fez um passo audacioso na boa direção. Mas que é preciso fazer mais, para chegar ao último elo da cadeia, permitindo alcançar a pequena empresa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.