Ata mostra Copom dividido sobre limite de corte da Selic
Política monetária Apesar de espaço reduzido para corte, porta segue aberta
Quarta-feira, 24 de Junho de 2020
Estevão Taiar e Alex Ribeiro
O debate sobre um possível limite para cortes da Selic continua dentro do Comitê de Política Monetária (Copom). A discussão, que não foi mencionada no comunicado da reunião da semana passada, voltou a aparecer na ata divulgada nesta terça-feira. O colegiado também reafirmou que a taxa básica de juros pode estar próxima desse limite, mas mais uma vez não fechou as portas para uma redução, reiterando que “eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”. A Selic está atualmente em 2,25% ao ano.
“O Comitê retomou a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros brasileira”, disse a ata.
No documento, o colegiado reforçou que, para a maior parte dos seus membros, esse limite seria “significativamente maior” em economias emergentes do que em países desenvolvidos, por causa da existência de um prêmio de risco. No caso do Brasil, ele “tende a ser maior”, por causa da fragilidade e incertezas fiscais.
Mas a ata também trouxe mais detalhes a respeito de como esses membros enxergam o limite para a Selic. O prêmio de risco é descrito como “dinâmico”. Já o limite para cortes pode não apenas aumentar a instabilidade dos preços dos ativos, como dizia a ata anterior, mas também “potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”.
“Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”, destacou o documento.
Na reunião da semana passada, o colegiado também “refletiu sobre a importância relativa dos componentes principais do custo de crédito, e ressaltou que o prêmio por liquidez parece prevalecer no momento”, segundo o documento. “Esse conjunto de fatores e questões prudenciais justificam cautela na condução da política monetária”, afirmou.
Assim, o Copom reiterou a mensagem divulgada após a reunião da semana passada, quando cortou a Selic em 0,75 ponto. “Para as próximas reuniões, o comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”, disse.
Conforme divulgado na semana passada, o Copom projeta uma inflação de 3,2% em 2021, abaixo do centro da meta, de 3,75%. Mas o Copom cita assimetria no balanço de riscos, que pode fazer a inflação superar o projetado. “O Comitê também ponderou sobre o impacto dos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda sobre a demanda agregada”, destacou a ata. “Na avaliação do comitê, esses programas têm potencial de recompor parte significativa da demanda agregada que seria perdida devido aos efeitos da pandemia. Com isso, a recuperação da economia pode ser mais rápida do que a sugerida no cenário base.”
Com base em dados do segundo trimestre, o BC calcula que a atividade econômica atingiu o fundo do poço em abril, com recuperação “apenas parcial” em maio e junho. O cenário básico do Copom continua sendo de uma forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, com recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.
Já a redução das expectativas de inflação coletadas pelo BC com participantes do mercado no Boletim Focus continuou desde a reunião anterior, “embora esse movimento pareça ter cessado nas expectativas implícitas nos títulos públicos”. Por isso, o Copom reforçou que segue acompanhando revisões de cenário econômico e das expectativas de inflação.
Em relação ao cenário externo, a avaliação do colegiado é que ele segue “desafiador ” para a economia brasileira. Desde o início da pandemia, governos e bancos centrais dos países desenvolvidos tiveram reação com “coordenação e dimensão inéditas”, o que mitigou em partes os efeitos econômicos da crise. Esses mesmos países, no entanto, têm mais condições de monitoramento, informações e recursos do que os emergentes para combater a covid-19.
“Com isso, os efeitos sanitários e econômicos da pandemia tornam-se desproporcionalmente maiores nos emergentes, em particular naqueles com menor espaço fiscal, o que tende a ser refletido na aversão ao risco e no fluxo de capital para esses países”, afirmou, citando o Brasil.
“O Comitê retomou a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros brasileira”, disse a ata.
No documento, o colegiado reforçou que, para a maior parte dos seus membros, esse limite seria “significativamente maior” em economias emergentes do que em países desenvolvidos, por causa da existência de um prêmio de risco. No caso do Brasil, ele “tende a ser maior”, por causa da fragilidade e incertezas fiscais.
Mas a ata também trouxe mais detalhes a respeito de como esses membros enxergam o limite para a Selic. O prêmio de risco é descrito como “dinâmico”. Já o limite para cortes pode não apenas aumentar a instabilidade dos preços dos ativos, como dizia a ata anterior, mas também “potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”.
“Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”, destacou o documento.
Na reunião da semana passada, o colegiado também “refletiu sobre a importância relativa dos componentes principais do custo de crédito, e ressaltou que o prêmio por liquidez parece prevalecer no momento”, segundo o documento. “Esse conjunto de fatores e questões prudenciais justificam cautela na condução da política monetária”, afirmou.
Assim, o Copom reiterou a mensagem divulgada após a reunião da semana passada, quando cortou a Selic em 0,75 ponto. “Para as próximas reuniões, o comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual”, disse.
Conforme divulgado na semana passada, o Copom projeta uma inflação de 3,2% em 2021, abaixo do centro da meta, de 3,75%. Mas o Copom cita assimetria no balanço de riscos, que pode fazer a inflação superar o projetado. “O Comitê também ponderou sobre o impacto dos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda sobre a demanda agregada”, destacou a ata. “Na avaliação do comitê, esses programas têm potencial de recompor parte significativa da demanda agregada que seria perdida devido aos efeitos da pandemia. Com isso, a recuperação da economia pode ser mais rápida do que a sugerida no cenário base.”
Com base em dados do segundo trimestre, o BC calcula que a atividade econômica atingiu o fundo do poço em abril, com recuperação “apenas parcial” em maio e junho. O cenário básico do Copom continua sendo de uma forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre, com recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.
Já a redução das expectativas de inflação coletadas pelo BC com participantes do mercado no Boletim Focus continuou desde a reunião anterior, “embora esse movimento pareça ter cessado nas expectativas implícitas nos títulos públicos”. Por isso, o Copom reforçou que segue acompanhando revisões de cenário econômico e das expectativas de inflação.
Em relação ao cenário externo, a avaliação do colegiado é que ele segue “desafiador ” para a economia brasileira. Desde o início da pandemia, governos e bancos centrais dos países desenvolvidos tiveram reação com “coordenação e dimensão inéditas”, o que mitigou em partes os efeitos econômicos da crise. Esses mesmos países, no entanto, têm mais condições de monitoramento, informações e recursos do que os emergentes para combater a covid-19.
“Com isso, os efeitos sanitários e econômicos da pandemia tornam-se desproporcionalmente maiores nos emergentes, em particular naqueles com menor espaço fiscal, o que tende a ser refletido na aversão ao risco e no fluxo de capital para esses países”, afirmou, citando o Brasil.
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