Facebook, Twitter e a ira de Trump
Sexta-feira, 5 de Junho de 2020
PEDRO DORIA
O céu fechou no mundo das redes sociais - e, nesta, Facebook e Twitter sacaram suas armas, um mirando o outro. Cá no Brasil, o Congresso Nacional estuda criar uma Lei de Fake News. Nos EUA, Donald Trump quer regular sobre como as redes podem ou não moderar conteúdo. Dependendo de quem o democrata Joe Biden escolher para vice, pode vir um processo antitruste aí. E o debate não ocorre apenas aqui ou nos EUA, é por toda parte. O clima é tenso. E as duas maiores redes sociais estão lidando de formas muito diferentes com a coisa.
Se a tensão é generalizada no Vale, dentro do Facebook está pior. Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, publicou em suas redes uma frase que disparou esta crise quando os saques começam, os tiros acompanham. E uma frase carregada de história, que vem de princípios do século XX, quando o racismo no Sul americano era institucionalizado. Trump alega que não sabia deste histórico. Mas o feto é que negros compreendem bem seu significado. E chamamento à brutalidade, aos linchamentos, ao espírito da Ku Klux Klan.
Quando Trump publicou, o Twitter agiu. Pôs uma mensagem para quem quisesse ver alertando: o post do presidente da República violava as políticas contra incitação à violência daplataforma. Literalmente acusaram Trump de provocar violência. Além do alerta, a rede proibiu curtidas, retuítes ou comentários. Por ser o presidente, a mensagem ficava. Mas não podería ser distribuída, e interações foram proibidas.
No Facebook, a decisão foi distinta. Após consultas internas com seus principais executivos, Mark Zuckerberg tomou a decisão de não fazer nada. O Recode, importante site dedicado à análise do mundo digital, obteve os registros de uma teleconferência entre o CEO e seus funcionários. "Eu sabia que seria cobrado", afirmou Zuck. "Concluímos, após muita pesquisa e muitas conversas, que a referência é um pedido a policiamento mais agressivo mas que não há história de a frase ser apito para cachorros."
Dogwhistle, a expressão americana. Aquele apito que faz um barulho que os cachorros ouvem mas humanos, não. Em inglês, é metáfora. Uma frase que um grupo capta pela referência cultural, mas que para outros não faz qualquer sentido. Ou seja, a acusação era de que Trump estava mandando uma mensagem para os brancos racistas, para os negros do Sul, que no entanto para qualquer outro parecería um tuíte hiperbólico e só. No Twitter, foi assim que consideraram ser. No Facebook, em decisão monocrática, como costuma ocorrer, Zuck decidiu que estava tudo bem.
O encontro virtual, que reuniu 25 mil funcionários, teve tom duro. Na segunda-feira, 400 funcionários cruzaram os braços em protesto. Uma carta aberta assinada por algumas das pessoas que ajudaram a fundar o Facebook reiterou a queixa. A empresa se voltou contra o CEO, e, no entanto, é dado pelo contrato que rege a companhia que as decisões finais são de Zuck e apenas dele.
O jovem CEO paga um preço alto por sua estratégia de apaziguamento. Os grupos conservadores lá, cá e por todo o mundo, acusam as redes sociais de serem coordenadas por pessoas de esquerda que censuram suas vozes o tempo todo. Pois a política do CEO do Facebook é uma de não mexer no que políticos eleitos publicam. É uma decisão controversa. Mas a escolha de Jack Dorsey, CEO do Twitter, é igualmente controversa. Um número mirrado de empresas - Facebook (dona do Instagram), Twitter e Google (YouTube), no máximo Snap - controlam os espaços onde temos nossas conversas sobre o que é público.
E um monopólio. Na ausência de diversidade, a tensão não irá embora tão cedo.
Se a tensão é generalizada no Vale, dentro do Facebook está pior. Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, publicou em suas redes uma frase que disparou esta crise quando os saques começam, os tiros acompanham. E uma frase carregada de história, que vem de princípios do século XX, quando o racismo no Sul americano era institucionalizado. Trump alega que não sabia deste histórico. Mas o feto é que negros compreendem bem seu significado. E chamamento à brutalidade, aos linchamentos, ao espírito da Ku Klux Klan.
Quando Trump publicou, o Twitter agiu. Pôs uma mensagem para quem quisesse ver alertando: o post do presidente da República violava as políticas contra incitação à violência daplataforma. Literalmente acusaram Trump de provocar violência. Além do alerta, a rede proibiu curtidas, retuítes ou comentários. Por ser o presidente, a mensagem ficava. Mas não podería ser distribuída, e interações foram proibidas.
No Facebook, a decisão foi distinta. Após consultas internas com seus principais executivos, Mark Zuckerberg tomou a decisão de não fazer nada. O Recode, importante site dedicado à análise do mundo digital, obteve os registros de uma teleconferência entre o CEO e seus funcionários. "Eu sabia que seria cobrado", afirmou Zuck. "Concluímos, após muita pesquisa e muitas conversas, que a referência é um pedido a policiamento mais agressivo mas que não há história de a frase ser apito para cachorros."
Dogwhistle, a expressão americana. Aquele apito que faz um barulho que os cachorros ouvem mas humanos, não. Em inglês, é metáfora. Uma frase que um grupo capta pela referência cultural, mas que para outros não faz qualquer sentido. Ou seja, a acusação era de que Trump estava mandando uma mensagem para os brancos racistas, para os negros do Sul, que no entanto para qualquer outro parecería um tuíte hiperbólico e só. No Twitter, foi assim que consideraram ser. No Facebook, em decisão monocrática, como costuma ocorrer, Zuck decidiu que estava tudo bem.
O encontro virtual, que reuniu 25 mil funcionários, teve tom duro. Na segunda-feira, 400 funcionários cruzaram os braços em protesto. Uma carta aberta assinada por algumas das pessoas que ajudaram a fundar o Facebook reiterou a queixa. A empresa se voltou contra o CEO, e, no entanto, é dado pelo contrato que rege a companhia que as decisões finais são de Zuck e apenas dele.
O jovem CEO paga um preço alto por sua estratégia de apaziguamento. Os grupos conservadores lá, cá e por todo o mundo, acusam as redes sociais de serem coordenadas por pessoas de esquerda que censuram suas vozes o tempo todo. Pois a política do CEO do Facebook é uma de não mexer no que políticos eleitos publicam. É uma decisão controversa. Mas a escolha de Jack Dorsey, CEO do Twitter, é igualmente controversa. Um número mirrado de empresas - Facebook (dona do Instagram), Twitter e Google (YouTube), no máximo Snap - controlam os espaços onde temos nossas conversas sobre o que é público.
E um monopólio. Na ausência de diversidade, a tensão não irá embora tão cedo.
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