Para grandes bancos, fundo do poço foi em abril, mas cenário ainda traz riscos
Terça-feira, 9 de Junho de 2020
Indicadores preliminares de maio e junho sinalizam que o fundo do poço para a economia brasileira foi em abril, mas a principal incógnita para as projeções ainda diz respeito à evolução doméstica da pandemia, afirmam os economistas-chefes dos três maiores bancos privados do país.
“Abril foi o fundo do poço e ele foi bem profundo. Agora, começamos a ver sinais de recuperação, embora a gente tenha dificuldade de interpretar a dicotomia entre a evolução da doença e o impacto sobre a atividade”, disse Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil. Ana Paula, Fernando Honorato, do Bradesco, e Mario Mesquita, do Itaú Unibanco, participaram ontem de debate virtual promovido pelo Insper, com mediação do presidente da instituição, Marcos Lisboa.
Embora o impacto da pandemia já tenha se mostrado brutal na atividade, Honorato pondera que ele pode ter sido “um pouco mais raso” do que o estimado inicialmente. “A queda da indústria foi monumental, só que a gente projetava 30% e está caindo 20%”, exemplificou, referindo-se aos dados da produção industrial em abril.
Na ausência, até o momento, de um remédio eficaz para a covid-19, porém, o comportamento dos consumidores é outro gatilho de incerteza, segundo Honorato. “A grande incógnita é o controle da pandemia. Não dá para pensar em recuperação forte da economia com essa dúvida”, disse Mario Mesquita, do Itaú.
Outro fator determinante para a retomada é o comprometimento dos governantes no âmbito fiscal, já que o país precisa ampliar gastos na esteira de déficits primários consecutivos e com uma relação dívida/PIB que deve rondar 100% no próximo ano.
Para endereçar a questão, “não tem bala de prata”, disse Ana Paula, que citou a importância do teto de gastos e de um conjunto crível de medidas. “Não tem atalho nem saída fácil, não vai ser reserva [cambial], não vai ser monetização pelo Banco Central. Não teremos como evitar a guerra pesada contra despesas”, afirmou Mesquita.
Honorato avalia que seria possível “aproveitar ” o momento para “repactuar desigualdades”, como no sistema tributário, no acesso a serviços básicos (como saneamento) e na estrutura administrativa. “Se nós não fizermos isso, as taxas de juros não vão ficar baixas por período prolongado e a recuperação da economia estará sob risco.”
“Abril foi o fundo do poço e ele foi bem profundo. Agora, começamos a ver sinais de recuperação, embora a gente tenha dificuldade de interpretar a dicotomia entre a evolução da doença e o impacto sobre a atividade”, disse Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil. Ana Paula, Fernando Honorato, do Bradesco, e Mario Mesquita, do Itaú Unibanco, participaram ontem de debate virtual promovido pelo Insper, com mediação do presidente da instituição, Marcos Lisboa.
Embora o impacto da pandemia já tenha se mostrado brutal na atividade, Honorato pondera que ele pode ter sido “um pouco mais raso” do que o estimado inicialmente. “A queda da indústria foi monumental, só que a gente projetava 30% e está caindo 20%”, exemplificou, referindo-se aos dados da produção industrial em abril.
Na ausência, até o momento, de um remédio eficaz para a covid-19, porém, o comportamento dos consumidores é outro gatilho de incerteza, segundo Honorato. “A grande incógnita é o controle da pandemia. Não dá para pensar em recuperação forte da economia com essa dúvida”, disse Mario Mesquita, do Itaú.
Outro fator determinante para a retomada é o comprometimento dos governantes no âmbito fiscal, já que o país precisa ampliar gastos na esteira de déficits primários consecutivos e com uma relação dívida/PIB que deve rondar 100% no próximo ano.
Para endereçar a questão, “não tem bala de prata”, disse Ana Paula, que citou a importância do teto de gastos e de um conjunto crível de medidas. “Não tem atalho nem saída fácil, não vai ser reserva [cambial], não vai ser monetização pelo Banco Central. Não teremos como evitar a guerra pesada contra despesas”, afirmou Mesquita.
Honorato avalia que seria possível “aproveitar ” o momento para “repactuar desigualdades”, como no sistema tributário, no acesso a serviços básicos (como saneamento) e na estrutura administrativa. “Se nós não fizermos isso, as taxas de juros não vão ficar baixas por período prolongado e a recuperação da economia estará sob risco.”
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