Para Lopes, Brasil já passa por segunda leva
Sexta-feira, 26 de Junho de 2020
Valor Econômico
Rodrigo Carro
Do Rio
O país já atravessa uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus sem que a primeira tenha terminado. É o que sustenta ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Macrométrica, Francisco Lopes, a partir da análise da velocidade diária de transmissão da covid-19 — medida pela variação no número total de casos confirmados no Brasil.
Hoje, essa velocidade está em 3,2% ao dia, pelos cálculos de Lopes, abaixo dos percentuais registrados, por exemplo, no Chile (4,8%) e na Índia (4,8%). Nos últimos dois meses esse indicador — velocidade diária de transmissão — vinha desacelerando num ritmo praticamente estável. Nesse ritmo de declínio, a pandemia terminaria entre o fim de julho e o início de agosto.
Só que nos últimos dez dias, o ritmo de desaceleração diária despencou, passando a impactar muito pouco a velocidade de transmissão. “Se o ritmo da desaceleração cair pela metade, a pandemia se prolonga por mais dois meses. Aí, estaríamos falando de cinco milhões de pessoas infectadas e de 235 mil mortos”, projeta Lopes. Até ontem, havia um total de 55.054 óbitos por covid-19 confirmados no país e 1,23 milhão de casos confirmados.
Ele enfatiza que a redução pela metade na taxa de desaceleração foi uma escolha “arbitrária”, mas acrescenta que o país flexibilizou medidas de isolamento social antes de chegar ao pico da doença. Lopes estima, com base nesse novo cenário, que o pico no número diário de mortes deverá ocorrer em meados de agosto, quando haverá 2.500 óbitos a cada dia.
“O problema são os Estados atrasados, onde a covid-19 chegou mais tarde”, sustenta Lopes. “O Rio de Janeiro está na fase terminal da curva, assim como São Paulo”. Os números confirmam a heterogeneidade da disseminação da doença no país. “O Brasil é um continente, cada região tem sua própria curva”, diz o ex-presidente do BC.
No front econômico, ele projeta uma contração de 6,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. E uma expansão de 3,7% da economia no próximo ano.
Levando em consideração o último trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2019, a projeção é de que a retração do PIB chegaria a 10% (o que na média significaria a contração de 6,5% em 2020). “O cálculo do PIB é imperfeito e nessas situações extremas a imperfeição é realçada”, ressalva ele.
Sexta-feira, 26 de Junho de 2020
Valor Econômico
Rodrigo Carro
Do Rio
O país já atravessa uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus sem que a primeira tenha terminado. É o que sustenta ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Macrométrica, Francisco Lopes, a partir da análise da velocidade diária de transmissão da covid-19 — medida pela variação no número total de casos confirmados no Brasil.
Hoje, essa velocidade está em 3,2% ao dia, pelos cálculos de Lopes, abaixo dos percentuais registrados, por exemplo, no Chile (4,8%) e na Índia (4,8%). Nos últimos dois meses esse indicador — velocidade diária de transmissão — vinha desacelerando num ritmo praticamente estável. Nesse ritmo de declínio, a pandemia terminaria entre o fim de julho e o início de agosto.
Só que nos últimos dez dias, o ritmo de desaceleração diária despencou, passando a impactar muito pouco a velocidade de transmissão. “Se o ritmo da desaceleração cair pela metade, a pandemia se prolonga por mais dois meses. Aí, estaríamos falando de cinco milhões de pessoas infectadas e de 235 mil mortos”, projeta Lopes. Até ontem, havia um total de 55.054 óbitos por covid-19 confirmados no país e 1,23 milhão de casos confirmados.
Ele enfatiza que a redução pela metade na taxa de desaceleração foi uma escolha “arbitrária”, mas acrescenta que o país flexibilizou medidas de isolamento social antes de chegar ao pico da doença. Lopes estima, com base nesse novo cenário, que o pico no número diário de mortes deverá ocorrer em meados de agosto, quando haverá 2.500 óbitos a cada dia.
“O problema são os Estados atrasados, onde a covid-19 chegou mais tarde”, sustenta Lopes. “O Rio de Janeiro está na fase terminal da curva, assim como São Paulo”. Os números confirmam a heterogeneidade da disseminação da doença no país. “O Brasil é um continente, cada região tem sua própria curva”, diz o ex-presidente do BC.
No front econômico, ele projeta uma contração de 6,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. E uma expansão de 3,7% da economia no próximo ano.
Levando em consideração o último trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2019, a projeção é de que a retração do PIB chegaria a 10% (o que na média significaria a contração de 6,5% em 2020). “O cálculo do PIB é imperfeito e nessas situações extremas a imperfeição é realçada”, ressalva ele.
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