quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Capitalismo no século XX I - Luiz carlos Mendonça de Barros (curso na Casa do Saber, 2013)





                                               CAPITALISMO XX.I
                                      Luiz Carlos Mendonça de Barros

Introdução: O Capitalismo mudou de nome

·         A figura do capitalista padrão do fim do século XIX e início do XX sumiu na história dos últimos anos;
·         Os CEOs das grandes empresas multinacionais  são hoje os capitalistas do século XXI;
·         Voto na Suíça, estabelecendo o controle sobre os ganhos dos novos capitalistas (CEOs), mostra que os excessos das últimas décadas provocaram uma mudança radical na estrutura social do Capitalismo;
·         Os personagens principais das economias de mercado – nova designação do capitalismo hoje - são:
1. O consumidor
2. O poupador
3. O investidor
4. O regulador

Capitulo I  - A História se repete como farsa

·         O século XXI iniciou-se com uma das crises mais graves do chamado capitalismo e que mais uma vez revelou os riscos associados a este sistema econômico.
·         Repete-se o que ocorreu em 1929 quando, no auge da expansão das maiores economias de mercado de então, um colapso no mercado financeiro americano arrastou a maior parte do mundo para um período de recessão econômica, crise social e, finalmente, um verdadeiro desastre político que levou a humanidade à catástrofe da segunda guerra mundial.
·        Como disse Hegel, "um acontecimento histórico acontece, não uma, mas duas vezes", querendo dizer que os fatos ocorridos no passado tendem a se repetir ao longo da história, exemplo: o renascimento que retoma a idéias do mundo grego, ou a revolução francesa que retoma algumas coisas do império romano e da Grécia.
·        Depois de Hegel ter dito isso, Marx retoma essa frase no seu livro "18 de Brumário" afirmando que Hegel havia esquecido de dizer que, esses acontecimentos ocorrem na primeira vez em forma de tragédia e na segunda como farsa, e fala dos ideais dos revolucionários franceses de 1789 que apesar de afirmarem retomar os ideais antigos de liberdade, igualdade e fraternidade o desejo real destes era o domínio da burguesia sobre toda a sociedade, portanto eles estavam retomando falsamente um acontecimento histórico, já que na verdade seus objetivos eram outros.
·        Foi o que ocorreu agora, no início do século XXI, quando os defensores do capitalismo liberal -sem qualquer forma de intervenção do governo, para que a racionalidade do homem econômico pudesse ser exercida sem limites permitindo, portanto, que a economia de mercado atingisse o ponto culminante de seu crescimento- provocaram o desmonte final das regras estabelecidas no pós Grande Depressão dos anos trinta; este discurso havia marcado de forma semelhante as discussões sobre a questão econômica na virada do século XX, quando a industrialização – inicialmente na Inglaterra e posteriormente nos Estados Unidos - levou a um período de crescimento econômico acelerado no mundo desenvolvido.

Capitulo II -             A diferença que Keynes fez no entendimento do Capitalismo

·        Vale a pena refletir um pouco agora sobre as diferenças principais no campo do conhecimento econômico – e político - entre o período de euforia ideológica do início do século XX e o de agora e as consequências que estas diferenças tiveram no enfrentamento da crise que se seguiu;
·        A primeira delas é que a crise da Grande Depressão abriu os olhos de economistas e cientistas sociais e políticos para os riscos do liberalismo, principalmente no que se refere ao racionalismo do homem como agente econômico e aos riscos de instabilidade que fazem parte do DNA nas economias de mercado; o grande nome neste debate foi sem dúvida o de John Maynard Keynes e a base de suas reflexões foi sua crítica aos economistas clássicos e a defesa da importância do Estado como regulador das economias de mercado;
·        Posteriormente as idéias de Keynes foram aprofundadas e complementadas por várias gerações de economistas fora da escola liberal ou, como passou a ser chamada mais tarde, neoclássica;
·        No pós II Guerra Mundial o pensamento keynesiano evoluiu segundo duas grandes escolas: uma delas, na Inglaterra, evoluiu para uma posição em que o Estado ocupava o centro das decisões na condução da economia, via um papel mais importante de coordenação das ações privadas;
·        A outra escola, que teve nos Estados Unidos seu principal espaço de desenvolvimento, aproximou-se da economia clássica, corrigindo alguns defeitos estruturais e conceituais desta, e passando a ser chamada de neoclássica; foi nesta versão que o pensamento econômico deste grupo caiu em armadilhas semelhantes às que existiram na época de Keynes;
·        Quis a sorte - ou o acaso - que em 2008, quando se inicia a crise financeira americana chamada de sub prime, é um estudioso da Grande Depressão e das idéias e propostas de Keynes – BEN BERNANKE – que se encontra à testa do Federal Reserve, o banco central americano; não seria exagero dizer que este fato, junto com a coragem e competência deste homem tranquilo e tão diferente de Keynes, foram decisivos para que não tivéssemos uma repetição da crise social e política de 80 anos atrás;



Capitulo III -Qual é o verdadeiro perfil do chamado “homem econômico” no século XXI

·          A economia faz parte de um sistema complexo de decisões que define uma sociedade no seu espaço geopolítico; ela não existe descolada do POVO, em um determinado espaço físico e em um determinado período finito de tempo;
·         Trata-se, portanto, de um espaço inclusive político, cujas condições de funcionamento se alteram com o passar do tempo em função de hábitos e valores sociais e, principalmente, de condições tecnológicas;
·         Por exemplo, o funcionamento de uma economia em uma democracia de massas, com eleições periódicas e disputadas, acaba sendo influenciada por esta característica eminentemente social; não por outra razão existe hoje um consenso que a ciência econômica tem uma forte natureza social e não pode ser tratada, como muitos tentam fazer, como uma ciência exata e matemática;
·         Por estas razões, as teorias econômicas aparecem, crescem, entram em decadência e são substituídas por outras; uma das razões para este comportamento é que o chamado agente econômico e que, individualmente ou em coletivo, se coloca como CONSUMIDOR, INVESTIDOR, ESPECULADOR, ou EMPRESARIO, muda sua forma de agir;
·         Mas como caracterizar o HOMEM ECONOMICO real e que comanda o funcionamento de uma economia nacional?
·         A História nos mostra a existência de dois perfis polares principais: no pensamento socialista ele é solidário e disposto a trabalhar em função dos outros e da busca de uma sociedade justa e sem grandes diferenças de nível de vida; o exemplo mais marcante deste homem solidário foi o que se dizia estava no centro da sociedade comunista; mas o colapso deste sistema político mostrou a utopia deste desenho de homem;
·         No outro pólo, temos o homem racional e individualista que é a base da chamada economia liberal ou capitalista; a crise dos anos trinta do século passado – reforçado pela crise de agora – mostrou que este perfil psicológico também é utópico e irrealista, principalmente em alguns momentos da História;
·         Uma terceira alternativa para o perfil do homem econômico é o que chamo de homem keynesiano; individualista, racional, mas sujeito a comportamentos menos nobres seja no nível individual ou coletivo; por isto, o sistema capitalista entra em crises graves de tempos em tempos, o que exige a presença do governo como órgão regulador dos mercados e em momentos mais graves de intervenção direta na economia via política monetária e fiscal;
·         A Social Democracia européia, na parte final do século XX, resgata as idéias de Keynes e o desenho de seu homem econômico;

Capitulo IV - A Tecnologia como polo de transformação do Capitalismo no século XXI

·         A INTERNET, ao aproximar ainda mais os agentes econômicos espalhados pelo mundo e aumentar a transparência dos dados econômicos, constitui um elemento novo no funcionamento dos mercados que devem ficar ainda mais nervosos e, portanto, sujeitos às oscilações de humor do Homem Econômico e da especulação;
·         Este movimento de homogeneização dos mercados mundiais vai aumentar os riscos sistêmicos na economia e colocar os mecanismos atuais de intervenção do governo em risco; um novo marco regulatório terá que ser desenvolvido nos próximos anos, principalmente no mundo desenvolvido;

Capitulo V - O Capitalismo no Brasil pós Lula

·         A carta ao Povo Brasileiro e a mudança da agenda socialista de Lula e do PT.
·         A experiência dos anos Lula: combinação da liberdade dos mercados para gerar crescimento, com a utilização do SOFT econômico deixado por FHC e sob o comando eficiente da dupla Palocci/Meirelles com a execução de políticas públicas para modificar a distribuição da renda gerada pela economia na direção de uma distribuição mais equânime.
·         A demanda chinesa por produtos primários dos quais o Brasil é um dos produtores mais eficientes foi peça fundamental nesta estratégia de Lula.
·         Neste cenário ocorreram mudanças estruturais importantes com a ascensão de milhões de brasileiros à categoria de cidadãos integrados à economia de mercado.
·         Esta alteração no tecido social terá repercussões importantes no futuro do Brasil na próxima década.
·         Mas o Brasil continuará a ser uma sociedade de cidadãos cigarras e não cidadãos formigas, como nos países emergentes da Ásia.











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