CAPITALISMO XX.I
Luiz Carlos Mendonça de Barros
Introdução: O Capitalismo mudou de nome
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A figura do capitalista padrão do fim do século
XIX e início do XX sumiu na história dos últimos anos;
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Os CEOs das grandes empresas multinacionais são hoje os capitalistas do século XXI;
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Voto na Suíça, estabelecendo o controle sobre os
ganhos dos novos capitalistas (CEOs), mostra que os excessos das últimas
décadas provocaram uma mudança radical na estrutura social do Capitalismo;
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Os personagens principais das economias de
mercado – nova designação do capitalismo hoje - são:
1. O
consumidor
2. O poupador
3. O
investidor
4. O
regulador
Capitulo I - A
História se repete como farsa
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O século XXI iniciou-se com uma das crises mais
graves do chamado capitalismo e que mais uma vez revelou os riscos associados a
este sistema econômico.
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Repete-se o que ocorreu em 1929 quando, no auge
da expansão das maiores economias de mercado de então, um colapso no mercado
financeiro americano arrastou a maior parte do mundo para um período de
recessão econômica, crise social e, finalmente, um verdadeiro desastre político
que levou a humanidade à catástrofe da segunda guerra mundial.
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Como disse Hegel, "um
acontecimento histórico acontece, não uma, mas duas vezes", querendo dizer
que os fatos ocorridos no passado tendem a se repetir ao longo da história,
exemplo: o renascimento que retoma a idéias do mundo grego, ou a revolução
francesa que retoma algumas coisas do império romano e da Grécia.
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Depois de Hegel ter dito isso, Marx retoma essa
frase no seu livro "18 de Brumário" afirmando que Hegel havia
esquecido de dizer que, esses acontecimentos ocorrem na primeira vez em forma
de tragédia e na segunda como farsa, e fala dos ideais dos revolucionários
franceses de 1789 que apesar de afirmarem retomar os ideais antigos de
liberdade, igualdade e fraternidade o desejo real destes era o domínio da
burguesia sobre toda a sociedade, portanto eles estavam retomando falsamente um
acontecimento histórico, já que na verdade seus objetivos eram outros.
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Foi o que ocorreu agora, no início do século
XXI, quando os defensores do capitalismo liberal -sem qualquer forma de
intervenção do governo, para que a racionalidade do homem econômico pudesse ser
exercida sem limites permitindo, portanto, que a economia de mercado atingisse
o ponto culminante de seu crescimento- provocaram o desmonte final das regras
estabelecidas no pós Grande Depressão dos anos trinta; este discurso havia
marcado de forma semelhante as discussões sobre a questão econômica na virada
do século XX, quando a industrialização – inicialmente na Inglaterra e
posteriormente nos Estados Unidos - levou a um período de crescimento econômico
acelerado no mundo desenvolvido.
Capitulo II - A diferença que Keynes fez no entendimento do Capitalismo
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Vale a pena refletir um pouco agora sobre as
diferenças principais no campo do conhecimento econômico – e político - entre o
período de euforia ideológica do início do século XX e o de agora e as
consequências que estas diferenças tiveram no enfrentamento da crise que se
seguiu;
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A primeira delas é que a crise da Grande
Depressão abriu os olhos de economistas e cientistas sociais e políticos para
os riscos do liberalismo, principalmente no que se refere ao racionalismo do
homem como agente econômico e aos riscos de instabilidade que fazem parte do
DNA nas economias de mercado; o grande nome neste debate foi sem dúvida o de
John Maynard Keynes e a base de suas reflexões foi sua crítica aos economistas
clássicos e a defesa da importância do Estado como regulador das economias de
mercado;
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Posteriormente as idéias de Keynes foram
aprofundadas e complementadas por várias gerações de economistas fora da escola
liberal ou, como passou a ser chamada mais tarde, neoclássica;
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No pós II Guerra Mundial o pensamento keynesiano
evoluiu segundo duas grandes escolas: uma delas, na Inglaterra, evoluiu para
uma posição em que o Estado ocupava o centro das decisões na condução da
economia, via um papel mais importante de coordenação das ações privadas;
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A outra escola, que teve nos Estados Unidos seu
principal espaço de desenvolvimento, aproximou-se da economia clássica,
corrigindo alguns defeitos estruturais e conceituais desta, e passando a ser
chamada de neoclássica; foi nesta versão que o pensamento econômico deste grupo
caiu em armadilhas semelhantes às que existiram na época de Keynes;
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Quis a sorte - ou o acaso - que em 2008, quando
se inicia a crise financeira americana chamada de sub prime, é um estudioso da
Grande Depressão e das idéias e propostas de Keynes – BEN BERNANKE – que se
encontra à testa do Federal Reserve, o banco central americano; não seria
exagero dizer que este fato, junto com a coragem e competência deste homem
tranquilo e tão diferente de Keynes, foram decisivos para que não tivéssemos
uma repetição da crise social e política de 80 anos atrás;
Capitulo III -Qual é o verdadeiro perfil
do chamado “homem econômico” no século XXI
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A
economia faz parte de um sistema complexo de decisões que define uma sociedade
no seu espaço geopolítico; ela não existe descolada do POVO, em um determinado
espaço físico e em um determinado período finito de tempo;
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Trata-se, portanto, de um espaço inclusive
político, cujas condições de funcionamento se alteram com o passar do tempo em
função de hábitos e valores sociais e, principalmente, de condições
tecnológicas;
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Por exemplo, o funcionamento de uma economia em
uma democracia de massas, com eleições periódicas e disputadas, acaba sendo
influenciada por esta característica eminentemente social; não por outra razão
existe hoje um consenso que a ciência econômica tem uma forte natureza social e
não pode ser tratada, como muitos tentam fazer, como uma ciência exata e
matemática;
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Por estas razões, as teorias econômicas
aparecem, crescem, entram em decadência e são substituídas por outras; uma das
razões para este comportamento é que o chamado agente econômico e que,
individualmente ou em coletivo, se coloca como CONSUMIDOR, INVESTIDOR,
ESPECULADOR, ou EMPRESARIO, muda sua forma de agir;
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Mas como caracterizar o HOMEM ECONOMICO real e
que comanda o funcionamento de uma economia nacional?
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A História nos mostra a existência de dois
perfis polares principais: no pensamento socialista ele é solidário e disposto
a trabalhar em função dos outros e da busca de uma sociedade justa e sem
grandes diferenças de nível de vida; o exemplo mais marcante deste homem
solidário foi o que se dizia estava no centro da sociedade comunista; mas o
colapso deste sistema político mostrou a utopia deste desenho de homem;
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No outro pólo, temos o homem racional e individualista
que é a base da chamada economia liberal ou capitalista; a crise dos anos
trinta do século passado – reforçado pela crise de agora – mostrou que este
perfil psicológico também é utópico e irrealista, principalmente em alguns
momentos da História;
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Uma terceira alternativa para o perfil do homem
econômico é o que chamo de homem keynesiano; individualista, racional, mas
sujeito a comportamentos menos nobres seja no nível individual ou coletivo; por
isto, o sistema capitalista entra em crises graves de tempos em tempos, o que
exige a presença do governo como órgão regulador dos mercados e em momentos
mais graves de intervenção direta na economia via política monetária e fiscal;
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A Social Democracia européia, na parte final do
século XX, resgata as idéias de Keynes e o desenho de seu homem econômico;
Capitulo IV - A Tecnologia como polo de
transformação do Capitalismo no século XXI
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A INTERNET, ao aproximar ainda mais os agentes
econômicos espalhados pelo mundo e aumentar a transparência dos dados econômicos,
constitui um elemento novo no funcionamento dos mercados que devem ficar ainda
mais nervosos e, portanto, sujeitos às oscilações de humor do Homem Econômico e
da especulação;
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Este movimento de homogeneização dos mercados
mundiais vai aumentar os riscos sistêmicos na economia e colocar os mecanismos
atuais de intervenção do governo em risco; um novo marco regulatório terá que
ser desenvolvido nos próximos anos, principalmente no mundo desenvolvido;
Capitulo V - O Capitalismo no Brasil pós
Lula
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A carta ao Povo Brasileiro e a mudança da agenda
socialista de Lula e do PT.
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A experiência dos anos Lula: combinação da
liberdade dos mercados para gerar crescimento, com a utilização do SOFT
econômico deixado por FHC e sob o comando eficiente da dupla Palocci/Meirelles
com a execução de políticas públicas para modificar a distribuição da renda
gerada pela economia na direção de uma distribuição mais equânime.
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A demanda chinesa por produtos primários dos
quais o Brasil é um dos produtores mais eficientes foi peça fundamental nesta
estratégia de Lula.
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Neste cenário ocorreram mudanças estruturais
importantes com a ascensão de milhões de brasileiros à categoria de cidadãos
integrados à economia de mercado.
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Esta alteração no tecido social terá
repercussões importantes no futuro do Brasil na próxima década.
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Mas o Brasil continuará a ser uma sociedade de
cidadãos cigarras e não cidadãos formigas, como nos países emergentes da Ásia.
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